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Benefício Fiscal Concedido ao Setor Industrial do Ramo Eletroeletrônico Pelo

No documento Joao Bosco de Santana (páginas 147-153)

O Estado, como agente econômico, contrata o trabalho de unidades familiares e também adquire uma parcela da produção das empresas. Todavia, diferencia-se dos demais agentes econômicos quanto aos objetivos que é o de proporcionar bens e serviços úteis à sociedade como um todo, sendo, portanto, um centro de produção de bens e serviços coletivos. (ROSSETTI, 2007)

Em vista dos objetivos, nota-se que as ações do governo estarão orientadas para a promoção do desenvolvimento sustentável, entendido como a geração e obtenção de resultados permanentes de crescimento combinado com melhorias na estrutura de distribuição de renda e de avanço tecnológico da economia dentre outras.

No Estado de Minas Gerais, com prazo de 20 anos, 2003 a 2023, semelhante às organizações, por meio de um plano de longo prazo, instituído pela Constituição Mineira, institui-se o plano estratégico do Estado, denominado Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI.

É por meio deste plano que se estabeleceram as diretrizes que balizaram a formulação dos demais instrumentos de planejamento. A partir de uma visão de futuro estabelecida para um horizonte de 20 anos: Tornar Minas Gerais o Melhor Estado para se Viver, foram definidas áreas de resultados de políticas públicas para as quais foram traçados objetivos estratégicos e resultados finalísticos com metas claramente definidas.

Dentre os resultados finalísticos almejados pelo PMDI, está a adoção de uma Política Tributária indutora do investimento produtivo e simplificação das normas tributárias, visando à redução gradual da carga tributária a médio e longo prazo.

Para os objetivos de criação de emprego, de redução das desigualdades regionais e sociais, e da pobreza; fortalecer o setor produtivo e contribuir para a modernização da economia, se faz necessário, sob a ótica fiscal, combinar a política de gastos e de incentivos estaduais, notadamente dos que atualmente são administrados pelo Banco de Desenvolvimento Econômico de minas Gerais – BDMG (PMDI 2003, p.45)

Observa-se que, enquanto as organizações concorrem entre si pelo mercado consumidor de seus produtos, os estados concorrem pelos agentes econômicos.

Conforme PMDI (2003, p. 45 e 46), em relação à política de incentivos fiscais estaduais, esta deverá pautar-se por três objetivos:

“1º Estimular e incentivar, seletivamente, o setor produtivo, de acordo com os objetivos estabelecidos para a promoção do desenvolvimento sustentável. Priorizando:

a)Projetos que contribuam para elevar as exportações para mercados nacionais e internacionais de grande demanda efetiva;

b)Projetos que contribuam para aumentar a integração das cadeias produtivas do Estado e para a diversificação de seu parque produtivo, com o objetivo de aumentar a produção, sua competitividade e seu grau de inserção nacional e internacional. c)Projetos altamente geradores de emprego, visando atenuar uma das questões mais angustiantes do país e do estado no estágio atual do processo de globalização; d)Projetos que se localizem nas regiões menos desenvolvidas do Estado.

2º Otimizar os recursos do Tesouro voltados para essa finalidade e ampliar o numero de seus beneficiários. isso implica rever os percentuais do ICMS que são concedidos a titulo de incentivos, racionalizar os subsídios neles embutidos, adequando-os às necessidades efetivas das empresas e extinguir os que representam meras doações de recursos públicos para os projetos privados.

3º)Fortalecer a receita estadual, visando ampliar a capacidade de financimaneto do setor público e recuperar seu papel de indutor no processo de desenvolvimento sustentável. Além da revisão dos montantes de incentivos autuais destinados ao setor sustentável; [...]”(PMDI, 2003, p.45 e 46).

A Indústria de Informática, pelas suas características fundamentais – setor de ponto, alta velocidade na introdução de inovações técnicas e no desenvolvimento de produtos, novos ou existentes, baixo investimento em capital fixo e a capacidade criativa e intelectual da mão de obra –, passou a ser alvo da competição por parte dos estados, principalmente o Estado da Bahia.

