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EXPERIMENTAL E PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

6.2. C ARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA A PARTIR DA ANAMNESE

Foi construído um questionário para recolha de dados mnésicos, adaptado às necessidades do presente estudo, que teve como base o protocolo de anamnese desenvolvido por Lousada (2012) e o questionário de Fox, Dodd e Howard (2002). Este é constituído por perguntas abertas e fechadas, de forma a dar maior liberdade de resposta aos pais/cuidadores da criança (Smit, 2004). Deste modo, os principais aspectos contemplados neste protocolo de anamnese foram: identificação da criança; antecedentes familiares; história clínica; desenvolvimento psicomotor; desenvolvimento da linguagem; escolaridade; socialização (Apêndice I).

Os dados obtidos através de um protocolo de anamnese fornecem informação importante sobre a criança, a família e o meio escolar, o que permite uma contextualização dos dados recolhidos na avaliação. É fundamental que exista uma interpretação adequada de todos os dados obtidos, na medida em que a intervenção terapêutica se baseia também nesta interpretação, sendo essencial compreender as relações existentes entre os vários tipos de dados. (Acosta, 2004; Dodd, 2004; Smit, 2004; Marchesan, 2004; Bowen, 2015).

6.2.1. Caracterização do GE1

Todos os dados mnésicos foram obtidos através das progenitoras das crianças, nas instalações do serviço de ORL do CHBA. Neste grupo, o historial de otites iniciou-se antes do 1º ano de vida das crianças.

No quadro abaixo, é apresentada a caracterização das crianças do grupo experimental 1 (GE1).

Quadro 39 - Caracterização das crianças do GE1 obtida através do protocolo de anamnese (Maio, 2012) Identificação da criança CL GJ GS Data de nascimento 11/10/07 21/12/07 13/11/06 Idade (anos e meses) 4;7 4;5 5;7

Naturalidade Portimão Portimão Portimão

Residência Portimão Portimão Portimão

Escolaridade da mãe

6ºano 9ºano 12ºano

Antecedentes familiares

Ausência Ausência Ausência

História pré, peri e pós-natal 39 semanas de gestação Não foi amamentada 39 semanas de gestação Amamentação nos 1ºs 15 dias 40 semanas de gestação Amamentação até ao 3º mês História clínica 6 hospitalizações

devido a afecção das vias respiratórias

5 hospitalizações devido a afecção das vias

respiratórias

4 hospitalizações devido a afecção das vias

respiratórias Início do historial

de otites

Aos 3 meses Aos 4 meses Aos 6 meses

Desenvolvimento psicomotor

Adequado Adequado Adequado

Desenvolvimento da linguagem

“começou a falar tarde e ainda é muito trapalhona”

“ninguém percebia nada do que dizia”

“tem uma forma de falar diferente da dos outros

meninos” Escolaridade e Socialização Ingresso no JI aos 6 meses Educadora refere dificuldades de atenção. Necessidade de repetir muitas vezes o mesmo enunciado. Ingressou no JI aos 3 meses

Tendência para birras e brigas com os colegas. Dificuldade de atenção. Necessidade de repetir muitas vezes a mesma coisa. Ouve sempre a

televisão muito alto.

Ingressou no JI aos 9 meses.

Quando é gozado pelos colegas torna-se violento.

Ouve sempre a televisão muito alto.

As crianças do GE1 encontram-se entre os 4;5 e os 5;7 anos, todos vivem num meio citadino da região do Barlavento Algarvio. Todas as crianças são naturais e residentes em Portimão. O nível de escolaridade das mães das crianças deste grupo varia entre o 6º e o 12º ano de escolaridade.

No que diz respeito aos antecedentes familiares relevantes, nenhuma apresenta historial familiar de patologia do ouvido médio. Todas as crianças nasceram de termo (após as 38 semanas de gestação), sem intercorrências durante os períodos pré, peri e pós-natais. Nenhuma das crianças fez amamentação natural para além do 3º mês de vida.

Os dados relativos à história clínica indicam que todas as crianças apresentaram episódios de hospitalizações durante os três primeiros anos de vida, devidas a afecção das vias respiratórias, nomeadamente com episódios de bronquiolites12 e

necessidade de cinesioterapia respiratória13. O início do historial das otites

remonta aos primeiros meses de vida, o que, segundo os pais, esteve directamente relacionado com os episódios das infecções respiratórias superiores.

Quanto ao desenvolvimento psicomotor, este foi considerado adequado para todas as crianças deste grupo. Todas as mães referiram algum tipo de constrangimento face ao desenvolvimento linguístico dos seus filhos. As principais características referidas a este nível prendem-se com o facto de as crianças terem começado a falar mais tarde, tendo as pessoas dificuldade em compreendê-las.

O parâmetro relativo aos aspectos da escolaridade e socialização indica que todas as crianças deste grupo ingressaram no Jardim de Infância (JI) antes do 1º ano de vida. É frequente a referência a: queixas de falta de atenção, por parte da educadora e da mãe; necessidade de repetir muitas vezes o mesmo enunciado para que a criança o compreenda; necessidade de colocar o som da televisão numa intensidade mais elevada.

6.2.2. Caracterização do Grupo Experimental 2 (GE2)

As informações do GE2 foram obtidas de forma idêntica à apresentada anteriormente para o GE1.

