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5 ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DA CADEIA DE POLPA DO AÇAÍ

II. Percepções dos agentes do elo de processamento

5.1.4 Estrutura de Governança e Coordenação

Os subfatores que foram levados em consideração no direcionador Estrutura de Governança e Coordenação são: existência e atuação de associações/cooperativas, participação dos intermediários, disseminação de informação, relacionamento intermediário/produtor e relacionamento produtor/indústria. Os subfatores são todos quase controláveis, pois suas naturezas independem de iniciativa individual de firma ou de governo.

I. Percepções dos agentes do elo de produção

Na Tabela 17, observa-se que a existência e atuação de associações/cooperativas foi considerada (N) neutra (0,30) pelos agentes do elo de produção. Porém, os representantes de organizações demonstram que o impacto é um pouco maior na cadeia, isto é, avaliam que tem sido a melhor alternativa para os produtores, principalmente para diminuir os custos. Os produtores de várzea (de Cametá e Igarapé-Miri) relataram que a experiência inicial de comercializar o açaí em associações foi um fiasco naquela região, mas atualmente tem melhorado com a venda de outros produtos (amêndoa de cacau e óleo de andiroba) para a indústria de cosméticos como a Beraca e a Natura.

Os produtores de terra firme de Tomé-Açu, por pertencerem à cooperativa, relatam que embora os preços pagos pela produção sejam menores em relação aos praticados no Baixo Tocantins, ainda é melhor, pois economizam em tempo e custos.

Tabela 17 – Avaliação do direcionador Estrutura de Governança e Coordenação - agentes do elo de produção

Abreviações: CF – Controlável pela firma, CG – Controlável pelo governo, QC – Quase controlável e NC – Não controlável, AQ – Avaliação qualitativa, AI – Avaliação do indicador e AD – Avaliação do direcionador.

Fonte: Dados da pesquisa

O subfator da participação dos intermediários tem avaliação (F) favorável (1,04). Para os produtores, esse subfator tem um impacto menor, principalmente para os que têm produção em terra firme, visto que negociam suas produções diretamente com a cooperativa ou com a agroindústria, enquanto que os produtores de várzea, ainda vendem predominantemente para os intermediários.

Os próprios intermediários avaliam que sua participação na cadeia tem um impacto maior na competitividade. Acreditam que são os grandes responsáveis pela produção chegar à indústria de processamento. Os representantes de organizações também possuem essa opinião Direcionador e Grau de controle Produtores Intermediários Organizações Rep. Agentes do elo de Produção

Subfatores CF CG QC NC AQ AI AQ AI AQ AI AQ AI AD

4 Governança e coordenação N 0,49 F 0,72 F 0,60 F 0,60

Existência e atuação de Associações/cooperativas x N 0,40 N -0,40 F 0,89 N 0,30

Participação dos intermediários x N 0,40 MF 1,60 F 1,11 F 1,04

Disseminação de informação x F 0,65 F 1,20 F 0,78 F 0,88

Relacionamento com intermediário x N 0,40 MF 1,60 N 0,33 F 0,78

ao avaliar que o intermediário é de fundamental importância, principalmente na região do Baixo Tocantins, para que o fruto chegue às agroindústrias.

A disseminação de informação é um subfator que foi avaliado como (F) favorável (0,88) pelos agentes entrevistados. Na perspectiva dos produtores e dos intermediários, a partir da disseminação dos sinais de aparelhos celulares nas regiões distantes, melhorou significativamente a disseminação de informações sobre as condições de produção e negociação na cadeia. A comunicação entre os produtores e intermediários ficou melhor, facilitando a negociação do fruto. Segundo os entrevistados das organizações, o grau de instrução dessas comunidades aumentou, embora pouco. Em que pese essas transformações, avalia-se que ainda há muito, o que melhorar, pois muitas localidades ainda não possuem sinal de telefonia móvel e o nível de escolaridade pode ser considerado ainda baixo.

O subfator relacionamento com intermediário tem avaliação (F) favorável (0,78). Para os produtores e representantes de organizações o seu impacto sobre a competitividade é neutro, salvo os produtores entrevistados de terra firme que não vendem para intermediários. Os intermediários identificaram que esse subfator tem um impacto muito favorável. A relação existente é rentável e de baixo risco para os mesmos.

O relacionamento produtor/indústria foi considerado (N) neutro (0,03). Para os produtores, o impacto é favorável, principalmente os produtores de terra firme que dependem muito desse relacionamento. Para os intermediários e os representantes de instituições, esse subfator tem impacto neutro, pois não tem sido conflituoso.

