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2 RESGATE HISTÓRICO

2.3 SOBRE OS DOCUMENTOS OFICIAIS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

2.3.6 Programa Ensino Médio Inovador

O Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI), instituído pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009 (BRASIL, 2009b), integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) como estratégia do Governo Federal para induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio. Esse programa procura instituir propostas curriculares inovadoras nas escolas de Ensino Médio e disponibiliza “[...] apoio técnico e financeiro, consoante à disseminação da cultura de um currículo dinâmico, flexível e compatível com as exigências da sociedade contemporânea” (BRASIL, 2011, p. 6).

Segundo esse documento, apesar da democratização do acesso ao Ensino Médio, dois aspectos são objetos de preocupação: o percentual de jovens de 15 a 17 anos que não frequentam a escola e as taxas de distorção idade/série educacional entre jovens da mesma idade.

Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, a obrigatoriedade do ensino dos 04 aos 17 anos deverá estar garantida até 2016, o que vai ao encontro da Meta 3 do novo Plano Nacional da Educação, que propõe a universalização do Ensino Médio até 2020 (15 a 17 anos), com taxa líquida de 85% nesta faixa etária. Assim, para que este atendimento seja efetivo, é ímpar garantir o acesso à educação de qualidade e atender as necessidades e expectativas dos jovens brasileiros (BRASIL, 2011, p. 3).

O ProEMI estabelece um referencial curricular no qual indica as condições necessárias para a elaboração dos Projetos de Reestruturação Curricular (PRC), que devem estar de acordo com a realidade em que a escola está inserida, quais sejam:

a) Carga horária mínima de 3.000 (três mil horas), entendendo-se 2.400 horas obrigatórias, acrescidas de 600 horas a serem implantadas de forma gradativa; b) Foco na leitura como elemento de interpretação e de ampliação da visão de mundo, basilar para todas as áreas do conhecimento;

c) Atividades teórico-práticas apoiadas em laboratórios de ciências, matemática e outros espaços ou atividades que potencializem aprendizagens nas diferentes áreas do conhecimento;

d) Fomento às atividades de produção artística que promovam a ampliação do universo cultural do estudante;

e) Fomento as atividades esportivas e corporais que promovam o desenvolvimento dos estudantes;

f) Fomento às atividades que envolvam comunicação e uso de mídias e cultura digital, em todas as áreas do conhecimento;

g) Oferta de atividades optativas (de acordo com os macrocampos), que poderão estar estruturadas em disciplinas, ou em outras práticas pedagógicas multi ou interdisciplinares;

h) Estímulo à atividade docente em dedicação integral à escola, com tempo efetivo para atividades de planejamento pedagógico, individuais e coletivas;

i) Incorporação das ações ao Projeto Político-Pedagógico implementado com participação efetiva da Comunidade Escolar;

j) As escolas integrantes do Programa deverão promover a participação dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); e

k) Elaboração de plano de metas para melhoria do índice escolar (BRASIL, 2011, p.7-8).

O objetivo do ProEMI é apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas de Ensino Médio, ampliando o tempo dos estudantes na escola e buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades que tornem o currículo mais dinâmico.

Esses projetos de reestruturação curricular, segundo o Documento Orientador (BRASIL, 2011), possibilitam o desenvolvimento de atividades integradoras que articulam entre si as dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia, contemplando as diversas áreas

do conhecimento a partir de oito macrocampos22: Acompanhamento Pedagógico; Iniciação

Científica e Pesquisa; Cultura Corporal; Cultura e Artes; Comunicação e uso de Mídias; Cultura Digital; Participação Estudantil e Leitura e Letramento.

22 “Compreende-se macrocampo o conjunto de atividades didático-pedagógicas que estão dentro de uma área de

conhecimento” percebida como um grande campo de ação educacional e interativa, podendo contemplar uma diversidade de ações que qualificam o currículo escolar. Os Macrocampos, Acompanhamento Pedagógico e Iniciação Científica e Pesquisa, são obrigatórios. As ações nos demais macrocampos serão propostas conforme necessidades e interesses da equipe pedagógica, dos professores e da comunidade escolar” (BRASIL, 2011, p.14).

Em relação ao Acompanhamento Pedagógico, esse macrocampo deverá desenvolver atividades articuladas para os componentes curriculares, observando o Projeto Político- Pedagógico elaborado a partir da realidade da escola.

A Iniciação Científica, por sua vez, deverá desenvolver atividades para integrar teoria e prática, compreendendo a organização e o desenvolvimento de conhecimentos científicos nas áreas das Ciências Exatas, da Natureza e Humanas. Para o desenvolvimento dessas atividades, deverão ser utilizados laboratórios e outros espaços, por meio de projetos de estudo e de pesquisas de campo.

As atividades a serem desenvolvidas no macrocampo Cultura corporal deverão promover “[...] o desenvolvimento da consciência corporal e de movimento, a compreensão da relação entre o corpo e as emoções e, entre o indivíduo, o outro e o mundo, abordando também a importância de atitudes saudáveis” (BRASIL, 2011, p.12).

Já Cultura e Arte deverá trabalhar conhecimentos sobre práticas de elaboração de diferentes formas de expressão e produção artística para desenvolver no aluno o senso estético, bem como noções sobre a cultura, a arte e as relações sociais, entre outras.

O macrocampoComunicação e uso de mídias irá desenvolver os processos relacionados

à educomunicação por meio de ações que possibilitem ao aluno o acesso às diferentes mídias e tecnologias da informação e da comunicação, ampliando a sua compreensão de métodos, dinâmicas e técnicas.

Cultura Digital, por seu turno, proporcionará atividades que desenvolvam habilidades para a comunicação em linguagem comum digital e o estabelecimento de formas de interação que permitam a utilização do ambiente digital no cotidiano, quais sejam: “[...] trabalho, desenvolvimento de pesquisa, acesso e produção de conhecimento, redes sociais, participação política –, ampliando e potencializando o uso de instrumentos tecnológicos como ferramentas que contribuem para a produção de conhecimentos” (BRASIL, 2011, p. 16).

No que diz respeito à Participação Estudantil, esse macrocampo deverá incentivar os jovens a atuar e a se organizar, participando ativamente nos seus processos de desenvolvimento pessoal, social e de vivência política.

Por fim, Leitura e Letramento deverá criar alternativas de leitura e produção de textos, desenvolvendo no aluno a compreensão da leitura e a organização da escrita em suas formas mais complexas. Além disso, deverá possibilitar a vivência de situações de uso da leitura e da escrita relacionadas ao cotidiano e à vida do estudante.

No Documento Orientador, constam também as etapas estratégicas e as orientações para a elaboração do PRC, as etapas operacionais, os recursos financeiros correspondentes e o modo como deve ocorrer o acompanhamento e a avaliação do programa.

3 AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO NO ESTADO DO RIO