RF2 - PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA
DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO SÃO FRANCISCO
2016-2025
PLANO DE
RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SÃO FRANCISCO
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
RF2 – Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio
São Francisco
Volume 1 – Diagnóstico e Cenários
Volume 2 – Diretrizes para a Gestão,
Intervenções e Investimentos
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Cliente Client Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo Projeto Project Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
Documento Document RF2 – Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco Volume 2 – Diretrizes para a gestão, intervenções e investimentos
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0 09.08.2016 RF2; Volume 2 NEMUS 1 14.09.2016 RF2; Volume 2 NEMUS
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PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
RF2 – Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio
São Francisco
Volume 2 – Diretrizes para a Gestão, Intervenções e
Investimentos
SUMÁRIO
1.
Introdução
1
1.1. Nota Introdutória 1
1.2. Estrutura do Relatório Final 2 3
2.
O PRH-SF 2016-2025: Objetivos, Metas e Estratégia
5
2.1. Introdução 5
2.2. A “Bacia que Queremos” 5
2.3. Grandes Objetivos 7
2.4. A “Bacia que Podemos” 8
2.5. O Mapa do Caminho 11
2.5.1. Frentes de implementação 11
2.5.2. Fases de implementação 24
2.5.3. Faseamento do PRH-SF 2016-2025: Sequência das principais ações 27
3.
Diretrizes e Recomendações para os Instrumentos de Gestão de
Recursos Hídricos
35
3.2. Planos de Recursos Hídricos 35
3.2.1. Introdução 35
3.2.2. Planejamento de Recursos Hídricos na Bacia 36
3.3. Outorga de Direitos de Uso 39
3.3.1. Introdução 39
3.3.2. Avaliação do modelo atual de outorga 40
3.3.3. Diretrizes para a outorga 44
3.4. Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos 57
3.4.1. Introdução 57
3.4.2. Desembolso dos recursos 58
3.4.3. Mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos 61
3.4.4. Balanço da cobrança pelo uso de recursos hídricos 68
3.4.5. Diagnóstico 72
3.4.6. Diretrizes gerais para a cobrança 73
3.4.7. Diretrizes específicas para a cobrança 75
3.5. Enquadramento dos Corpos d´Água 87
3.5.1. Introdução 87
3.5.2. Diretrizes para o enquadramento das águas superficiais 89
3.5.3. Diretrizes para o enquadramento das águas subterrâneas 119
3.6. Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos 129
3.6.1. Introdução 129
3.6.2. Os sistemas de informações de recursos hídricos na bacia do rio São
Francisco 130
3.6.3. Coleta, análise e uso de dados e informações georreferenciadas sobre
recursos hídricos no PRH-SF 134
3.6.4. Esquema de organização do SIG e BDIGRH do PRH-SF 135
3.6.5. Diretrizes para o sistema de informações 138
4.
Articulação Institucional
143
4.1. Introdução 143
4.2. Arranjo Institucional 145
4.2.1. Principais atores e parceiros estratégicos na gestão de recursos hídricos145
4.2.2. Lacunas de governança da água 149
4.2.3. Conflitos de uso e compatibilização com interesses internos e externos 151
4.3. Aprimoramento do Modelo de Gestão 156
4.3.1. Articulação Institucional Prioritária 156
5.
Intervenções e Investimentos
181
5.1. Introdução e Metodologia 181
5.2. Caracterização das Intervenções e Investimentos 185
5.2.1. Eixos de atuação 185
5.2.2. Investimento 186
5.2.3. Fontes de financiamento 193
5.3. Eixo I – Governança e Mobilização Social 195
5.3.1. Objetivos e metas 195
5.3.2. Atividades prioritárias 197
5.3.3. Cronograma de atividades e investimentos do CBHSF 199
5.3.4. Cronograma de atividades de outras entidades 201
5.4. Eixo II – Qualidade da Água e Saneamento 203
5.4.1. Objetivos e metas 203
5.4.2. Atividades prioritárias 205
5.4.3. Cronograma de atividades e investimentos do CBHSF 208
5.4.4. Cronograma de atividades de outras entidades 210
5.5. Eixo III – Quantidade de Água e Usos Múltiplos 213
5.5.1. Objetivos e metas 213
5.5.2. Atividades prioritárias 215
5.5.3. Cronograma de atividades e investimentos do CBHSF 217
5.5.4. Cronograma de atividades de outras entidades 219
5.6. Eixo IV – Sustentabilidade Hídrica do Semiárido 221
5.6.1. Objetivos e metas 221
5.6.2. Atividades prioritárias 225
5.6.3. Cronograma de atividades e investimentos do CBHSF 226
5.6.4. Cronograma de atividades de outras entidades 227
5.7. Eixo V – Biodiversidade e Requalificação Ambiental 229
5.7.1. Objetivos e metas 229
5.7.2. Atividades prioritárias 231
5.7.3. Cronograma de atividades e investimentos do CBHSF 232
5.7.4. Cronograma de atividades de outras entidades 233
5.8. Eixo VI – Uso da Terra e Segurança de Barragens 235
5.8.1. Objetivos e metas 235
5.8.2. Atividades prioritárias 237
5.8.3. Cronograma de atividades e investimentos do CBHSF 238
6.
Implementação, Monitoramento e Avaliação
241
6.1. Cronograma síntese de implementação das ações do CBHSF 241
6.2. Indicadores e Metas 245
7.
Participação Pública
247
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa do caminho.
34
Figura 2 – Distribuição do valor cobrado por região fisiográfica da bacia do rio
São Francisco (2014).
70
Figura 3 – Distribuição do valor cobrado em corpos d´água do domínio da
União (usos internos) por finalidade (2014).
71
Figura 4 – Distribuição do valor cobrado por Estado (2014).
71
Figura 5 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento vigente para
principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São
Francisco (Mapa 22 do Volume 3, reduzido).
90
Figura 6 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento proposto a
nível estadual após 2004 para principais corpos de água superficiais da bacia
hidrográfica do rio São Francisco.
92
Figura 7 – Acordo da qualidade das águas superficiais com a meta final do
enquadramento vigente nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do
rio São Francisco (Mapa 23 do Volume 3, reduzido).
94
Figura 8 – Condição de qualidade das águas superficiais nos principais corpos
de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 24 do Volume 3,
reduzido).
97
Figura 9 – Usos das águas superficiais nos principais corpos de água da bacia
hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 25 do Volume 4, reduzido).
98
Figura 10 – Estruturação de informações sobre recursos hídricos.
129
Figura 11 – Esquema da estrutura do SNIRH.
