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parte II Projecto de Investigação

7. Associação de Apicultores do Parque Natural do Tejo Internacional – Meltagus

8.3. A abelha, as três castas

8.5.1. Localização das colmeias

O apicultor deve escolher as melhores condições para instalar uma colmeia, procedida por uma prospecção da região. Desta forma é tido em conta que as abelhas fazem grandes saídas, sendo que o enxame pode ir até 3km. As zonas preferidas são de pastagem a campos de cereais ou vinhas. Não só o mundo vegetal também depende das abelhas, como também uma colónia também depende do mundo vegetal, pois precisa do néctar e pólen para sobreviver e reproduzir. O xarope de açúcar que lhes é dado é um suplemento incompleto.

As abelhas têm inúmeras espécies de flores à sua disposição. Algumas limitadas pelo tipo de floração de região. Logo o mel reflecte a floração da região da colmeia, consequentemente uma boa qualidade de pólen origina um mel de qualidade. Assim 50% de pólen de flores de acácia produz um mel de acácia. A procura de pólen condiciona a qualidade do mel e das qualidades das plantas. (CHOQUET, 1978)

O apicultor pode localizar o apiário em conformidade com as plantas ou vegetação produtora de mel. Nas regiões temperadas as montanhas apresentam uma grande diversidade de flores. Sendo que a sua floração se estende por um longo período de tempo em que permite as abelhas trabalharem toda a estação. Há vantagens numa boa localização contendo plantas medicinais como trevo, alfafa, cardos, tojos. São mais apreciadas as acácias que os carvalhos, sendo que procuram a própolis nas plantas de choupos, aceres e em todas as coníferas. As plantas de especiarias são melíferas que facilitam a produção apícola tal como cerejeiras ou pomares que atraem as abelhas, menos as pereiras. Importante facilitar as viagens produtivas.

As colmeias situadas nas encostas estão ao abrigo do vento, no entanto é importante evitar os vales de nevoeiro porque as abelhas saem tarde na manhã e é propício às humidades. Os acessos às colmeias devem de estar desimpedidos, devem estar bem localizadas, com boa sanidade e haver conforto das colmeias e alças. A colmeia deve estar elevada a cerca de 30 centímetros do solo, a entrada deve estar na horizontal, mas a caixa ligeiramente inclinada, evitando a acumulação da água na colmeia. (CHOQUET, 1978)

Na necessidade de deslocamento das colmeias, que pode ser efectuado em todas as estações seguindo as devidas precauções, é importante ter atenção ao ar, a agressividade, a temperatura acima dos 5ºC e realizado com todas as abelhas na colmeia, o que acontece ao final da noite. Para facilitar poderá ser colocado um quadro de mel suplementar na colmeia que as euforiza e facilita esta deslocação. O transporte deve ser feito em carrinhas de caixa aberto ou em carros com vidros abertos posicionadas de modo que permita uma boa circulação de ar, quando sobrepostas colocar calços, criando ventilação em toda a volta da colmeia. (CHOQUET, 1978)

8.6. O enxame

Por vezes a colónia tem necessidade de enxamear e surgem então os enxames naturais que normalmente ocorrem pela manhã e entre meados de Maio e Junho, podendo ser uma migração da colónia parcial ou total.

Pode ocorrer devido a três motivos, de forma acidental, quando há sobreaquecimento da colmeia e neste caso toda a colónia abandona, ou fisiológica que é o caso da rainha ser muito prolífera e o número de abelhas aumentar surgindo a necessidade de se dividirem. A rainha é logo substituída por outra, pois as abelhas respondem de imediato às exigências da natureza tratando logo dos alvéolos reais para que nasça o mais rapidamente possível. (CHOQUET, 1978)

Também ocorrem enxames secundários ou terciários que acontecem por a rainha ser jovem e ter instinto de liberdade, migrando com parte do enxame primário.

A forma de prever-se a enxameação é verificada pela presença de ovos na zona de voo, a agitação em torno da colmeia e um grande número de abelhas ventilando a entrada. Na véspera da enxameação, ao cair da noite as futuras rainhas que ainda estão nos alvéolos produzem um som característico. (CHOQUET, 1978) Quando o enxame sai da colmeia o ar enche-se com o zumbido de milhares de abelhas à procura da rainha e do local onde pousou para então se agruparem num cacho. Estas ingeriram grandes quantidades de mel e no seu trajecto zumbem para excitar a colónia.

Podem acontecer vários enxames consecutivos. Começando com o primário as abelhas procuram um sítio favorável, ao abrigo do sol, do vento e num raio de 50 metros. Este local é escolhido por algumas abelhas que saíram na sua procura, depois regressam para orientar as restantes e para que a rainha faça um curto voo carregada de ovos. O enxame opera quando as abelhas se dirigem para o sitio escolhido levando consigo mantimentos juntando-se à volta da rainha num movimento elipsoidal que dura cerca de 24horas, durante este período o enxame é inofensivo sendo a sua captura feita sem perigo. No fim de repousarem no cacho que formaram, as abelhas formam uma nova colónia e mal encontram uma orientação para a nova colmeia começam de imediato a trabalhar. Este enxame é facilmente recolhido pelo apicultor por se localizar perto do original. (FARINHA, MORREIRA, 2011)

Neste processo a migração contou com dois terços das abelhas da colmeia inicial, ficando nela as abelhas novas que podem sair para manter o ninho. Juntas percebem as necessidades de criar uma nova rainha e trabalham para ela. Mal surja a nova rainha rapidamente cumpre as suas funções e contribui para o desenvolvimento da colónia.

