• Nenhum resultado encontrado

política no movimento estudantil, sendo eleito vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) em 1968. Foi da Ação Popular (AP) e, depois, ingressou no Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Trabalhou na rádio Tirana, localizada na Albânia socialista, e de lá irradiava notícias para o Brasil em tempos de forte censura e cerceamento das liberdades. Foi um dos criadores da Tribuna da Luta Operária, jornal que marcou a imprensa alternativa por dirigir-se, em linguagem simples e contundente, às massas trabalhadoras. Nos anos 2000, concebeu o portal Vermelho, do qual foi editor até 2010. Atualmente, é tradutor e membro do Comitê Central do PCdoB.

Primeiros passos como militante

Na adolescência, entre 1962 e 1965, morei em Brasília e ali vi as primeiras passeatas e o golpe de 1964. Meu pai era um funcionário do Ministério da Fazenda, sem formação aca-dêmica, e minha mãe professora na Universidade de Brasília (UnB). Logo depois do golpe, houve um pedido de demissão coletiva dos professores, em protesto contra a repressão na universidade, e minha mãe dentre eles. Então, voltamos para o Rio de Janeiro, onde dei os primeiros passos na militância de verdade. Estudei num colégio estadual que teve certa im-portância na minha formação e para a minha geração: o André Maurois. Ali criamos uma turminha e concorremos ao grêmio. Perdemos.

BernArdO JOFFIlY

Eu participava da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Ames) e , em junho de 1967, fui convidado para entrar na Ação Popular. No dia 7 de setembro fui preso numa turma de três, na qual estava o paranaense Luiz Manfredini. Passamos uma noite no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) por distribuir panfletos contra o Fundo Monetário Internacional (FMI) na saída de um jogo de futebol no Ma-racanã. Logo em seguida, em outubro ou novembro de 1967, aconteceu o Congresso da Ames e acabei entrando para a sua diretoria como vice-presidente.

Na Semana Santa de 1968, num congresso clandestino num desses aparelhos da santa madre igreja católica em Belo Horizonte, fui eleito para a diretoria da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) no cargo de vice-presidente. Naquele tempo, existia o presidente, que na minha gestão era o pernambucano Marcos Melo, e o restante era vice-presidente. No movimento secundarista a AP tinha uma maioria mais confortável, no movimento universitário é que se criou certa paridade de forças entre ela e as dissidências estudantis do PCB.

Polarização no movimento universitário

Havia uma polarização entre, de um lado, AP e PCdoB – e o partido era ainda uma força pequena, embora ascendente no movimento estudantil – e, de outro, todas as dissi-dências do PCB, o próprio PCB e a Polop. No conjunto dessas forças havia o que se chama-va de linha Vladimir – referência a Vladimir Palmeira –, que tinha José Dirceu como um de seus principais expoentes. A AP era mais radical. Para ela e o PCdoB, não deveria haver diálogo com a ditadura, quando se formou uma comissão com representantes de diversos setores sociais para conversar com o governo após a Passeata dos Cem Mil.

Para a Ames, elegeu-se uma chapa pura da AP, e na Ubes uma não totalmente pura. Entraram um companheiro de Goiás, que era um desconhecido, e Alanir Cardo-so, independente, e também uma moça da Bahia, que não era da AP – a única mulher da diretoria. Mas ela não participou da gestão. E no congresso – acredito eu –, o único militante do PCdoB era o presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Guilherme Ribas. Ele teve um papel muito ativo e, dentre aquela meia dúzia de dirigentes, polarizou o congresso. Falou bastante, mas não tinha uma atitude de hos-tilização à diretoria e nem situacionista; era de uma força independente. Participaram do congresso – puxando pela memória, com generosidade – cerca de 70 pessoas, porque era um congresso clandestino. Então começamos nossa gestão na Ubes.

Discutia-se bastante sobre a relação entre as lutas específicas e as lutas políticas contra a ditadura, pois havia visões diferenciadas a respeito. Naquele tempo apenas o PCB era a favor da via pacífica, e todas as outras forças que participavam do movimento estudantil, excetuando aquelas da direita, eram pela luta armada.

