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Liú Bèi Resgata Kŏng Róng Em Beihai ; Lǚ Bù Derrota Cáo Cāo Próximo A Puyang.

No documento Romance Dos Três Reinos - V0.14 (páginas 79-87)

1. Chamava-se Mí Zhú aquele que dissera saber como derrotar Cáo Cāo de uma vez por todas. Mí Zhú viera de família abastada de mercadores, em Donghai, e comerciantes, em Luoyang. Certo dia, enquanto seguia daquela cidade rumo a seu lar, encontrou ele uma dama incrivelmente bela a caminhar, penosamente, pela via. Ela pediu a ele que a permitisse subir à montaria; ele então deteve-se, e cedeu ele a ela seu assento. Ela o convidou a dividir o assento consigo; também subiu ele à montaria, mas sentou-se em rija e vertical posição e jamais sequer mirava sua direção. Viajaram eles por alguns quilômetros; então, agradeceu-lhe ela e desceu da montaria.

2. Logo antes de partir, disse ela: “Sou a Deusa do Fogo, das Terras Do Sul. Seguia eu com a missão dos Deuses Supremos, de incendiar tuas dependências; tua extrema cortesia, porém, tocou-me profundamente. Aconselho-te: apressa-te a teu lar e remove aquilo teu de valor, pois lá chegarei nesta noite.”.

3. Em seguida, desapareceu. Mí Zhú apressadamente findou sua jornada e, tão-logo chegara, removeu tudo de sua casa. Naquela noite, de fato, principiou-se na cozinha um incêndio que logo envolveu toda a casa. Depois disto, dedicou ele sua riqueza a fim de trazer alívio aos pobres e confortar os aflitos. Táo Qiān concedeu a ele o cargo de magistrado que agora mantinha.

4. Foi este o plano proposto por Mí Zhú: “Irei a Beihai e suplicarei ao Governador Kŏng Róng por auxílio. Outro de nós deverá seguir a Qingzhou em missão semelhante, a fim de obter o auxílio de Tien Kai, Protetor Imperial. Caso os exércitos destas duas regiões marchem contra Cáo Cāo, ele certamente recuará.”.

5. Táo Qiān aquiesceu com o plano e redigiu duas cartas. Quis ele saber quem seria o voluntário a seguir rumo a Qingzhou, e um certo Chén Dēng ofereceu-se; após partir, foi a missão rumo ao norte oficialmente confiada a Mí Zhú. Enquanto isso, Táo Qiān e seus dois generais defenderiam a cidade da melhor forma possível.

6. Kŏng Róng era nativo de Qufu, no antigo estado de Lu. Era ele um dos descendentes de vigésima geração do grande Mestre Kǒng Fūzǐ36. Desde muito cedo era Kŏng Róng

rapaz muito inteligente. Aos dez anos, seguiu a fim de se encontrar com Li Ying, Governador de Henan; os guardas, porém, o impediram de entrar.

7. Mas, quando disse Kŏng Róng: “Sou amigo íntimo do Ministro Li Ying.”, foi-lhe permitida a entrada.

36 Confúcio. (N. do T.)

8. Li Ying perguntou a Kŏng Róng que relações haveriam entre suas famílias, para que pudesse isto justificar o termo que empregara para sua entrada.

9. O garoto respondeu: “Indagou há muito KǒngFūzǐ, meu ancestral, a seu ancestral,

Lǎozǐ , sábio Taoista, acerca de cerimônias. Então, conhecem-se por muitas gerações nossas famílias.”.

10. Li Ying estava impressionado com a pronta sagacidade do garoto.

11. Visitou-lhe certo dia Chen Wei, Alto Ministro, a quem Li Ying narrou a história de seu jovem convidado. “Incrível, este garoto.”, disse Li Ying, a apontar Kŏng Róng. 12. Chen Wei respondeu: “Não é sempre fato que o jovem perspicaz venha a crescser perspicaz homem.”.

13. O garoto prontamente o mirou e disse: “Pelo que dizeis, Senhor, fôreis por certo um dos jovens perspicazes.”.

14. Dito isto, riram-se o conselheiro do Ministro e o Governador e disseram: “Este garoto certamente será nobre recipiente.”.

