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Cáo Cāo Faz Apelo aos Poderosos Senhores; Os Três Irmãos Lutam Contra Lǚ Bù

No documento Romance Dos Três Reinos - V0.14 (páginas 38-46)

1. No fim do último capítulo, Chén Gōng estava prestes a acabar com Cáo Cāo. Mas Chén Gōng refletiu por um instante: “Juntei-me a ele para seguir o que é correto. Agora, caso matá-lo, faria apenas o injusto e concenar-me-ia o povo. Melhor é partir em silêncio.”. 2. Levantando-se de sua cama antes do nascer do sol, Chén Gōng montou em seu cavalo e cavalgou em direção ao leste, onde ficava Dongjun, sua província natal.

3. Cáo Cāo acordou pela manhã e se deu pela falta de seu companheiro. Pensou ele: “Chén Gōng julga-me bruto devido a algumas coisas egoístas que eu disse, e então partiu. Devo partir também, sem mais demora.”

4. Então rumou Cáo Cāo o mais rápido que pôde em direção a Qiao. Assim que encontrou-se com seu pai, contou-lhe tudo que ocorrera e disse-lhe que desejava dispor das herdades da família para, com o ouro recebido, recrutar soldados.

5. “Nossas posses são pequenas,”, disse seu pai, “e não são suficientes para feito algum. Há aqui por perto, porém, um homem letrado, de nome Wei Hong, descuidado em riquezas mas cuidadoso em virtudes, cuja família é muito rica. Com sua ajuda, poderemos esperar pelo sucesso.”.

6. Um banquete foi preparado, e Wei Hong a ele foi convidado.

7. Cáo Cāo fez-lhe um discurso: “o Hàn perdeu sua liderança e Dŏng Zhuō é realmente um tirano. Ele zomba de seu príncipe e é cruel com o povo, que nada pode fazer senão ranger, em ira, os dentes. Eu restauraria o Hàn, mas disponho de meios insuficientes. Senhor, apelo a vossa lealdade e espírito cívico.”.

8. Wei Hong respondeu: “Há muito desejava eu isto, mas, até agora, não encontrava a pessoa certa para executar tamanha empresa. Uma vez que tu, Cáo Cāo, tens desígnio tão nobre, deixo eu, de boa vontade, todas as minhas posses à disposição de tal causa.”. 9. Aquelas eram muito boas novas e, sem demora, um chamado de recrutamento foi devidamente preparado e enviado tanto ao perto quanto ao longe. Então, organizaram um grupo de voluntários e ergueram um grande estandarte branco de recrutamento, com os dizeres Lealdade e Honra nele escritos. A resposta veio sem demora, e era o número de voluntários farto como as gotas que caem das chuvas.

10. Certo dia chegou um homem de nome Yuè Jìn , de Yangping, e outro, de nome Lĭ

Diăn, de Jùlù. Estes dois haviam sido designados ao grupo particular de Cáo Cāo. Havia um terceiro, Xiàhóu Dūn, de Qiao. Ele descendia de Xiàhóu Yīng14, de tempos

antigos. Desde sua infância, Xiàhóu Dūn fora treinado nas artes da luta com lança e bastão e, contando ainda com seus catorze anos, foi acolhido por um mestre em armas. Certo dia disse um homem coisas desrespeitosas sobre seu mestre, e Xiàhóu Dūn matou o difamador. Por esse feito, porém, foi ele forçado a fugir e já há algum tempo estava em exílio. Agora vinha ele a fim de oferecer seus préstimos, acompanhado por seu primo, Xiàhóu Yuān. Cada um trouxe consigo mil soldados treinados. Estes dois eram, na verdade, irmãos de Cáo Cāo por nascimento, uma vez que o pai de Cáo Cāo era originalmente da família Xiàhóu e havia sido apenas adotado pela família Cao.

11. Alguns dias mais tarde chegaram dois primos de Cáo Cāo, de nomes Cáo Rén e

Cáo Hóng, cada um com mil seguidores. Os dois eram cavaleiros habilidosos e treinados ao uso de armas.