133
Figura 12 – Proposta de modelo conceitual da solução para o estabelecimento
de uma plataforma para o SIRH da BHSF e sua integração com o SNIRH. 140
Figura 13 – Metodologia de elaboração do Plano de Metas, Ações Prioritárias e
Investimentos.
182
Figura 14 – Orçamento executivo segundo os eixos do PRH-SF 2016-2025. 187
Figura 15 – Valor anual dos investimentos.
188
Figura 16 – Faixa de divulgação de uma oficina setorial no município de
Sobradinho / BA.
248
Figura 17 – Folder.
248
Figura 18 – Registro fotográfico das reuniões públicas na fase de Diagnóstico.
250
Figura 19 – Registro fotográfico das reuniões públicas na fase de Cenários e
Prognóstico.
252
Figura 20 – Pôster apresentado no XXI Simpósio Brasileiro de Recursos
Hídricos.
254
Figura 21 – Registro fotográfico das reuniões públicas na fase de Plano de
Metas, Ações Prioritárias e Investimentos.
255
Figura 22 – Registro fotográfico das reuniões públicas na fase de divulgação do
Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
257
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Situação dos planos estaduais e dos planos de recursos hídricos
na bacia hidrográfica de São Francisco.
37
Quadro 2 – Síntese das vazões de referência e vazões outorgáveis referentes
à BHSF.
40
Quadro 3 – Metas e índices de desembolso.
58
Quadro 4 – Repasses do contrato de gestão até 31 dezembro 2015 (R$).
59
Quadro 5 – Preços Públicos Unitários para corpos d’água de domínio da União
inseridos na bacia do rio São Francisco.
63
Quadro 6 – Valores dos demais coeficientes aplicáveis a corpos d’água de
domínio da União inseridos na bacia do rio São Francisco.
64
Quadro 7 – Relação entre diretrizes gerais e específicas para o instrumento de
cobrança.
74
Quadro 8 – Estimativa dos valores não cobrados pelo uso de corpos d'água de
domínio estadual (base 2010).
77
Quadro 9 – Impacto potencial da diferenciação do coeficiente baseado nas
boas práticas (Kt) no valor anual da cobrança pela captação de água (Valorcap)
por sistema de irrigação.
78
Quadro 10 – Valores alternativos para o coeficiente de quantificação do volume
consumido (Kcons irrig), de acordo com o sistema de irrigação.
80
Quadro 11 – Impacto potencial da diferenciação dos coeficientes Kt e Kcons irrig
no valor anual da cobrança pelo uso de recursos hídricos (Valortotal) por sistema
de irrigação.
80
Quadro 12 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
poder público federal.
146
Quadro 13 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
poder público estadual e municipal.
146
Quadro 14 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
sociedade civil.
147
Quadro 15 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
usuários.
148
Quadro 16 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
consórcios, associações municipais e comitês de bacias afluentes.
149
Quadro 17 – Níveis de prioridade da articulação institucional.
158
Quadro 18 – Proposta de prioridades nível 1, instrumentos e fases de
articulação.
158
Quadro 19 – Proposta de prioridades nível 2, instrumentos e fases de
articulação.
161
Quadro 20 – Quadro de apoio à identificação de atividades prioritárias.
183
Quadro 21 – Orçamento estratégico (R$).
190
Quadro 22 – Atividades prioritárias, abrangência territorial e responsáveis (Eixo
I – Governança e mobilização social).
197
Quadro 23 – Cronograma síntese de atividades e investimentos do
CBHSF/Agência de Águas (ou entidade delegatária) (Eixo I – Governança e
Quadro 24 – Cronograma síntese de atividades de outras entidades (Eixo I –
Governança e mobilização social).
201
Quadro 25 – Atividades prioritárias, abrangência territorial e responsáveis (Eixo
II – Qualidade da Água e Saneamento).
205
Quadro 26 – Cronograma síntese de atividades e investimentos do
CBHSF/Agência de Águas (ou entidade delegatária) (Eixo II – Qualidade da
Água e Saneamento).
208
Quadro 27 – Cronograma síntese de atividades de outras entidades (Eixo II –
Qualidade da água e saneamento).
210
Quadro 28 – Atividades prioritárias, abrangência territorial e responsáveis (Eixo
III – Quantidade de água e usos múltiplos).
215
Quadro 29 – Cronograma síntese de atividades e investimentos do
CBHSF/Agência de Águas (ou entidade delegatária) (Eixo III – Quantidade de
água e usos múltiplos).
217
Quadro 30 – Cronograma síntese de atividades de outras entidades (Eixo III –
Quantidade de água e usos múltiplos).
219
Quadro 31 – Atividades que contribuem para cumprir os objetivos do Eixo IV –
Sustentabilidade hídrica do semiárido.
222
Quadro 32 – Atividades prioritárias, abrangência territorial e responsáveis (Eixo
IV – Sustentabilidade hídrica do semiárido).
225
Quadro 33 – Cronograma síntese de atividades e investimentos do
CBHSF/Agência de Águas (ou entidade delegatária) (Eixo IV –
Sustentabilidade hídrica do semiárido).
226
Quadro 34 – Cronograma síntese de atividades de outras entidades (Eixo IV –
Sustentabilidade hídrica do semiárido).
227
Quadro 35 – Metas de redução das taxas de desmatamento anual por Unidade
da Federação.
229
Quadro 36 – Atividades prioritárias, abrangência territorial e responsáveis (Eixo
V – Biodiversidade e requalificação ambiental).
231
Quadro 37 – Cronograma síntese de atividades e investimentos do
CBHSF/Agência de Águas (ou entidade delegatária) (Eixo V – Biodiversidade e
requalificação ambiental).
232
Quadro 38 – Cronograma síntese de atividades de outras entidades (Eixo V –
Biodiversidade e requalificação ambiental).
233
Quadro 39 – Atividades prioritárias, abrangência territorial e responsáveis (Eixo
VI – Uso da terra e segurança de barragens).
237
Quadro 40 – Cronograma síntese de atividades e investimentos do
CBHSF/Agência de Águas (ou entidade delegatária) (Eixo VI – Uso da terra e
segurança de barragens).
238
Quadro 41 – Cronograma síntese de atividades de outras entidades (Eixo VI –
Uso da terra e segurança de barragens).
