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O papel do design de informação no contexto da formação e educação

parte I Estado da Questão

3. O papel do design de informação no contexto da formação e educação

3.1. Contextualização

No projecto em questão a informação está intimamente ligada com o design vocacionado para a educação. A palavra design refere um todo, mas no contexto vocacionado para a educação, e de que forma o design de informação possa facilitar a transmissão de informação.

Na actualidade verificamos que o ensino tem obtido fracos resultados perante os alunos por diferentes factores. Assim, é necessário motivá-los suscitando interesse por o que os rodeia. Mudar a forma de comunicar e cultivar o interesse da sociedade pela sua própria cultura e por aprenderem para que se tornem profissionais que potenciem a economia. (MARQUES, 2006)

Qualquer individuo que transmita informação, em especial o designer, deve canaliza-la e trabalha-la para que seja projectada de forma clara e eficaz cumprindo a sua função de comunicar com o menor ruído possível. Estes factores são aplicados a qualquer meio informativo

podendo contar com uma equipa multidisciplinar para que se mantenha a qualidade de conteúdos, adequabilidade, conceito, estruturação e concepção gráfica. Consegue-se assim fornecer informação de forma didáctica com auxilio ao grafismo funcional. (NOGUEIRA, 2007)

Logicamente é necessário actualizar todas as formas de comunicar cumprindo as exigências crescentes do público e da sociedade em geral. O designer trabalha em parceria com profissionais de diferentes áreas para que juntos compreendam as necessidades e solucionem o problema da melhor forma possível.

O Design de informação deve transmitir informações e conhecimentos de forma didáctica, conteúdos de cariz científico, técnico e profissional. Existem diversos canais e meios de o fazer, mas o mais conhecido na educação são os livros, sendo que a sua apresentação gráfica tem vindo a ganhar contornos na sua apresentação editorial. O debitar de conhecimento é graficamente tratado pela paginação, a hierarquia dos textos e tipo de letra, sendo facilitado a sua compreensão através de vários tipos de grafismos, imagens, esquemas, diagramas, fotografias e muitos outros. (NOGUEIRA, 2007)

No acompanhamento dos tempos, só os livros não chegam para fornecer e cultivar educação, os públicos estão exigentes e procuram também conhecimento através dos media. Em exemplo disso pode-se referir os documentários, são vídeos com recursos aos audiovisuais aplicando infografias explicativas e todo o tipo de imagens estáticas e em movimento acompanhadas pelo áudio. É uma forma diferente de passagem de informação e pode chegar a diferentes públicos.

O Design de informação também actua em espaços expositivos como forma de aligeirar a transmissão de informação, criando espaços interpretativos agradáveis e primorosos para a sociedade. Os ambientes expositivos também sofreram alterações e presentemente tem por objectivo a transmissão de valores culturais e estéticos possuindo significados específicos seguindo uma identidade, suscitando por parte do aprendiz interesse e motivação. Aqui a forma de apresentar conteúdos é igualmente tratada hierarquicamente e com clareza, podendo assim inserir outros elementos e recursos interactivos.

Para tudo isto é necessário criatividade onde são enfatizados os valores emocionais e individuais através da incubação e criação, dando destaque a motivações e percepções que culminam numa criação de produto científico inovador, influenciando as relações intra-sociais e culturas.

3.2. Design, formação e educação

“Pode-se dizer que o ser humano desenvolve actividades de design diariamente” (FONTOURA, PEREIRA) e desde a infância. Para todas as actividades diárias o ser humano necessita planear as suas tarefas com recurso ou não de tecnologias, interagindo com o ambiente e os objectos que o cercam, agindo de forma activa e intencional, transformando o ambiente, optimizando soluções e resolvendo problemas. Actualmente a tecnologia torna possível realizar

tudo o que o designer pensa, planeia e cria, quer sejam objectos quer ambientes. Embora existam cursos profissionalizados para executar e conceber tudo isto, todas estas capacidades de desenhar, construir e utilizar são inerentes a qualquer ser humano.

As crianças adquirem capacidades e aprendem observando os outros através de comportamentos específicos de adultos inerentes ao seu crescimento numa determinada cultura onde estão inseridas. Assim os processos cognitivos decorrem quando as crianças observam os seus modelos de comportamento, desenvolvendo as capacidades de usar símbolos mentais para manter o seu comportamento em conformidade com o modelo observado.

