No começo de 1970, na esteira da aproximação entre a Comissão Fulbright e a Capes, se propunha no Conselho Diretor da Fulbright a confecção de folheto informativo com a agência acerca das oportunidades educacionais para os brasileiros nos Estados Unidos, e a realização de simpósios conjuntos (Fulbright Commission, 1970b). Em novembro daquele ano, o novo dirigente da Capes entrou para o Conselho Diretor da Comissão Fulbright, o Professor Celso Barroso Leite. Por aquele momento, se iniciou o debate no Conselho acerca da continuação do apoio da Comissão Fulbright às Ciências Naturais e à Fı́sica - também apoiadas pelo governo brasileiro e por agências estrangeiras, especialmente da França 156 e da Alemanha ,157 paı́ses com os quais o Brasil tinha acordos expressos de cooperação técnica e cientı́ ica158 - ou se a Comissão deveria se especializar nas Ciências Sociais, Humanidades e Artes. Na leitura do presidente do Conselho Diretor, essas últimas
156 Com a França, o Brasil havia assinado um Acordo Cultural em 1948, e um Acordo de Cooperação
Técnica e Científica em 16 de janeiro de 1967, o qual no intuito de estreitar as relações bilaterais, estabelecia a cooperação nos “campos da pesquisa científica, da formação de quadros administrativos e técnicos, do desenvolvimento econômico e social, na base do financiamento comum”, e a repartição dos gastos em convênio posterior, entre outros aspectos (Brasil, 1967). O Acordo com a França em 1967 fundamentaria o acordo assinado entre o Centre National de La Recherche Scientifique com o CNPq voltado à pesquisa básica, e o Acordo Básico de Cooperação Interuniversitária, assinado entre os dois países em 1978, estabelecendo o Programa Capes-Cofecub (Aveiro, 2016). Com os franceses, a tecnicidade introduzia a cooperação científica e universitária no Brasil (Martinière, 1999 apud Aveiro, 2016: 141).
157No tocante à Alemanha, cabe mencionar que no ano anterior, em 9 junho de 1969, o Brasil e a Alemanha
tinham assinado um acordo cultural, denominado posteriormente de Acordo Geral sobre Cooperação nos Setores de Pesquisa Científica e do Desenvolvimento Tecnológico, o qual entraria em vigor em 1970, na esteira da cooperação, compreensão mútua e em um espírito de amizade, e determinava o intercâmbio educacional, cultural e científico entre alemães e brasileiros. A base era estimular as relações entre as universidades de cada país e outras instituições científicas e de ensino superior; conceder bolsas de estudos para pós-graduandos, pesquisadores, cientistas, profissionais e artistas; além de estimular e facilitar o intercâmbio de publicações e documentos, e a organização de empreendimentos culturais de um país no outro (Brasil, 1969). Esse Acordo de 1969 concederia lastro à assinatura do convênio entre a Capes e o DAAD em 1985, o que viria a estabelecer programas de intercâmbio conjuntos para a concessão de bolsas a docentes-pesquisadores e estudantes de pós-graduação brasileiros e alemães.
158 O Brasil assinaria um acordo de cooperação científica com os Estados Unidos em 1971, no campo da
ciência, em separado da cultura e educação, que embasaria o Acordo Relativo à Cooperação em Ciência e Tecnologia, assinado entre as partes em 1984, e destinado a atender cientistas e engenheiros (Brasil, 1984).
áreas eram as que melhor atendiam ao propósito do Programa Fulbright (Fulbright Commission, 1970d).
O resultado de debate levantado foi que para o ano de 1972 não haveria mais apoios para professores norte-americanos nas áreas das Ciências Naturais e Fı́sica virem ao Brasil, aos brasileiros permaneceriam os apoios somente para pós-graduação ou pesquisa. Todavia, seria aberta a oportunidade para especialistas americanos das áreas de artes plásticas e de performance virem ao Brasil, entendido que intelectuais e pro issionais dos campos do ballet, cinema, pintura, música e teatro tinham sido negligenciados pelo Programa no Brasil, e tampouco recebiam qualquer tipo de apoio (Fulbright Commission, 1970e). Ademais, recorda-se que o apoio às Artes era uma das bases do Programa Fulbright estabelecida pelo Board of Foreign Scholarships ainda na década de 1950. Os apoios aos seminários de literatura americana no Brasil, as bolsas para o ensino e didática do inglês, os apoios majoritários às Ciências Sociais e Humanidades, o mérito e a atenção à distribuição geográ ica dos contemplados continuaram na pauta do Programa.