239
LISTA DE NOMENCLATURAS E SIGLAS
ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do
Distrito Federal
ADEMA Administração Estadual do Meio Ambiente
AGB Peixe Vivo
Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo
AHSFRA Administração da Hidrovia do São Francisco
AIBA Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia
ANA Agência Nacional de Águas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima
APP Áreas de Preservação Permanente
ASSEMAE Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento
BDIGRH Banco de Dados e Informações Georreferenciadas sobre Recursos
Hídricos
BHSF Bacia Hidrográfica do rio São Francisco
CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas
CBH Comitê de Bacia Hidrográfica
CBHSF Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
CCR Câmaras Consultivas Regionais
CEMG Comitê Especializado na Estruturação de Metadados Geoespaciais
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CNARH Cadastro Nacional dos Usuários de Recursos Hídricos
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
Parnaíba
COHIDRO Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação
de Sergipe
COMLAGO Consórcio dos municípios do Lago de Três Marias
COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONCAR Comissão Nacional de Cartografia
CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental
COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
CT Câmaras Técnicas do CBHSF
DESO Companhia de Saneamento de Sergipe
DIGICOB Sistema Digital de Cobrança da ANA
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FEHIDRO Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável
das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais
FEPAMG Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado de Minas
Gerais
FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNASA Fundação Nacional da Saúde
GAT Grupo de Acompanhamento Técnico
GT Grupo de Trabalho
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBRAM
Instituto Brasileiro de Mineração / Instituto Brasília Ambiental
(Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal)
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IFBA Instituto Federal da Bahia
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INSA Instituto Nacional do Semiárido
IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
Kcap classe
Coeficiente que leva em conta a classe de enquadramento do corpo d’água no qual se faz a captação
Kcons irrig
Coeficiente que visa quantificar o volume de água consumido pelo uso específico da irrigação
Kgestão
Coeficiente que leva em conta o efetivo retorno à bacia do rio São Francisco dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água nos rios de domínio da União
Klanç
Coeficiente que leva em conta objetivos específicos a serem atingidos mediante a cobrança pelo lançamento de carga orgânica
Kprioridade
Coeficiente que leva em conta a prioridade de uso estabelecida no Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio São Francisco
Kt
Coeficiente de abatimento que leva em conta as boas práticas de uso e conservação da água
MC Ministério das Cidades
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MGB Metadados Geográficos do Brasil
MI Ministério da Integração Nacional
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME/SEE Ministério de Minas e Energia/ Secretaria de Energia Elétrica
MS/FUNASA Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PAE Planos de Ação de Emergência
PAP Plano Plurianual
PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas
PDRH Plano Diretor de Recursos Hídricos
PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos
PGIRH Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito
Federal
PISF Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional
PNSB Plano Nacional de Saneamento Básico
PPU Preço Público Unitário
PPUcons Preço Público Unitário para consumo de água
PPUDBO Preço Público Unitário para diluição de carga orgânica
PRH-SF Plano de Recursos Hídricos do rio São Francisco
Qcap Volume anual de água captado
Qcons Volume anual de água consumido
Qlanç Volume anual de água lançado
Qmmm Vazão mínima média mensal
QUALIÁGUA Programa de Estímulo à Divulgação de Dados da Qualidade de
Água
RNQA Rede Nacional de Monitoramento da Qualidade das Águas
Superficiais
SARA Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária
SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura,
Cidades e Assuntos Metropolitanos
SEGRH Sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos
SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos
Hídricos
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
SIG Sistema de Informação Geográfica
SIMGE Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SIRH Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos
SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SNISB Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens
SRE Superintendência de Regulação
SRH Secretaria Executiva de Recursos Hídricos
SRHE Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos
SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UF Unidade da Federação
UFAL Universidade Federal de Alagoas
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFLA Universidade Federal de Lavras
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFS Universidade Federal de Sergipe
UHE Usina Hidroelétrica
UNB Universidade de Brasília
Valoralocação
externa Pagamento anual pela alocação externa de água
Valorcap Valor anual da cobrança pela captação de água
Valorcons Valor anual da cobrança pelo consumo de água
ValorDBO Valor anual da cobrança pelo lançamento de carga orgânica
Valortotal Valor total anual da cobrança pelo uso de água para uso interno
1. INTRODUÇÃO
1.1.
Nota Introdutória
A gestão da bacia hidrográfica do rio São Francisco é complexificada desde logo pela extensão territorial abrangida, pela incompatibilidade entre os limites hidrográficos e os limites administrativos, e pela multiplicidade de entidades com responsabilidades sobre os recursos hídricos da bacia.
Acrescem ainda as especificidades legislativas decorrentes da abrangência de sete unidades federativas, com características territoriais e institucionais distintas, repercutidas nos respectivos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Nas etapas de Caracterização e Diagnóstico o plano detectou uma série de conflitos de uso da água associados à escassez de recursos e ao gerenciamento de reservatórios para produção de energia eléctrica.
De acordo com os cenários e prognósticos efetuados no plano, estes conflitos têm forte probabilidade de se agravarem num futuro próximo, o que justifica a necessidade de um conjunto de medidas de otimização dos consumos, de monitoramento, de gestão de outorgas e de revitalização da bacia.
A gestão de recursos hídricos ocupa posição variada na agenda política dos Estados e nas ações da União, determinando os recursos alocados aos órgãos gestores de recursos hídricos, e consequentemente, à implementação do sistema de gestão. Verifica-se também que o estágio de amadurecimento dos aparelhos político-administrativos e de implementação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos é distinto entre Estados e entre municípios.
O Convênio de Gestão Integrada entre a União e os Estados, previsto no Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRH-SF) 2004-2013, não chegou a ser realizado, bem como várias medidas previstas no referido plano, que continuam ainda a mostrar-se necessárias.
Considerando os desafios que a bacia enfrenta, quer em termos de quantidade quer de qualidade, e face à degradação ambiental, entende-se necessário estabelecer um
Pacto das Águas, com vista à construção de um entendimento sobre o sistema multiusos de partilha das águas, ao estabelecimento de compromissos de aprimoramento dos principais instrumentos de gestão de recursos hídricos, melhoria do conhecimento e controle da qualidade e quantidade das águas e revitalização da bacia.
Face à complexa matriz institucional e aos conflitos e interesses instalados, o papel do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (e da AGB Peixe Vivo, no presente, sendo a sua agência executiva) é fundamental no cimentar dos compromissos e no envolvimento das entidades, na promoção da participação pública, na implementação do Plano de Bacia, e no aprimoramento e fomento da implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos.
1.2.
Estrutura do Relatório Final 2
O presente documento constitui o Volume 2 – Diretrizes para a Gestão,
Intervenções e Investimentos do Relatório Final 2 do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco elaborado para o período 2016-2025. O Relatório Final 2 (RF2) é ainda constituído pelo Volume 1 – Diagnóstico e Cenários e pelo Volume 3 – Mapas.
O Relatório Final 2 consolida e sintetiza os resultados das fases anteriores de elaboração do plano.