15. Era, então Kŏng Róng conhecido desde sua infância. Quando então homem, ascendeu a Comandante Imperial e foi enviado como Governador de Beihai, onde tornou-se renomado por sua hospitalidade. Costumava ele citar estas linhas:

16. “Que estejam as salas repletas de amigos E as taças, que estejam repletas de vinho. Assim é como gosto.”

17. Após seis anos em Beihai, era seu povo devoto a ele. Estava Kŏng Róng sentado em meio a seus convidados, como de costume, no dia em que chegou Mí Zhú; em resposta, quando inquirido acerca do motivo de sua visita, apresentou-lhe Mí Zhú a carta de Táo Qiān, onde se lia que Cáo Cāo pressionava a cidade de Xuzhou e o Protetor Imperial suplicava por auxílio.

18. Então, disse Kŏng Róng: “Teu mestre e eu somos bons amigos, e tua presença aqui impele-me a ir em seu auxílio. Não tenho eu, porém, nenhuma contenda com Cáo Cāo, então primeiro escreverei a ele, a fim de tentar assentar a paz. Caso recuse ele minha oferta, então porei meu exército em marcha.”.

19. “Cao Cao não escutará propostas de paz: está ele muito seguro de sua força.”, disse Mí Zhú.

20. Kŏng Róng redigiu sua carta e instruiu também para que fossem reunidas suas tropas. Outro levante dos Turbantes Amarelos surgiu justamente àquele momento, com cerca de dez mil componentes, e seus rufiões seguiam a roubar e a matar em Beihai. Foi necessário lidar com eles em primeiro lugar, e então Kŏng Róng liderou suas tropas para fora da cidade.

21. Guăn Hài, o líder rebelde, cavalgava à frente, a exclamar: “Sei que é esta região fértil e pode por certo ceder dez mil carroças de grãos. Dá-me isto, e nos retiraremos; recusa, e abateremos as muralhas da cidade e destruiremos cada um dos teus cidadãos.

22. Kŏng Róng respondeu-lhe: “Sou servo do grande Hàn, confiada a mim a segurança destas terras. Pensas tu que alimentarei rebeldes?”.

23. Guăn Hài açoitou sua montaria, brandiu sua espada sobre sua cabeça e cavalgou à frente. Zong Bao, um dos generais de Kŏng Róng, tomou sua lança em punho e cavalgou à batalha; após rápido embate, porém, foi abatido Zong Bao. Logo entraram os soldados em pânico, e debandaram à cidade, a fim de lá buscarem proteção. Kŏng Róng estava muito abatido; Mí Zhú, que agora não mais via esperanças de sucesso em sua missão, sentia pesar além do exprimível.

24. A visão das muralhas da cidade era grandemente triste, uma vez que estavam os rebeldes em enorme número. Em um dos dias, enquanto sobre a muralha, avistou Kŏng Róng ao longe um homem, armado com uma lança, a cavalgar intensamente entre os Turbantes Amarelos, os dispersando à sua frente como a palha ante aos ventos.

25. Depois de certo tempo, atingiu o homem a base da muralha e exclamou: “Abri os portões!”.

26. Os defensores, porém, não abririam os portões a um desconhecido; com a demora, uma multidão de rebeldes aglomerava-se em torno do cavaleiro, ao longo da beira do fosso. A cavalgar repentinamente, avançou o guerreiro entre os rebeldes e derrubou cerca de uma dúzia deles, e outros tantos, com isto, recuaram. A este ponto, ordenou Kŏng Róng a seus guardiões que fossem abertos os portões e fosse permitido ao estranho que adentrasse. Tão-logo estava ele dentro da cidade, desmontou de sua montaria, pôs de lado sua lança, subiu à muralha e prestou humilde reverência ao Governador.

27. “Meu nome é Tàishĭ Cí, e sou da região de Laihuang. Retornei do Norte apenas ontem a meu lar, a fim de ver minha mãe, e então soube que estava vossa cidade à mercê de um ataque rebelde. Minha mãe dissera a mim que föreis muito gentil consigo, e aconselhou- me a tentar vos ajudar. Então parti, sozinho, e aqui estou eu.”.