12. O treinamento teve início e Wei Hong dispôs sua fortuna para a compra de roupas, armaduras, bandeiras e estandartes. De todas as partes, recebiam contribuições de grãos.

13. Assim que recebeu Yuán Shào o chamado de Cáo Cāo às armas, reuniu sob seu comando um total de trinta mil homens. Ele então marchou de Bohai a Qiao, a fim de lá encontrar Cáo Cāo. Em seguida, foi publicado um manifesto:

14. “Cáo Cāo e seus correligionários, movidos pelo senso de dever, assim elaboram esta proclamação. Dŏng Zhuō desafia a Terra e os Céus. Ele está destruindo o Estado e prejudicando o príncipe. Ele polui o Palácio e oprime o Povo. Ele é mau e cruel. Seus crimes são muitos. Há pouco recebemos comandos secretos para convocar soldados e estamos comprometidos com a limpeza do Império e a destruição daqueles que fazem o Mal. Alistaremos um exército voluntário e empregaremos todos os nossos esforços para manter a Dinastia e socorrer o povo. Respondais a este chamado, Oh Nobres, reunindo vossos soldados.”

15. Muitos, de todos os cantos, responderam ao chamado, como mostra a lista: 16. 一. Yuán Shù

Governador de Nányáng 二. Han Fu

Protetor Imperial da Região de Jizhou

14 Xiàhóu Yīng (? – 173 a.C.) foi um importante general de Liú Bāng. Recebeu o título de Marquês de

三. Kong Zhou

Protetor Imperial da Região de Yuzhou 四. Liú Dài

Protetor Imperial da Região de Yanzhou 五. Wáng Kuāng Governador de Henei 六. Zhāng Miăo Governador de Chenliu 七. Qiáo Mào Governador de Dongjun 八. Yuán Yí Governador de Shanyang 九. Bào Xìn Senhor de Jibei 十. Kŏng Róng Governador de Beihai 十一. Chang Chao Governador de Guangling 十二. Táo Qiān

Protetor Imperial da Região de Xuzhou 十三. Mă Téng Governador de Xiliang 十四. Gōngsūn Zàn Governador de Beiping 十五. Zhāng Yáng Governador de Shangdang 十六. Sūn Jiān Governador de Changsha 十七. Yuán Shào Governador de Bohai

17. O contingente variava em tamanho, de dez mil a trinta mil, mas cada um era completo em si com seus oficiais, civis e militares, e líderes de batalha. Estavam a caminho da capital, Luòyáng.

18. Gōngsūn Zàn, o Governador de Beiping, passava, com seu grupo de quinze mil homens, perto da província de Pingyuan. Lá avistou ele, por entre as amoreiras do caminho, um estandarte amarelo, sob o qual marchava uma pequena companhia. Ao se aproximarem, viu ele que seu líder era Liú Bèi.

19. “Meu bom irmão, quê fazes aqui?”, perguntou-lhe Gōngsūn Zàn.

20. “Foste tu gentil comigo em outro momento, e por tua recomendação fui feito magistrado desta província. Soube que passarias por aqui e vim para saudar-te. Poderia eu exortar-te a prosseguir cidade adentro e lá descansar vossas montarias?”. 21. “E quem seriam estes dois?”, perguntou-lhe Gōngsūn Zàn, apontando para os irmãos de Liú Bèi.

22. “Estes são Guān Yŭ e Zhāng Fēi, meus irmãos de juramento.”

23. “Estiveram eles a combater contigo os Turbantes Amarelos?”, perguntou Gōngsūn Zàn.

24. “Todo meu sucesso foi devido a seus esforços.”, disse Liú Bèi. 25. “E quais postos têm eles?”.

26. “Guān Yŭ é arqueiro montado; Zhāng Fēi, da força de arqueiros.”