O Volume 1 – Diagnóstico e Cenários do Relatório Final 2 encontra-se estruturado
da seguinte forma:
Introdução (Capítulo 1);
Objetivos, Estrutura e Metodologia (Capítulo 2);
Diagnóstico (Capítulo 3);
Cenários (Capítulo 4).
O Volume 2 – Diretrizes para a Gestão, Intervenções e Investimentos do Relatório
Final 2, apresenta a seguinte estrutura:
Introdução (Capítulo 1);
O PRH-SF 2016-2025: Objetivos, Metas e Estratégia (Capítulo 2);
Diretrizes e Recomendações para os Instrumentos de Gestão de
Recursos Hídricos (Capítulo 3);
Articulação Institucional (Capítulo 4);
Intervenções e Investimentos (Capítulo 5);
Monitoramento e Avaliação (Capítulo 6);
Participação Pública (Capítulo 7).
O Capítulo 2 descreve a “Bacia que queremos” (cenário ideal), a “Bacia que podemos” (cenário realista), os grandes objetivos orientadores da estratégia para a implementação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e o “mapa do caminho”. A estratégia de implementação do Plano teve por base a definição de várias frentes de atuação, das fases de implementação do plano e da sequência de implementação das principais ações.
No Capítulo 3 apresentam-se diretrizes e recomendações para os Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos, notadamente, para o planejamento de recursos hídricos, outorga de direitos de uso, cobrança pelo uso de recursos hídricos, enquadramento dos corpos d´água e sistema de informações sobre recursos hídricos.
O Capítulo 4 reporta à articulação institucional, destacando-se as prioridades de articulação, notadamente, através do Pacto das Águas, e algumas recomendações para o fortalecimento institucional, passando por: recomendações da OCDE (2015) para fortalecer a governança da água; recomendações para determinados atores-chave (Agência Nacional de Águas; Estados; Municípios; CBHSF e comitês de bacias afluentes; agência de águas (ou entidade delegatária)) e sugestão de implementação de programas de capacitação, comunicação e mobilização social.
No Capítulo 5 apresentam-se os objetivos, metas, intervenções, investimentos e fontes de recursos previstos no plano, em seis eixos de atuação (Eixo I – Governança e Mobilização Social; Eixo II – Qualidade da Água e Saneamento; Eixo III – Quantidade de Água e Usos Múltiplos; Eixo IV – Sustentabilidade Hídrica do Semiárido; Eixo V – Biodiversidade e Requalificação Ambiental; Eixo VI – Uso da Terra e Segurança de Barragens). Para aprofundamento da informação apresentada neste capítulo, deve ser consultado o relatório RF1 – Caderno de Investimentos do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, onde se apresentam fichas descritivas de cada uma das 35 atividades consideradas no plano, e modelos de termos de referência para futuras contratações.
O Capítulo 6 refere-se à implementação, monitoramento e avaliação do plano pelo CBHSF, notadamente, através do acompanhamento de cada atividade por um conjunto de indicadores e sua comparação com as metas estabelecidas no plano.
No Capítulo 7 apresenta-se uma síntese do processo de participação pública no decurso do desenvolvimento do plano.
No Volume 3 – Mapas são apresentados 25 mapas em formato A3, reproduzidos em
2. O PRH-SF 2016-2025: OBJETIVOS, METAS E ESTRATÉGIA
2.1.
Introdução
A Política Nacional de Recursos Hídricos, o Termo de Referência para a elaboração do PRH-SF, as estratégias e metas definidas a nível federal e estadual, com influência nos recursos hídricos da área em estudo, entre outros estudos sobre a governança dos recursos hídricos da bacia (incluindo, mas não se limitando, aos estudos de Ramina e da OCDE, 2015) condicionaram:
A formulação do cenário ideal para a bacia (a “bacia que queremos” –
item 2.2);
A definição dos grandes objetivos para alcançar esse cenário (item 2.3);
O estabelecimento das grandes metas passíveis de alcançar no
horizonte de planejamento (a “bacia que podemos” – item 2.4);
A estratégia para atingir essas metas (o mapa do caminho – item 2.5).
2.2.
A “Bacia que Queremos”
A “Bacia que queremos” constitui um cenário ideal, que serve de referência para a formulação dos principais objetivos a atingir. É um cenário que só seria atingido se os recursos à nossa disposição fossem ilimitados, e se os compromissos e consensos necessários fossem todos estabelecidos e implementados num curto espaço de tempo. As condições reais são, no entanto, bem diferentes deste cenário ideal, e por isso é definindo um segundo cenário mais próximo da realidade aqui designado “a bacia que podemos”.
O cenário ideal para a bacia hidrográfica do rio São Francisco parte da análise da legislação em vigor, das estratégias e metas definidas a nível federal e estadual, dos desafios do CBHSF, identificados no Termo de Referência.
A proposta de cenário ideal foi aferida em dois Seminários com ampla participação técnica e institucional (22 de setembro de 2015, 24 de novembro de 2015), quatro Consultas públicas (2 de março de 2016 em Jacobina, 9 de março de 2016 em
Neópolis, 17 de março de 2016 em Luís Eduardo Magalhães e 22 de março de 2016 em Pompéu) e em Reuniões do GAT/CBHSF.
A visão da bacia hidrográfica do São Francisco que queremos pode ser assim descrita:
Na bacia hidrográfica do rio São Francisco foram invertidos os processos de degradação hídrica e ambiental através de um amplo processo de revitalização, contemplando a conservação dos solos, o combate a processos erosivos, a recuperação da cobertura vegetal, a proteção das nascentes e de áreas naturais e a redução da carga poluidora afluente aos recursos hídricos.
O atendimento da população ao nível do saneamento básico cumpre as políticas definidas a nível federal para a bacia.
Verifica-se a universalização e implantação de todos os instrumentos de gestão de recursos hídricos.
O sistema de gerenciamento dos recursos hídricos tem a capacidade de solucionar os possíveis conflitos pelo uso e pela qualidade das águas, contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
A bacia constitui um polo de desenvolvimento econômico e social inclusivo num quadro de sustentabilidade, cujos atores estratégicos estão empenhados em uma articulação de esforços para fortalecer o gerenciamento, proteção e conservação dos recursos hídricos.
2.3.
Grandes Objetivos
Atendendo às premissas e condicionantes de que parte o presente plano e ao cenário que corresponde à visão ideal para a bacia, definem-se como grandes objetivos orientadores da estratégia para a implementação do Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
1. Melhorar significativamente a governança e participação social da bacia
hidrográfica;
2. Aumentar a presença e a visibilidade do CBHSF, garantindo uma
crescente consciencialização das questões chave para gestão sustentável dos recursos hídricos;
3. Melhorar significativamente a qualidade ecológica dos sistemas fluviais e a qualidade das águas;
4. Prevenir a contaminação e superexplotação dos aquíferos
subterrâneos;
5. Garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos;
6. Melhorar a qualidade de vida no semiárido;
7. Garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do território da bacia hidrográfica.
2.4.
