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2 RESGATE HISTÓRICO

2.3 SOBRE OS DOCUMENTOS OFICIAIS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

2.3.4 Parâmetros Curriculares Nacionais

De acordo com a LDB de 1996:

Os PCNs foram elaborados para difundir os princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Eles traçam um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orientam os professores quanto ao significado do conhecimento escolar

quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade, incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender (INEP, 1996).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) foram publicados pela Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec), em 1999, em quatro volumes, organizando as disciplinas escolares do Nível Médio em três áreas (BRASIL, 1999). Cada volume desses parâmetros contém os estudos de uma das áreas. Essa coleção foi distribuída para todas as escolas de Ensino Médio do Brasil, além de ficar disponível no site do MEC.

O documento, em sua edição de 1999, explicita na sua apresentação que esses parâmetros possuem dois papéis: o de difundir os princípios da reforma curricular e o de

orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias18.

Nessa reforma curricular proposta pelos PCNEM, o currículo passou a contemplar a realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva, integrando homens e mulheres no mundo das relações políticas, trabalhistas e da simbolização subjetiva.

Assim como as DCN (1998), os PCN (1999) também trazem os quatro eixos estruturais da educação da sociedade contemporânea apontados pela Unesco e incorporadas nas determinações da Lei nº 9.394/96, quais sejam: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.

No eixo estrutural aprender a conhecer, observamos a importância de uma educação geral, mas com possibilidade de aprofundar-se em determinada área do conhecimento. Esse eixo destaca a importância de dominar os próprios instrumentos do conhecimento, capacitando o indivíduo a compreender a complexidade do mundo e, ao mesmo tempo, descobrir o prazer em compreender, conhecer e descobrir. Segundo os PCN, “[...] o aumento dos saberes que permitem compreender o mundo favorece o desenvolvimento da curiosidade intelectual, estimula o senso crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição da autonomia na capacidade de discernir” (BRASIL, 1999, p. 15). O aprender a conhecer garante o aprender a aprender19, o que fornece as bases para a educação permanente, ou seja, para se continuar aprendendo ao longo da vida.

O eixo aprender a fazer está relacionado ao desenvolvimento de habilidades e ao estímulo para descobrir novas aptidões, criando, assim, as condições necessárias para o

18 Os PCN estão de acordo com as DCN de 1998.

enfrentamento das novas situações que se colocam. Este é o eixo que tem como função: “Privilegiar a aplicação da teoria na prática e enriquecer a vivência da ciência na tecnologia e destas no social, passa a ter uma significação especial no desenvolvimento da sociedade contemporânea” (BRASIL, 1999, p. 15).

O eixo aprender a viver destaca que o mais importante é aprender a viver em comunidade, “[...] desenvolvendo o conhecimento do outro e a percepção das interdependências, de modo a permitir a realização de projetos comuns ou a gestão inteligente dos conflitos inevitáveis” (BRASIL, 1999, p. 15).

O quarto eixo, aprender a ser, está relacionado ao preparo do indivíduo para desenvolver pensamentos autônomos e críticos, a fim de que seja capaz de formar os seus próprios juízos de valor para, frente às diferentes circunstâncias da vida, poder decidir por si mesmo. Além disso, esse eixo deve ser trabalhado para exercitar a liberdade de pensamento, o discernimento, o sentimento e a imaginação, no intuito de cada um desenvolver os seus talentos e se constituir, tanto quanto possível, como dono do seu próprio destino.

Os eixos aprender a viver e aprender a ser devem constituir ações permanentes que visem à formação do educando como pessoa e como cidadão e decorrem dos dois eixos de aprendizagens anteriores: o aprender a conhecer e o aprender a fazer (BRASIL, 1999).

Os PCN, assim como as DCN, orientam a construção do currículo a partir da Lei nº 9.394/96, que fixa uma Base Nacional Comum a ser complementada por uma parte diversificada em cada estabelecimento de ensino. A reforma curricular do Ensino Médio, proposta nos PCN de 1999, bem como nas DCN de 1998, também estabelece a divisão do conhecimento escolar nas três áreas: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnologias. Essa divisão por área do conhecimento tem por objetivo reunir, em cada área, aqueles conhecimentos que compartilham objetos de estudo de natureza afins para facilitar o estabelecimento de condições para que a prática escolar se desenvolva numa perspectiva interdisciplinar.

Nesse sentido, a área das Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias deve tratar os conteúdos do aprendizado matemático, tecnológico e das ciências básicas como elementos do cotidiano dos educandos. Ainda segundo os PCN, isso não deve delimitar o alcance do conhecimento trabalhado, mas dar significado ao aprendizado e, a partir disso, alcançar os objetivos do novo Ensino Médio.

Os objetivos do Ensino Médio em cada área do conhecimento devem envolver, de forma combinada, o desenvolvimento de conhecimentos práticos, contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea, e o desenvolvimento de

conhecimentos mais amplos e abstratos, que correspondam a uma cultura geral e a uma visão de mundo. Para a área das Ciências da Natureza, Matemática e Tecnologias, isto é particularmente verdadeiro, pois a crescente valorização do conhecimento e da capacidade de inovar demanda cidadãos capazes de aprender continuamente, para o que é essencial uma formação geral e não apenas um treinamento específico (BRASIL, 1999, p. 6).