28. Era isto animador. Kŏng Róng já conhecia Tàishĭ Cí por sua repotação como valente homem lutador, apesar de nunca terem se encontrado antes. Por ter seguido o filho ao longe de seu lar, concedeu Kŏng Róng à sua mãe proteção especial e fez com que não

sofresse ela de carência alguma. Isto conquistara o coração da velha senhora e enviou ela então seu filho, a fim de demonstrar sua gratidão.

29. Kŏng Róng mostrou seu apreço ao tratar seu convidado com o mais alto respeito, a presenteá-lo com roupas e armaduras, selas e cavalos.

30. Disse Tàishĭ Cí: “Dai-me mil soldados; sairei e debandarei aqueles homens.”. 31. “És corajoso guerreiro, mas são eles muito numerosos. Ir-se em meio a eles é assunto sério.”, disse Kŏng Róng.

32. “Enviou-me minha mãe por conta de vossa bondade a ela. Como posso eu olhá-la pela face, caso não impeça eu o cerco? Prefiro eu conquistar ou perecer.”.

33. “Ouvi que Liú Bèi é um dos heróis de nosso mundo. Tivéssemos seu auxílio, não haveriam dúvidas acerca do resultado. Mas não há ninguém para enviar a mensagem.” 34. “Ir-me-ei, tão-logo receba vossa carta.”.

35. Kŏng Róng então redigiu cartas e as entregou a seu auxiliador.

36. Tàishĭ Cí cingiu sua armadura, montou em seu cavalo, atrelou seu arco e sua aljava a seu cinturão, tomou pelas mãos sua lança, firmemente atou seu bornal ao arco de sua sela e cavalgou para fora dos portões da cidade. Ele partiu sozinho.

37. Reunira-se ao longo do fosso um grande grupo de sitiantes, e então puseram-se a interceptar o cavaleiro solitário. Mas Tàishĭ Cí avançou por dentre eles, a cortar vários, e finalmente abriu seu caminho.

38. Guăn Hài, ao saber que um cavaleiro partira da cidade, adivinhara qual seria sua missão e, acompanhado por um grupo de cavaleiros, seguiu Tàishĭ Cí. Guăn Hài os dispersou, para com isto cercar completamente o cavaleiro mensageiro. Tàishĭ Cí então pôs de lado sua lança, apoderou-se de seu arco, ajustou suas flechas uma por uma e as disparou à sua volta. Uma vez que ao chão ia-se um cavaleiro a cada tanger da corda de seu arco, aqueles que o perseguiam não ousavam aproximar-se.

39. Com isto, teve sua via livre e cavalgou apressadamente rumo a Liú Bèi. Chegou Tàishĭ Cí a Pingyuan e, após saudar seu anfitrião de modo apropriado, contou-lhe como estava Kŏng Róng cercado e que buscava ele seu auxílio. Ele então apresentou a carta, e leu-a Liú Bèi.

40. “E quem sois vós?”, perguntou-lhe Liú Bèi.

tampouco de vizinhança; mas estou atrelado aos laços dos sentimentos, e compartilho suas lágrimas e infortúnios. Os Turbantes Amarelos investiram contra a cidade; está ele sem mais ninguém a quem recorrer, e a destruição é iminente. Sois vós conhecido por humano, direito e ávido a amparar os necessitados. Portanto, sob seu comando, enfrentei todos os perigos e galguei meu caminho em meio aos inimigos para rogar a vós que o salveis.” 42. Liú Bèi sorriu, a dizer: “Sabe ele que há no mundo um Liú Bèi?”.

43. Então Liú Bèi, em companhia de Guān Yŭ e Zhāng Fēi, reuniu três mil tropas e seguiu a fim de ajudar a romper o cerco. Tão-logo avistou Guăn Hài esta nova força a chegar, liderou suas tropas ao combate, a acreditar que poderia facilmente lidar com tão pequena força militar.

