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Capítulo 3: O uso de sensoriamento remoto na avaliação da representatividade

2. Metodologia

2.3. Cálculo da Representatividade

Utilizando-se como base o conhecimento obtido durante o mapeamento das UCs, especialmente o referencial da APA Costa dos Corais, foram incluídas as cenas intermediárias (figura 5) no banco maior do SPRING denominado Recifes_BR para o cálculo da representatividade. A seleção de imagens obedeceu aos mesmos critérios anteriormente descritos. Do mesmo modo, as legendas também seguiram a padronização estipulada. Em algumas regiões, onde não foi possível o trabalho de campo, as dúvidas encontradas, referentes às feições recifais, foram tiradas com o auxílio das cartas náuticas bem como à consultas de especialistas com conhecimento nas regiões estudadas (como alguns professores e pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal Rural de Pernambuco).

O objetivo do cálculo da representatividade foi o de avaliar quanto em área, dos topos recifais rasos detectados no mapeamento, estão sob a proteção de alguma categoria de unidade de conservação. No caso da unidade de conservação APA Estadual Ponta da Baleia/Abrolhos foi possível agregar uma poligonal de área inferida ao mapeamento, graças ao trabalho de campo e percepção dos técnicos de Abrolhos (totalizando uma área aproximada de 28.297,96 ha). Esses recifes, porém não são visíveis na classificação visual realizada para as demais UCs. Na figura 11, a seguir, se vê um diagrama esquemático demonstrando os procedimentos de construção dos mapas.

Limites inferidos Levantamento de campo Mapa de ocorrência recifal dos recifes rasos Classificação manual Mapa de ocorrência recifal Mapa das Unidades de Conservação

Cadastro municipal, portos, aeroportos e localização de pontos selecionados.

Mapa de Diagnóstico de proteção dos recifes rasos Imagens de satélites

Figura 11: Diagrama esquemático da construção dos mapas de diagnósticos de proteção dos recifes rasos no Brasil.

2.3.1. Aferição do mapeamento das feições recifais

Após o mapeamento dos recifes, foi feito um teste de comparação entre medidas de corpos recifais tomadas em campo, na APA Costa dos Corais, com medidas feitas nas imagens. Essas comparações foram feitas, através da ferramenta “operações métricas”, que permite medir-se a distância entre dois pontos quaisquer. As figuras 12A e 12B ilustram este procedimento: as linhas em amarelo correspondem às extensões medidas, em campo, com auxílio de uma trena. Em suas extremidades (e nos pontos de inflexão visíveis na figura 12A) foram tomadas as coordenadas geográficas utilizando um GPS. Estas posições foram utilizadas para a localização dos mesmos pontos na imagem e para a realização da conferência das medidas (Tabela 7). Essas aferições foram feitas contando com o apoio da equipe do INPE.

A

B

Figura 12 – Representação da medida de trecho do perímetro de um recife (A), e da medida do eixo central de outro recife (B), representadas pelas linhas em amarelo. As linhas em vermelho correspondem à fotointerpretação dos limites recifais.

TABELA 7 - Comparação das medidas dos recifes em campo e através das imagens. Valor da medida em campo Valor da medida na imagem (A) 600m 567m (B) 187m 186m

Os valores observados nesta tabela demonstram a acurácia atingida no mapeamento, propiciada pela precisão do registro das imagens. Um outro fato, porém, ganha maior relevância em termos dos resultados pretendidos. Na figura 12A, nota-se que a linha amarela não coincide com o limite à direita do recife. Conforme constatado pelos técnicos do Projeto Recifes Costeiros, na APA Costa dos Corais, esta região apresenta maior profundidade e não oferece condições de visitação que permitissem sua medição. Esta constatação corrobora a justificativa de se utilizar dados de sensores remotos, aliados

aos dados obtidos em campo, para o mapeamento de recifes e ecossistemas marinhos costeiros de um modo geral.

Vale ressaltar que a aferição do mapeamento, por meio de verdade de campo, foi realizada em todas as UCs mapeadas contando sempre com o apoio de gestores e técnicos locais, onde pontos selecionados nas imagens foram checados com o auxílio do instrumento de GPS. Os pontos coletados também foram incluídos no banco de dados do SPRING. Do mesmo modo o limite inferido apresentado na figura 16 (no item resultados), também contou com o auxílio de técnicos e pesquisadores da região do banco dos Abrolhos.

2.3.2. Cálculo das áreas recifais

As áreas foram calculadas diretamente pelo programa SPRING, que por sua vez possui a opção dos cálculos individuais por categoria mapeada e a área total do PI (plano de informação). Como as cenas são muito extensas, alguns projetos foram subdivididos para fins de elaboração dos mapas, seguindo também essas divisões para fins de cálculo de cada cena. Na figura 13 se vê uma tela do SPRING do módulo de cálculo de área e no Quadro 1, a seguir, um exemplo do arquivo texto (*.txt) produzido automaticamente pelo SPRING como resultado da consulta individual por Plano de Informação (PI). Para o cálculo geral da área recifal somou-se os cálculos parciais das classes temáticas: recife intermareal, recife submerso e areia sobre recife.

Quadro 1 – Exemplo de arquivo .txt gerado pelo Programa SPRING para o cálculo das classes temáticas

Cálculo de Áreas/Comprimento por Geo-classe (kmxkm/km): Plano de Informação:Geomorfologia_Recifal/Mapa_recifal_TOTAL Representação: Mapa Vetorial

Area (kmxkm)

Recife Intermareal: 38.596542 Recife Submerso: 9.371577 Areia sobre Recife: 0.899616 Piscina: 0.775250

Lama de Rio: 3.433672 Manguezal: 0.000025

Area total das classes: 53.076682

Area total dos Polígonos não classificados: 0.000008 Area total do Plano de Informação: 17787.210550

A

B

Figura 13 – Exemplo de consulta no programa SPRING dos cálculos das áreas das classes recifais (APA Costa dos Corais).