27. “Então são de valor inestimável!”, disse Gōngsūn Zàn, em suspiro. Então prosseguiu: “Todo o melhor que há pela terra está agora unido a fim de destruir o rebelde Dŏng Zhuō. Meu irmão, faríeis o melhor em abandonar este local tão apoucado e juntar-vos a nós para restaurarmos a Casa do Hàn. Por quê não?”.

28. “Gostaria eu de irmos.”, disse Liú Bèi.

29. “Tivésseis vós deixado que eu o matasse naquela outra ocasião, e não haveríeis de ter este problema hoje.”, disse Zhāng Fēi a Liú Bèi e Guān Yŭ.

30. “Uma vez que as coisas assim o são, arrumemo-nos para partir.”, disse Guān Yŭ. 31. Então, sem mais demora, os três irmãos, com alguns cavaleiros, juntaram-se a Gōngsūn Zàn e marcharam com ele para juntarem-se ao grande exército.

32. Um por um, todos os senhores feudais inscreveram-se e montaram acampamento. Seus campos estendiam-se por mais de doze quilômetros. Assim que todos chegaram, Cáo Cāo, como líder, preparou cavalos e novilhos para o sacrifício e convocou todos os senhores para uma grande assembléia, a fim de decidir seu plano de ataque.

33. Então falou Wáng Kuāng, o Governador de Henei: “Fomos movidos a nos reunir aqui por um nobre senso de justiça. Agora devemos primeiro escolher um chefe e curvarmo-nos em obediência.”.

34. Então disse Cáo Cāo: “Por quatro gerações, foram os mais altos postos do estado preenchidos pelos membros da família Yuán, e os que os apóiam estão por toda parte.

Como decendente dos antigos ministro do Hàn, Yuán Shào é homem adequado a ser o senhor a nos liderar.”.

35. Yuán Shào por repetidas vezes recusou à honra. Mas disseram todos eles: “Há de ser Ele! Não haveria outro!”.

36. E, então, aquiesceu.

37. No dia seguinte foi erguido um altar de três níveis, e lá fincaram eles os estandartes de todos os grupos, em cinco direções. E colocaram, em seu redor, machados de ouro e caudas brancas de iaque, emblemas de autoridade militar e selos de liderança.

38. Estando todos prontos, o senhor líder foi exortado a subir ao altar. Vestido com mantos cerimoniais e carregando uma espada consigo, Yuán Shào para lá dirigiu-se, em reverência. Lá queimou ele incenso, jurou obediência e recitou este juramento:

39. “A Casa do Hàn quedou-se sobre dias maus, e aqueles de autoridade imperial estão enfraquecidos. O ministro rebelde, Dŏng Zhuō, tomou vantagem da discórdia para provocar o mal, e a calamidade se abate sobre honradas famílias. A crueldade recai pesadamente sobre o Povo. Nós, Yuán Shào e seus aliados, temendo pela segurança das prerrogativas imperiais, juntamos forças militares a fim de resgatar o Estado. Agora juramos nós empregarmos toda nossa energia e agirmos de acordo com o último limite de nossas forças. Entre nós não haverá ação egoísta ou de propósitos divergentes. E que perca sua vida e não deixe posteridade aquele que se desviar deste juramento. Oh!, Todo- Poderosos Céus e Terra Universal e iluminados espíritos de nossos antepassados, sede Vós testemunhas Nossas!”

40. Terminada sua leitura, Yuán Shào passou o sangue do sacrificio sobre seus lábios e sobre o daqueles que compartilharam consigo o juramento. Todos ficaram profundamente emocionados pela cerimônia e vários verteram lágrimas.

41. Feito isto, o senhor chefe foi ajudado a descer do altar e levado à sua tenda, onde tomou o mais alto assento e os demais organizaram-se de acordo com seu posto e idade. Lá, vinho foi servido a todos.

42. Em certo momento disse Cáo Cāo: “Compraz-nos a todos obedecer o líder que estabelecemos hoje, e também dar apoio ao Estado. Não deve haver sentimento de rivalidade ou superioridade entre nós.”.

