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BALANÇO DO ESTADO ATUAL DO CONHECIMENTO E GESTÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS

No documento DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO (páginas 111-122)

Finalmente, na seção 3.5.3 apresenta-se a proposta metodológica para o enquadramento das águas subterrâneas, que inclui o balanço do estado atual do conhecimento da qualidade das águas subterrâneas e as diretrizes para o seu enquadramento.

3.5.2. Diretrizes para o enquadramento das águas superficiais

BALANÇO DO ESTADO ATUAL DO CONHECIMENTO E GESTÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS

As metas finais de qualidade da água do enquadramento vigente na bacia hidrográfica do rio São Francisco são apresentadas na figura seguinte.

Figura 5 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento vigente para principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São

Francisco (Mapa 22 do Volume 3, reduzido).

No PRH-SF 2004-2013 foram propostas ações para a melhoria da qualidade das águas (detalhe no Relatório RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e Critérios para a Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos).Na quase totalidade da bacia (exceto para o rio São Francisco, do município de Pirapora até à divisa estadual Minas Gerais / Bahia) as ações propostas

para efetivação do enquadramento incidiram sobre a melhoria da coleta e tratamento de esgotos sanitários em municípios. De acordo com os investimentos do PAC I e PAC II, a maioria dos municípios tem ações definidas, em execução ou em fase de projeto, fazendo sentido intensificar as ligações de esgotos dos domicílios. Ao nível dos municípios assinalam-se também as ações referentes ao manejo de resíduos sólidos, nas bacias do rio das Velhas e rio Salitre, com menor implementação que no setor do esgotamento sanitário, de acordo com a informação dos investimentos do PAC I e PAC II.

Entre os projetos concluídos e em execução, merecem destaque os Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSBs). O financiamento do CBHSF, abrangendo municípios das quatro regiões fisiográficas, priorizou os municípios com maiores carências destas ações, entre os quais diversos municípios dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe onde o PRH-SF 2004-2013 havia identificado a necessidade de melhorias nos sistemas de coleta e tratamento de esgotos domésticos e de manejo de resíduos sólidos. Os projetos ainda em execução, relativos a municípios da Bahia, terão conclusão provável no ano de 2016/2017.

Merecem também destaque as ações de controle da poluição dos setores produtivos (mineração, indústria e agropecuário), especialmente a montante da divisa Minas Gerais / Bahia, as quais terão tido fraca implementação (ECOPLAN/SKILL, 2015a).

Após 2004, foram apresentadas propostas de alteração das metas finais de enquadramento (face ao PRH-SF 2004-2013) para algumas bacias afluentes do rio São Francisco (Pará, das Velhas, Jequitaí, Paracatu, Peruaçu, Verde Grande, Salitre e São Francisco), tal como apresentado na figura seguinte.

Em geral, as alterações propostas correspondem à adoção de metas de qualidade menos exigentes, em virtude da degradação constatada na qualidade da água.

Figura 6 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento proposto a nível estadual após 2004 para principais corpos de água superficiais da bacia

hidrográfica do rio São Francisco.

Estas propostas foram acompanhadas de planos de ações (detalhe no Relatório RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e Critérios para a Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos).A grande maioria das ações previstas encontra-se em curso, com data prevista de finalização entre 2016 e 2035. O tipo de ação é bastante semelhante às apontadas pelo PRH-SF 2004-2013.

A situação atual de qualidade das águas face às metas finais do enquadramento vigente apurada para os principais corpos de água para a bacia é apresentada na figura seguinte (mediante a indicação do número de parâmetros em desacordo; cf. análise detalhada apresentada no Relatório RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e Critérios para a Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos).

Figura 7 – Acordo da qualidade das águas superficiais com a meta final do enquadramento vigente nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do

rio São Francisco (Mapa 23 do Volume 3, reduzido).

Relativamente à meta final do enquadramento vigente, verifica-se acordo da qualidade da água em grande parte da calha do rio São Francisco. As situações de desacordo verificam-se principalmente a montante da divisa estadual Minas Gerais / Bahia, e a jusante da divisa Bahia / Pernambuco.

Esta situação revela, especialmente a jusante da divisa estadual Minas Gerais / Bahia, uma tendência de melhoria da qualidade em relação ao diagnóstico efetuado no PRH- SF 2004-2013, com redução do número de parâmetros em desacordo, com a aparente solução de alguns problemas de contaminação com metais e refletindo as melhorias efetuadas ao nível de manejo do esgoto doméstico nos municípios adjacentes. Entretanto, nota-se um aumento de desacordo do fósforo a jusante da divisa Bahia / Sergipe, o que deverá estar associado a uma maior influência da contaminação originada pela atividade agropecuária.

Quanto às bacias afluentes, os principais problemas de desacordo com a meta final de enquadramento verificam-se no estado de Minas Gerais, notadamente, nos rios das Velhas e Verde Grande, onde existem trechos com mais de sete parâmetros em desacordo, entre E. coli, nutrientes e metais. São de assinalar também os casos dos rios Preto, Urucuia, Paraopeba, Pará e Jequitaí, com trechos com até cinco parâmetros em desacordo e, no estado da Bahia, o caso do rio Salitre, com desacordo de até três parâmetros, entre clorofila a, sólidos totais dissolvidos e oxigênio dissolvido.

De forma menos expressiva, assinalam-se alguns problemas de desacordo com a meta final do enquadramento vigente nas bacias dos rios Carinhanha, Corrente e Grande, afetando um único parâmetro, geralmente referente aos coliformes termotolerantes. No estado do Sergipe, assinala-se o caso do Riacho Jacaré, onde se verifica desacordo nos parâmetros nitrato e sólidos totais.