De seguida, é apresentado um quadro síntese com as principais informações retiradas do protocolo de anamnese realizado a este grupo de estudo. Como referido, neste grupo, o início do historial de otites ocorreu após os 3;0 anos de idade.

12 Bronquiolite é a afecção respiratória aguda mais frequente e a principal causa de hospitalização

nas crianças nos primeiros dois anos de vida. Ocorre quando as vias aéreas mais estreitas dos pulmões, chamados bronquíolos, ficam inflamadas e acumulam muco.

13 Consiste no conjunto de métodos cinesioterapêuticos que visam a recuperação da função

Quadro 40 - Caracterização das crianças do GE2 obtida através do protocolo de anamnese (Maio, 2012) Identificação da criança CC CA MG Data de Nascimento 15/08/07 02/01/07 09/12/06 Idade (anos e meses) 4;9 5;4 5;6

Naturalidade Portimão Portimão Beja

Residência Silves Portimão Portimão

Escolaridade da mãe

9ºano 9ºano 12ºano

Antecedentes familiares

Ausência Ausência Ausência

História pré, peri e pós-natal 40 semanas de gestação Amamentação até ao 6º mês 39 semanas de gestação Amamentação até ao 1ºmês 38 semanas de gestação Amamentação até ao 4ºmês História clínica Alergias e

amigdalites

Sem aspectos relevantes a mencionar

Constipações frequentes Início do historial

de otites

Aos 3 anos Aos 4 anos Aos 3 anos

Desenvolvimento psicomotor

Adequado Adequado Adequado

Desenvolvimento da linguagem “é um pouco trapalhão a falar e às vezes come silábas” Adequado Adequado Escolaridade e Socialização Ingresso na creche aos 9 meses Birras frequentes

Ingresso na creche aos 5 meses

Sem aspectos relevantes a mencionar

Ingresso na creche aos 5 meses

Sem aspectos relevantes a mencionar

À semelhança do grupo anterior, as crianças do GE2 residem num meio citadino, sendo a maior parte natural e residente em Portimão. A escolaridade das mães das crianças varia entre o 9º e o 12º ano de escolaridade. Verifica-se, ainda, a ausência de antecedentes familiares de patologia do ouvido médio. Para além disso, não existem crianças nascidas prematuramente, não havendo igualmente dados relevantes quanto a eventuais dificuldades durante os períodos pré, peri e pós- natais. São referidos episódios de amigdalites e constipações no que diz respeito ao historial clínico. Neste grupo, não são referidas alterações no desenvolvimento psicomotor nem no desenvolvimento linguístico, tendo as mães considerado que os seus filhos tiveram um desenvolvimento adequado a estes níveis. Apenas uma mãe refere algum compromisso no desenvolvimento linguístico do seu filho. Todas as crianças deste grupo ingressaram no JI antes de completarem o 1º ano de vida.

Não são referidas dificuldades de socialização e interacção, com excepção da criança CC, cuja mãe refere a ocorrência de birras constantes.

6.2.3. Caracterização do Grupo de Controlo (GC)

As informações mnésicas relativas ao GC foram recolhidas na instituição Lar da

Criança, junto das progenitoras das crianças.

No quadro abaixo, é apresentado um resumo das informações recolhidas.

Quadro 41 - Caracterização das crianças do GC obtida através do protocolo de anamnese (Maio, 2012)

Identificação da criança DC GT PO

Data de Nascimento 19/10/07 06/07/07 12/11/07

Idade (anos e meses) 4;7 5;2 5;6

Naturalidade Portimão Portimão Aveiro

Residência Portimão Monchique Portimão

Escolaridade da mãe 9ªano 9º ano 12ºano

Antecedentes familiares Ausência Ausência Ausência

História pré, peri e pós- natal 39 semanas de gestação Amamentação até ao 6º mês 38 semanas de gestação Amamentação até ao 5ºmês 39 semanas de gestação Amamentação até ao 11º mês História clínica Sem relevância Sem relevância Operado à vista por

estrabismo Desenvolvimento

psicomotor

Adequado Adequado Adequado

Desenvolvimento da linguagem

Adequado Adequado Adequado

Escolaridade e Socialização

Ingresso na creche aos 6 meses Ingresso na creche aos 6 meses. Sem aspectos relevantes a mencionar Ingresso na creche aos 4 meses Sem aspectos relevantes a mencionar

Como se pode verificar, a amostra do GC, à semelhança da amostra do GE1 e do GE2, é constituída por crianças que respeitam a faixa etária definida nos critérios de inclusão, nascidas entre as 38 e as 39 semanas de gestação, e, na sua maioria, residentes em Portimão. O nível de escolaridade das mães destas crianças varia entre o 9º ano e o 12º ano de escolaridade. Todas as crianças foram amamentadas nos primeiros meses de vida, tendo ingressado na creche entre os 0;4 e os 0;6 meses de idade. Não são referidos dados relevantes relativamente a antecedentes

familiares de historial de patologia do ouvido médio ou outras patologias que pudessem comprometer o seu desenvolvimento motor, cognitivo e social. Também não são referidos constrangimentos ao nível do período pré, peri e pós-natal, bem como ao nível do desenvolvimento psicomotor, linguístico e social.

6.3.

C

ARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DE ACORDO COM OS RESULTADOS DA