43. Yuán Shào respondeu: “Indigno como sou, e mesmo como chefe eleito, devo de modo imparcial recompensar os méritos e punir as ofensas. Que cada um anteveja que está sob

as leis nacionais e os princípios de exército. Estes não devem ser rompidos.”. 44. “Apenas Vossos comandos serão obedecidos!”, exclamaram todos.

45. Então Yuán Shào disse: “Meu irmão, Yuán Shù, foi indicado Chefe do Comissariado. Ele tem condições de garantir que o campo inteiro esteja bem provido de alimento, mas no momento é necessário um líder que cruze a passagem do Rio Si e provoque uma batalha. As demais forças devem procurar uma posição estratégica para posterior apoio.

46. Então Sūn Jiān, o Governador de Changsha, ofereceu-se para a tarefa. 47. “Tu és valente e feroz, e és perfeito para esta empresa!”, disse Yuán Shào.

48. O grupo sob comando de Sūn Jiān partiu e logo chegou à passagem do Rio Si. A guarda de lá enviou um ligeiro mensageiro à capital, a fim de anunciar ao Primeiro Ministro a urgência da situação.

49. Desde que se estabeleceu Dŏng Zhuō em sua posição, cercou-se ele por luxos sem precedentes. Tão logo chegaram as urgentes novas ao Conselheiro Lĭ Rú, prontamente foi ter com seu mestre, o qual, em grande alarma, convocou um grande conselho.

50. Lǚ Bù adiantou-se à frente e disse: “Nada teme, meu pai. Vejo a todos os senhores que estão além das paragenso como fossem meros feixes de palha. E, com os guerreiros de nosso temeroso exército, porei todos à morte e pendurarei suas cabeças pelos portões da Capital!”.

51. “Com teu apoio, posso sossegar-me!”, disse Dŏng Zhuō.

52. Mas alguém atrás de Lǚ Bù interrompeu sua fala, dizendo: “Um cutelo para abater um galinha! Não há necessidade de ir o General: cortarei suas cabeças tão facilmente quanto tiro algo de meus bolsos!”.

53. Dŏng Zhuō olhou em direção à voz e repousou seus olhos sobre um robusto homem de feições fortes, flexível e ágil como uma fera. Ele tinha a cabeça arredondada como a de um leopardo e ombros como os de um gorila. Seu nome era Huà Xióng, de Guanxi. Dŏng Zhuō comemorou as palavras valorosas de Huà Xióng, prontamente o indicou Comandante da Valente Cavalaria e designou a ele uma tropa de quinze mil homens e cavalareiros. Huà Xióng e três outros generais – Lĭ Sù, Hú Zhĕn e Zhào Cén – imediatamente seguiram em direção à passagem do Rio Si. 54. Entre os senhores feudais, o Senhor de Jibei, Bào Xìn, tinha ciúmes por temer que Sūn Jiān, escolhido como líder daquele embate, recebesse grandes honrarias. Por

conta disto almejava Bào Xìn encontrar primeiro o inimigo e, para tal feito, enviou, em segredo, seu irmão Bào Zhōng com três mil homens por um caminho diferente. Tão logo chegou na passagem o pequeno exército, engajaram-se em batalha.

55. Reagindo rapidamente, Huà Xióng e um corpo de quinhentos cavaleiros blindados varreu a passagem, exclamando: “Fugi não, rebeldes!”.

56. Mas Bào Zhōng estava temeroso e recuou, Huà Xióng seguiu-o, seu exército avançou, a espada veio abaixo e Bào Zhōng foi golpeado ainda sobre seu cavalo. A maior parte do exército de Bào Zhōng foi capturado. A cabeça de Bào Zhōng foi enviada ao palácio do Primeiro Ministro. Huà Xióng foi promovido a Comandante Chefe.

57. Sūn Jiān chegou próximo à passagem. Ele tinha consigo quatro generais: Chéng Pŭ, de Tuyin, cuja arma era uma lança em espiral de ponta semelhante à cabeça de uma serpente; Huáng Gài, de Lingling, o qual trazia consigo um pesado chicote de ferro; Hán Dàng, de Lingzhi, com um pesado sabre; e Zŭ Mào, de Wujun, o qual lutava com um par de espadas.

