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4 A CADEIA PRODUTIVA DA POLPA DO AÇAÍ

4.3 INTERMEDIÁRIOS, ASSOCIAÇÕES E COOPERATIVAS

4.4.1 Batedores artesanais de açaí

Os batedores artesanais de açaí são pequenos estabelecimentos, geralmente familiar e que vendem a polpa e/ou suco do fruto diretamente ao consumidor. Estão localizados nos mais diversos municípios do Pará. Dado que processam o fruto, pertencem ao mesmo elo das grandes empresas processadoras.

A seguir apresentam-se algumas informações da amostra dos batedores artesanais entrevistados no presente trabalho.

Dos entrevistados 99% desses batedores são os proprietários do negócio e todos os dias estão ocupados com a compra do fruto no horário de 4:00 às 7:00 da manhã, no Porto da Palha e na Feira do Açaí. E assim que chegam aos pontos de venda artesanal começam a tarefa de catação e peneiramento das rasas do fruto, isto é, fazem uma limpeza detalhada dos frutos, com o objetivo de retirar caroços danificados, pedras, folhas, talos, insetos e quaisquer outros tipos de sujeiras. Posteriormente, seguem os demais passos de primeira lavagem, segunda lavagem do fruto com hipoclorito de sódio, terceira lavagem para retirar resíduo do hipoclorito e o processo de branqueamento para então realizar a extração da polpa.

O pico de extração da polpa ocorre entre as 10:00 até 12:00 da manhã, pois é no horário mais próximo do almoço que a venda é mais intensa. Trata-se de uma questão cultural local, o consumidor gosta de observar o batedor artesanal extrair a polpa na hora da compra, e são poucos os consumidores locais que compram o fruto já extraído e congelado.

Vale ressaltar que 100% da amostra entrevistada gostaria de ser chamado de Manipulador artesanal de açaí e esperam que no futuro a prefeitura municipal de Belém venha reconhecer a respectiva profissão no cadastro da Secretaria de Finanças para efeito de pagamento de impostos e taxas da atividade e quem sabe também na esfera federal para fins de recolhimento de INSS.

Dos 51 pontos de venda entrevistados, 82,35% dos batedores são do sexo masculino e 17,65% do sexo feminino, localizados nos seguintes bairros de Belém: Cremação, Guamá, Jurunas, Mangueirão, Marambaia, Marco, Nazaré, Pedreira, São Braz, Souza, Telegráfo e Umarizal. Esses são bairros que representam áreas nobre e de periferia de Belém. Isto é, o

programa de Selo Açaí Bom tem assistido todos os tipos de pontos nos mais variados bairros da cidade se tornando um fator positivo para o consumidor local.

A média de funcionamento desses pontos é de 11,05 anos, onde na amostra foram encontrados pontos com 1 até 50 anos de funcionamento.

Embora o programa do selo tenha entrado em funcionamento no final do ano de 2014, os batedores artesanais começaram a obtê-lo a partir de 2015. Segundo as entrevistas 80,39% desses pontos receberam o selo em 2015 e 19,61% em 2016. Outra característica é a de que apenas 25,49% dos entrevistados são proprietários do ponto, enquanto 74,51% pagam aluguel. A média de funcionários por ponto é de 2,60, mas a amostra continha pontos de venda com 1 até 8 funcionários. Com relação ao faturamento mensal do ponto, obteve-se a distribuição apresentada na Tabela 6. Observa-se que 96% informaram um faturamento mensal médio abaixo de R$10 mil em 2015.

Tabela 6 – Faixas de faturamento mensal médio dos batedores – Ano de 2015

Faixa de faturamento - Mês Freq. %

De 0 a R$ 9.999,99 49 96,08

De R$ 10.000,00 a R$ 19.999,99 2 3,92 De R$ 20.000,00 a R$ 29.999,99 0 0,00

Acima de R$ 30.000 0 0,00

Total 51 100,00

Fonte: Dados da pesquisa

Os batedores adquirem mais de 50% do fruto na Feira do Açaí, seguido do interior com 23,53% e do Porto da Palha com 17,65%, conforme a Tabela 7.

Tabela 7 – Origem dos fornecedores do fruto adquirido pelos batedores

Fornecedor Freq. % Acará 1 1,96 Feira do açaí 27 52,94 Interior 12 23,53 Porto da palha 9 17,65 Produção própria 2 3,92 Total 51 100,00

Fonte: Dados da pesquisa

Os batedores que responderam comprar do interior estão, de fato, comprando direto da região produtora, isto é, alugam caminhão para buscar o fruto na fonte, evitando pagar o preço

mais elevado cobrado pelos intermediários/atravessadores. Os motivos que os levam a adquirir o fruto de determinado local ou fornecedor são: confiança de que o produto é de melhor qualidade, com 69,39% e confiança no fornecedor/mercado, com 30,61%. Deve-se ressaltar que dois entrevistados afirmaram ter produção própria.

Ao comprar o fruto diretamente das regiões produtoras, o batedor é responsável pelos custos de transporte até o ponto de venda. Nas entrevistas, 52,94% afirmaram pagar o frete e 47,06% afirmaram não pagar o frete, pois possuem transporte próprio. O valor médio do frete pago é de R$32,14, sendo pago à vista para proprietários de vans e carros utilitários que ficam próximos desses pólos de comércio com esse objetivo.

A Tabela 8 evidencia que 60,78% da amostra faz o descarte do caroço para o lixo urbano (que não é reciclado) e apenas 39,22% descarta o caroço de forma consciente dando um destino ecologicamente correto.

Tabela 8 – Destino do resíduo caroço

Destino do caroço Freq. %

Estrumação 19 37,26

Lixo 31 60,78

Olaria 1 1,96

Total 51 100,00

Fonte: Dados da pesquisa

Perguntou-se aos entrevistados se nos últimos cinco anos melhorou a lucratividade do negócio e, se sim, qual o percentual. Observou-se que 54,90% afirmaram que sim. Para esses na média, houve um aumento de 28,75% de lucratividade, o que apontou que a atividade era rentável (ver Tabela 9).

Tabela 9 – Melhoramento da lucratividade dos batedores artesanais nos últimos 5 anos

Melhorou a

lucratividade? Freq. %

Sim 28 54,90

Não 23 45,10

Total 51 100,00

Fonte: Dados da pesquisa

Para finalizar essa caracterização da amostra, os entrevistados responderam o que melhorou ou não após a obtenção do selo. E 58,82% (30 entrevistados) enfatizaram os aspectos positivos e 41,18% (21 entrevistados) apontaram aspectos negativos.

Dos aspectos positivos destaque para: a Credibilidade no ponto que corresponde a 31,37% e a Confiança no produto com 15,69% do total da amostra.

Dos aspectos negativos o destaque fica para: Pouca coisa correspondendo a 21,57% e

Nada com 13,73% do total da amostra.

Nota-se, que com relação à obtenção do Selo Açaí Bom, os aspectos positivos se sobrepõem aos aspectos negativos.

E por fim todos os entrevistados reivindicam mais marketing por parte da prefeitura municipal, na divulgação pública de que quem tem o selo está dentro dos parâmetros e padrões de qualidade de higiene da manipulação do açaí.