Foi neste contexto que surgiu a figura do Protocolo de Intenções com fundamento na gestão do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI – um documento que tem como partes de um lado o Estado de Minas Gerais e de outro, o estabelecimento industrial fabricante interessado, este normalmente representado pelo seu presidente.

O Estado é representado pelo Governador e por representantes de alguns órgãos da Administração Direta e Indireta. Representando a Administração Direta, os Secretários da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e de Estado de Fazenda. Representando a Administração Indireta, os Presidentes do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A – BDMG – e do Instituto de desenvolvimento Integrado de Minas Gerais – INDI.

O objetivo do Protocolo de Intenção é o de propiciar ao governante atingir a finalidade do Estado no que tange ao fomento das atividades econômicas, autonomia e o desenvolvimento da Unidade Federada, o incremento do emprego – direto e indireto – e a expansão da renda, formar parcerias estratégicas com o setor privado visando o desenvolvimento industrial e comercial, interiorização da indústria e a política integrada de meio ambiente, bem como manter os atuais investimentos e os novos no setor produtivo e tecnológico.

Por meio do Protocolo de Intenções, de um lado, o estabelecimento industrial fabricante dos produtos relacionados na Parte 5 do Anexo XII do Regulamento do Imposto Sobre Operações Relativas À Circulação De Mercadorias e Serviços – ICMS – do Estado de Minas Gerais, na sua maioria eletroeletrônico, compromete-se a cumprir a legislação tributária e implementar o projeto de uma única vez ou em etapas, conforme se descreve:

a) Investimentos para a implantação da fábrica, aquisição e montagens de equipamentos etc.; b) Geração de certo número de empregos diretos e indiretos;

c) Previsão de faturamento em reais já para o primeiro ano de operação e para os próximos; d) Promover o treinamento e a capacitação de mão de obra, prioritariamente local, a ser

e) Manter a unidade industrial naquela localidade por um período de tempo, normalmente no mínimo por 5 (cinco) anos;

f) Estar em dia com as licenças ambientais é requisito indispensável à liberação de recursos de financiamentos e funcionamento da respectiva unidade industrial;

g) Contratar, preferencialmente, desde que atendidos os requisitos de igualdade de condições, nível técnico e preços dos produtos e ou serviços, com os fornecedores e prestadores de serviços, inclusive empresas de projeto de engenharia e de construção civil, sediadas em Minas Gerais.

De outro lado, o Estado concede ao estabelecimento industrial fabricante o seguinte tratamento tributário:

I – Diferimento do Imposto Sobre Operações Relativas À Circulação De Mercadorias e Serviços – ICMS:

1) Na importação de máquinas e equipamentos destinados a integrar o Ativo Permanente; 2) Na importação de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem destinado

à fabricação de seus produtos;

3) Na aquisição, de fornecedores localizados no Estado de Minas Gerais, de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, exceto energia elétrica e serviço de comunicação;

4) Na importação de produtos de informática, telecomunicação, eletrônico, eletroeletrônico, conforme item 48 da parte 1 do anexo II do RICMS/MG.

II – Crédito Presumido de ICMS

1) De valor equivalente ao imposto devido na operação de saída – redução da carga tributária a zero – dos produtos de fabricação do contribuinte previamente relacionados no protocolo com descrição clara e o correspondente código NBM/SH;

2) De forma a reduzir da carga tributária a 3,5% % do estabelecimento industrial, nas saídas de produtos de informática, telecomunicação, eletrônico, eletroeletrônico, importados com o diferimento do ICMS.

Para a fruição dos benefícios do diferimento na importação e do crédito presumido de forma a reduzir da carga tributária a 3,5% nos produtos de informática, telecomunicação, eletrônico, eletroeletrônico destinados a revenda, o estabelecimento industrial fabricante se submete a duas condições:

A primeira é que não exista mercadoria similar produzida no Estado, a segunda é que o valor da importação não ultrapasse aos seguintes percentuais em relação ao faturamento do estabelecimento importador, considerado a cada período de 12 (doze) meses contado a partir do início da atividade de produção:

a) 50% (cinqüenta por cento), no primeiro período; b) 40% (quarenta por cento), no segundo período; c) 30% (trinta por cento), no terceiro período; e d) 20% (vinte por cento), no quarto período.