58. O Comandante Sūn Jiān vestia um capacete de pura prata, à sua volta cingida uma faixa púrpura. Ele trazia consigo sua espada de lingote de ferro antigo, e cavalgava um corcel malhado de crina lustrosa.

59. Sūn Jiān avançou em direção à passagem e saudou os defensores, dizendo-lhes: “Ajudantes do tirano, sede breve e rendei-vos!”.

60. Huà Xióng ordenou a Hú Zhĕn que liderasse cinco mil homens contra Sūn Jiān.

Chéng Pŭ, com sua lança, avançou e engajou-se em batalha. Após alguns poucos golpes,

Chéng Pŭ matou Hú Zhĕn com um golpe certeiro em sua garganta. Então Sūn Jiān deu fez sinal a seu exército principal, para que avançassem. Mas, da passagem, as tropas de Huà Xióng arremessaram uma chuva de pedras, o que fez com que os assaltantes recuassem para o campo em Liangdong. Sūn Jiān enviou as novas da investida a Yuán Shào.

61. Sūn Jiān enviou também uma mensagem urgente, na qual requisitava suprimentos ao comissário.

62. Mas um conselheiro disse a Yuán Shù: “Sūn Jiān é como tigre do leste. Caso ele tome a capital e destrua Dŏng Zhuō, teremos um tigre no lugar de um lobo. Não vos enviai alimento. Esfomeai suas tropas, assim decidindo o destino daquele exército.”.

63. E Yuán Shù deu ouvidos ao detrator, não enviando grãos nem forragem. Logo, os famintos soldados de Sūn Jiān mostraram seu desafeto com indisciplina, e seus espiões enviavam as notícias aos defensores da passagem.

64. Lĭ Sù compôs um plano com Huà Xióng, dizendo-lhe: “Empreenderemos hoje à noite um ataque rápido contra Sūn Jiān pela retaguarda e dianteira, para assim o capturarmos.”.

65. Huà Xióng concordou, e preparou-se para o ataque. Então avisaram a todas as tropas, e receberam refeição completa. À noite, deixaram a passagem e embrenharam- se por caminhos secretos até chegarem à retaguarda do campo de Sūn Jiān. A lua estava brilhante e o vento, frio. Eles chegaram perto da meia-noite, e os tambores rufaram o ataque iminente. Sūn Jiān prontamente aprumou-se em suas vestes de combate e pôs-se a cavalo. Ele cavalgou diretamente em direção a Huà Xióng e os dois cavaleiros engajaram-se em combate. Mas, antes de terem trocado vários golpes, surgiu por trás o exército de Lĭ Sù, a incendiar tudo que via.

66. O exército de Sūn Jiān caiu em confusão e fugiu em desordem. Estava garantida a desordem, e em breve restava apenas Zŭ Mào ao lado de Sūn Jiān. Os dois puseram-se a galope e fugiram. Estando Huà Xióng atrás de si, em perseguição acirrada, empunhou Sūn Jiān seu arco e disparou duas flechas em rápida seqüencia, ambas errando seu alvo. Ele alinhou um terceiro projétil ao arco, mas envergou-o com tanto furor que ele rompeu-se. Ele atirou a flecha ao chão e partiu a pleno galope. 67. Então disse Zŭ Mào: “O turbante púrpura de meu senhor é um artigo que os rebeldes facilmente reconhecerão. Dai-mo, e eu o usarei!”.

68. Então Sūn Jiān trocou seu turbante e seu capacete de prata pelo capacete do general, e os dois partiram por caminhos separados. Os perseguidores, procurando apenas pelo turbante púrpura, seguiram atrás daquele que o trazia vestido, e Sūn Jiān conseguiu escapar por um caminho seguro.