Ao inal de 1971, novo corte no orçamento do Programa Fulbright foi anunciado. Aquela altura, já era percebido no meio internacional que os paı́ses os quais tinham assinado acordos de co inanciamento no âmbito do Programa estavam mantendo sua viabilidade, ao contrário daqueles onde o Programa era custeado somente pelos Estados Unidos (Fulbright Commission, 1971a). Do lado brasileiro, o MEC informava que o acordo de co inanciamento estava em estudo (Fulbright Commission, 1971b). No ano seguinte, na Comissão existia o entendimento de que a cooperação com o Brasil permitiria a expansão dos fundos do Programa; outrossim, poderia haver uma composição de projetos independentes, onde as áreas de interesse norte-americano seriam atendidas, com outros que atendessem as prioridades brasileiras, especialmente em ciência e tecnologia (Fulbright Commission, 1972b).
No inal de março de 1974 a sede da Comissão Fulbright foi transferida do Rio de Janeiro para Brası́lia, precisamente para o edifı́cio da Casa Thomas Jefferson - algo de inido como “ a rather traumatic experience for the Commission ” (Fulbright
Commission, 1974a), a despeito do apoio da USIS e da Embaixada em Brası́lia. A
referência ocorreu porque nenhum membro da equipe do Rio de Janeiro foi
transferido para a Capital federal, e o trabalho teve que ser continuado com nova
equipe, novo secretário-executivo, novos membros no Conselho Diretor,
especialmente do lado norte-americano. Do lado brasileiro, estreava também Darcy
Closs, à época novo dirigente da Capes, o qual ocuparia o cargo até 1979. Entretanto,
cabe frisar que na ocasião, houve o entendimento de que a transferência para a
Capital seria uma boa oportunidade para a Comissão estar mais perto da
administração central, demais setores do governo e autoridades, assim como da
Embaixada dos Estados Unidos, e da Capes - a qual foi transferida para Brası́lia em
1970, e era vista como “a principal agência brasileira para o aperfeiçoamento do nı́vel
superior”. O momento também era positivo dada a percepção por parte da Comissão,
do intenso interesse brasileiro em desenvolver programas de pós-graduação nas
universidades naquela década (Fulbright Commission, 1974a). Em outra ponta, naquele ano de 1974, na falta do suporte inanceiro brasileiro
- apesar das recorrentes manifestações de agentes governamentais sobre o interesse
de um possı́vel acordo - se constatava que o Governo dos Estados Unidos e a
Comissão Fulbright no Brasil somente poderiam contar com seus próprios fundos,
sem expectativas de expansão do Programa no Paı́s nos próximos anos (Fulbright
Commission, 1974b, 1974c). Em resposta a essas restrições orçamentárias no
segundo semestre, o presidente do Conselho Diretor propôs o desenvolvimento de
um programa suplementar com atividades e projetos de interesses brasileiros, o qual
poderia ser apresentado a representantes do MEC, MRE e da Subsecretaria de
Cooperação Econômica e Técnica Internacional (SUBIN) do Ministério do
Planejamento . Com isso, o Programa Fulbright ganharia adeptos e defensores159
espalhados pela Esplanada dos Ministérios, escapando da seara técnica da área de
Educação. 159Conforme o Decreto n. 65476/1969, a SUBIN era a instância do Ministério do Planejamento que, ao lado
da Divisão de Cooperação Técnica do MRE, se ocupava formalmente dos programas de cooperação técnica
internacional. Enquanto a Divisão do MRE negociava os instrumentos competentes, a SUBIN coordenava a
execução no plano global do governo. Entre as atividades da Subsecretaria estavam a análise, aprovação e acompanhamento dos projetos de cooperação técnica (Agência Brasileira de Cooperação, 2017).
