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parte I Estado da Questão

2. Revisão Literária

2.1. Design de informação

2.2.4. Sinalização Corporativa

A sinalética é um sistema sequencial de informações, definindo espaços de acção, tornando-os inteligíveis e utilizáveis nas deslocações e itinerários. São informações que aparecem no decorrer de uma deslocação. (COSTA, 1989) Também encarada como informação espacial integrada no ambiente com finalidade de fornecer informação inequívoca e instantânea. A sua linguagem visual é sintetizada, não discursiva evitando por parte do usuário uma nova visualização. Deste modo, tem como premissa transmitir o máximo de informação com o mínimo de elementos, reduzindo o esforço do receptor na identificação e compreensão. Assim, “sua presença é silenciosa, sua ocupação é discreta, pode ou não ser utilizada, e deve desaparecer de imediato do campo de conhecimento do usuário.” (ALMEIDA, 2010, p. 18)

A sinalética encontra-se estendida em outros meios de comunicação e diversas áreas do design gráfico como a propaganda, publicidade e Identidade corporativa, que é o que nos interessa salientar. Deste modo a sinalética passa a ser recurso, cúmplice, conjugação e diferenciação que se acabam por distanciar do objectivo e da intenção dos sinais informativos, mas incorporam um outro sistema comunicacional útil de ser analisado.

Como referencia o autor Joan Costa (1998, p.228) “el panel señalético es por natureza espacio atencional y suporte de información”. Assim é necessário definir em primeiro lugar os utilizadores, como forma de resolver e responder aos seus interesses de conhecimento e como um sistema de utilidade pública de transmissão de mensagens.

Sinalização e sinalética são princípios e um meio de interesse estratégico como em objectivos ideológicos e comerciais. Contudo o autor João Neves (2008) refere que “a sinalização é então um sistema constituído por elementos independentes que se interrelacionam com a função de comunicar mensagens”.

As mensagens sinaléticas possuem diferentes graus de discrição e imposição, com o objectivo de serem persuasivos, convincentes e coerentes, opondo-se à orientação neutra, discreta, autodidáctica possuindo uma informação puramente utilitária. A sinalética possui toda uma função social sendo um meio de informação pública, estudado por sociólogos de comunicação. Assim, comparando-a com outros meios comunicacionais é possível identificar diferenças e a existência de um sistema linguístico, possuindo propriedades exclusivas, determinadas funções e efeitos perante a sociedade (COSTA,1989).

Com a especificidade de cada meio comunicacional é necessário ter em atenção as características técnicas de produção e difusão de mensagens, a linguagem e discursividade, a orientação intencional imposta pelo emissor na mensagem e a atenção e interesse que este oferece. É preciso conhecer a vida quotidiana, o meio informativo e distractivo que influenciam a atenção, para assim entender a forma de movimentação, o impacto, audiência, determinando o encontro entre ambos, com a devida premissa, utilitarismo e atenção.

Contudo, a sinalética é uma faceta do design de informação. É informação instantânea, inequívoca, utilitária, de “usar e deitar fora”, pois guia-nos de sinal a sinal progredindo numa trajectória. Ao falar-se de sinalética não se fala de sinalização urbana e viária, mas sim de uma

nova ciência da comunicação ambiental que pretende tornar inteligível os espaços de acção dos indivíduos tendo em conta cada caso e espaços diferentes.

Num projecto de design de informação, presta-se um serviço ao público, tendo em conta uma atitude lógica e uma forte capacidade de abstracção, de maneira a que o receptor transforme a informação em conhecimento útil. Não deve descuidar uma mentalidade lógica, esquemática e pragmática tendo sempre presente a imaginação criativa. Assim, para realizar design de informação é necessário adoptar a atitude de servir e não de dominar.

Numa primeira abordagem feita por Joan Costa (1989), o autor encara a sinalética como sendo uma parte da ciência de comunicação visual. As modificações posteriores que se deram devem-se ao desenvolvimento da sinalética de modo a ter mais eficácia e criatividade. Surge então uma nova definição: “ A sinalética é uma disciplina de comunicação ambiental e da informação, que tem por objecto orientar as decisões e as acções dos indivíduos em lugares onde se prestam serviços.” (COSTA, 2011, p.95) Assim o carácter visual e científico mantem-se consolidado como uma disciplina múltipla ou actividade transdisciplinar.

A definição sofreu alterações substituindo “comunicação visual” por comunicação ambiental. Isto porque se encara um campo com recursos comunicativos mais aberto e global, pois comunicam diferentes áreas num só lugar de acção, onde todos os intervenientes são tidos em conta. É hoje uma disciplina multifacetada que se encontra em constante desenvolvimento, sendo a sinalética uma doutrina e uma técnica e não uma teoria. (COSTA, 2011)

Deixa o interface individuo-sinal e encara-se agora como individuo-meio. A sinalética é então uma informação utilitária, onde o meio configura uma forma, uma noção de conjunto, onde o lugar interage com o individuo. Assim o lugar apresenta uma ordenação especial dos elementos, prestando serviços, tendo em conta a funcionalidade, definindo também uma identidade. Nestes termos, as informações distribuídas no local são guias de decisões que se expressam através de actos. Consequentemente os actos são acções energéticas que implicam uma táctica como forma de realizar um objectivo. (COSTA, 2011)

Um programa sinalético funciona num lugar especifico, de fácil identificação, utilização e percepção. Assim “um espaço ou um ambiente são algo mais”, são lugares que se identificam pela sua função e pretendem prestar serviços, ao que se entende como uma identidade do lugar que retrata a identidade da própria empresa ou organização, encarando assim como um serviço informativo. (COSTA, 2011, p.96)

Para além desta definição, integra diferentes disciplinas de interveniência no espaço, em que cabe ao designer comunicar informação explicita e utilizável para os utilizadores.

Portanto, sinalização e sinalética são princípios e um meio de interesse estratégico, com objectivos ideológicos e comerciais. É um processo que veicula informação de forma a sinalizar ou marcar algo, transmitindo informações segundo uma disposição adequada de sinais, regulando o fluxo de pessoas e veículos. Sumariamente é um produto de design utilizado para orientar os usuários. (ALMEIDA, 2010)