Piaget encara as crianças como seres em crescimento, activas, de um modo orgânico, com impulsos internos e padrões de desenvolvimento próprios. Portanto, o comportamento inteligente é uma capacidade inacta que facilita a adaptação ao ambiente, construindo o seu próprio mundo. O crescimento cognitivo passa pela inter-relação da organização, da adaptação e do equilíbrio. A organização diz respeito às representações mentais da realidade, que ajudam os mais pequenos a agir sobre o mundo, com o auxilio de estruturas cognitivas, os esquemas (padrões de comportamento que a pessoa usa para agir numa situação). Prossegue-se com a adaptação, que diz respeito à forma como se lida com novas informações, em que é necessário assimilar esquemas na estrutura do pensamento e acomodá-las, equilibrando a informação. (FELDMAN, OLDS, PAPALIA, 2001)

Logo, desde pequenos, manifestamos impulsos ou capacidades e prazer de aprender de forma divertida com outras crianças ou com adultos interagindo com o mundo. Por de trás de cada descoberta a criança reafirma a sua existência, mesmo perante eventuais dificuldades, persistem a continuar a descoberta, só assim desenvolvem o pensamento criativo e conseguem construir o próprio futuro, através das suas experiências (FONTOURA, PEREIRA). Assim, é importante que se transmita às crianças, desde muito cedo, que tudo o que elas realizam e aprendem no ambiente escola é-lhes importante para o seu dia a dia. Para isso, é necessário que ganhem curiosidade intelectual saudável, para que se envolvam em propostas culturais como teatro, cinema, leitura, museus entre outros, conseguindo uma interligação entre a escola e as restantes propostas culturais. (NAVARRO, 2005)

Os autores Fontoura e Pereira dão destaque à aprendizagem brincando, considerando que são as brincadeiras que permitem às crianças observar e aprender a viver no mundo, tornando-se capazes de estimular a memória e criar hábitos. Os jogos na infância desenvolvem a espontaneidade, são um forte instrumento educativo e conseguem estabelecer as ligações das suas necessidades de desenvolvimento perante a sociedade. Porém, os jogos só dão prazer e resultado se a criança verificar um resultado interessante.

A criança ao brincar trabalha a sua imaginação, vivendo situações imaginárias que as auxiliarão em situações que necessitem regras. Com criatividade e imaginação nas brincadeiras e como forma de prolongar estas, as crianças são levadas a explorar relações entre pessoas, lugares, coisas, como também o seu próprio discurso linguístico. Nas suas brincadeiras são levados a manobrar diversos utensílios e construir as suas brincadeiras como espelho de uma imagem real que obtêm dos adultos.

Com este tipo de diversões desenvolvem o seu sentido de orientação, mobilidade e localização e ao explorar aprendem a solucionar problemas espontaneamente. O desenvolvimento infantil passa por adquirir habilidades, começa pelas sensórias, onde os sentidos são desenvolvidos, seguindo-se a habilidade exploratória, em que a criança tem interesse pelo desconhecido. O facto de serem curiosas, exploram ambientes e objectos desenvolvendo a habilidade de manipulação, em que estimulam e coordenam movimentos e utensílios começando a construir, adquirindo progressivamente autonomia. Com todos estes jogos elas são levadas a desenvolver a sua parte emocional, conhecendo o divertimento, a excitação e a alegria, mesmo sentimentos contrários. Todos eles são necessários para que a criança aprenda a controlar e desenvolver emoções. Nesta sequência é desenvolvida outra habilidade, a capacidade de identificação, pois através das emoções a criança revê-se em determinada personagem do seu imaginário criando e desenvolvendo padrões de comportamento, adquirindo habilidades sociais com a aprendizagem e interacção com os outros, respeitando ideias, assumindo compromissos. Assim “as crianças constroem o próprio conhecimento ao actuar sobre os objectos no espaço e no tempo.” (FONTOURA; PEREIRA)

É importante falar do pensamento das crianças usado como prática educativa, e tentar perceber como se processa a informação. Para perceber este processo temos a memória a curto prazo, é uma memória momentânea, onde são estímulos que desaparecem segundos depois, porém através de estratégias mentais a pessoa pode transferir conteúdos de uma memória a curto prazo para a memória a longo prazo onde permanecem esses estímulos por períodos muito maiores. No manual de investigação em educação de infância é abordado as formas de representação do conhecimento, as crianças têm uma representação diferente do adulto. Elas aprendem mais facilmente o nome dos seus colegas através da sua localização e disposição na sala. (SPODEK, 2003)

As crianças são vistas como alegria e transmitem na através da sua eficiente mobilidade, sendo importante um correcto desenvolvimento a nível motor, cognitivo e o comportamento humano. Quando nascem não possuem estas competências, mas vão adquirindo-as, e em média até aos 12 anos é desenvolvido a sua percepção visual.

A criança aprende como funciona o mundo através de jogos simbólicos em que imita ou finge experiências da vida real, demonstrando e verificando a função e o uso dos objectos, desenvolvendo o pensamento representativo.