Na esteira da elaboração daquele programa suplementar, o Dr. Lindolpho Dias
- outro membro brasileiro entusiasta da cooperação e atuante até os anos 2000 -
160 sugeriu que outras áreas nos campos da C&T poderiam ser bene iciadas, além
daquelas que o governo brasileiro vinha apoiando diretamente. Ademais, o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientı́ ico e Tecnológico (CNPq) deveria ser chamado
para possı́veis composições. Do lado dos membros brasileiros, havia igualmente a
leitura de que a Comissão, como uma organização binacional, poderia responder
concomitantemente às prioridades americanas e brasileiras. Do lado norte-americano, seria solicitado igualmente o apoio da USAID, IIE e do Council for
International Exchange of Scholars (CIES)161 para veri icar o atendimento de um
possı́vel programa com o Brasil (Fulbright Commission, 1974d). Desse modo, um
subcomitê foi criado em dezembro de 1974 para elaborar um plano de aproximação
com agências governamentais brasileiras em projetos colaborativos, considerando
que desde o inı́cio da década de 1970, era registrado pela Comissão o crescimento
nos acordos de custeamento parcial das passagens dos dependentes de professores
americanos, que viriam lecionar no Brasil sob o Programa Fulbright, com as
universidades brasileiras, como USP e Universidade Federal do Rio de Janeiro,
(Fulbright Commission, 1972a). No primeiro semestre de 1975, os diálogos com a Capes e a SUBIN acerca da
cooperação com o Brasil continuaram, todavia com maior vigor dada a entrada do
Professor Darcy Closs, outro entusiasta da cooperação entre o Brasil e os Estados
Unidos, dentro das possibilidades do Programa Fulbright, dada sua compreensão de
que isso poderia bene iciar os esforços brasileiros em fortalecer e ampliar os
programas de pós-graduação no Paı́s (Fulbright Commission, 1974a) 162. No perı́odo
160 Lindolpho Carvalho Dias, à época Diretor do IMPA, deu início a seus trabalhos como membro da
Comissão Fulbright no final de 1971, onde igualmente representou o CNPq, órgão no qual exerceu várias
funções como vice-presidente (1979-1980), e presidente (1993 a 1995). 161 Divisão do IIE que concede suporte no intercâmbio de palestrantes e pesquisadores, sendo responsável
pela triagem dos candidatos norte-americanos e pela administração do programa de intercâmbio voltado aos
palestrantes e pesquisadores estrangeiros (United States, Bureau of Educational and Cultural Affairs, 2011). 162 A gestão de Darcy Closs na Capes foi marcada pelo “ineditismo” e como uma “inédita ilha de
democratização” no período militar, com o objetivo de expandir a pós-graduação no Brasil. No período foi
criado o Sistema Nacional de Avaliação da Pós-Graduação; houve incentivo à criação das pró-reitorias de
pós-graduação nas IES brasileiras, modernizando a gestão das universidades; e deu-se início à modalidade
houve igualmente diálogos com o LASPAU ( Academic and Professional Programs for
the Americas ) a im de veri icar sua contribuição para o caso da assinatura de uma
cooperação bilateral mais arrojada. O LASPAU poderia auxiliar na seleção de
candidatos e na acomodação de brasileiros em instituições norte-americanas,
conforme interesses e áreas de atuação. Do lado brasileiro, se entendia que a Capes poderia pagar o transporte dos
bolsistas e o treinamento anterior em lı́ngua inglesa, quando necessário, e ainda
prestar assistência nas etapas de seleção (Fulbright Commission, 1975a,b). Para o
Programa de 1977, se mantinha a prioridade no campo das Humanidades,
especialmente Artes e Ciências Sociais, sob o discurso o icial de que não havia apoio
de outras agências nessas áreas. Entretanto, é necessário lembrar que essa
orientação sobre as áreas era uma das bases do Programa, um dos instrumentos da
diplomacia praticada por Washington, voltada à informação e educação de futuros
lı́deres intelectuais e polı́ticos, e à moldura de uma imagem positivamente
inspiradora dos Estados Unidos. No perı́odo, das atas de 1975 pode-se constatar a participação de
observadores da USIS por vezes nas reuniões do Conselho Diretor , assim como do 163
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Como muitos dos acertos e
decisões relacionados ao Programa eram feitos anteriormente em reuniões ou
diálogos fora dos encontros o iciais do Conselho 164 - sem registros nas atas, como foi