A “Bacia que Podemos”
A “Bacia que Podemos” corresponde a uma visão realista da Bacia, no horizonte de implementação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco. Trata-se do cenário possível, tendo em conta: i) o contexto político-econômico; ii) a urgência de atendimento de outras prioridades das populações; iii) as limitações no arranjo institucional; iv) a grande amplitude territorial, que torna difícil e morosa a mobilização da sociedade; v) o vasto leque de entidades que se constituem como atores chave na região, que implica um processo de estabelecimento de consensos e parcerias complexo e moroso; vi) as limitações no tempo necessário para a implementação das medidas e para a produção de efeitos; vii) o conhecimento insuficiente de alguns componentes essenciais para a gestão otimizada dos recursos hídricos.
As grandes metas de cada eixo de intervenção do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco 2016-2025 foram definidas para o horizonte do Plano, ou seja até 2025, ano em que termina a vigência do presente Plano e se iniciará um novo ciclo de planejamento (2026-2035).
Até 2020, pretende-se aprimorar a rede de monitoramento da qualidade das águas superficiais atual, de modo a proceder a um monitoramento sistemático, regular e articulado. Esta meta é consentânea com a implementação prevista da Rede Nacional de Qualidade da Água (RNQA), estabelecida pela Resolução ANA n.º 903, de 22 de julho de 2013.
Até 2023 pretende-se atingir as metas definidas no Plano Nacional de Saneamento Básico (SNSA, 2013) para a bacia (e para cada unidade da federação), no componente de saneamento (implantação de sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, e coleta de lixo).
As restantes grandes metas foram estabelecidas para o ano 2025. Nesse ano horizonte, considera-se possível:
Ter todos os instrumentos de gestão de recursos hídricos definidos e em implantação;
Ter executado pelo menos 80% dos recursos financeiros previstos no plano;
Pelo menos 10% dos usuários e população da bacia terem sido alvo de
atividades de educação ambiental relacionadas à bacia;
Pelo menos 10% dos atores da bacia terem sido alvo de
formação/capacitação em áreas relevantes para o seu setor de atuação;
Ter aumentado pelo menos 30% as taxas de participação nas decisões
de gestão da bacia hidrográfica, relativamente ao PRH-SF 2004-2013;
Apoiar ações de fiscalização de recursos hídricos em todos os Estados
da bacia;
Ter implementado uma rede de monitoramento de águas subterrâneas;
Ter em implementação um plano integrado de investimentos em
prevenção e controle de poluição das águas superficiais e subterrâneas;
Ter todos os municípios da bacia abrangidos por planos de saneamento
básico;
Ter melhorado significativamente o conhecimento sobre as
disponibilidades de água superficiais e subterrâneas e sobre as vazões ambientais necessárias à proteção dos ecossistemas em toda a bacia;
Ter reduzido os déficits hídricos e as situações de conflito pelo uso da
água, garantindo-se a satisfação plena dos usos prioritários e melhorando-se o atendimento dos restantes usos múltiplos;
Ter triplicado, até 2025, o número de povoações com 20.000 habitantes
ou menos, servidas com cisternas de água para consumo humano e para produção;
Ter implementado diversos projetos demonstrativos de aplicação de
fontes de energia alternativas à madeira;
Ter implementado diversos mecanismos de convivência com as
mudanças climáticas no semiárido;
Ter reduzido para metade as taxas de desmatamento atuais em cada unidade da federação;
Ter delimitado uma “rede verde”, incluindo áreas de conservação e corredores ecológicos de ligação;
Ter implantado e replicado projetos-piloto de recuperação de áreas degradadas, matas ciliares e nascentes;
Ter melhorado a coordenação entre as políticas de recursos hídricos e
Ter estudado, acompanhado e divulgado a situação de implementação da política de segurança de barragens na bacia.
Uma vez que até 2025 não será possível debelar todos os problemas identificados na bacia e implementar todas as infraestruturas que permitiriam ir ao encontro da “bacia que queremos”, o próximo ciclo de planejamento deverá dar continuidade à maioria das ações previstas para o período 2016-2025. Por exemplo, a universalização da coleta e tratamento dos esgotos domésticos e da coleta e destinação final de resíduos sólidos urbanos deverão continuar a ser uma meta para 2030, conforme estabelecido na Carta de Petrolina (2011).
2.5.
O Mapa do Caminho
A estratégia de implementação do Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco 2016-2025 seguidamente apresentada visa dar cumprimento aos grandes objetivos e metas delineados para a bacia hidrográfica nos pontos anteriores (seções 2.3 e 2.4).
A definição da estratégia teve por base a definição de:
Frentes de implementação do plano (item 2.5.1);
Fases de implementação do plano (item 2.5.2);
Sequência das principais ações (item 2.5.3).
2.5.1. Frentes de implementação
Para a implementação do Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco 2016-2025 haverá que garantir:
A organização interna e o pleno funcionamento do Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco e da Agência de Águas (ou entidade delegatária);
O compromisso dos decisores com o plano e suas metas, e o apoio da
sociedade;
A disponibilidade de recursos;
A viabilidade técnica e operacional das intervenções previstas.
Deste modo, e para sistematizar um conjunto de recomendações para a implementação do Plano de Recursos Hídricos, definem-se seguidamente as várias frentes de atuação, a saber:
I – Frente Institucional;
II – Frente Social;
III – Frente Econômica;
I. FRENTE INSTITUCIONAL
O CBHSF (com o apoio da Entidade Delegatária com funções de Agência de Águas) desempenha um papel essencial na definição dos objetivos e das metas pretendidas para a bacia, na identificação das ações prioritárias (em articulação com a sociedade) e na articulação com entidades-chave no sentido de conseguir o seu compromisso com essas metas. Uma das finalidades do CBHSF é, inclusivamente, a articulação e integração entre os Sistemas Nacional e Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com vistas a conservar, preservar, proteger e recuperar os recursos hídricos.
Os princípios definidos pela OCDE para o engajamento de partes interessadas na governança da água no âmbito do seu trabalho de avaliação da governança da água e da gestão dos recursos hídricos no Brasil (OCDE, 2015) poderão orientar o CBHSF nesta frente.