Havia no centro do Rio de Janeiro um grande restaurante estudantil, subsidiado pelo governo, onde faziam a refeição de 10 a 15 mil pessoas. O nome dele era Calabouço e se constituía num dos principais centros do movimento secundarista. Ele era praticamente administrado pelos próprios usuários que tinham uma entidade muito forte chamada

Fren-te Unida dos EstudanFren-tes do Calabouço (Fuec). Ela era liderada por Elinor Brito, estudanFren-te de origem humilde que pertencia ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).

A morte de edson luís

O restaurante estava ameaçado de extinção devido ao projeto de um viaduto. Então, dia sim, dia não, tinha manifestação contra o seu fechamento. Eu não participei da pas-seata em que Edson Luís foi baleado. Quando cheguei à casa da minha tia, onde morava, me telefonaram e disseram que tinham matado um estudante no Calabouço, e como já era tarde da noite, fui dormir.

No dia seguinte, eu fui ao centro da cidade, peguei um ônibus e o trânsito estava completamente engarrafado, não andava. Quando estava no aterro do Flamengo, desci e segui a pé. No caminho me deparei com a enorme manifestação na Cinelândia, protes-tando contra a morte de Edson Luís. Devia ter umas 20 mil pessoas, e parte delas tinha passado a noite inteira velando o corpo e fazendo discursos.

Logo vi Wilson, presidente da Ames – um negão forte, mais velho do que eu. Ele esta-va completamente afônico: “Ô Bernardo, que bom que você chegou! Ninguém mais tem voz”. E, então, me puseram para falar nas escadarias. Modéstia à parte, os secundaristas tiveram um peso importante naquele momento: paravam colégios inteiros.

O governador era Negrão de Lima, não era muito alinhado com a ditadura, e foi nego-ciado com ele que não haveria repressão durante o cortejo fúnebre. Edson seria enterrado no cemitério São João Batista, que fica na praia do Botafogo, a uns sete quilômetros da Cinelândia. Havia muito papel picado e quando chegou ao fim da tarde, uma multidão tomou a praia do Flamengo em direção a Botafogo. Estava anoitecendo e alguém tinha conseguido milhares de velas, que foram acesas. Uma cena realmente de arrepiar! Quan-do terminou a cerimônia, com Edson Luís já sepultaQuan-do, umas cinco mil pessoas ainda gritavam “Sangue! Sangue!”. E na missa de sétimo dia, os cavalarianos da Polícia Militar agrediram os manifestantes nas escadarias da igreja da Candelária.

Sexta-Feira Sangrenta

Um diretor da Ubes – naquele tempo, como hoje em dia – roda o Brasil inteiro. Então, fui para Goiás, Brasília, Rio Grande do Sul etc. Quando houve a chamada Sexta-Feira Sangrenta, em junho de 1968, eu estava no Rio de Janeiro. Começou com uma mani-festação estudantil por mais verbas para a educação, e quando ela passava na frente da embaixada norte-americana, o pessoal apedrejou o prédio. Testemunhas disseram que havia atiradores em torno da embaixada, que começaram a disparar nos manifestantes.

Ocorreu uma repressão muito pesada. Segundo relatos da época, citando os hospitais do Rio de Janeiro, morreram 23 pessoas, inclusive um policial militar, acertado por uma má-quina de escrever atirada de cima de um dos prédios. A famosa Passeata dos Cem Mil, da qual participei, foi um protesto contra a Sexta-Feira Sangrenta. Fiquei sabendo que meu pai participou e ele não era de ir a passeatas.

Crescimento da Ubes

A Ubes vivia um importante período de ascensão, que vai até o Ato Institucional núme-ro 5 (AI-5). Podemos dizer que o movimento estudantil, os intelectuais, os artistas acorda-ram antes que o restante do povo. O movimento era ainda descolado de amplas camadas populares. Aquilo foi uma coisa muito bonita, fizemos o que pudemos. Dois dias depois do AI-5, realizamos um conselho da Ubes na Bahia que teve presença três vezes maior do que no congresso realizado no ano anterior, com representação de quase todos os estados.

Nesse conselho foram indicados dois assessores porque aquela instância não tinha autoridade para eleger diretores; contudo, na prática, os assessores viraram diretores da entidade. Os dois eram do PCdoB: Luís Artur Turíbio, mais conhecido como Turiba, da Guanabara, e João, do Ceará – que foi brutalmente torturado, mas teve um comporta-mento impecável.