44. Os irmãos, Tàishĭ Cí consigo, assentaram-se sobre seus cavalos à frente de seu corpo militar. Guăn Hài apressou-se à frente. Tàishĭ Cí estava pronto à luta, mas Guān Yŭ deu início ao combate. Ele cavalgou à frente, e as duas montarias encontraram-se. Os soldados produziam grande barulho. Após alguns golpes, ascendeu e descendeu o sabre verdejante do dragão de Guān Yŭ; com o golpe, foi-se o líder rebelde ao chão.

45. Foi este o sinal para que Zhāng Fēi e Tàishĭ Cí também participassem, e avançaram eles lado a lado. Lanças em riste, arremeteram eles contra o inimigo, e Liú Bèi urgiu à frente seus homens. O Governador sitiado observava seus bravos libertadores, a conter os rebeldes como tigres entre um rebalho de ovelhas. Ninguém os vencia, e então Kŏng Róng enviou seu próprio exército à linha de batalha, para com isto estivessem os rebeldes entre dois exércitos. A força dos rebeldes estava completamente rompida e diversas tropas renderam-se, enquanto as demais debandaram-se por todas as direções.

46. Os vitoriosos foram recebidos na cidade e um banquete foi preparado em sua honra.

Mí Zhú foi apresentado a Liú Bèi; relatou a ele a história do assassinato de Cáo Sōng por Zhāng Kăi, o ataque vingativo de Cáo Cāo a Xuzhou e sua vinda, a suplicar por assistência.

47. Liú Bèi disse: “O Protetor Imperial Táo Qiān é homem gentil de alto caráter, e é pena que sofra estes males por não ser ele culpado por nada.”.

48. “Sois vós descendente da família imperial,”, disse o Governador Kŏng Róng, “e está Cáo Cāo causando dano ao povo; um homem forte, a abusar de sua força. Por quê não seguir comigo, a fim de salvar os que padecem?”.

49. “Não ouso eu recusar; mas são fracas minhas forças militares, e devo agir com cautela.”.

50. “Embora meu desejo em ampará-lo surja por conta de antiga amizade, de toda forma é isto um ato correto. Não acredito que vosso coração não esteja inclinado ao correto.”, disse

Kŏng Róng.

51. Liú Bèi disse: “Sendo assim, ide primeiro e dai-me tempo a encontrar-me com Gōngsūn Zàn, de quem tomarei emprestado mais tropas e cavalos. Retornarei em breve.”.

52. “”Não rompereis vossa promessa?”, disse o Governador.

53. “Que tipo de homem pensas tu que sou?”, disse Liú Bèi. “O Sábio disse: 'É a Morte comum a todos; aquele sem a Verdade não pode manter seu Ser.'. Consiga ou não as tropas, certamente virei pessoalmente.”.

54. O plano foi então assentado. Mí Zhú preparava-se para retornar, enquanto Kŏng Róng preparava-se para sua expedição.

55. Tàishĭ Cí preparava-se também para partir, a dizer: “Minha mãe ordenou que viesse a vosso auxílio, e agora, felizmente, estais salvo. Chegaram-me cartas de meu companheiro de vila, Liú Yóu, Protetor Imperial de Yangzhou, a chamar-me; preciso partir. Encontrar-nos-emos novamente.”

56. Kŏng Róng ofereceu recompensas a Tàishĭ Cí, mas ele nada aceitou e partiu. Quando sua mãe o encontrou, estava ela satisfeita por seu sucesso e dizia que estava grata por ter sido capaz de provar sua gratidão. Após isto, partiram para Yangzhou. 57. Liú Bèi partiu em direção a seu amigo Gōngsūn Zàn e, a ele, expôs seu desígnio em auxiliar Xuzhou.

58. “Tu e Cáo Cāo não sois inimigos. Por quê então desgastar-se em prol de outrém?” 59. “Eu o prometi,”, respondeu-lhe Liú Bèi, “e não ouso quebrar a promessa.”. 60. “Emprestarei a ti dois mil cavalos e tropas.”, disse Gōngsūn Zàn.

