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Campanhas no DC

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Em 1945, Pompeu, então com 29 anos, ajudou a fundar a UDN (União Democrática Nacional), onde organizaria a esquerda democrática, que se tornaria o Partido Socialista Brasileiro (PSB), junto com Hermes Lima, Rubem Braga, Leônidas de Rezende e Domingos Velasco. Octávio Mangabeira era o presidente da UDN39.

39 Nilson Lage aponta que o partido UDN foi fundado na redação do Diário Carioca, quando Carlos

“A gênese da UDN remonta ao famoso Manifesto dos Mineiros (de outubro de 1943), que reivindicava a democratização das instituições políticas nacionais. A UDN foi o único dos três maiores partidos brasileiros da Terceira República que não possuía vínculos com as estruturas remanescentes do Estado Novo, adotando uma plataforma liberal. Seus grupos parlamentares mais célebres foram os bacharéis da chamada Banda de Música, os reformistas reunidos na Bossa Nova e o grupo governista conhecido como Chapa Branca” ( SCHMITT; 2000 P. 16)

A UDN lançou a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes para presidente da República, a fim de se contrapor ao governo de Getúlio Vargas, que apoiava o general Eurico Dutra pelo PSD (Partido Social Democrático) e que se elegeu presidente em 1945. A UDN tentou, novamente, em 1950, levar Eduardo Gomes para a presidência, sem sucesso; o eleito foi Getúlio Vargas pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Dois anos depois, Pompeu integrou os quadros do PSB, com a dissidência dentro da UDN, e passou a apoiar o nome de Juscelino Kubitschek para a Presidência na campanha de 1955, pelo PSD, que já havia se afastado de Getúlio Vargas. Em 1960, a UDN concentrou seu apoio à candidatura de Jânio Quadros (SCHMITT; 2000).

Evandro Carlos de Andrade (POMPEU, 517) lembrou do perfil político de Pompeu de Sousa e sua postura contrária ao governo de Getúlio Vargas, pois não apoiava sua política ditatorial.

“Conspirou em vão com Canrobert Pereira da Costa, ministro da Guerra, para tentar impedir a posse do antigo ditador; depois, conspirando com a UND e os jovens da Aeronáutica para derrubar Vargas. Até que surgiu Juscelino e as coisas mudaram, o Diário Carioca deu-lhe um apoio incondicional, e Pompeu, depois de experimentar uma postura oscilante ao longo do breve e agitado governo Café Filho, mostrou-se no apoio a Juscelino Kubitschek, tão firmemente solidário quando fora encanzinado contra Vargas”. (POMPEU, 1998, 517).

Pompeu de Sousa não inovou apenas na técnica jornalística para a apresentação dos fatos. Introduziu novidades também na linha editorial a ser adotada pelo Diário Carioca, que passou a defender campanhas públicas, em favor da arte e da cultura brasileira e contra qualquer tipo de censura ao pensamento e às idéias políticas e de artistas.

O cineasta Nelson Pereira dos Santos, que era ligado ao PCB, transformou Pompeu de Sousa num dos personagens da história do cinema brasileiro, por seu envolvimento nos

degrau para a modernidade, texto apresentado no II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho. Florianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004.

movimentos culturais do país. Autor do primeiro filme de longa metragem - Rio, 40 graus - obra inspirada no neo-realismo italiano, Nelson Pereira projeta no cinema brasileiro uma nova estética, um marco para o Cinema Novo. As filmagens de Rio 40 Graus começaram em 20 de março de 1954 e a última tomada foi em 29 de março de 1955, no gramado do Maracanã.

O filme mostra as contradições sociais do Rio de Janeiro, das praias de Copacabana aos morros, as partidos de futebol. A história acontece num domingo ensolarado, com a presença de cinco negros, vendedores de amendoim, mostrando cinco pontos turísticos da cidade: Quinta da Boa Vista, Copacabana, Maracanã, Pão de Açúcar e Corcovado. O filme recebeu liberação da Censura Federal em 26 de agosto de 1955, com proibição para menores de dez anos (SALEM, 1987, p.114). No dia 23 de setembro, Nelson Pereira recebeu a informação de que o filme teria sido proibido, por decisão do coronel Geraldo de Meneses Cortes, chefe do Departamento Federal de Segurança Pública40, por suspeitas de que teria sido produzido com verbas vindas de Moscou, e com a alegação de que o filme tinha “como fim a desagregação do país” (SALEM, 1987, p.115). Cortes assistiu ao filme, numa sessão privada, ao lado de Nelson.