Pode acontecer o enxame secundário. Neste caso existem cerca de 10 a 20 alvéolos reais e a primeira rainha a nascer mata as restantes que se encontram nos alvéolos. Esta rainha com o intuito de liberdade e com um tempo favorável provoca esta segunda enxameação, ocorrendo oito a dez dias depois do enxame primário. A particularidade é que a rainha não fecundada é instável, sendo que este enxame pode percorrer cerca de 10 quilómetros antes de se fixar, contendo 5 000 a 10 000 abelhas. (CHOQUET, 1978)

A terceira enxameação ocorre dois ou três dias depois da saída do enxame secundário, mas com um número muito reduzido de abelhas, excluindo a má rainha e juntando-se a uma colónia para a fortalecer.

O enxame primário conhece-se pelo seu volume e peso de 1,5Kg a 3Kg e abrigam-se confortavelmente à sombra num ambiente a menos de 50 metros da colmeia de onde originaram. Assim a forma de introduzir este enxame na colmeia depende da sua natureza e deve ser feito à noite.

No caso de um enxame secundário é conveniente colocar na colmeia um quadro com criação que provenha de outra colmeia. Isto garante que as abelhas obtenham os alimentos e fiquem presentes, começando a trabalhar até a recente rainha poder sair para ser fecundada.

Num enxame primário é importante colocar na colmeia quadros já com a cera puxada permitindo que iniciem de imediato o seu trabalho, sendo este procedimento necessário em fortes períodos de produção de mel. Isto acontece porque este enxame produz mel desde que se instala na colmeia, enquanto que o enxame secundário só produz mel para sobreviverem e se fortificarem até ao fim da estação. (CHOQUET, 1978)

A captura de um enxame pode derivar de uma colmeia do próprio apicultor ou pode ser um enxame selvagem que se localiza em sítios perigosos para a população por invadirem locais impróprios.

As épocas em que ocorre a enxameação das colmeias é principalmente em a meio de Abril e Maio até ao início de Junho, porém pode ocorrer no outono acidentalmente, dependendo da região e varia de ano para ano. (CHOQUET, 1978)

Os enxames quando saem colocam-se à sombra, mal ele esteja formado, deve ser recuperado. O enxame encontra-se bem agrupado e suspendido num ramo, sendo que o cesto é colocado por baixo do agrupamento, acabando por o enxame cair no cesto. De seguida é colocado novamente à sombra, mantendo-se juntas e calmas com a presença da rainha, prosseguindo com a entrada na colmeia.

O enxame pode escolher sítios isolados para pousar e nestes casos é necessário sacudir e perfumar o cesto para as atrair, perfumado com lavanda. Este é colocado à entrada da colmeia virada para o enxame, já perfumada, condicionando a entrada para esta colmeia.

Se a captura do enxame foi efectuada de manhã, o enxame deve ser conservado à sombra esperando a noite para as introduzir na colmeia. No caso de mudança de local deve-se esperar 48horas.

Se o acesso for difícil para a sua captura a solução é asfixiar, tomando as devidas precauções e se necessário pedir o auxilio de bombeiros. (CHOQUET, 1978)

Para introduzir um enxame na colmeia varia. Se o enxame é primário onde a rainha é fértil, é necessário ter uma colmeia para começar a trabalhar, já com cera laminada e com uma alça de alimento. Com um enxame secundário onde a rainha é virgem, a rainha tem que se fazer fecundar e para manter as obreiras na colmeia deixar quadros com cera laminada e criação, juntamente com uma alça vazia.

A colocação das alças aumenta o habitáculo e facilita a produção de mel. Ela é colocada dependendo da força da colónia, quando está cheia de criação, quando há falta de espaço, o que

se verifica na entrada da colmeia, necessitando de espaço para colocar o mel. Quando a alça estiver cheia coloca-se uma outra vazia ao meio.

O apicultor nas colmeias fixas utiliza uma rede que impede a passagem de onde se encontra a criação para onde se encontra o mel.

O enxame artificial ocorre quando o apicultor verifica que há necessidade de aumentar a criação. Ele verifica que há duas colmeias fortes e há a presença de zangões para fecundar a rainha. (CHOQUET, 1978)

As obreiras quando ficam orfelinas trabalham para fazer nascer uma rainha numa criação. É necessário para isto bom tempo e a presença de zangões para fecundar a rainha que nascerá. Assim na primeira colmeia, que fica orfelina é fabricado alvéolos reais pelas obreiras que alimentam as larvas de geleia real às ninfas reais. Pode acontecer a rainha não voltar do seu voo nupcial e então a colónia decide criar outra. Contudo demora cerca de quatro semanas desde a criação da rainha até à primeira postura da nova rainha.

Por outro lado o apicultor pode mesmo inserir uma rainha, isto feito ao cair da noite. A introdução de uma rainha numa colónia órfã é essencial esperar 8 horas e uma unificação de odor em ambas as partes, no caso de junção de duas colónias numa só. Se a colmeia ficou orfelina de manhã, a introdução da rainha é feita de noite. Para introduzir a rainha é necessário que a colónia esteja saudável e em boas condições e que seja marcada para se sobressair das restantes. (CHOQUET, 1978)