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Outros atos e normas legais de significância para os ambientes recifais

3. Políticas, Planos, Leis, procedimentos e regras relativas à proteção dos recifes de corais e

3.8. Outros atos e normas legais de significância para os ambientes recifais

O Brasil possui uma estrutura intrincada de leis e normas ambientais que vão desde o estabelecimento de Leis e Decretos presidenciais até a publicação de Portarias normativas dos órgãos competentes, sendo na esfera ambiental o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA. Além disso, dentro da estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, existe o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, o qual elabora resoluções que assumem o status de Lei. O CONAMA é composto pelos mais diversos setores do governo e da sociedade civil (ONGs) que lidam diretamente com o meio ambiente.

Dependendo da necessidade e da esfera de governo, são elaboradas e sancionadas leis ou outros atos de menor abrangência. Tais atos podem, por exemplo, coibir a pesca de arrasto em uma determinada região do país e permitir em outra localidade.

Para os recifes de coral, várias práticas impactantes e nocivas ao ecossistema, necessitam da elaboração de regras específicas. O comércio de aquários marinhos vem sendo apontado como uma potencial ameaça aos recifes, pois exercem influência desde a sobreexplotação das espécies alvo (peixes ornamentais e corais) até as

práticas predatórias de pesca que incluem desde a remoção dos corais a uma destruição geral do habitat (Maida et al., 1997).

No Brasil, esse comércio indiscriminado já trouxe prejuízos para algumas espécies na região Sudeste desde a década de 1980 (Castro, 1999). O comércio de animais marinhos vivos e corais (mortos) para aquários encontra-se em crescimento em todo o mundo. No Brasil a extração de corais, algas calcárias e rochas vivas é proibida pela Lei de Crimes Ambientais no artigo que se refere à destruição de habitats essenciais, como áreas berçários, embora falte clareza neste sentido, uma vez que a lei se refere à destruição destes habitats estando portanto sujeita a interpretações. Quanto à comercialização de corais, embora essa prática ainda ocorra na região nordeste, existe uma percepção generalizada sobre o dano e a ilegalidade da mesma, principalmente em locais sujeitos a maior visitação.

O órgão ambiental federal brasileiro – IBAMA, recebe um enorme número de solicitações de licenças para a exploração de recursos de origem recifal. Recentemente, o IBAMA tem promovido uma série de workshops no sentido de regulamentar a coleta de organismos marinhos.

A preocupação crescente com a coleta e comercialização de peixes ornamentais marinhos no Brasil, uma grande parte associada a ambientes recifais, incluindo várias espécies endêmicas, motivou a realização pelo IBAMA, em 2000, da Reunião Técnica Sobre o Estado da Arte da Pesquisa e do Ordenamento da Pesca de Peixes Ornamentais Marinhos no Brasil.

Um ponto de absoluta concordância durante a reunião foi a necessidade de se estabelecer limites mais fundamentados e específicos para estas licenças. Atualmente todas as licenças são liberadas para coleta de até 5.000 indivíduos por espécie por ano por empresa. Atualmente cerca de 121 espécies são exploradas, e várias são consideradas vulneráveis devido às características do seu ciclo de vida. Uma das grandes dificuldades é a falta de informações sobre as coletas e de uma regulamentação nos padrões mínimos das empresas. Recomendações foram feitas para que fossem tomadas providências urgentes neste sentido (IBAMA, 2000).

A regulamentação tem caminhado de forma mais eficiente nas unidades de conservação de uso sustentável, onde é possível a exploração dos recursos naturais, e aonde vêm sendo tomadas providências para coibir ou minimizar essa prática.

Recentemente foi publicado um ato normativo do IBAMA (Portaria nº 33, de 13 de março de 2002) proibindo a exploração de todos os organismos de característica ornamental, extração de corais, algas e qualquer substrato, incluindo areia e cascalho, ancoragem ou construção em áreas de recifes de coral, captura de meros e tubarões-lixa em toda a área da APA Costa dos Corais. Para a mesma APA, após a elaboração de pesquisas de campo, foi demandado ao IBAMA a normatização de duas áreas de exclusão de pesca no interior da APA com a finalidade de se iniciar o processo de zoneamento da mesma (IBAMA - Portaria nº 14-N de 11/02/1999).

Na região do arquipélago dos Abrolhos foi publicada a Portaria IBAMA nº 96 em 13/12/2000 proibindo o arrasto de camarão em toda aquela região do entorno do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.

Já no âmbito do CONAMA existe a Resolução Nº 269 de 14/09/2000, que dispõe sobre a produção, importação, comercialização e uso de dispersantes químicos para as ações de combate aos derrames de petróleo e seus derivados no mar, citando os recifes de coral como áreas de restrição de uso de qualquer dispersante químico a ser utilizado no caso de acidentes.

Muito ainda resta a ser regulamentado nessas áreas, principalmente em relação ao turismo desordenado. Castro (1999) ressalta que é importante ter em mente que para a continuidade da utilização da biodiversidade dos ambientes recifais para atividades de caça submarina ou fotografia subaquática é necessário que exista a conservação da abundância de elementos de fauna e flora marinhas, comuns nas áreas recifais. Uma área turística com recifes de coral utiliza sua presença como atrativo e, naturalmente, esse fato eleva o valor comercial dessa área.

No Brasil as práticas do turismo e da recreação marinha nesses ambientes representam um setor em franca expansão em várias regiões do país. Tais influências geram diversas preocupações em relação à conservação dos ecossistemas recifais. Essas utilizações, quando não normatizadas e/ou fiscalizadas, podem gerar grandes prejuízos ecológicos e econômicos. Os prejuízos já podem ser observados em várias áreas do país, principalmente naquelas onde há a presença de recifes costeiros, muito próximos as praias, e de fácil acesso à população em geral.

Nesse caso, ainda é necessária a edição de novas normas, ressaltando porém, que, as mesmas devem ser cuidadosamente articuladas entre os diversos setores interessados, antes da publicação das mesmas, ao tempo em que se fazem imprescindíveis ações preventivas de educação e conscientização ambiental da população.

4. Estratégias mundiais para a conservação da biodiversidade – o uso de