É através dos desenhos das crianças, que se observam os seus pensamentos, onde se denotam directamente objectos ou acções, é como o desencadear do seu discurso e da capacidade de planificar. O desenho desenvolve a simbolização gráfica, encontrando também a música como capaz de desenvolver as suas capacidades mentais, quando existe envolvência. (SPODEK, 2003)

Verifica-se que os miúdos passam mais tempo a ver televisão do que em qualquer outra actividade. Eles veem programas destinados às suas idades, isto pela sua linguagem e forma como falam neles. As crianças do ensino básico conseguem lembrar-se melhor do conteúdo quando contado num formato de história do que em formato de revista, e quando contado a um

ritmo adequado para elas. Portanto, comunicam muito através de símbolos e gestos em todas as actividades que realizam.

Também os computadores estão a ser gradualmente integrados nos programas de educação infantil, sendo utilizados programas dedicados e adequados às idades, mas sempre com acompanhamento ou com um adulto por perto. As crianças preferem programas animados que resolvem problemas e que sejam interactivos. No entanto, é verificado que os mais pequenos utilizam tanto objectos manipuláveis como computadores e demonstram maior capacidade de decisão e sofisticação na classificação e pensamento lógico. Os computadores podem servir de catalisadores de interacção social, pois as crianças preferem trabalhar aos pares, minimizam as necessidades de transmitir informação e contribuem para um reforço da motivação.

Os miúdos no ensino básico já começam a ter desenvolvido o sentido de visionamento crítico. De modo geral, do segundo ao terceiro ano a interacção que têm entre si são verbalizadas em aspectos que não são essenciais do conteúdo apresentado. Por exemplo, numa determinada história identificam facilmente as personagens em vez de interpretarem motivos ou informações contidas no enredo.

As influencias quer da televisão, quer do computador, não são propriamente negativas ou positivas, tudo depende da sua utilização ou acompanhamento por parte do adulto, como meio de encaminha-los no caminho correcto da aprendizagem. O uso correcto e eficaz da televisão passa pelo público infantil assistir a programas que lhes são dedicados, acompanhados por adultos que enfatizam a interpretação e as discussões, de modo a que as crianças expressem os seus pontos de vista de forma criativa. (SPODEK, 2003)

Para actividades e jogos é necessário ter em conta a delineação e flexibilidade do espaço disponível, tendo em conta actividades individuais ou em grupo. As crianças dos 5 aos 8 anos preferem espaços abertos, querem ver e ser vistas, ouvir e ser ouvidas, contudo numa organização crescente do espaço e dos materiais nas áreas adequadas, para que se prossiga com o comportamento lúdico e eficaz, evitando os desvios de observação e comportamento. Logo as áreas devem estar bem definidas e delimitadas, não esquecendo que certos materiais das actividades devem estar ao seu alcance. Todos os ambientes educativos, sejam eles interiores ou exteriores devem ser pensados e adequados às actividades lúdicas e devem reflectir as necessidades das crianças, na sua segurança e adaptação, tendo em conta que a criança aprende por analogia e associações, sendo mais fácil aprender desta forma do que com a instrução formal e rotineira. (SPODEK, 2003)

3.3. Estudo de Casos

Prossegue-se com a análise de diferentes museus para tentar perceber a sua organização e importância afim que se possam tecer conclusões que poderão ser úteis para levar a bom termo a exposição na Associação Meltagus.

É feita a observação directa de diferentes tipos de museus e exposições, começando pelo museu Mimo, seguindo-se com a KidZania, o parque Cidade das Abelhas, o Museu do Mel, o recente Museu do Mel e da Apicultura em Portugal, e inúmeros museus espalhados pela França, que são abarcados num só tópico pelas suas semelhanças.

O primeiro museu diz respeito à história do cinema, enquanto que o segundo, só para crianças, tem uma metodologia diferente, pretende educar as crianças para se movimentarem de forma correcta na vida. O parque Cidade da Abelhas e o Museu do Mel são Brasileiros e dedicados ao tema que tratamos neste projecto, a apicultura e o mundo das abelhas. O quinto é um Museu português que tem a mesma iniciativa que o projecto a ser desenvolvido para a Meltagus, porém pouco organizado. Os restantes são retratos de uma cultura bem vincada na área da apicultura.

Aspectos observados e tidos em consideração vão desde a organização e circuito, os públicos a que se dirigem, distribuição dos elementos e da informação, desenvolvimento da identidade em todo o local, actividades desenvolvidas e objectivos ou missão da exposição.

De salientar que todos os museus que retratam o tema da apicultura possuem nomes semelhantes.