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CAPÍTULO I: A SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO

1.3 A Assistência Social no Atual Cenário Brasileiro

1.3.5 Benefício de Prestação Continuada

Inicialmente, cumpre ressaltar que no início da década de 1970 passam a ser instituído no Brasil os primeiros programas de cunho assistencial. Nesta esteira, entre 1974 e 1975, o regime militar então em vigor no país, cria um benefício denominado Renda Mensal Vitalícia (RMV).

Originalmente a RMV era um benefício destinado a inválidos e à pessoas com, no mínimo, 70 anos de idade. Estes beneficiários não eram capazes de prover o próprio sustento nem podiam ser sustentados por suas famílias. Outro requisito para sua concessão era o recolhimento de, pelo menos, 12 (doze) contribuições à Previdência Social ao longo de sua vida ativa. Tal exigência restringia o acesso à RMV a pessoas que, em algum momento de sua vida já houvessem trabalhado, o que leva a concluir que, na época, muitas pessoas portadoras de deficiência, bem como aquelas que nunca ingressaram no mercado de trabalho não tiveram acesso à RMV.

A concessão da RMV era de responsabilidade do INPS, para os segurados urbanos, e do Funrural, enquanto existiu, para os beneficiários residentes nas áreas rurais. Seu funcionamento provinha de contribuições sobre a folha salarial do fundo administrado pela Previdência Social e seu valor correspondia a meio salário mínimo.

O benefício de prestação continuada foi instituído pela Lei nº. 8.742, de 1993, mais conhecida como LOAS, que regulamenta o art. 203 da Constituição Federal de 1988. Na verdade, tecnicamente, não se trata de benefício previdenciário, como explica Ibrahim (2008). Porém, sua concessão e administração são feitas pelo INSS em decorrência de maior eficiência administrativa. Isso porque não depende de contribuição do beneficiário, mas apenas da comprovação de necessidade.

É um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e consiste no pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho, ou seja, que não possuam condições de prover o seu sustento, juntamente com sua família. O Benefício de Prestação Continuada (ou BPC) também encontra respaldo na Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso.

Os atendidos pelos benefícios de prestação continuada são todos os brasileiros, inclusive os indígenas, ou estrangeiros naturalizados e domiciliados no Brasil. O benefício cessará nas seguintes situações:

• superação das condições que lhe deram origem; • morte do beneficiário;

• morte presumida do beneficiário, declarada em juízo; • ausência declarada do beneficiário, na forma da lei civil;

• falta de comparecimento do beneficiário portador de deficiência ao exame médico pericial, por ocasião da revisão do benefício;

• falta de apresentação, pelo idoso ou pela pessoa portadora de deficiência, da declaração de composição do grupo e renda familiar, por ocasião de revisão do benefício.

Tais benefícios são pessoais e intransferíveis, não gerando direito à pensão por morte aos herdeiros e sucessores e extinguindo-se com a morte do segurado. Mas a Lei faculta aos herdeiros o recebimento de benefícios eventualmente não recebidos em vida pelo segurado (art. 23 do Regulamento do Benefício de Prestação Continuada, aprovado pelo Decreto nº. 6.214/07).

Para que o cidadão receba o benefício de prestação continuada, não é necessário que tenha contribuído para a Previdência Social, mas alguns requisitos precisam ser considerados: o idoso deve comprovar que tem 65 anos ou mais e que o total de sua renda mensal familiar seja menor que ¼ do salário mínimo vigente.

Considera-se renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, exceto quando se aplica a concessão do BPC a outro idoso na família.

Para efeitos do BPC, são considerados como integrantes da família: o requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, o filho menor de 21 anos ou inválido, os pais e o irmão não emancipado, menor de 21 anos ou inválido. No caso de pessoa com deficiência, a condição de incapacidade para o trabalho deverá ser atestada por laudo da perícia médica do INSS.

Além do benefício de prestação continuada, o governo federal vem oferecendo outros benefícios inseridos em seus programas públicos, tais como: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás, entre outros. Entretanto, visando à unificação e à redundância, o governo unificou os procedimentos por meio da Lei nº. 10.836, de 2004, instituindo o benefício Bolsa Família, o qual oferece o benefício básico, para famílias que se encontram em situação de extrema pobreza, e o benefício variável, para aquelas em situação de pobreza ou extrema pobreza que também componham-se de gestantes, nutrizes, crianças de zero a doze anos ou adolescentes até quinze anos.

A função do Programa Bolsa Família é proporcionar às famílias carentes recursos para sua alimentação, observando-se a permanência das crianças no ensino regular, exame pré-natal, acompanhamento nutricional e de saúde.

Outro programa foi criado pela Lei nº. 10.835/2004, que instituiu a renda básica da cidadania a partir de 2005 (Ibrahim, 2008), visando a assegurar uma renda mínima para as famílias, a ser utilizada em alimentação, educação e saúde. No entanto, esse benefício dependerá de verba orçamentária. Seus beneficiários são todos os brasileiros residentes no País e estrangeiros residentes há pelo menos cinco anos no Brasil.

Além desses, outro benefício voltado para a seguridade social é aquele oferecido pelo programa Farmácia Popular do Brasil, que objetiva disponibilizar medicamentos a braço custo em farmácias populares, por meio de convênios firmados com Estados, Distrito Federal, Municípios e hospitais filantrópicos assim como com farmácias e drogarias da rede privada.

Para gerenciar mais bem os programas assistenciais do governo, o Decreto nº. 6.135/07 fundou o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, com o objetivo de cuidar da identificação e caracterização socioeconômica das famílias de baixa renda além de viabilizar a seleção de beneficiários e a integração das ações sociais.