Com essa decisão, começaram as repercussões contrárias à censura. Na edição do Diário Carioca de 30 de setembro de 1955 há a declaração do coronel Cortes de que “o filme só apresenta os aspectos negativos da capital brasileira, e foi feito com tal habilidade que serve aos interesses políticos do extinto PCB”. O coronel se baseava no artigo 272 do regulamento da polícia, que lhe permitia cassar a aprovação da Divisão de Censura. A cobertura da entrevista coletiva com o coronel Cortes para explicar as medidas policiais foi realizada pelo jornalista Pompeu de Sousa, chefe de redação do Diário Carioca, que acabou por liderar um movimento favorável à liberação do filme.

“A presença de Pompeu - inesperada, porque geralmente entrevistas de chefes de polícia só compareciam repórteres do setor policial, com freqüência iniciantes, os “focos” – causou a maior confusão nos propósitos de Menezes Cortes. O coronel solicitara ao governo do presidente Café Filho que a coletiva fosse gravada e divulgada pela emissora oficial, a Rádio Nacional, justamente para que os seus pontos de vistas tivessem ampla repercussão. O tiro saiu pela culatra: Pompeu de Sousa travou implacável

40 Em 28 de março de 1944, no governo do Presidente Getúlio Dornelles Vargas foi publicado o Decreto-Lei nº

6.378, transformando a Polícia Civil do Distrito Federal em Departamento Federal de Segurança Pública - DFSP, com subordinação direta ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, dirigido por um Chefe de Polícia e com atribuições específicas a serem exercidas em duas áreas distintas: no Distrito Federal e no território nacional. Em 13 de junho de 1946 foi publicado o Decreto-Lei nº 9.353, o qual ampliava as atribuições do Departamento Federal de Segurança Pública, pela necessidade de melhor aparelhar o Estado na defesa das instituições e da ordem pública, em cooperação com os órgãos policiais dos Estados e Territórios. In: Serviço Público Federal. MJ – Departamento Polícia Federal - 60 Anos - 1944 – 2004.

debate com Menezes Cortes, pondo a nu todo o absurdo de sua argumentação. Levado ao ar, o debate repercutiu sim, mas muito mal para o chefe de polícia, que aí se enraiveceu de vez” (SALEM, 1987, p.117). Nelson Pereira conheceu Pompeu de Sousa dois dias depois da proibição do filme, quando foi até à redação do Diário Carioca para conversar com o crítico de cinema Décio Vieira Otoni. Ele estava acompanhado dos atores Jece Valadão e Glauce Rocha. Quando o cineasta pediu que Pompeu visse o filme, ele cedeu ao apelo. “Fiquei comovido com os meninos. Num primeiro momento, eu tinha tido uma atitude preconceituosa, de desconfiança, pensando ‘tão novinho esse menino e já dando uma de Lulu de Barros’. Mas ele me comoveu, com aquele ar súplice”. (SALEM, 1987, p.118). Depois que viu o filme, Pompeu se rendeu à qualidade do roteiro, defendendo sua liberação, escrevendo ele mesmo um artigo em defesa de Rio, 40 graus. Foi o início da mobilização da intelectualidade carioca a favor de Nelson Pereira.

No dia 26 de setembro, o filme deveria fazer a pré-estréia na Associação Brasileira de Imprensa para cerca de mil convidados, entre jornalistas, escritores, artistas de cinema e teatro e cineastas. A exibição privada também foi proibida pelo coronel Menezes Cortes. Os presentes elaboraram uma carta para ser entregue ao presidente Café Filho41 e ao ministro da Justiça, Prado Kelly, solicitando a liberação. O movimento passou a envolver intelectuais do Rio de Janeiro e de São Paulo, enquanto aconteciam as sessões privadas. “A cada projeção realizavam-se debates calorosos. Uma grande assembléia teve lugar na ABI, criando-se uma Associação de Defesa do Cinema Brasileiro, presidida por Pompeu de Sousa” (SALEM, 1987, p.121). A entidade, porém, não foi para frente, nunca mais se reuniu.