um custo reduzido, comparado ao de estudos integrais no exterior (Capes, 2014). No Conselho Diretor da
Comissão, o Professor Closs atuou como membro até o final de 1978. 163Essa presença se manteve por vezes até a década de 1990, e particularmente a partir do momento em que
o Programa Fulbright foi para a estrutura da USIA no Governo Carter - quando também representantes da
USIA passaram a estar como observadores nas reuniões do Conselho, e também eram indicados como
membros do Conselho (Fulbright Commission, 1998b). 164 Cabe ressaltar que parte deste trabalho foi construída com base em fontes primárias disponibilizadas pela Comissão Fulbright no Brasil, como atas e relatórios. Como mencionado, nesses documentos há
pouquíssima referência a possíveis divergências políticas entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos,
assim como um país percebia o outro. Há expectativa de que uma pesquisa mais apurada nos documentos do
Departamento de Estado norte-americano possam ser encontradas evidências da leitura de Washington sobre
Brasília em diversos aspectos, e particularmente no que tange a diplomacia cultural. Essa longa observação
deve-se ao registro de que somente no relatório anual da Comissão referente ao ano acadêmico de 1969-1970
foi encontrada uma referência sobre o momento da administração militar vivido pelo Brasil, cuja descrição
era de “um clima político” de contenção, mas com aparência de relativa tranquilidade, sem manifestações à
Reforma Universitária iniciada em 1968, com uma oposição pouco articulada, e com muitos estudantes,
o caso do incremento nas Artes para 1972 - acredita-se que a participação desses
observadores devia-se ao concerto entre entes públicos e privados que o governo
norte-americano já vinha fazendo recorrentemente, considerando as prioridades da
sua diplomacia cultural e os seus interesses precı́puos no Programa e nos acordos de
co inanciamento. Esses acordos, pois, além de possibilitarem a expansão do próprio
Programa Fulbright, podem ser entendidos como um instrumento estratégico para a
manutenção da in luência dos Estados Unidos sobre o sistema educacional brasileiro. No caso do Brasil, a presença de observadores nas reuniões da Comissão
Fulbright poderia ter razões múltiplas. Santomauro (2015) especula que a diplomacia
americana mantinha irme os propósitos de não permitir um novo crescimento da
in luência polı́tica e cultural europeia. Mas é bastante razoável supor que o momento
de crise vivido nas relações entre o Brasil e os Estados Unidos ao longo do governo
Ernesto Geisel (1974-1979) fez com que a diplomacia americana redobrasse os
cuidados no Paı́s, incrementando as ações que poderiam favorecer a projeção de
imagens positivas e cooperativas. Hirst lembra que Geisel adotou uma política de
afirmação autonomista (Hirst, 2006), causadora de antagonismos intensos em
determinadas agendas, como a de segurança . Naquele momento, o Governo 165
brasileiro não tinha interesse nas “amarras” internacionais contextualizadas em
arranjos como o que se con iguraria com a assinatura de novos acordos de
cooperação com os Estados Unidos. No caso concreto, se evitava reforçar a imagem
de que o Brasil se punha na condição de demandante da ajuda ou da cooperação
norte-americana, um claro sinal de fraqueza nas relações em vias de deterioração
rápida que se observava no momento. Por certo que isso repercutiu o igualmente no
contexto da cooperação educacional. O Brasil passava a ser o elo frágil da polı́tica
termo “contenção” provavelmente deveria se referir ao Ato Institucional Número 5, de 13 de dezembro de
1968, que entre outras ações limitou direitos civis e políticos. 165 A Brasília de Geisel optava pela autonomia e a não-adesão a compromissos internacionais, percebidos
notadamente da denúncia do Acordo Militar de 1952, que foi o ponto alto na escalada de tensão bilateral
iniciada com a cooperação nuclear com a RFA (1975) e ultimada com as denúncias relativas às infrações aos
direitos humanos. Havia, pois, o entendimento de que regimes dessa natureza propiciariam o crescente
“congelamento” do status quo do poder e da riqueza mundiais. Todo o conjunto levou à consideração por
parte dos norte-americanos de que a relação bilateral tinha alcançado seu “ low point ” em 1977 (United States House of Representatives, 1981).