O CBHSF (com o apoio da AGB Peixe Vivo) deverá promover um conjunto de sessões de divulgação do plano, após a sua aprovação, de reuniões com entidades executoras e potenciais parceiros. Deverá também fomentar a interação com os municípios, reunindo com grupos de municípios vizinhos (articulação microrregional), de modo a sensibilizá-los para o seu papel na implementação do plano.
Além disso, o CBHSF, no desempenho das suas competências, apresenta um papel importante na implementação e no aprimoramento dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, ao propor os usos insignificantes a isentar de outorga; as metas de enquadramento e aprovar o plano de efetivação; os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Outras ações a incluir no plano, como a capacitação de recursos humanos do CBHSF e suas instâncias (CCR, CT e GT), as ações de comunicação social, a concretização de projetos hidroambientais, a melhoria dos sistemas de informação, o aumento da representação do CBHSF em diversos fóruns de discussão, deverão também contribuir para o fortalecimento do CBHSF como entidade focal da bacia.
A entidade delegatária com funções de Agência de Águas, além do apoio técnico ao CBHSF, continuará a cumprir as seguintes funções, já referidas no PRH-SF 2004-2013:
Implementação de um sistema de articulação e cooperação permanente com governos estaduais e municipais e órgãos federais;
Negociação, empenhando-se na mobilização por recursos de fundos e programas, nacionais e internacionais e atração de projetos de investimento ligados ao aproveitamento ou gestão de recursos hídricos;
Coordenação do sistema de informações de recursos hídricos da
Bacia, visando à geração de um conjunto relevante de indicadores;
Apoio à implementação dos instrumentos de gestão de recursos
hídricos previstos na legislação;
Apoio à organização social e política da bacia no âmbito da gestão de recursos hídricos e estímulo às diferentes formas de planejamento participativo nas diversas etapas de execução e controle do PRHSF.
II. FRENTE SOCIAL
A nível social, pretende-se que o plano contribua para elevar a consciência ambiental e a capacitação das populações e dos usuários, e aumentar os níveis de participação cívica na bacia.
Nesse sentido, considera-se necessário continuar a apostar em atividades dirigidas:
À formação e capacitação de usuários, melhorando a
sustentabilidade ambiental das decisões tomadas, reduzindo os impactos ambientais das suas atividades e incrementando a qualidade da participação cívica e as parcerias com as instituições, especialmente as que participam no CBHSF;
À educação ambiental, aumentando a consciência ambiental dos
usuários e da população em geral;
À comunicação social, dando conhecimento do PRHSF e das suas
realizações, a nível interno e externo à bacia;
À mobilização social, aumentando a participação nas decisões sobre a
bacia e a organização dos diversos setores da sociedade (o que facilita a interlocução com o CBHSF).
Como parte da estratégia de implementação do plano, uma série de contatos e reuniões deve ser agendada por parte do CBHSF, levando o PBHSF ao conhecimento
de ONGs e associações, esclarecendo-as quanto aos benefícios que deverão advir para a população e para os temas de seu interesse (incluindo o apoio do CBHSF a estudos e projetos de empresas socioambientais e comunidades tradicionais).
No decorrer da implementação do plano, deverão ser divulgados os resultados alcançados, mantendo-se em operação mecanismos de auscultação da população, notadamente, quanto aos investimentos prioritários.
Referência ainda para a necessidade, com prioridade, de regularização fundiária dos territórios de domínio da União ocupados historicamente pelas comunidades tradicionais, e o estabelecimento de Termos de Utilização de Usos Sustentável – TAUS, além da realização das políticas públicas de promoção, produção e afirmação destas comunidades, através das instituições governamentais, e do CBHSF.
III. FRENTE ECONÔMICA
A implementação do plano está dependente da existência de recursos financeiros para a execução das intervenções previstas.
Uma dessas fontes de recursos é a cobrança pelo uso de recursos hídricos, iniciada em 2010. A implementação do aprimoramento previsto na cobrança pelo uso dos recursos hídricos, como resultado dos estudos previstos no Plano Plurianual 2016-2018 do CBHSF, e tendo em consideração as diretrizes apresentadas no Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do São Francisco, deverá permitir aumentar a arrecadação de verbas para a bacia. Além desta, outras fontes deverão ser consideradas, conforme indicado na seção 5.2.3 – Fontes de financiamento).
A obtenção de outras fontes de recursos, para além da cobrança, implica a articulação do CBHSF e da entidade delegatária com funções de Agência de Águas com um conjunto de entidades com vista a que as mesmas aprovem projetos de intervenção na bacia e liberem as verbas necessárias.
Em particular, o CBHSF poderá incentivar os municípios que recebem a compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica no sentido de que promovam a sua aplicação na gestão ou melhoria dos recursos hídricos.
Importante ainda é saber lidar com os requisitos e restrições do gasto público, alocando verbas a investimentos prioritários.
IV. FRENTE TÉCNICA
O PRH-SF 2004-2013 apresentava um conjunto de princípios e orientações estratégicas gerais e para os principais atores envolvidos na gestão integrada dos recursos hídricos que merecem reforço na estratégia de implementação do PRH-SF 2016-2025.
Na sequência do previsto no PRH-SF 2004-2013, mostram-se ainda relevantes as
seguintes recomendações gerais para o presente plano de recursos hídricos (2016 –
2025):
a) Integração dos instrumentos técnicos de gestão dos recursos hídricos; b) Integração aos sistemas de gestão ambiental e territorial;
c) Racionalização do uso da água superficial e subterrânea;
d) Compatibilização das obras de infraestrutura hídrica para diferentes usos; e) Convivência com eventos hidrológicos extremos;
f) Atualização tecnológica e científica.
a) Integração dos instrumentos técnicos de gestão dos recursos hídricos
A implementação e aprimoramento dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, bem como o monitoramento e fiscalização, requerem uma atuação integrada na bacia.
As diretrizes apresentadas no Plano de Recursos Hídricos 2016-2025 vão nesse sentido, considerando-se necessário estabelecer um conjunto de compromissos entre entidades com vista ao enfrentamento dos desafios da bacia em termos de quantidade de água, qualidade da água, degradação ambiental, crescentes pressões sobre a demanda e previsível acentuar dos conflitos entre usuários.
b) Integração aos sistemas de gestão ambiental e territorial
Uma das finalidades do CBHSF é a integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental, articulando a viabilidade técnica, econômica e financeira de programas e projetos de investimento e apoiando a integração entre as políticas públicas e setoriais, visando o desenvolvimento sustentável da bacia como um todo.
Nessa integração, há que ter em conta que a qualidade e a quantidade das águas se encontram em relação de interdependência com a sustentabilidade dos ecossistemas da bacia, com sua biodiversidade e o bem-estar social e que a água consiste em um bem natural, social e essencial à vida, que por sua escassez e fatores inerentes à sua gestão, adquire valor econômico.