Relativamente ao PRH-SF 2004-2013, a situação nas bacias dos rios das Velhas, Verde Grande, Paraopeba e Jequitaí não revela melhoria, não obstante as intervenções ao nível do saneamento: a contaminação por coliformes, DBO, nutrientes e metais, mantém-se. No caso dos rios Urucuia, Pará e Salitre registra-se uma evolução positiva (especialmente neste último), refletindo uma redução por esgotos domésticos. No rio Paracatu verifica-se uma melhoria da contaminação com metais, embora se mantenha um problema de contaminação por fósforo. Quanto ao rio Carinhanha, de acordo com o diagnóstico efetuado no PRH-SF 2004-2013, que revelava a ausência de desacordo com a meta final do enquadramento vigente, parece ter ocorrido uma degradação, relacionada à contaminação por esgotos domésticos. Para os rios Corrente e Grande, não se verifica uma tendência clara de evolução na qualidade das águas.

É importante referir-se que, em alguns trechos do rio Verde Pequeno e Rio Carinhanha, e de modo geral nos afluentes pernambucanos e alagoanos da margem esquerda do rio São Francisco, a escassez de monitoramento não permite o conhecimento do acordo atual da qualidade da água com a meta final do enquadramento vigente.

Merece também menção a qualidade das águas nos reservatórios na região do Semiárido. Nesta região as condições climatéricas vigentes, caracterizadas por largos períodos de escassez de precipitação e evaporação intensa, tendem a favorecer a salinização excessiva das águas e a concentração de poluentes (cf. Relatório RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional, Volume 4). No período de estiagem é frequente a ocorrência de estados de eutrofia, potenciando a ocorrência de floração de algas, traduzindo-se em concentrações de clorofila a elevadas.

Considerando a meta final da proposta de enquadramento apresentada no PRH- SF 2004-2013 a situação de acordo, notadamente, na calha do rio São Francisco, é semelhante à obtida para a meta final do enquadramento vigente, devido à coincidência da classificação. Nos rios em que a classificação proposta é mais exigente, geralmente em classe 1, verifica-se um aumento da extensão dos corpos de água ou número de parâmetros em desacordo (adição de DBO ou oxigênio dissolvido), notadamente, no trecho de montante do rio Itaquari, na bacia do rio Carinhanha, no rio Guará, na bacia do rio Corrente, e nos rios Preto, Branco, das Ondas e das Fêmeas, na bacia do rio Grande. No trecho do rio das Velhas para o qual o PRH-SF 2004-2013 propõe a alteração da meta final de classe 3 para classe 2, o desacordo aumenta de quatro a cinco parâmetros para até seis a sete parâmetros, com aumento do desacordo entre os tóxicos e o azoto amoniacal.

Tendo em conta esta situação, a condição de qualidade das águas é a apresentada na figura seguinte. Verifica-se que a calha do rio São Francisco apresenta geralmente condição compatível com a classe 2 ou superior na maior parte da sua extensão entre as divisas estaduais de Minas Gerais / Bahia e Bahia / Pernambuco. Fora deste trecho a calha do rio São Francisco apresenta a maior parte de sua extensão com condição compatível com classe 3 ou inferior, especialmente entre as confluências com o rio Pará e Paracatu e a jusante da Represa de Itaparica, próximo à divisa estadual Bahia / Sergipe.

Figura 8 – Condição de qualidade das águas superficiais nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 24 do Volume 3,

reduzido).

Os usos da água, considerando os cadastros de outorgas e a distribuição espacial de unidades de conservação e Terras Indígenas, são apresentados na figura seguinte (cf. detalhe no Relatório RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e Critérios para a Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos).

Figura 9 – Usos das águas superficiais nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 25 do Volume 4, reduzido).

Os usos preponderantes identificados para os vários cursos de água são geralmente coincidentes com aqueles identificados no PRH-SF 2004-2013. Assinala-se contudo a inclusão dos usos de proteção das comunidades aquáticas associados a Terras Indígenas, por via da Resolução CONAMA n.º 357/2005, nos rios São Francisco, Pará, Peruaçu, Moxotó e Ipanema.

De acordo com a informação reunida em etapa de Diagnóstico, exceto nos rios Peruaçu e Verde Pequeno, todos os cursos de água apresentados evidenciam situações em que a condição de qualidade das águas não atende alguns usos preponderantes. Os principais usos lesados são os seguintes:

Abastecimento para consumo humano: em diversos trechos do rio São Francisco, rio Paraopeba, rio das Velhas, rios Paracatu e Preto, rio Gorutuba, rio Carinhanha, rios Verde e Jacaré, rio Salitre; a situação é particularmente severa para os rios das Velhas, Preto e Paraopeba, devido à quantidade de parâmetros que têm alteração face ao padrão de qualidade da Resolução CONAMA n.º 357/2005;

Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral: afetando as unidades de conservação Monumentos Nacionais do Rio São Francisco e Grota do Angico, ESEC Mata do Cedro; Refúgio de Vida Silvestre Estadual Macaúbas, Parque Nacional das Sempre Vivas, Reserva de Biosfera

Sagarana-Barra / Sagarana-Logradouro, Reserva Ecológica e

Arqueológica da Serra do Mulato;

Irrigação: em diversos trechos dos rios São Francisco, Verde Grande, Gorutuba, Carinhanha, Verde e Jacaré, Salitre; a situação é particularmente severa no rio Verde Grande, devido à quantidade de parâmetros com alteração face ao padrão de qualidade da resolução CONAMA n.º 357/2005.

Assinala-se também que, para o uso de proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas, verifica-se não atendimento em alguns trechos do rio São Francisco e do rio Pará.

No documento DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO (páginas 111-122)