61. “Gostaria eu também de contar com os serviços de Zhào Yún”, disse Liú Bèi. 62. Gōngsūn Zàn aquiesceu com isto também. Marcharam eles: as tropas de Liú Bèi à frente, e Zhào Yún, com as tropas emprestadas, à retaguarda.

63. Em tempo, retornou Mí Zhú, a dizer que Kŏng Róng também obtivera os préstimos de Liú Bèi. Chén Dēng, o outro mensageiro, retornou e relatou que Tien Kai também enviaria auxílio. O coração de Táo Qiān, então, acalmou-se um pouco. 64. Mas ambos os líderes, embora tivessem prometido auxílio, temiam por demais seu antagonista e montaram acampamento entre as colinas, a grande distância, temerosos

por se aproximarem demais das tropas de Cáo Cāo, que sabia da vinda daqueles exércitos e em duas partes dividiu seu exército em partes, a fim de os encontrarem, com isto a postergar o ataque à cidade.

65. Liú Bèi seguiu a ter com Kŏng Róng, que disse: “É o inimigo muito poderoso, e com grande habilidade lidera Cáo Cāo suas tropas. Devemos ter cautela. Façamos observações cautelosas, antes de executarmos qualquer golpe.”.

66. “Temo eu pela fome na cidade.”, disse Liú Bèi. “Eles não poderão resistir por muito tempo. Deixarei minhas tropas junto às tuas, sob vosso comando, e, acompanhado por Zhāng Fēi, arremeteremos contra os inimigos, a abrir com isto caminho e seguir a ter com Táo Qiān.”

67. Aprovou Kŏng Róng este plano; ele e Tien Kai tomaram suas posições à formação chifre-de-boi, com Guān Yŭ e Zhào Yún posicionados em ambos os lados, a fim de ampará-los.

68. Logo que Liú Bèi e Zhāng Fēi, a liderar mil tropas, arremeteram contra o exército de Cáo Cāo, conseguiram avançar tão à frente quanto a distância de seu acampamento quando, então, ergueu-se ao ar grande rufar de tambores, e cavalos e tropas agitavam-se como vagas no oceano. Seu líder era Yú Jìn.

69. Yú Jìn avistou sua montaria e exclamou: “Loucos de lugar algum!, aonde ides?”. 70. Zhāng Fēi escutara Yú Jìn, mas não lhe deu resposta. Ele apenas cavalgou à frente, a fim de atacar aquele que falara. Após trocados alguns golpes, acenou Liú Bèi com suas duas espadas, como sinal para que suas tropas marchassem. Elas bloquearam a via de Yú Jìn, que então estava à sua frente. Zhāng Fēi conduziu a perseguição e, enquanto o fazia, chegou às muralhas da cidade.

71. Avistavam da muralha os sitiantes um gigantesco estandarte, com os dizeres Liú Bèi de Pingyuan bordados em cor branca, e o Protetor Imperial ordenou que fossem abertos os portões, a fim de garantir a entrada daqueles que vieram ao resgate. Liú Bèi foi muito bem recebido, conduzido à residência, e em sua honra foi preparado um banquete. Os soldados também banquetearam.

72. Táo Qiān estava encantado com Liú Bèi, a admirirar sua aparência de alto espírito e claro discurso. Táo Qiān ordenou a Mí Zhú que oferecesse o selo e a insígina do cargo de protetorado. Mas Liú Bèi encolheu-se, assustado.

73. “Quê significa isto?”, disse Liú Bèi.

74. Táo Qiān disse: “Há problemas por todos os lados, e as regras da regência não são mais mantidas. Vós, Senhor, sois membro da Família Imperial e eminentemente apto a

apoiá-Los, e às Suas prerrogativas. Estou à margem da senilidade, e desejo aposentar- me em vosso favor. Vos rogo: não recusai, e relatarei minhas ações à Corte.”.

75. Liú Bèi ergueu-se de seu assento e curvou-se à frente de seu anfitrião, dizendo: “Posso eu ser descendente da Família Imperial, mas é meu mérito pequeno e minhas virtudes, parcas. Duvido eu de minhas aptidões ante até esta presente empresa, e apenas o sentimento de fazer o correto enviou-me ao teu auxílio. Ouvir tal discurso faz-me titubear. Certamente pensais que vim com ambição em meu coração. Que os Céus não mais me amparem, caso tenha eu tais pensamentos.”.