O PRH-SF 2016-2025 deverá ser um elemento articulador e promotor de sustentabilidade, cujas metas devem ser construídas com os governos, com os segmentos produtivos privados e a sociedade.
De forma a promover a articulação da gestão de recursos hídricos com a de uso do solo, o CBHSF e a entidade delegatária com funções de Agência de Águas deverão dedicar atenção às articulações com os municípios com vistas ao ordenamento, disciplinamento e fiscalização do uso e ocupação do solo, de forma a promover sua compatibilização com as disposições do Plano.
Tal como previsto no PRH-SF 2004-2013, o manejo dos recursos naturais deve continuar a ocupar um papel de destaque na Bacia. A mineração, a agricultura e a pecuária, apesar de importantes atividades econômicas, constituem fontes de erosão dos solos, de assoreamento dos cursos de água e de poluição dos recursos hídricos, com repercussões sobre a qualidade ambiental. Nesse domínio, o Plano enfatiza a necessidade de adoção de estratégias preventivas, a intervenção nas origens do problema, e o engajamento dos atores diretamente responsáveis pelos setores envolvidos.
c) Racionalização do uso da água superficial e subterrânea
O PRH-SF 2016-2025 preconiza uma atuação do lado da demanda de água, no sentido de reduzir as perdas e ineficiências de uso, quer através da adoção de tecnologias mais eficientes, quer através da consciencialização ambiental para a mudança de hábitos de consumo e capacitação técnica para a adoção de melhores práticas.
O Plano considera, ainda, a água subterrânea como um importante e estratégico recurso da Bacia, cujo emprego deve ser racionalizado a partir do conhecimento científico dos principais aquíferos ali presentes.
À medida que o conhecimento seja construído e seja obtida uma melhor definição da ocorrência e variação espacial das suas propriedades hidrogeológicas, o CBHSF deverá fomentar a implementação de medidas destinadas a racionalizar a explotação do uso da água subterrânea, proteção de áreas de recarga, monitoramento do comportamento hidrogeológico dos aquíferos e da qualidade das águas subterrâneas.
d) Compatibilização das obras de infraestrutura hídrica para diferentes usos Tal como previsto no PRH-SF 2004-2013, a compatibilização dos usos múltiplos exigirá a implantação de medidas estruturais e não estruturais que otimizem a demanda e/ou elevem a vazão de referência atual o suficiente para atender àquela demanda.
O conjunto de ações estruturais que direta ou indiretamente contribuam para o aumento da disponibilidade de água, nas sub-bacias sem recursos próprios para satisfazer as demandas atuais e/ou projetadas para o horizonte de planejamento do plano, deve ser determinado mediante a identificação e avaliação da viabilidade técnica, socioeconômica e ambiental de diferentes possibilidades de aumento da oferta hídrica para os usos múltiplos da água nas sub-bacias sem recursos próprios para satisfazer as demandas.
Outras ações não estruturais passíveis de contribuir para a compatibilização das obras de infraestrutura hídrica para diferentes usos são as que suportem uma revisão na
gestão dessas infraestruturas no sentido de atender aos restantes usos a jusante das mesmas.
Os estudos deverão, sempre que possível, garantir a satisfação plena dos usos considerados prioritários por lei e melhorar o atendimento dos restantes usos múltiplos, estabelecendo relações de compromisso entre os vários usos dos recursos hídricos, incluindo os usos não consuntivos, designadamente, a produção de energia e a preservação dos ecossistemas.
e) Convivência com eventos hidrológicos extremos
O princípio geral do Plano para o controle de cheias é o emprego preferencial de medidas não-estruturais, como o planejamento e ordenamento do uso do solo.
As medidas estruturais somente são recomendadas como ações complementares, geralmente necessárias para corrigir deficiências localizadas, tais como trechos não regularizados das calhas dos rios sujeitos a altos picos de vazão ou impactos oriundos da urbanização.
São ainda previstas ações de melhoria da convivência com o semiárido e de mitigação dos efeitos da seca nesta região.
f) Atualização tecnológica e científica
Tal como referido no PRH-SF 2004-2013, os pesquisadores, professores universitários e as instituições de pesquisa constituem um importante grupo de suporte para o Plano e para atualização científica e tecnológica.
A aproximação do CBHSF com esses grupos é particularmente importante para a implementação do Plano por incluir formadores de opinião altamente qualificados e com grande audiência. Além disso, podem prestar apoio técnico à Agência da Bacia para elaboração de levantamentos, pesquisas e estudos, e para manter a atualização sobre questões científicas e técnicas relevantes para o planejamento dos recursos hídricos na bacia.
Para além das recomendações gerais, outras recomendações são importantes, nomeadamente aquelas que são direcionadas para os principais setores usuários, a saber:
a) Setor de saneamento básico; b) Setor de irrigação;
c) Setor de geração de energia; d) Setor de indústria e mineração; e) Setor de navegação;
f) Setor de pesca e aquicultura; g) Setor de turismo e lazer.
a) Setor de saneamento básico
Na componente de saneamento, recomenda-se o alinhamento do plano com as metas definidas a nível federal para a bacia (e para as unidades da federação) no Plano Nacional de Saneamento Básico (SNSA, 2013).
A prossecução da elaboração dos planos municipais de saneamento, condição para o acesso a recursos orçamentários na realização de intervenções de saneamento, deverá contribuir para o diagnóstico e definição de intervenções a realizar.
A região do semiárido, face às suas particularidades, deverá considerar soluções simplificadas e alternativas, tal como previsto no PRH-SF 2004-2013.
A selagem de lixões, que têm constituído o principal destino dos resíduos na bacia, e o encaminhamento dos resíduos a destino final adequado, deverá também constituir uma preocupação.
b) Setor de irrigação
A agricultura irrigada continua a ser uma oportunidade de desenvolvimento da bacia hidrográfica do São Francisco, conforme constatado pelo estudo sobre a “Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” da OCDE (2015), pelo que, nesse contexto, recomendam-se as ações que resultem em ganhos de eficiência na irrigação, tais como o emprego das melhores tecnologias.
Não obstante, dado que no presente plano continua-se verificando uma expressiva divergência entre os direitos de uso (vazões outorgadas, estimadas em 723,4 m3/s, de acordo com os dados disponíveis) e a demanda total de recursos hídricos (estimada em 309,4 m3/s, para 2010, exceto para o setor irrigação, atualizado a 2013), recomenda-se a revisão negociada das outorgas já concedidas e dos procedimentos e critérios de análise dos pedidos de outorga, após o que poderão ser definidas prioridades para alocação da água entre setores (como proposto no estudo da OCDE, 2015) e/ou trabalhados critérios diferenciados por tipologia de uso (setores).
