• Nenhum resultado encontrado

Quanto aos procedimentos metodológicos empregados na presente pesquisa, optamos pela análise documental. Na perspectiva de Oliveira (2007) e de Moreira (2005), essa análise possibilita ampliar o entendimento de objetos cuja compreensão necessita de contextualização histórica e sociocultural.

Os documentos são registros escritos que proporcionam informações em prol da compreensão dos fatos e relações, ou seja, possibilitam conhecer o período histórico e social das ações e reconstruir os fatos e seus antecedentes, pois se constituem em manifestações registradas de aspectos da vida social de determinado grupo. (OLIVEIRA, 2007).

Estudos que têm por base principal documentos podem ser revisões bibliográficas ou pesquisas historiográficas, que extraem desses toda a análise, organizando-os e interpretando- os segundo os objetivos da investigação a que se propõem.

A análise documental consiste em identificar, verificar e apreciar os documentos com uma finalidade específica e, nesse caso, preconiza-se a utilização de uma fonte paralela e simultânea de informação para complementar os dados e permitir a contextualização das informações contidas nos documentos. A análise documental deve extrair um reflexo objetivo da fonte original, permitir a localização, identificação, organização e avaliação das informações contidas no documento, além da contextualização dos fatos em determinados momentos (MOREIRA, 2005, p. 270).

Nesse sentido, a análise documental consiste numa série de operações que buscam estudar e analisar um ou vários documentos para descobrir as circunstâncias sociais e econômicas com as quais podem estar relacionados. Para a pesquisa documental, a contextualização histórica é parte fundamental, responsável por situar como ocorreu a idealização e a elaboração dos documentos, ou seja, por situar a partir de que contexto histórico eles foram originados, quais os atores envolvidos e o que propiciou seu desenvolvimento.

Partindo desse pressuposto, é imprescindível que, em todas as etapas de uma análise documental, avaliemos o contexto histórico no qual foi produzido o documento, o cenário sociopolítico do autor e daqueles a quem foi destinado. O pesquisador deve buscar conhecer de maneira satisfatória a conjuntura socioeconômico-cultural e política que propiciou a produção do documento em questão. Esse conhecimento possibilita compreender os esquemas conceituais dos autores, seus argumentos, suas refutações, suas reações e, ainda, identificar pessoas, grupos sociais, locais e fatos aos quais se reporta. A partir da análise do contexto, é

possível termos as condições necessárias para compreender as particularidades da sua forma de organização e, assim, evitarmos interpretar o conteúdo do documento em função de valores predeterminados.

Quando um pesquisador utiliza documentos objetivando extrair dele informações, ele o faz investigando, examinando, usando técnicas apropriadas para seu manuseio e análise. Ele segue etapas e procedimentos, organiza informações a serem categorizadas e posteriormente analisadas e elabora sínteses, ou seja, as ações dos investigadores – cujos objetos são documentos – estão impregnadas de aspectos metodológicos, técnicos e analíticos (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009, p. 4).

À luz de uma perspectiva histórica, a análise documental voltou-se aos afastamentos e às convergências entre as duas reformas curriculares (ou propostas pedagógicas) na área da educação que ocorreu no início do século XXI, no Estado do Rio Grande do Sul. Para o desenvolvimento do trabalho, o objeto central foi a análise desses dois documentos, bem como das referências bibliográficas e documentais sobre o momento histórico que influenciou a sua elaboração e implementação.

O primeiro momento da pesquisa consistiu em levantar e organizar os materiais disponíveis. Nessa etapa, o objetivo foi encontrar fontes e, nelas, os documentos necessários para a pesquisa. Após, realizamos uma primeira organização do material, quando se tornou indispensável olhar para o conjunto de documentos de forma analítica, buscando averiguar como poderíamos proceder para atingir os objetivos da pesquisa – investigar as reformas Lições do Rio Grande e Ensino Médio Politécnico em suas convergências e afastamentos em relação ao ensino de Matemática no Ensino Médio.