PCdoB em ascensão

Nessa época, o PCdoB vinha crescendo. Este é um testemunho que posso dar por ter sido membro da comissão nacional estudantil da AP, da qual Rogério Lustosa era o dirigente principal. Depois que ele foi para o movimento operário, Jean Marc, Honestino Guimarães, Euler Ivo e eu assumimos a condução do movimento estudantil. E eu tinha a seguinte sensação: estávamos acuados pela ofensiva dos nossos aliados do PCdoB. Peda-ços inteiros da AP começavam a migrar para este partido. Lembro de Walkíria Afonso da Costa e seu namorado, Idalízio, que lutaram e morreram no Araguaia. Helenira Resende foi antes – na primeira vez que fui a São Paulo, no começo de 1968, ela já era do PCdoB.

Este foi um fenômeno anterior. Ela foi uma das pioneiras desse movimento.

A Ação Popular, naquela época, era muito sectária e não deixava o pessoal entrar.

Walquíria e Idalízio eram quadros do movimento estudantil de Minas Gerais. Naquele tempo, eu estava em Minas e diria que cerca de 80 pessoas entraram em bloco para o PCdoB por causa do trabalho de um militante – do qual não descobri até hoje o nome –, que começou a distribuir o jornal A Classe Operária para esse pessoal e os convenceu de que o PCdoB “é que era o tal”. Havia essa relação entre AP e PCdoB no movimento estudantil, de aliança política e, ao mesmo tempo, estávamos numa certa aflição por ver nossa turma indo para o PCdoB. Talvez o partido, mais calejado na luta clandestina, com a experiência do Estado Novo, tenha resguardado melhor seu trabalho estudantil.

Prisões-relâmpago

Minha primeira prisão aconteceu em setembro de 1967 por causa de uma panfleta-gem, depois de um jogo no estádio do Maracanã, denunciando uma reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) que ocorreria naqueles dias no Rio. Eu tinha 16 anos de idade e os outros dois também, quando nos prenderam e levaram para o Dops. Fomos interrogados e contamos uma historinha de “João sem braço”. Passei uma noite ali. Na

tarde do segundo dia, meu pai foi até lá, conversou com os policiais e fomos soltos. Não teve inquérito nenhum.

Minha segunda prisão foi nas barcas de Niterói, em janeiro de 1968. Fazíamos uma panfletagem contra a guerra do Vietnã. Essa durou menos tempo ainda, cerca de três horas.

Havia uma dependência policial dentro da estação das barcas e ficamos lá.

E tive uma prisão um pouco mais comprida em outubro de 1968, em Pernambuco. José Eudes – que viria a ser deputado do PT e na época era líder secundarista – e eu fomos pre-sos num comício-relâmpago, realizado numa praça do Recife, em solidariedade à greve dos cortadores de cana da cidade do Cabo. Foi a primeira grande greve de assalariados agrícolas na época da ditadura. Fui pego e levei uns tapas na hora de ser preso. Um menino que es-tava na praça jogou uma cadeira de engraxate nos policiais para ver se eles me soles-tavam, mas não foi bem sucedido. Depois, eles nos levaram para um mercado e Eudes, que era recifense, conseguiu se mandar pela janela. Bobeei e fiquei dez dias preso num Juizado de Menores. Isso aconteceu antes do AI-5 e de eu completar 18 anos de idade – o que me colo-cou numa situação completamente diferente da dos companheiros presos posteriormente, que enfrentaram aquela barra que todos conhecem.

Conselhos da Ubes

Como eu era o diretor da Ubes que estava em Salvador, tive de preparar a infraes-trutura de um conselho nacional de uma entidade clandestina. Lembro que batia nas portas, mas ninguém se arriscava a hospedar o nosso conselho. O problema é que já havia uns 300 secundaristas do Brasil inteiro em Salvador, e só sei que alguém deu o ca-minho das pedras e nós fizemos um conselho-relâmpago. Reunimos esses secundaristas de surpresa no auditório de uma faculdade no centro da cidade. Os fundos da faculdade davam para a Cidade Alta e tinha uma enorme escadaria, que levava a um outro bairro completamente diferente. Fizemos o conselho da Ubes em 5 minutos, depois descemos a escadaria e nos dispersamos nuns dez grupos. O meu grupo se reuniu numa casa de praia em Itapuã. Ficamos lá alguns dias em discussões políticas. Mas, o conselho não pôde se realizar efetivamente.