Ao estabelecer os parâmetros para a organização do ensino da Matemática, esses parâmetros chamam atenção para a preocupação em contemplar interesses e motivações e criar condições para a inserção dos alunos num mundo em que as mudanças são constantes, para, com isso, desenvolver neles as capacidades necessárias para sua vida social e profissional.

A Matemática no Ensino Médio tem um valor formativo, que ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, porém também desempenha um papel instrumental, pois é uma ferramenta que serve para a vida cotidiana e para muitas tarefas específicas em quase todas as atividades humanas (BRASI, 1999 p. 40).

Assim, o valor formativo da Matemática do Ensino Médio tem o papel de promover o desenvolvimento do raciocínio, a capacidade de resolver problemas, criando hábitos de investigação, e de estimular a confiança para o enfrentamento de situações novas. Já o caráter instrumental da Matemática do Ensino Médio é um conjunto de técnicas e estratégias para serem aplicadas a outras áreas do conhecimento e/ou para a atividade profissional.

Por fim, cabe à Matemática do Ensino Médio apresentar ao aluno o conhecimento de novas informações e instrumentos necessários para que seja possível a ele continuar aprendendo. Saber aprender é a condição básica para prosseguir aperfeiçoando-se ao longo da vida. Sem dúvida, cabe a todas as áreas do Ensino Médio auxiliar no desenvolvimento da autonomia e da capacidade de pesquisa, para que cada aluno possa confiar em seu próprio conhecimento (BRASIL, 1999, p. 41).

Conforme os PCN, a Matemática do Ensino Médio deve apresentar ao educando novas informações e dar condições para que ele continue se aperfeiçoando ao longo da vida. Assim, o ensino de Matemática no Nível Médio tem como objetivos levar o aluno a:

• compreender os conceitos, procedimentos e estratégias matemáticas que permitam a ele desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação científica geral; • aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas, utilizando-os na interpretação da ciência, na atividade tecnológica e nas atividades cotidianas; • analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes, utilizando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria que lhe permita expressar- se criticamente sobre problemas da Matemática, das outras áreas do conhecimento e da atualidade;

• desenvolver as capacidades de raciocínio e resolução de problemas, de comunicação, bem como o espírito crítico e criativo;

• utilizar com confiança procedimentos de resolução de problemas para desenvolver a compreensão dos conceitos matemáticos;

• expressar-se oral, escrita e graficamente em situações matemáticas e valorizar a precisão da linguagem e as demonstrações em Matemática;

• estabelecer conexões entre diferentes temas matemáticos e entre esses temas e o conhecimento de outras áreas do currículo;

• reconhecer representações equivalentes de um mesmo conceito, relacionando procedimentos associados às diferentes representações;

• promover a realização pessoal mediante o sentimento de segurança em relação às suas capacidades matemáticas, o desenvolvimento de atitudes de autonomia e cooperação (BRASIL, 2000, p. 42).

Do mesmo modo que as DCN de 1998, os PCN propõem que o núcleo comum dessa área deve se constituir por um conjunto de tópicos de Matemática selecionados a partir de critérios que objetivem o desenvolvimento das atitudes e das habilidades recém relacionadas. Para isso, o critério central é o da contextualização e da interdisciplinaridade, ou seja, é “[...] o potencial de um tema permitir conexões entre diversos conceitos matemáticos e entre diferentes formas de pensamento matemático, ou ainda, a relevância cultural do tema tanto no que diz respeito às suas aplicações dentro ou fora da Matemática” (BRASIL, 1999, p. 43).

A implementação das DCNEM, segundo os PCN, será simultaneamente um processo de ruptura com a antiga estrutura, porque aponta para um Ensino Médio significativamente diferente, e de transição, porque a construção da nova estrutura vai exigir mudanças de concepções, de valores e de práticas.

Nesse sentido, as competências e as habilidades a serem desenvolvidas em Matemática são representação e comunicação; investigação e compreensão; e Contextualização sociocultural, sendo:

Representação e comunicação

• Ler e interpretar textos de Matemática.

• Ler, interpretar e utilizar representações matemáticas (tabelas, gráficos, expressões etc).

• Transcrever mensagens matemáticas da linguagem corrente para linguagem simbólica (equações, gráficos, diagramas, fórmulas, tabelas etc.) e vice-versa. • Exprimir-se com correção e clareza, tanto na língua materna, como na linguagem matemática, usando a terminologia correta.

• Produzir textos matemáticos adequados.

• Utilizar adequadamente os recursos tecnológicos como instrumentos de produção e de comunicação.

• Utilizar corretamente instrumentos de medição e de desenho. Investigação e compreensão

• Identificar o problema (compreender enunciados, formular questões etc). • Procurar, selecionar e interpretar informações relativas ao problema. • Formular hipóteses e prever resultados.

• Selecionar estratégias de resolução de problemas. • Interpretar e criticar resultados numa situação concreta. • Distinguir e utilizar raciocínios dedutivos e indutivos.

• Fazer e validar conjecturas, experimentando, recorrendo a modelos, esboços, fatos conhecidos, relações e propriedades.

• Discutir idéias e produzir argumentos convincentes.

Contextualização sócio-cultural

• Desenvolver a capacidade de utilizar a Matemática na interpretação e intervenção no real.

• Aplicar conhecimentos e métodos matemáticos em situações reais, em especial em outras áreas do conhecimento.

• Relacionar etapas da história da Matemática com a evolução da humanidade. • Utilizar adequadamente calculadoras e computador, reconhecendo suas limitações e potencialidades (BRASIL, 1999, p. 45).

2.3.5 Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares