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3.2 PARÂMETROS OPERACIONAIS RODOVIÁRIOS

3.2.4 Cálculo do Custo Final

Para o cálculo dos custos finais algumas premissas devem ser assumidas de acordo com a viagem referente:

• Velocidade média da via (km/h);

• Distância da viagem de estudo - ida e volta - (km);

• Horas trabalhadas mensais – de acordo com as leis de cada país (h/mês); • Tempo de carga e de descarga (h).

Nesse estudo as horas trabalhadas por mês variam de acordo com o país de referência (Tabela 4.21).

TABELA 4.21 – HORAS TRABALHADAS MENSAIS DE ACORDO COM O PAÍS DE REFERÊNCIA

País Horas Trabalhadas por Mês

Argentina 240

Bolívia 240

Brasil 220

Paraguai 240

Uruguai 240

FONTE: Elaborado por UFPR/ITTI, a partir de Elsalario

As demais premissas variam de acordo com a viagem desejada, podendo ser alteradas conforme o percurso, destino, carga, etc.

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A seguir foram expostos os cálculos dos parâmetros “tonelagem efetiva” e “distância percorrida mensal efetiva”. Também foram presentadas as composições dos custos avaliados anteriormente com relação a diferentes parâmetros: por viagem feita, por quilômetro rodado, por tonelada movimentada e por tonelada quilômetro útil.

Tonelagem efetiva

Tonelagem efetiva é a quantidade de carga que um veículo costuma carregar (tonelagem nominal) multiplicada pelo fator de aproveitamento, que considera a presença ou não de cargas de retorno, como na fórmula a seguir.

𝑇𝑇𝑠𝑠 = 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑖𝑖 ×100𝐾𝐾𝑎𝑎𝑝𝑝

Onde:

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑠𝑠: Tonelagem efetiva (t);

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑖𝑖: Tonelagem nominal (t);

𝐾𝐾𝑎𝑎𝑝𝑝: Fator de aproveitamento (%);

Tipicamente os carregamentos rodoviários não contam com carga de retorno, em geral os caminhões saem das regiões produtoras, vão até o seu destino final e retornam vazios. Sendo assim neste estudo o fator de aproveitamento será de 50% para todas as categorias de cargas e para todos os países, o que também significa que os tempos de espera de carregamento para retorno devem ser desprezados, além de ser considerado apenas uma única vez o tempo de carga e de descarga.

O cálculo da tonelagem nominal deve ser feito de acordo com o tipo de carga transportada e com os limites de carregamento especificados por cada país às composições rodoviárias utilizadas. Deve-se somar a capacidade de carga, segundo os eixos de cada semirreboque à capacidade do cavalo mecânico e, posteriormente, abater os pesos dos mesmos conforme a fórmula:

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑖𝑖 = 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝐶𝐶𝐶𝐶+ 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑆𝑆𝑆𝑆− 𝑃𝑃𝐶𝐶𝐶𝐶− 𝑃𝑃𝑆𝑆𝑆𝑆

Onde:

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑖𝑖: Tonelagem nominal (t);

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𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑆𝑆𝑆𝑆: Tonelagem permitida nos eixos do semirreboque (t);

𝑃𝑃𝐶𝐶𝐶𝐶: Peso do cavalo mecânico (t);

𝑃𝑃𝑆𝑆𝑆𝑆: Peso do semirreboque (t).

O cavalo mecânico utilizado no estudo possui peso próprio de 8,94 t. Para o Brasil a tonelagem máxima permitida àquele é de 23 t, para todos os outros países a capacidade permitida é de 24 t.

A carga considerada no transporte será relacionada à capacidade máxima permitida, ela varia de acordo com o semirreboque adotado e com os valores máximos permitidos em cada país. Para o transporte de granéis líquidos deve-se considerar também a máxima capacidade volumétrica dos tanques estudados, sendo assim este será adotado caso seja menor do que a capacidade em tonelagem. No carregamento de Carga Geral, fez-se a média de toneladas por contêiner de 40’ (equivalente à 2 TEUs) em um carregamento de navio conteineiro no Porto de Paranaguá, onde estimou-se 16 t por 2 TEUs, valor que será utilizado em todo o Estudo. A Tabela 4.22 exibe as particularidades de cada semirreboque adotado.

TABELA 4.22 – ESPECIFICAÇÕES DAS CAPACIDADES DAS COMPOSIÇÕES RODOVIÁRIAS ADOTADAS NO ESTUDO

Granéis sólidos Granéis líquidos Carga Geral

Bitrem Simples Bitrem Simples Baú

Peso permitido da composição carregada segundo a legislação dos países (t) Argentina 60,00 - 60,00 - 49,50 Bolívia - 49,50 - 49,50 49,50 Brasil 57,00 - 57,00 - 48,50 Paraguai - 49,50 - 49,50 49,50 Uruguai - 49,50 - 49,50 49,50 Carga transportada por semirreboque (t) Argentina 40,30 - 36,00 - 16,00 Bolívia - 32,20 - 28,00 Brasil 37,30 - 34,80 - Paraguai - 32,20 - 28,00 Uruguai - 32,20 - 28,00

FONTE: Elaborado por UFPR/ITTI, a partir de DNIT.

Brasil e Argentina possuem maior capacidade de carga no transporte de granéis por transitarem com semirreboques do tipo bitrem. A capacidade máxima dos tanques para o carregamento de granéis líquidos foi limitante para Argentina (36 t), Bolívia, Paraguai e Uruguai (28 t).

Quanto ao carregamento de Carga Geral, por tratar-se de cargas com baixo peso específico, utilizar o carregamento máximo permitido por lei em toneladas (de

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acordo com a capacidade por eixo), ou mesmo a capacidade do contêiner (para um contêiner de 40’ é de 21,92 kg), não expressaria valores próximos à realidade. Sendo assim, para todos os países, na movimentação de Carga Geral, foi considerado um valor consideravelmente menor do que o máximo permitido por lei, 16 t de mercadoria por caminhão. Este valor foi obtido a partir do carregamento de contêineres feito em um navio no porto de Paranaguá, onde foram quantificadas as toneladas movimentadas e o total foi dividido pelo número de contêineres correspondentes. Vale destacar que o estudo considera a movimentação em contêineres de 40’ ou dois TEUs, o qual pode movimentar maior quantidade de mercadorias e também é o mais usual, representando de 70 a 75% do total de contêineres movimentados anualmente no Brasil (ANTAQ, 2016).

Distância percorrida mensal efetiva

Para o cálculo da rodagem mensal cinco variantes entram na fórmula: a velocidade, a quantidade de horas trabalhadas mensais, o tempo de carga e de descarga, a distância das viagens e o número de viagens por mês.

Segundo o Departamento de Transportes da UFPR (DTT), as velocidades adotadas para a composição de custos de transporte rodoviário devem ser de 40 km/h para rodovias não pavimentadas e de 60 km/h para as pavimentadas. Neste estudo utilizou-se a média entre ambas, 50 km/h, aplicando este valor a todos os países. A quantidade de horas trabalhadas mensais varia de acordo com as leis trabalhistas e com a quantidade de feriados de cada país. O tempo de carga e de descarga foi estipulado em quatro e seis horas, respectivamente, com base em estudos apresentados pela EPL, majorando em duas horas o tempo de descarga, por julgar quatro horas um tempo aquém do necessário para a operação, a qual deve englobar tempo de espera de acesso ao porto, por exemplo. O número de viagens por mês é feito de forma interativa com a distância percorrida mensal efetiva, a qual também variará de acordo com a viagem estipulada:

𝐾𝐾𝑚𝑚𝑠𝑠 = 𝑣𝑣 × [𝑡𝑡𝑝𝑝𝑚𝑚− (𝑡𝑡𝑝𝑝𝑖𝑖 + 𝑡𝑡𝑝𝑝𝑟𝑟) × 𝑁𝑁𝑚𝑚𝑚𝑚)]

Onde:

𝐾𝐾𝑚𝑚𝑠𝑠: Distância percorrida mensal efetiva (km);

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𝑡𝑡𝑝𝑝𝑐𝑐: Horas trabalhadas por mês (h);

𝑡𝑡𝑝𝑝𝑐𝑐: Tempo de carga (h);

𝑡𝑡𝑝𝑝𝑑𝑑: Tempo de descarga (h);

𝑁𝑁𝑚𝑚𝑚𝑚: Número de viagens por mês.

Custo total por viagem

O custo total por viagem variará de acordo com o percurso adotado, este representa a distância de ida (Origem-Destino) e de volta que a composição rodoviária percorre. O custo de viagem será calculado de acordo com os custos variáveis e fixos, anteriormente orçados, bem como o número de viagens mensais:

𝐶𝐶𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚 = �𝑁𝑁𝐶𝐶𝑓𝑓

𝑚𝑚𝑚𝑚� + �𝐶𝐶𝑚𝑚 × 𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚�

Onde:

𝐶𝐶𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚: Custo total por viagem (R$);

𝐶𝐶𝑓𝑓: Custo fixo mensal (R$);

𝑁𝑁𝑚𝑚𝑚𝑚: Número de viagens por mês;

𝐶𝐶𝑚𝑚: Custo variável por km (R$/km);

𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚: Distância do percurso da viagem (km).

Custo total por quilômetro

O custo total por quilômetro é calculado a partir da soma dos custos fixos mensais, dividindo o resultado pela quilometragem percorrida nesse período e por fim soma-se aos custos variáveis por quilômetro:

𝐶𝐶𝑘𝑘𝑚𝑚 =𝐾𝐾𝑚𝑚𝐶𝐶𝑓𝑓

𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠+ 𝐶𝐶𝑚𝑚

Onde:

𝐶𝐶𝑘𝑘𝑚𝑚: Custo total por quilômetro (R$/km);

𝐶𝐶𝑓𝑓: Custo fixo mensal (R$);

𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠: Distância percorrida em um mês (km);

57 Custo total por tonelada

O custo total por tonelada é referente ao valor do transporte de uma tonelada para uma viagem característica e é calculado da seguinte forma:

𝐶𝐶𝐸𝐸𝑚𝑚𝑖𝑖 = 𝐶𝐶𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑠𝑠

𝐶𝐶𝐸𝐸𝑚𝑚𝑖𝑖: Custo total por tonelada (R$/t);

𝐶𝐶𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚: Custo total por viagem (R$);

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑠𝑠: Tonelagem efetiva (t).

Custo por tonelada quilômetro útil (TKU)

O custo por TKU representa o custo de uma tonelada transportada em um quilômetro. Este, para um mesmo carregamento, variará de acordo com a distância da viagem considerada:

𝐶𝐶𝑇𝑇𝑇𝑇𝐽𝐽 = 𝐾𝐾𝑚𝑚𝐶𝐶𝐸𝐸𝑚𝑚𝑖𝑖 𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚

Onde:

𝐶𝐶𝑇𝑇𝑇𝑇𝐽𝐽: Custo limpo total (R$/TKU);

𝐶𝐶𝐸𝐸𝑚𝑚𝑖𝑖: Custo total por tonelada (R$/t);

𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚𝑖𝑖𝑎𝑎𝑠𝑠𝑠𝑠𝑚𝑚: Distância do percurso da viagem (km).

Este será o valor mais representativo para o Estudo, uma vez que mostra a variação de custo conforme a distância de viagem. No Capítulo 5 são apresentados os resultados dos cálculos onde ficará mais visível a composição dos custos apresentados no presente capítulo.

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