norte-americana na América do Sul, e isso, evidentemente, teria consequências sobre
o desenvolvimento da cooperação educacional . Desse modo, infere-se que no campo da diplomacia cultural ou pública, os
Estados Unidos estavam atentos ao Brasil. Todavia, do lado brasileiro no Conselho
Diretor, pode-se observar nas intervenções feitas pelos membros que a magnitude do
Programa ou da diplomacia induzidos pelo governo estadunidense não eram
percebidas pelo governo brasileiro. O Programa Fulbright era visto realmente como
uma oportunidade de formação de recursos humanos, e a falta de interesse do Brasil
desde o inal da década de 1960 em não avançar de modo concreto uma cooperação
mais próxima com os Estados Unidos, nos termos deste, também estava implı́cita. Os
pequenos avanços nas conversações em geral ocorriam quando provocados pela
Comissão ou por iniciativas dos membros que representavam o Brasil. E provável que
a falta de interesse por parte de Brası́lia tanto se explique pelo pano de fundo maior,
em que se desenvolvem as relações polı́ticas bilaterais, quanto por questões
relacionadas com as priorizações estratégicas do Programa, como a questão da
prioridade Fulbright nas Humanidades. Essa variável ganha ainda mais realce quando
se considera que o Brasil vinha investindo decisivamente na formação de quadros
especializados em C&T na Europa, particularmente na Alemanha e na França . De 166
todo modo, pode-se também considerar que a ausência de vontade dos governos
militares em negociar ou aderir a acordos com os Estados Unidos viesse da falta de
interesse na prerrogativa estadunidense de decisão. Contudo, vale notar que na década de 1970, há um maior a inamento das
ações da Comissão Fulbright com outros atores como LASPAU, Capes e CNPq, a favor
de esforços em encontrar possibilidades para uma cooperação com o Brasil. A
despeito das divergências notáveis no plano polı́tico, a atuação no Conselho Diretor
de personalidades brasileiras que eram entusiastas do potencial da cooperação
166Com a França, o governo brasileiro oficializou a sua primeira parceria internacional no campo da C&T,
por meio da assinatura do Acordo Capes-Cofecub em 1978, destinado ao custeio de projetos e não a
concessão de bolsas individuais. A parceria evoluiu da tutela científica à simetria de cooperação, atendendo áreas das Ciências da Vida, Exatas e Tecnológicas Aveiro (2016).
educacional, a exemplo dos professores Darcy Closs, Diogo Lordello de Mello 167
e Lindolpho Carvalho Dias, deram certa estabilidade à atuação da Fulbright no Brasil.
Em 1978, o Professor Darcy Closs manifestou interesse na expansão do
programa U.S. Lecturer nas universidades brasileiras, e igualmente indicou que havia
fundos brasileiros disponı́veis para pagar professores estrangeiros nas IES
brasileiras, o que poderia gerar uma contrapartida norte-americana em preservar
dólares para custear estudantes brasileiros nos Estados Unidos. Com o apoio da
SUBIN poderia ser veri icado como adicionar aportes para aquele possı́vel
pagamento em cruzeiros a estrangeiros no Brasil (Fulbright Commission, 1978a).
Como resultado, icara estabelecido que uma proposta nos termos apresentados por
Closs seria preparada e encaminhada ao Departamento de Estados. Posteriormente,
veri icou-se que o arranjo não poderia ser feito devido à questão do visto dos
pesquisadores americanos Fulbright não permitir o pagamento brasileiro do que
viria a ser bolsas estadunidenses (Fulbright Commission, 1978b). Nesse contexto, com esse primeiro avanço em uma proposta aparentemente
factı́vel por parte do Brasil, outro importante ponto foi levantado, o qual viria a gerar
bastante controvérsia, até os anos 2000: o status jurı́dico da Comissão Fulbright no
Brasil. Em 1978, a SUBIN informou que por a Comissão não ser uma entidade privada
domiciliada no Brasil, nenhum arranjo de colaboração de fundos poderia ser feito
pela Capes ou pela própria SUBIN (Fulbright Commission, 1978b). Concomitantemente, naquele ano era percebido por membros do Conselho Diretor
que o Programa Fulbright estava se tornando pequeno para fazer face às demandas
do crescimento do parque universitário brasileiro e às ambições do desenvolvimento
cientı́ ico e tecnológico que poderiam ser inanciadas por essa via. Uma forma de
ampliá-lo seria por meio da busca de novas parcerias, principalmente, em momento
que aumentava o interesse de brasileiros em fazer o doutorado no exterior (Fulbright Commission, 1978c).
167 O Professor Mello atuou como membro da Comissão nas décadas de 1960 a 1970, e depois retornaria na
No im de 1978 se procedeu a uma consulta ampla às principais universidades
brasileiras sobre a polı́tica que a Comissão Fulbright vinha adotando de apoiar as
Humanidades, Artes e Ciências Sociais. O resultado desse levantamento, apresentado
no inı́cio de 1979, apontou a percepção geral de que os campos apoiados pela
Comissão não recebiam apoio do governo brasileiro, em particular Humanidades e
Artes. Isso justi icava a manutenção da prioridade da Comissão naquelas áreas, e