76. “É o verdadeiro sentimento de um pobre e velho homem.”, disse Táo Qiān. 77. De tempos em tempos renovava Táo Qiān sua oferta, conferir a região de Xuzhou a Liú Bèi, mas mantinha este sua recusa.

78. Ao meio disto surgiu Mí Zhú, a dizer: “Os inimigos alcançam as muralhas, e algo deve ser empregado a fim de os repelir. Pode esse assunto aguardar momento mais tranquilo.”.

79. Disse Liú Bèi: “Escreverei a Cáo Cāo, a pressioná-lo a acabar com o cerco. Caso recuse, atacaremos sem demora.”

80. Foram enviadas ordens aos três campos, a fim de permanecerem inertes até que a carta chegasse às mãos de Cáo Cāo.

81. Cáo Cāo estava reunido em conselho no momento em que foi anunciado o mensageiro, com uma carta de guerra. Ela foi levada e entregue a ele e, tão-logo a abriu, pôde perceber ser ela de Liú Bèi.

83. Era esta a carta, em modo muito aproximado:

84. “Desde nosso encontro, próximo à Passagem, designou-nos o Destino por diferentes partes do mundo, e não fui eu capaz de vos prestar meus devidos respeitos. Ao que toca à morte de vosso nobre pai, foi isto devido à natureza viciosa de Zhāng Kăi, e disto não há culpa por parte de Táo Qiān. Agora, enquanto perturbam as terras os remanescentes dos Turbantes Amarelos, e enquanto os partidários de Dŏng Zhūo mantêm suas mãos sobre a Capital, desejo que vós, Ilustre Senhor, considerais a crítica posição da Corte acima de vossas contendas pessoais, e então retirais vossas tropas do ataque a Xuzhou, ao resgate do Estado. Tal gesto traria a felicidade àquela cidade e a todo o Império.”.

85. Cáo Cāo deu vazão a uma torrente de insultos: “Quem pensa ser este Liú Bèi, a ousar escrever-me e urgir-me? Além disso, é ele satírico.”.

86. Cáo Cāo despachou ordens a fim de deitar à morte o portador da carta e a exercer maior pressão em seu cerco.

87. Mas Guō Jiā divergiu, dizendo: “Veio Liú Bèi de muito longe, a fim de auxiliar Táo Qiān, e está empregando ele primeiramente a polidez, antes de apelar às armas; rogo a ti, meu senhor, responde com palavras justas, e seu coração será com isto apascentado por sentimento de segurança. Então, ataca com vigor e a cidade sucumbirá.”.

88. Cáo Cāo viu neste um bom conselho, e então poupou o mensageiro, ordenando a ele que aguardasse a fim de despachar resposta. Enquanto ocorria isto, veio-lhes um cavaleiro, portando infortunadas novas: “Lu Bu invadiu Yanzhou, e agora mantém Puyang. As três demais regiões, Juancheng, Fanxia e Dongjun, encontram-se sob severo ataque.”.

89. Quando sucederam Lĭ Jué e Guō Sì, os dois partidários de Dŏng Zhūo, em seus ataques à Capital, fugiu Lǚ Bù rumo a Yuán Shù; este, porém, observou-o apenas de soslaio por sua instabilidade, e recusou-se a recebê-lo. Lǚ Bù, então, seguiu a Yuán Shào, irmão de Yuán Shù; este aceitou o guerreiro, e fez uso de si em um ataque a Zhāng Yān, em Changshan. Seu sucesso, porém, encheu-o de orgulho; seu comportamento arrogante incomodou tanto os demais comandantes a ponto de Yuán Shào desejar aniquilar Lǚ Bù. Para escapar deste destino, fugiu Lǚ Bù para Zhāng Yáng, Governador de Shangdang, o qual aceitou seus préstimos.

No documento Romance Dos Três Reinos - V0.14 (páginas 79-87)