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2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.3.3 Base do crescente interesse pela Gestão do Conhecimento

Substancial material encontrado na literatura permite constatar o crescente interesse pela prática da gestão do conhecimento ao longo do

tempo. Esse crescimento é notório, tanto no meio acadêmico, quanto entre as organizações das mais diversas atividades. No primeiro caso, ele pode ser percebido pela quantidade de eventos (Congressos, Simpósios, Conferências, etc.) que vêm sendo realizados ao redor do mundo sobre o tema; de livros publicados; de veículos de divulgação do assunto; de publicações de artigos em jornais e revistas científicos; no segundo, pelo número cada vez maior de organizações dos mais diversos portes e ramos, que, no mundo inteiro, se interessam pelo conhecimento como fonte de valor a ser incorporado aos seus produtos, serviços e processos. Muitas já vêm praticando gestão do conhecimento e outras tantas ingressando nessa atividade, o que demonstra que as organizações estão com as atenções voltadas à gestão do conhecimento.

McKeen; Zack e Singh (2006, p. 1) mencionam que “durante os últimos 15 anos, a gestão do conhecimento progrediu de um conceito emergente para uma função cada vez mais comum nas organizações”. Para evidenciar essa maturidade como área de estudo acadêmico, os autores apresentam uma lista considerável de jornais e revistas científicos criados para se dedicar à gestão do conhecimento e ao capital intelectual, entre outros. Chase (1997) adverte, entretanto, que a transição da era industrial para a era global do conhecimento exige que as organizações entendam e desenvolvam estratégias e ferramentas de gestão do conhecimento empresarial. Afirma, porém, que a estrutura básica para a gestão do conhecimento está sendo explorada e estabelecida, pois um grande número de livros que exploram organizações baseadas em conhecimento, capital intelectual, a importância da inovação na criação de organizações do conhecimento e melhores práticas de gestão do conhecimento têm sido publicados.

Davenport e Grover (2001, p. 4) afirmam que “a gestão do conhecimento veio para ficar”. Com essa expressão, enfatizam que a abundância de conferências, livros e artigos na mídia empresarial está deixando cada vez mais clara a sua transformação em parte do tecido básico de negócios bem-sucedidos. Chase (1997, p. 48) comenta que “criação, transferência e gestão do conhecimento estão no topo da ordem do dia de um número cada vez maior de organizações”. Do ponto de vista estratégico, Lin (2007, p. 643) afirma que “a gestão do conhecimento é importante porque conhecimento é um dos recursos estratégicos chave que pode produzir vantagem competitiva sustentável a longo prazo”.

2.3.4 Tendências sociais e econômicas que impulsionaram a Gestão do Conhecimento

As constantes transformações que ocorrem no mundo geralmente estimulam a busca de alternativas de sobrevivência e sustentabilidade, especialmente no ambiente dos negócios. Nesse sentido, Prusak (2001, p. 1002) menciona que “a gestão do conhecimento é uma resposta substantiva de especialistas abalizados, às reais tendências sociais e econômicas”. Acrescenta que, para se ter essa compreensão, basta fazer uma breve análise de três dessas tendências: a globalização, a computação onipresente e a visão de conhecimento cêntrico das empresas. A globalização, marcada pela complexidade e pelo aumento do volume de comércio global, é o responsável mais claro e óbvio, assinalam Wiig (1999) e Prusak (2001). Este último afirma também que a velocidade acentuada de todos os elementos de comércio global – principalmente por causa da TI e pelo declínio de economias centralizadas - vem criando uma atmosfera de inquietação dentro das organizações. Diante disso, elas se sentem compelidas a lançar, rapidamente, novos produtos e serviços para mercados mais abertos. Essa combinação de alcance e velocidade globais força as organizações a se perguntarem: “O que sabemos? Quem conhece isto? O que não sabemos que deveríamos saber?” As respostas a essas perguntas surgem quando a gestão empresarial é focada no conhecimento.

Nesse cenário, em que a informação se expande dramaticamente, ignorar a transparência da computação onipresente, como outra dessas tendências implicaria um alto custo nesse mercado de profundas e rápidas transformações. Ela é o motor que dirige esse processo como suporte para disponibilizar as informações em diversos meios. Por outro lado, é com o seu auxílio que as pessoas têm acesso a quase todas as informações de que necessitam em qualquer lugar (e, surpreendentemente, a baixo ou a nenhum custo). Uma tendência menos evidente, mas não menos importante, talvez seja a emergente visão de conhecimento cêntrico das empresas. É sob essa ótica, que expressa como as "organizações sabem fazer as coisas", que torna cada vez mais evidente a ideia de que uma organização pode melhor ser vista como uma coleção coordenada de capacidades, um tanto dependente de sua própria história e limitada em sua eficácia por suas habilidades cognitivas e sociais. O principal bloco do edifício dessas capacidades é o conhecimento, especialmente o conhecimento tácito, que reside nos seus empregados e é específico à empresa (PRUSAK, 2001).

Nessa mesma linha de pensamento, está o conhecimento implícito, considerado por alguns autores como sinônimo de conhecimento tácito e por outros como distinto dele, mas que vem sendo julgado importante e recebendo certa atenção da gestão do conhecimento. Para Li e Gao (2003) e Gao, Li e Clarke (2008, p. 5), conhecimento implícito é “outra forma de conhecimento tácito”. É o tipo de conhecimento que é compartilhado ou compreendido pelas pessoas ou grupos que estão pouco dispostos, ou são incapazes de explicitá-lo (devido a fatores culturais, por exemplo) sem uma atmosfera apropriada. Para esses autores, conhecimento tácito e implícito não são, porém, mutuamente exclusivos; esforços para externá-los em uma organização exigirão alocação de recursos organizacionais para produzir resultados.

Day (2005) menciona que conhecimento implícito e conhecimento tácito, na gestão do conhecimento, são importantes e, frequentemente, termos sinônimos. Por outro lado, Steiger e Steiger (2007) afirmam que a gestão do conhecimento trata com os conhecimentos explícito e tácito (ou implícito), o que permite deduzir que estes autores os consideram a mesma coisa. Ao discutirem a dificuldade de formalizar ou explicar e transmitir o conhecimento tácito, Aurum, Daneshgar e Ward (2008, p. 512) consideram que “algum conhecimento que se acredita ser tácito pode ser transformado na realidade em conhecimento explícito. Este tipo de conhecimento é chamado conhecimento implícito”. Para Zuber-Skerritt (2005, p. 52), “nesta discussão de gestão do conhecimento, nós consideramos alcançar e gerenciar conhecimento tácito e implícito como conhecimento pessoal”.

Matzkin (2008, p. 150) considera uma realidade “a prática da gestão do conhecimento implícito nas organizações, embora muitos gerentes não estejam conscientes que eles o estão gerenciando”. Independente dessa discussão de sinonímia ou não, a realidade induz à percepção de que aí estejam as maiores colunas de sustentação da gestão do conhecimento – as pessoas, das quais é impossível separar o conhecimento e as redes sociais por onde ele circula. Resta compreender o que é ou em que consiste a gestão do conhecimento; quais são seus objetivos, como preferem alguns autores; qual sua finalidade, ou o que significa como preferem outros.