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parte II Projecto de Investigação

7. Associação de Apicultores do Parque Natural do Tejo Internacional – Meltagus

8.3. A abelha, as três castas

8.3.3. Biologia da abelha

A sociedade das abelhas é organizada em função da vida em comunidade. A distribuição das tarefas traz uma diferenciação morfológica no organismo destes insectos.

Uma rainha não possui órgãos de trabalho e o zangão possui uma língua atrofiada. Já as obreiras não têm ovários em função durante a sua vida, só se estiverem orfelinas é que os ovários começam a funcionar.

As obreiras possuem órgãos de nutrição, assim, o néctar recolhido das flores deve ser transformado em mel antes de chegar aos intestinos. Para isto acontecer as abelhas passam diversas vezes os alimentos entre a boca e o papo, em cada passagem o néctar é trabalhado com a secreção das glândulas salivares. Ela produz uma enzima que transforma o líquido das flores em mel perfeitamente assimilável. (CHOQUET, 1978)

Na sua alimentação tendo o alimento já pré-digerido e a conservação já feita a passagem entre o papo e o intestino médio abre-se. Prossegue-se com os órgãos digestivos e os intestinos que rejeitam os resíduos não assimiláveis dos alimentos das abelhas da colmeia. Estes resíduos

localizam-se no intestino grosso e no caso de não os conseguir expulsar eles acabam por fermentar e provocar diarreia. Assim no inverno o apicultor deve verificar a alimentação da abelha, se está isenta de lixo orgânico, devendo possuir para sobreviver à estação xarope de açúcar puro ou mel de planície.

Os órgãos sanguíneos são constituídos pela circulação de sangue efectuado de uma forma completa em circuito fechado. O coração envia sangue num tecido de sistema de vasos sanguíneos espalhados por todas as partes do corpo.

O sistema sanguíneo não se comunica com o respiratório, nem possui globos vermelhos, assim a sua única função é de distribuir os elementos nutritivos no tecido. Os canais urinários evacuam os elementos tóxicos dos tecidos e mandam-nos para o intestino grosso. Este processo se for mal executado reduz o tempo de vida da abelha. No entanto a rainha não se alimenta de geleia real não produz nenhum resíduo e vive muito mais tempo. (CHOQUET, 1978)

Os órgãos respiratórios são constituintes pelos orifícios localizados em cada segmento, abastecendo-se de oxigénio. Em cada segmento é aspirado o ar exterior através de um canal, estigma, onde estão ligados à traqueia. Muitos vasos vão abastecer os órgãos da abelha de oxigénio.

Os órgãos nervosos, começam pelo cérebro que comanda a medula espinal no esmalte dos gânglios. Daqui partem os nervos a cada segmento tornando-os autónomos. A divisão do sistema respiratório permite uma vida fragmentaria provisória, assim, mesmo que a abelha esteja cortada em dois, pode viver mais tempo e o seu ferrão pode provocar picadelas dolorosas e longas depois da sua morte. (CHOQUET, 1978)

Quanto aos órgãos de reprodução, os ovários existem nas rainhas e nas obreiras, mas só funcionam normalmente e regularmente nas rainhas, pois as obreiras são degeneradas e não podem por ovos, apenas ocasionalmente e quando acontece, é em quantidades muito pequenas.

Só a rainha é fecundada por um macho. Esta recém-nascida sai da colmeia proporciona o seu voo nupcial. A fecundação pode ser única na sua vida se ela reunir suficientemente elementos machos e fêmeas na sua vesícula seminal. O seu reservatório de espermatozóides pode durar para a sua vida inteira.

É a rainha quem determina o sexo dos ovos deixando passar ou não espermatozóides pela abertura ou saída da vesícula reprodutora. No caso da rainha pretender uma obreira os ovos devem der fecundados, abrindo a sua espermateca, se pretender machos os ovos não podem ser fecundados. Porém o zangão para estar preparado para a reprodução deve vir de um ovo fertilizado da rainha.

Quando a rainha é virgem ou tenha perdido a capacidade de por ovos, a produção de machos aumenta por serem produtos estéreis. Os ovos machos são depositados nas células das obreiras, deixando às obreiras a tarefa de garantir a nutrição das larvas em função do seu destino. (CHOQUET, 1978)

As abelhas deixam o estado de ovo ao quarto dia e mudam para o estado de larva, começando a ser alimentadas por abelhas novas, com geleia real durante dois dias e nos três dias seguintes, com uma mistura de mel, pólen e água. Para os zangões é de quatro dias.

No fim de 8 dias para as obreiras e 9 para zangões, os alvéolos que contêm as larvas são operculados, a célula ou favo é tapado com uma cápsula de cera produzida pelas abelhas preparadas para esta tarefa. Esta configuração de gestação varia e comporta vários estados, culminando com o nascimento.

Quando a rainha ou abelhas decidem elevar uma ou mais a rainhas, as células femininas são alimentadas durante 8 dias só com geleia real antes de serem operculadas. A construção de alvéolos reais começa no quarto dia de colocação do ovo. (CHOQUET, 1978)

Os órgãos olfativos é comportado pela glândula de Nassanof / Nasonov, situada na parte de trás do abdómen. Esta produz um odor que permite a colónia reconhecer-se entre si, pois o odor é o mesmo produzido por todos os membros.

Cada colmeia possui o seu próprio perfume, o cheiro é percebido pelas antenas das abelhas que encontram desta forma o caminho até á colmeia. Esta glândula é visível quando as abelhas batem as asas na entrada de voo para assinalar a colmeia à rainha, quando esta sai para se fazer fecundar e quando as abelhas iniciam os voos e são orientadas na colónia.

Elas encontram a sua própria orientação quando instaladas num apiário. A rainha tem uma glândula “Butler”, a sua secreção premeia todas as rainhas das colmeias. É com esta impressão que a rainha afirma a sua presença, impedindo o desenvolvimento dos ovários das obreiras. Consequentemente quando a rainha enfraquece ou morre esta substância também desaparece.

Logo a colónia encontra-se afectada e algumas obreiras tentam substitui-la. As forrageiras emitem outros odores quando elas retomam a sua exploração, explicação possível das danças feitas em cima dos favos da colmeia. Assim vão buscar pólen e néctar descoberto pelas colegas. (CHOQUET, 1978)