Nesse momento, teve início a análise dos textos para encontrar a linha mestra que os conduzia, relacionando um ao outro e identificando os eixos norteadores. A etapa de análise dos documentos propõe-se a produzir ou reelaborar conhecimentos e criar novas formas de compreender os fenômenos. É condição necessária que os fatos sejam mencionados, pois constituem os objetos da pesquisa, mas, por si mesmos, não explicam nada. O investigador deve interpretá-los, sintetizar as informações, determinar tendências e, na medida do possível, fazer inferências (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009). May (2004) diz que os documentos não existem isoladamente; precisam ser situados em uma estrutura teórica para que o seu conteúdo seja entendido.

A categorização constitui-se, portanto, como um processo de classificação dos dados. As categorias podem ser definidas previamente, quando o pesquisador elege antes da análise as informações a serem procuradas no documento, ou ao longo do processo de leitura, seguindo

uma perspectiva compreensiva, hermenêutica. Elas devem considerar o material a ser analisado e os objetivos da investigação, procurando atingi-los, respondê-los.

Para um trabalho de análise de conteúdo relevante e consistente, a leitura compreensiva e exaustiva do material é importante para que sejam bem escolhidas e definidas as unidades de análise e as categorias a serem consideradas, uma vez que estas já se constituem em uma espécie de conclusão da análise. É também de extrema importância a descrição dos dados presentes no documento. No entanto, em uma abordagem qualitativa e compreensiva, faz-se necessária a produção da inferência; é preciso procurar o que está além do escrito, para que possamos chegar à interpretação das informações. Gomes (2007, p. 91) enuncia que “[...] chegamos a uma interpretação quando conseguimos realizar uma síntese entre: as questões da pesquisa, os resultados obtidos a partir da análise do material coletado, as inferências realizadas e a perspectiva teórica adotada”.

Não existem normas fixas nem procedimentos padronizados para a criação de categorias, mas acredita-se que um quadro teórico consistente pode auxiliar uma seleção inicial mais segura e relevante. [...] Em primeiro lugar [...] faça o exame do material procurando encontrar os aspectos relevantes. Verifique se certos temas, observações e comentários aparecem e reaparecem em contextos variados, vindos de diferentes fontes e diferentes situações. Esses aspectos que aparecem com certa regularidade são a base para o primeiro agrupamento da informação em categorias. Os dados que não puderem ser agregados devem ser classificados em um grupo à parte para serem posteriormente examinados (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 43).

Segundo Lüdke e André (1986), o processo de análise documental tem um desenvolvimento concatenado. Depois de obtermos um conjunto inicial de categorias, a próxima fase envolve um enriquecimento do sistema mediante um processo divergente, incluindo as seguintes estratégias: aprofundamento, ligação e ampliação. Baseado naquilo que já obteve, o pesquisador volta a examinar o material, no intuito de aumentar o seu conhecimento, descobrir novos ângulos e aprofundar a sua visão. Pode também explorar as ligações existentes entre os vários itens, buscando estabelecer relações e associações e passando, então, a combiná-los, separá-los ou reorganizá-los. Finalmente, o investigador procurará ampliar o campo de informações, identificando os elementos emergentes que precisam ser mais aprofundados.

A etapa final consiste num novo julgamento das categorias quanto à sua abrangência e delimitação. Lüdke e André (1986, p. 44) nos dão a seguinte orientação:

Quando não há mais documentos para analisar, quando a exploração de novas fontes leva à redundância de informação ou a um acréscimo muito pequeno, em vista do esforço despendido, e quando há um sentido de integração na informação já obtida, é um bom sinal para concluir o estudo.

Com base nesse referencial metodológico, definimos as seguintes categorias: a) Orientações educacionais; b) Interdisciplinaridade e contextualização; c) Formação continuada; d) Avaliação.