Todo o movimento contrário à ação policial acabou tendo sucesso apenas no governo de Juscelino Kubitschek, eleito em 1955. No dia 10 de novembro daquele ano, aconteceu uma nova exibição privada de Rio, 40 graus, no cinema do Cassino Icaraí, em Niterói, organizada

41 João Café Filho foi o décimo sétimo presidente do Brasil, no período de 1954 a 1955. Ajudou na

derrubada do governo estadual na Revolução de 1930 e participou como chefe de polícia na interventoria do Estado. Fundou o Partido Social Nacionalista em 1933 e ficou no cargo de chefe de polícia até 1934, quando se elegeu deputado federal, ficando no Legislativo até a implantação do Estado Novo, em 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional. Neste período, ficou exilado em Córdoba, na Argentina, e retornou para o Brasil em 1938. Ficou longe da política até 1945, quando se elegeu deputado federal tornando-se líder do PSP (Partido Social Progressista). Participou como deputado da Assembléia Nacional Constituinte de 1946 e em 1950 participou como vice- presidente de Getúlio Vargas pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e pelo PSP. Com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, Café Filho assumiu a Presidência da República. In: CARONE, Edgard. A Terceira República (1937 –1945) São Paulo: Editora Difel, 1974. 585 p.

pelo deputado socialista Geraldo Reis, para os deputados estaduais do Rio de Janeiro. Pompeu de Sousa estava presente. No dia 31 de dezembro de 1955 a Justiça Federal liberou o filme, que foi lançado em março de 1956, em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte (SALEM, 1987). A exibição aconteceu pela Columbia Pictures do Brasil, que distribuiu o filme no país e no estrangeiro.

Outra campanha que Pompeu de Sousa realizou no Diário Carioca foi para a construção de um hospital de câncer na Paraíba. Era 1951, quando o médico Napoleão Laureano, de João Pessoa, Paraíba, desenganado pelos médicos dos Estados Unidos, foi se tratar de um câncer no Rio de Janeiro. Em março daquele ano, aconteceu uma reunião no Diário Carioca, com os jornalistas Danton Jobim, Pompeu de Sousa e os médicos Mário Kroeff, Alberto Coutinho, Jorge de Marsillac, Osolando Machado, Antonio Pinto Vieira, Adayr Eiras de Araújo, Sérgio de Azevedo, Turíbio Braz e Fernando Gentil.

Deste encontrou saiu a decisão de se fazer uma campanha para a construção do hospital. As rádios Mayrink Veiga e Nacional também participaram. Para gerenciar os recursos foi instituída a Fundação Laureano. Na época, Othília era secretária da direção do Instituto Nacional de Câncer do Rio de Janeiro e se envolveu na campanha a favor da fundação. Pompeu integrou a primeira diretoria, em 1951, como diretor presidente da Fundação Laureano42.

Os passos dados por Pompeu de Sousa no início de sua carreira jornalística delinearam sua personalidade, seu caráter e suas ações profissionais. A influência familiar, sempre envolvida com a política nacional, refletiu em suas decisões ao definir como e quando deveria se envolver na cobertura política, ao mesmo tempo que tomava posições partidárias ao lado de outros jornalistas do Diário Carioca, na época uma forma indireta de participar do poder político. Concomitantemente, desenvolveu e demonstrou sua apreciação pelo mundo da cultura, até mesmo pela roda de amigos que integrava, sempre próximo da intelectualidade brasileira pela afinidade que possuía e pelo respeito que Pompeu de Sousa tinha de seus pares ao ser cronista literário e jornalista político.

Pompeu de Sousa se deixou seduzir pelos benefícios que o poder pode proporcionar, ao aceitar o convite do DIP para trabalhar nos Estados Unidos, no intercâmbio entre os dois países. Uma oportunidade rara para a época, é verdade, pelo controle que o governo de Getúlio Vargas exercia sobre a imprensa. Contudo, o que poderia ser apontado como uma vantagem e aproximação do governo federal, a viagem transformou-se numa experiência

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Entrevista de Othília Pompeu à autora realizada em 14 de julho de 2004 em seu apartamento, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

única para o jornalista que soube aproveitar desta situação ao estar atento às ações da imprensa norte-americana. O que lhe ampliou a visão sobre o fazer Jornalismo, sobre a prática jornalística, ao ter acesso a um modelo que até então era negado, ignorado pelos jornalistas brasileiros.