O diferimento, conforme CARVALHO (2008, p. 656), é a terminologia empregada para designar vários fenômenos jurídicos ocorridos nas legislações que disciplinam os impostos plurifásicos e não-cumulativos como o ICMS. Seu caráter pode ser de isenção, de substituição tributária, ou de mera postergação da data prevista para o pagamento do tributo.

O diferimento concedido pelo Estado ao estabelecimento industrial fabricante, em estudo, tem o caráter de mera postergação, em vista do que se dispõe o artigo 7 do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto 43.080 de 2002, “ocorre o diferimento quando o lançamento e o recolhimento do imposto incidente na operação com determinada mercadoria ou sobre a prestação de serviço forem transferidos para operação ou prestação posterior”.

Observa-se que, por meio do diferimento, o estabelecimento industrial fabricante signatário de Protocolo de Intenções é menos onerado pelas aquisições matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem tanto nas importações quanto nas aquisições de fornecedores localizados no Estado de Minas Gerais, o que já lhe favorece no fluxo de caixa. O crédito presumido que CARVALHO (2008, p. 657) chama de crédito por estimativa que, “pode vir definido em Termos de Acordo de Regime Especial, em nada obstruiu a incidência tributária [...] desencadeando os possíveis efeitos. Dentre eles, o direito da empresa adquirente de aproveitar-se dos créditos correspondentes [...]”.

Observa-se que o efeito do crédito presumido é o de afastar o recolhimento do Imposto Sobre Operações Relativas À Circulação De Mercadorias e Serviços – ICMS total ou parcial, transformando essa incidência tributária numa em fonte de captação de recursos.

BRIGHAM (2008, p. 809) considera que o imposto sobre vendas é uma das principais fontes de financiamento de curto prazo sem ônus para empresa. Assim sendo, o crédito presumido em comento, além de financiamento, pelo não recolhimento aos cofres públicos é também fonte de acréscimo patrimonial.

Considerando que o beneficio fiscal do ICMS auferido pelas empresas tornou ainda mais vantajosa essa fonte de financiamento tendo em vista a dispensa do pagamento do imposto com a redução da carga tributária. Neste tópico, abordaremos alguns conceitos relacionados à administração do ativo circulante e alguns indicadores financeiros para melhor compreendermos os impactos do benefício fiscal nas demonstrações contábeis das empresas que formaram o universo dessa pesquisa.

Nota-se, neste contexto, que se trata de operações tributadas, cujo imposto está incluído no preço. Assim, a vantagem fiscal concedida, o não recolhimento, tem repercussão favorável no patrimônio.

IUDÍCIBUS (2008, p.18 e 27) – suplemento – ensina que com o advento da Lei n.º 11.638 de 2007 houve o desaparecimento de reservas, dentre elas as de doações e as subvenções para investimentos de tal sorte que as “subvenções e doações para investimentos não poderão mais ser registradas diretamente na reserva de capital”.

No entanto, as subvenções recebidas de forma incondicional, sem que nenhuma obrigação reste ainda à empresa, o seu registro será diretamente para o resultado e na destinação dos Lucros Acumulados, será transferida para a Reserva de Incentivo Fiscal e não poderá ser distribuída aos sócios. (IUDÍCIBUS , 2008– suplemento)

“Reserva de Incentivos Fiscais (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)

Art. 195-A. A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei). (Incluído pela Lei n.º 11.638, de 2007)”

IUDÍCIBUS (2008, p.28) por de suplemento, alerta que há “muitos casos de subvenção não é incondicional, dependendo, para sua completa efetivação, de algum evento futuro. Nessas condições, o valor da subvenção não deverá ser registrado diretamente no resultado e sim no passivo, para apropriação ao resultado quando do cumprimento de tais obrigações”.

De fato, este é o procedimento mais adequado para o beneficio fiscal em estudo, uma vez que estão em função de compromissos firmados por meio do Protocolo de Intenção.

Como o objetivo deste estudo é revelar por meio da análise das demonstrações contábeis os resultados alcançados pelas empresas signatárias de Protocolo de Intenção, no capítulo seguinte, serão discutidos os conceitos dos indicadores que serão utilizados para este fim.

No documento Joao Bosco de Santana (páginas 147-153)