A média da soma dos subfatores do direcionador Estrutura de Governança e Coordenação, avaliados pelos agentes do elo de produção, sugere que seja (F) favorável (0,60).

II. Percepções dos agentes do elo de processamento

Para os agentes do elo de processamento, o subfator existência e atuação de associações/cooperativas foi (N) neutro (0,48), de acordo com a Tabela 18. Para as agroindústrias o impacto é neutro. Duas das três empresas entrevistadas fazem parte do sindicato das indústrias de polpa do Pará, e descreveram-no como pouco atuante no que tange à cadeia do açaí. Para os batedores artesanais o impacto é favorável. Nesse caso, 80,39% (41 pontos de venda) fazem parte da Avabel e, desses, 68,29% afirmam que foi bom ter se associado, destacando-se as seguintes razões: o aumento da credibilidade do ponto e o aumento da confiança do consumidor quanto a qualidade do produto vendido.

Tabela 18 – Avaliação do direcionador Estrutura de Governança e Coordenação - agentes do elo de processamento

Abreviações: CF – Controlável pela firma, CG – Controlável pelo governo, QC – Quase controlável e NC – Não controlável, AQ – Avaliação qualitativa, AI – Avaliação do indicador e AD – Avaliação do direcionador.

Fonte: Dados da pesquisa

Para o subfator participação dos intermediários a avaliação foi (D) desfavorável (- 0,68). Duas das três empresas da amostra indicam que o intermediário é quem define o preço do fruto, razão pela qual tem um impacto desfavorável. Uma das empresas define o preço de compra de seus produtores, com os quais não há intermediação. Da amostra de batedores artesanais, 47,06% indicaram que é a indústria quem estabelece o preço do fruto, logo, avaliam esse subfator com um impacto neutro na competitividade.

A disseminação de informação foi considerada (F) favorável (1,30), em que ambos os agentes – indústrias e batedores artesanais – indicam um impacto positivo. O trabalho elaborado por Silva (2013) aponta que os gestores das agroindústrias de processamento de polpa de açaí do nordeste paraense buscam interação tanto com gestores de outro segmento da cadeia quanto com gestores do mesmo segmento (inclusive os concorrentes) para troca de informações importantes. Essa estratégia permite um melhor desenvolvimento da cadeia do açaí. Por isso, para as empresas entrevistadas esse subfator é bastante relevante. Da mesma forma, os batedores artesanais apontaram como uma estratégia importante para a competitividade.

O relacionamento com intermediário foi considerado (D) desfavorável (-0,57). Ambos os agentes apontam a existência de um grande poder de barganha por parte dos intermediários.

O relacionamento produtor/indústria foi apontado (N) neutro (0,13). Os agentes não indicaram nenhum empecilho ou dificuldade na negociação com o produtor.

A avaliação final dos agentes do elo de processamento para o direcionador Estrutura de Governança e Coordenação foi (N) neutro (0,13).

Direcionador e

Grau de controle Indústria Batedores

Agentes do elo de Processamento

Subfatores CF CG QC NC AQ AI AQ AI AQ AI AD

4 Governança e coordenação N 0,07 N 0,20 N 0,13

Existência e atuação de Associações/cooperativas X N 0,33 F 0,63 N 0,48

Participação dos intermediários X D -1,00 N -0,35 D -0,68

Disseminação de informação X MF 1,67 F 0,94 F 1,30

Relacionamento com intermediário X D -1,00 N -0,14 D -0,57

O destaque nesse direcionador é que não existe consenso sobre quem tem poder de mercado para definir o preço de compra do fruto in natura. Destaca-se também que tanto os agentes do elo de produção como os do elo de processamento avaliam positivamente a disseminação de informação.

Na Figura 22 tem-se o resumo dos subfatores do direcionador Governança e Coordenação, segundo as percepções dos agentes dos elos de produção e de processamento. Para os agentes de ambos os elos, o subfator existência e atuação de associações/cooperativas é (N) neutro. O subfator participação dos intermediários, segundo a percepção dos agentes do elo de produção, é (F) favorável e, para os do elo de processamento, é (D) desfavorável. Tanto para os agentes do elo de produção como para os do elo de processamento, a disseminação de informação é (F) favorável. O relacionamento com o intermediário é (F) favorável, segundo os agentes do elo de produção, e foi considerado (D) desfavorável pelos agentes do elo de processamento. O subfator relacionamento produtor/indústria foi considerado (N) neutro pelos agentes de ambos os elos.

FIGURA 22 – Resumo do Direcionador Estrutura de Governança e Coordenação – Percepção dos gentes dos elos de produção e processamento