• Nenhum resultado encontrado

FALA SOBRE O ATENDIMENTO DE CRIANÇAS COM HISTORIAL DE OMD

4.3. D ESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

Foram obtidas um total de 107 respostas durante o mês de divulgação, correspondendo este valor a 6,57% dos TF em Portugal, tendo por base as 1628 cédulas profissionais emitidas até 09/2012 (Paixão, 2012). Os resultados obtidos foram sujeitos a análise através da estatística descritiva.

Seguidamente, são apresentados os resultados obtidos para cada questão, expressos em percentagem. O Quadro 16, apresenta os resultados da primeira questão colocada: Tem crianças em atendimento com historial de otites médias?

Quadro 16 - Respostas para: Tem crianças em atendimento com historial de otites médias? n=107

Resposta Valor expresso em %

Sim 96,34

Não dispondo em Portugal de dados sobre a prevalência e a incidência de perturbações de linguagem e/ou fala causadas por OM, os resultados obtidos na primeira questão vêm demonstrar que existe uma percentagem elevada (96,34%) TF que têm em intervenção crianças com historial de OM. Note-se que as OM constituem a patologia mais frequente em crianças (Dhooge, 2003), sendo uma das infecções mais frequentes do tracto respiratório superior (Bluestone & Klein, 2004) e uma das principais causas de visitas às urgências hospitalares (Pereira & Ramos, 1998; Alaerts & Wouters, 2007; Ruah & Ruah, 2010).

Como foi possível observar no Capítulo 1 da presente investigação(Cf. secção 1.8. ), tendo em conta que as crianças com OM são frequentemente sujeitas a cirurgia, interessou-nos verificar se estas afirmações, provenientes da literatura internacional, eram corroboradas no panorama nacional, relativamente às crianças com OM em atendimento em Terapia da Fala. Através do quadro abaixo encontram-se os resultados obtidos para a questão: Tem crianças em atendimento

com historial de otites médias sujeitas a cirurgia para colocação de tubos de ventilação trans-timpânicos?

Quadro 17 - Respostas para: Tem crianças em atendimento com historial de otites médias sujeitas a cirurgia para colocação de tubos de ventilação trans-timpânicos? n=100

Resposta Valor expresso em %

Sim 87,7

Não 12,3

De igual forma, é possível perceber que a miringotomia com colocação de TVTT, constitui um procedimento cirúrgico amplamente utilizado neste tipo de patologias, com uma percentagem igualmente elevada de crianças submetidas a esta cirurgia (87,7%). Salienta-se que houve indicação de que as crianças que não foram sujeitas a esta cirurgia se encontravam em listas de espera para realização da mesma, num total de 11% dos 12,3% dos questionários com resposta não à segunda questão.

Importou também, saber qual é a principal faixa etária em que se realiza este procedimento cirúrgico, de forma a perceber qual a idade mais relevante para estudar o impacto desta cirurgia em aspectos relacionados com o desenvolvimento

linguístico. O Quadro 18 dá conta dos resultados obtidos para a questão: Em que

idades é que se realizaram essas cirurgias?

Quadro 18 - Respostas para: Em que idades é que se realizaram essas cirurgias? n=87

Resposta Valor expresso em %

Antes dos 3 anos 13,7

Entre os 3 e os 6 anos 72,6

Após os 6 anos 1,1

Não sei 12,6

Outro 0

Os resultados acima apresentados demonstraram que a faixa etária entre os 3;0- 6;0 anos é a preferencial para a realização desta cirurgia, com 72,6% de respostas. Uma vez que, na maior parte dos casos, as crianças chegam à consulta de Terapia da Fala encaminhadas por alguém, interessou-nos conhecer quais os principais intervenientes no processo de detecção de eventuais dificuldades ao nível da comunicação/linguagem/fala que tenham motivado o encaminhamento destas crianças para esta resposta terapêutica. Os resultados obtidos para a questão -

Quem é o principal interveniente no encaminhamento destas crianças para a Terapia da Fala? - apresentam-se de seguida.

Quadro 19 - Respostas para: Quem é o principal interveniente no encaminhamento destas crianças para a Terapia da Fala? n=87

Resposta Valor expresso em %

Médico ORL 23,5 Médico de família 4,1 Pediatra 14,3 Educador/Professor 44,9 Pais 13,3 Outro 0

Através do Quadro 19, é possível verificar que são sobretudo os educadores/professores os principais agentes deste processo, com 44,9% das respostas dadas, seguidos dos médicos ORL, com 23,5%. Os médicos de família são os profissionais que menos encaminham estas crianças para a consulta de Terapia da Fala. Pais e pediatras apresentam uma percentagem muito semelhante no encaminhamento para a Terapia da Fala (com 13,3% e 14,3%, respectivamente).

A aquisição linguística, apesar de ser frequentemente referenciada como um conceito geral, envolve vários sub-sistemas, sendo os seguintes os normalmente referenciados na prática clínica: a semântica, a morfologia, a sintaxe, a pragmática e a fonologia (Sim-Sim, 1998; Mota, 2004). A questão que se segue teve como objectivo saber se o TF é capaz de definir uma componente gramatical específica como a mais alterada neste tipo de crianças.

Quadro 20 - Respostas para: Em que domínio linguístico se encontram as principais alterações destas crianças? n=87

Resposta Valor expresso em %

Fonologia 84

Semântica 2

Morfossintaxe 10

Pragmática 0

Todos de igual forma 3

Outro 1

Os resultados a esta questão foram inequívocos, com a fonologia a apresentar um total de 84% das respostas, destacando-se fortemente como a componente linguística mais alterada em crianças com OM.

Não são documentadas alterações ao nível pragmático, sendo a componente lexical também pouco referida (2%). Apenas 3% das respostas afirmam que todas as componentes se encontram afectadas de igual forma. Na opção Outro, 1% respondeu ser a fonologia e morfossintaxe as componentes mais alteradas.

No sentido de compreender de que forma a componente fonológica estaria afectada, colocou-se a seguinte questão:No caso das alterações ao nível fonológico, qual a classe de sons que se encontra frequentemente mais alterada?

Quadro 21 - Respostas para: No caso das alterações ao nível fonológico, qual a classe de sons que se encontra frequentemente mais alterada? n=87

Resposta Valor expresso em %

Oclusivas 6,1

Fricativas 27,3

Líquidas laterais 4

Líquidas vibrantes 4

Fricativas e líquidas 48,5

Todos de igual forma 10,1

Outro 0

As respostas obtidas demonstraram que a classe das fricativas e a das líquidas são as mais afectadas. Apenas 6,1% refere a classe das oclusivas, sendo que 10% dos inquiridos refere que todas as classes se encontram afectadas de igual forma. Dada a importância da intervenção precoce, a última pergunta deste questionário pretendeu saber se - Atendendo à importância de uma intervenção o mais cedo

possível, considera que estas crianças chegam precocemente para intervenção em Terapia da Fala?

Quadro 22 - Respostas para: Atendendo à importância de uma intervenção o mais cedo possível, considera que estas crianças chegam precocemente para intervenção em Terapia da Fala? n=87

Resposta Valor expresso em %

Sim 22,2

Não 73,8

Outro 4

A maioria considera que estas crianças ainda não chegam precocemente para intervenção (73,8%). Importa realçar que 4% das respostas indicou a opção Outro, referindo que consideram que as crianças chegam cada vez mais precocemente para intervenção, mas que, no entanto, há ainda que alertar a comunidade médica para a necessidade de encaminhar as crianças para uma avaliação pormenorizada em Terapia da Fala.