69. Zŭ Mào, sendo avidamente seguido, despiu-se dos adereços à cabeça, os quais pendurou sobre um poste à frente de uma pequena casa parcialmente queimada, e entrou pela densa floresta adentro. As tropas de Huà Xióng, ao avistarem a faixa púrpura, imóvel, não ousaram aproximar-se; mas cercaram-na por todos os lados e alvejaram-na com flechas. Logo descobriram o truque, aproximando-se mais do poste. 70. Este era o momento que Zŭ Mào aguardava. Prontamente avançou, com suas duas espadas em punho, e investiu contra o líder. Mas Huà Xióng era muito ágil. Com um alto brado, Huà Xióng rasgou Zŭ Mào e derrubou-o de seu cavalo. Huà Xióng e Lĭ Sù prosseguiram com o massacre até o raiar do dia, e então voltaram com suas tropas para a passagem.

71. Chéng Pŭ, Huáng Gài e Hán Dàng logo encontraram seu chefe e os soldados reuniram-se. Sūn Jiān sentia muito pesar pela perda de Zŭ Mào.

desgosto e convocou todos os senhores para um conselho. Eles se reuniram e Gōngsūn Zàn foi o último a chegar.

73. Assim que estavam todos sentados dentro da tenda, Yuán Shào lhes disse: “O irmão do General Bào Xìn, desobedecendo as regras que estabelecemos, pôs-se imprudentemente a atacar o inimigo. Ele foi morto e, com ele, vários de nossos soldados. Agora foi Sūn Jiān derrotado. Nosso espírito de combate sofreu, e quê há de ser feito?”. 74. Todos permaneceram em silêncio. Erguendo seus olhos, Yuán Shào olhou para cada um dos presentes até deitá-los sobre Gōngsūn Zàn, e então sobre três homens que estavam atrás de seu assento. Eles eram de notável aparência, e sorriam pelo canto de seus lábios.

75. “Quem são esses homens atrás de ti?”, disse Yuán Shào.

76. Gōngsūn Zàn pediu a Liú Bèi que fosse à frente, e disse: “Este é Liú Bèi, Magistrado de Pingyuan e irmão meu, com o qual dividi minha humilde cabana quando éramos estudantes.”.

77. “Deve ser o mesmo Liú Bèi que dispersou a rebelião dos Turbantes Amarelos.”, disse Cáo Cāo.

78. “É o próprio.”, disse Gōngsūn Zàn, pedindo a Liú Bèi que fizesse reverência à assembléia. Liú Bèi então contou sobre seus préstimos e sua origem, com todos os detalhes.

79. “Como é ele da linhagem do Hàn, deve sentar-se.”, disse Yuán Shào, e exortou Liú Bèi a sentar-se.

80. Liú Bèi o agradeceu modestamente, recusando.

81. Disse Yuán Shào: “Esta consideração de minha parte não é por vossa fama e vosso cargo. Eu vos respeito como um a um descendente da família imperial.”.

82. Então sentou-se Liú Bèi sobre seu assento, em lugar inferior ao dos da longa fila de senhores. E seus dois irmãos, braços cruzados, posicionaram-se logo atrás de si.

83. Chegou, durante a reunião, um mensageiro com a notícia de que Huà Xióng estava se aproximando com uma tropa de cavaleiros blindados. Eles exibiam o turbante púrpura, capturado de Sūn Jiān, sobre a ponta de uma vara de bambu. O inimigo logo pôs-se a dirigir insultos àqueles da paliçada, desafiando-os ao combate.

84. “Quem aqui ousa ir-se à frente, em combate?”, disse Yuán Shào.

85. “Eu irei.”, disse Yú Shè, renomado general de Yuán Shù, dando um passo à frente.

86. Então foi-se Yú Shè e, quase que imediatamente retornou alguém a dizer que havia caído Yú Shè com o terceiro golpe de Huà Xióng.

87. Começou o medo a deitar sua fria mão sobre a assembléia.

88. Han Fu, o Protetor Imperial, disse: “Tenho em meu exército um bravo guerreiro.

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