O Plano deverá continuar atento, ainda, para os seguintes aspectos particulares do setor agrícola:
A situação de conflito potencial e o crescente impacto do uso da água na irrigação na redução da capacidade de geração de energia, que deverá ser administrada e negociada com o setor;
O custo adicional para os consumidores de energia do país em
decorrência de cada metro cúbico de água transferida da geração de energia para consumo em irrigação;
Os impactos econômicos e sociais positivos gerados através da
exportação dos produtos agrícolas e o ingresso de recursos procedentes dessas exportações.
c) Setor de geração de energia
A principal diretriz para o aproveitamento do potencial hidráulico para geração de energia refere-se à compatibilização dos usos múltiplos dos recursos hídricos, atuais e futuros.
Nesse sentido, recomenda-se uma revisão da política de gestão dos reservatórios, no sentido de otimizar o atendimento aos usos múltiplos, incluindo a proteção dos ecossistemas. Embora o estabelecimento de uma relação de compromisso dos demais usos com a geração de energia, através de um processo de negociação, extrapole os limites da Bacia e a competência do Comitê, como apontou o PRH-SF 2004-2013, um passo inicial nesse sentido foi dado em dezembro de 2015, por meio da Portaria ANA nº 414/2015, com a constituição de um grupo de trabalho para a discussão e definição de regras de operação dos reservatórios da BHSF, com diversos representantes da Diretoria e Superintendências da ANA e representantes dos órgãos gestores dos estados e ainda do CBHSF.
Os estudos de inventário hidrelétrico do potencial remanescente do rio São Francisco deverão ser revistos, determinando características de projeto das usinas em fase de inventário e de viabilidade que contemplem o cenário de referência dos usos múltiplos (RAMINA, 2015) aprovado com o PRH-SF 2016-2025 e a política de gestão de reservatórios adotada.
d) Setor de indústria e mineração
“O uso da água para fins industriais na bacia do São Francisco ocorre, preponderantemente, na RMBH, na qual o setor industrial é bastante diversificado e apresenta uma demanda hídrica menor apenas que a de abastecimento público (…) [o que] faz com que o Alto São Francisco responda por 90% da vazão retirada em toda a bacia para uso industrial” (MENDES, 2012), conforme confirmado pela quantificação das demandas para usos consuntivos efetuada no presente plano.
Também a atividade minerária na bacia acontece sobretudo em Minas Gerais. O uso da água para mineração, a montante, é aliás uma oportunidade de desenvolvimento
da bacia hidrográfica do São Francisco identificada pelo estudo sobre a “Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” da OCDE (2015).
O Plano Nacional de Mineração 2030 (MME, 2010) prevê, entre outras, medidas de apoio e incentivo à utilização mais eficiente dos recursos hídricos nos processos produtivos, incluindo o tratamento de efluentes e o aumento da recirculação da água, com levantamentos periódicos sobre o uso de água na indústria mineral, bem como a promoção de inventário sobre minas abandonadas, objetivando criar um programa nacional para as áreas impactadas, bem como o apoio a medidas de acompanhamento, fiscalização e controle de barragens da mineração.
No sentido de aumentar o conhecimento e o controle sobre o uso da água e de otimizar as demandas (aumentando a eficiência do uso da água e reduzindo os fatores de degradação de recursos hídricos associados com essas atividades) pelos usos consuntivos, recomenda-se:
Ações de formação e capacitação de grandes usuários da bacia
hidrográfica (incluindo a indústria e mineração), para divulgar e promover técnicas de maior eficiência e menor impacto no ambiente;
Estudo da influência da poluição industrial na qualidade das águas e identificação das tipologias industriais, locais e de parâmetros de qualidade da água mais críticos;
Aumento da eficiência do uso da água e implementação de programas
de reciclagem de água em indústrias;
Recuperação ambiental das áreas afetadas pelas atividades minerárias
na Bacia.
e) Setor de navegação
Como refere o estudo da OCDE (2015) sobre a “Governança dos Recursos Hídricos no Brasil”, apesar de o “transporte de bens econômicos (grãos) ao longo da bacia” constituir uma das suas oportunidades de desenvolvimento, o mesmo é “dificultado pelos reservatórios e pela sedimentação do leito”. Continua assim a ser importante apoiar as iniciativas destinadas à viabilização da hidrovia na calha e principais afluentes da bacia hidrográfica do rio São Francisco, à semelhança do que aconteceu no PRH-SF 2004-2013.
A navegação fluvial na Bacia do rio São Francisco deverá conviver com a dinâmica própria e natural de um rio de planície, e observar as regras operacionais fixadas para os reservatórios da Bacia, bem como os tirantes mínimos, adequando os comboios e a programação do transporte para as diferentes condições hidrológicas. Isto exigirá a coordenação com outros usos dos recursos hídricos, principalmente, com o aproveitamento do potencial hidráulico para a geração de energia, desejavelmente no escopo da revisão da política de gestão dos reservatórios proposta.
f) Setor de pesca e aquicultura
Como se referiu no diagnóstico do PRH-SF 2016-2025 (Volume 1), mesmo sendo uma importante atividade econômica e cultural, a pesca na bacia do São Francisco, encontra-se em declínio devido a diversos fatores que influenciam direta e indiretamente a atividade: a falta de sincronia entre o regime de operação das usinas hidrelétricas e as condições naturais características do rio (RAMINA, 2015), o assoreamento e diminuição da mata ciliar, a poluição das águas, a falta de apoio governamental, etc.
Para além destas dificuldades, não existe um levantamento completo e embasado de pontos relevantes, estratégicos ou críticos que possam dar subsídios para um diagnóstico conciso sobre a situação da pesca ao longo da bacia. Notadamente, é difícil determinar com rigor o número de pescadores artesanais, volume de pescado, valor de mercado dos produtos, registro de pontos preferenciais de pesca, entre outros indicadores importantes para a avaliação desta atividade.
Neste escopo, as atividades de pesca e aquicultura na Bacia do rio São Francisco devem continuar a ser estimuladas através de técnicas apropriadas, que objetivem o desenvolvimento socioeconômico da região e a conservação ambiental. Recomenda-se o apoio ao deRecomenda-senvolvimento sustentável da pesca e aquicultura, através de estudos sobre o estoque pesqueiro e sobre o potencial aquícola da bacia e do apoio ao fortalecimento das cadeias produtivas da pesca e aquicultura. Paralelamente, a atenção à qualidade das águas e dos ecossistemas serão fundamentais para proporcionar estes usos.