No início de 1970 fizemos um conselho extraordinário da Ubes em condições extre-mamente precárias, com representação muito menor do que o da Bahia, e mesmo do que o de Belo Horizonte. Reunimos o que tinha sobrado do movimento secundarista e ele-gemos uma diretoria provisória, cujo presidente era um companheiro de Belém do Pará, Marcos Brasil, que em seguida foi preso e teve um comportamento muito ruim. E a partir daí a Ubes deixou de ter vida organizada real. Logo aconteceu o mesmo com a União Na-cional dos Estudantes (UNE), com a prisão e assassinato de Honestino Guimarães.

Recordo-me que, depois do assassinato de Honestino, portanto em agosto de 1973, houve a decisão de que as entidades nacionais estudantis deviam permanecer vivas en-quanto bandeira de luta, aspiração, patrimônio dos estudantes, ou seja, não houve a ex-tinção das entidades, mas não havia mais condições de elas funcionarem naquele período do governo Médici.

Jornal Libertação

Depois da Ubes, ainda fiquei talvez um ano na comissão estudantil da AP. Por volta de 1971, saí e fui trabalhar numa comissão adjunta à direção nacional da AP que produzia o jornal Libertação, uma publicação clandestina.

O Libertação era um jornal mensal da AP. As capas eram bonitas, porque Elifas Andrea-to ajudava na sua concepção. Além de escrever, eu mexia com essa parte de diagramação e passava para Divo Guizoni as matrizes para a impressão. A outra caloura na redação foi Jô Moraes, hoje deputada federal por Minas Gerais. Além de nós, havia o veterano que nos en-sinou o jornalismo: Carlos Azevedo. Ele tinha trabalhado na revista Realidade, tinha uma ex-periência de redação de verdade. No início, quem nos acompanhava pela direção da AP era Duarte Pacheco Pereira, outro jornalista de mão cheia. Depois passou a ser Haroldo Lima.

Quando houve a incorporação da AP ao PCdoB, ficou acertado que nós continuaría-mos fazendo o jornal e manteríacontinuaría-mos a sua rede de distribuição. Isso até eu deixar a equipe do jornal para ir trabalhar na rádio Tirana.

Livro Negro da Ditadura

Nesse período editamos o Livro Negro da Ditadura, um repositório de denúncias firmes e bem documentadas das arbitrariedades do regime, apresentando todo o trabalho sujo que a repressão ditatorial estava fazendo: prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos.

Ele era amplo, sem discriminar as diversas siglas partidárias, e foi feito a muitas mãos.

Teve a direção de Duarte Pereira, e depois de Haroldo Lima; e Jô Moraes, Azevedo e eu es-crevemos alguns capítulos. Fiquei encarregado dos originais do livro e de datilografá-lo. A parte de impressão ficou com Divo Guizoni que, juntamente com Raquel Guizoni, era res-ponsável pela gráfica. A capa foi feita por Elifas Andreato, na qual havia uma caveira com um quepe de general. O livro foi datilografado com a ajuda de estudantes da Politécnica da USP e concluído na cidade de Campinas, quando eu morava no bairro São Bernardo, em 1972.

Quando já estava tudo fechado, aconteceu o assassinato de Carlos Danielli. Ele, Luiz Guilhardini, Lincoln Oest, todos dirigentes do PCdoB, morreram numa pancada só entre o final de 1972 e o início de 1973. Por isso, foi feito um rearranjo final no livro para dar conta dessa denúncia.

A primeira notícia da Guerrilha do Araguaia

Eu ainda estava trabalhando no jornal Libertação quando, num ponto com Duarte Pe-reira perto da Ponte do Piqueri, na Lapa, em São Paulo, ele me disse: “Tenho uma notícia para você. Parece que começou a luta armada no Brasil”. E me deu a primeira informação sobre a Guerrilha do Araguaia, pedindo-me para datilografar e ilustrar o primeiro docu-mento que vi sobre o movidocu-mento: uma reportagem feita com os guerrilheiros na selva amazônica. Pelo que parece, na verdade, tinha sido escrita por Danielli. Datilografei, fiz a

ilustração e rodamos uma tiragenzinha porque a gráfica do PCdoB estava com problemas de segurança e não podia fazer esse trabalho. O material foi impresso na gráfica da AP.

Clandestino em Campinas

Naquele momento, eu me chamava José Ricardo Magalhães, e tinha nascido na Bahia – tudo falso, inventado. E me mudei para Campinas em 1971. Como José Ricar-do, me casei com Olívia Rangel e tive uma filha. E montamos um cursinho na paróquia do bairro Fura Zóio, favela localizada no Jardim Flamboyant. Eu dava aulas de história num cursinho pré-vestibular, e trabalhei também em gráfica com carteira assinada. Isso dava certa proteção.

A AP não era uma organização pequena, mas entre 1967 e 1968, ela “fechou as por-tas”. Entrar para a AP se tornava uma coisa dificílima, era preciso concordar em se integrar à produção. Quem não tinha tido a sorte de ter entrado antes e já estava na estrutura, como eu que integrava a comissão nacional estudantil, ficava como simpatizante.

Em Campinas havia Augusto Petta e Áurea Lemos e, em torno deles, uma quan-tidade grande de simpatizantes – alguns que sabiam que eu era Bernardo, conheciam minha identidade. Eles me ajudaram muito, mas acredito que não havia uma estrutura de militância da AP funcionando na cidade. Fiquei ali até a prisão de Honestino. Ele sabia que estávamos em Campinas, pois era meu amigo e tinha estado na minha casa, mas havia aquela orientação: “O cara foi preso, sabe onde você mora, então, se manda”.

Foi quando minha mulher, Olívia, levou minha filha Mariana, de apenas dois meses de idade, para visitar parentes na Bahia. Depois, fomos para São Paulo e alugamos uma casa na Freguesia do Ó.

Incorporação da AP ao PCdoB

Honestino esteve em Campinas justamente para discutir a incorporação da AP ao PCdoB. Ele e outros ainda resistiam à ideia. Dorival era o nome frio do companheiro Jair Ferreira de Sá, que liderou essa resistência. Acredito que representava menos de 10% dos efetivos da AP, mas, também, nesses casos é preciso dar um desconto. Os debates eram muito intensos, muito apaixonados, e feitos em circunstâncias ingratas. Eu tenho a im-pressão de que eles estavam tentando acertar e entraram por um caminho que não foi o caminho que nós escolhemos, mas eu não atiraria pedras neles não.

Naquela época, fizemos um trabalho junto com dona Ada Oliveira, mãe do jornalista Pedro de Oliveira. Nesse bairro do Jardim Flamboyant chegamos a montar uma célula do PCdoB com moradores locais: operários que eram alunos do curso de Madureza que tínhamos montado. E saímos meio abruptamente, mas, de qualquer forma, dona Ada con-tinuou a trabalhar por ali e rendeu frutos.

Recebi de Haroldo Lima a notícia de que meu pedido de ingresso no PCdoB tinha sido aceito no dia 1º de maio de 1973. Houve a incorporação, e não fusão, da AP ao PCdoB, por isso as pessoas pediam ingresso individualmente, seguindo as regras dos Estatutos.

deslocamento para a Albânia

Nesse mesmo ano (1973), por volta do mês de julho, surgiu um pedido para que eu escrevesse uma biografia de Stálin. Tarefa é tarefa, e, com dificuldade, fui atrás das fon-tes, escrevi o texto e mandei para o pessoal. Creio que essa biografia foi pedida só para avaliar se dava para eu ir para a Albânia trabalhar na rádio Tirana. O pessoal da AP me conhecia, mas a direção do PCdoB não. Por isso, deve ter feito esse teste, mas nunca tirei isso a limpo.

O fato é que em meados de 1973, José Antônio – codinome de Haroldo Lima – chegou com uma história de que estavam pensando em meu deslocamento e de Olívia. Naquela

O fato é que em meados de 1973, José Antônio – codinome de Haroldo Lima – chegou com uma história de que estavam pensando em meu deslocamento e de Olívia. Naquela