4 CAPÍTULO III – A EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA

A necessidade de Pompeu de Sousa sistematizar seu conhecimento jornalístico se deu em 1949, quando iniciou a carreira de professor de Técnicas do Jornal e do Periódico, na antiga Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras, ligada à Universidade do Brasil e transformada, em, 1967, na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde funcionou o primeiro curso superior de Jornalismo no país (DUARTE: 1992). A Universidade do Brasil foi criada por lei oriunda do Poder Legislativo em 5 de julho de 1937, ainda antes do Estado Novo, pois o governo pretendia implantar em todo o país um padrão nacional de ensino superior e estabelecer um sistema destinado a controlar a qualidade desse ensino.

Em 13 de maio de 1943, com o Decreto-Lei nº. 5.480, o governo instituiu o curso de Jornalismo no sistema de ensino superior do país. Foi o primeiro passo para que a Faculdade Nacional de Filosofia ministrasse o curso, com o apoio da Associação Brasileira de Imprensa e sindicatos representando os jornalistas e as empresas jornalísticas (MOURA, 2002).

Historicamente, o primeiro projeto para fundação de uma escola profissional para jornalistas no Brasil foi apresentado em 1908 pelo então presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Gustavo Lacerda. Com sua morte, o projeto foi esquecido e só em 1918 foi reapresentado durante o I Congresso Brasileiro de Jornalistas, realizado no Rio de Janeiro. “O ensino profissionalizante ainda era uma inovação difícil de ser assimilada, num país dominado pelo bacharelismo” (MARQUES DE MELO, 1997a, p.6).

A necessidade de implantar faculdades de Jornalismo no Brasil tomou corpo nos anos 40 do século XX. Por iniciativa individual, Victoriano Prata Castello Branco organizou uma apostila com normas jornalísticas e lecionou com o apoio da Associação dos Profissionais de Imprensa de São Paulo - APISP, em auditório cedido pela entidade. Todo o material utilizado em sala de aula foi transformado no livro Curso de Jornalismo, editado em 1945. Porém, o curso foi denunciado pelo Sindicato dos Jornalistas ao DIP, por entender que era um curso por correspondência (MARQUES DE MELO; 1974).

Como ensino superior, a iniciativa pioneira foi no Rio de Janeiro, na Faculdade Nacional de Filosofia, que abriu o curso de Jornalismo com o decreto 5.480, elaborado em 1943, mas assinado por Getúlio Vargas apenas em 1948 (MATTOS, 1994, p.28). A Universidade do Brasil foi idealizada em 1937 pelo ministro da Educação e da Saúde, Gustavo de Capanema, nomeado por Getúlio Vargas em 1934.

“Homem autoritário e obsessivo, demorou mais de dois anos para organizá- la no papel, a partir de 1935, com uma comissão que, ao invés de se ocupar da estrutura global e deixar que futuros responsáveis elaborassem os detalhes em suas especializações respectivas, enquanto a universidade crescesse, foi ao extremo de fazer descrição minuciosa de cada uma das faculdades, dos institutos e de outros organismos que a comporiam, incluindo até os programas das disciplinas a serem lecionadas. Assim, a Universidade do Brasil, antes de iniciar as suas atividades, foi apresentada como completa e estruturada de modo definitivo” (SALMERON, 1999, p.48).

Em 1944, Gustavo Capanema determinava em ato ministerial que os professores da Universidade do Brasil seriam nomeados por autorização do presidente da República, Getúlio Vargas, depois de ouvida a Seção de Segurança Nacional. As diretrizes pedagógicas do curso de Jornalismo, que deveria acontecer em três anos, foram apresentadas em 1946 pelo então ministro da Educação, Ernesto de Sousa Campos, estabelecendo a estrutura curricular que deveria ser adotada.

Na estrutura curricular predominava as matérias culturais sobre as técnicas. Para colocar em prática o projeto o pedagógico em prática, Gustavo Capanema contou com a contribuição de professores da França e da Itália, que o ajudaram na estruturação pedagógica da Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras.

“A integração forçada pela lei dos cursos de Jornalismo às Faculdades de Filosofia imprimiu à formação dos futuros militantes da imprensa e do rádio uma orientação sobretudo teórica e histórica. Preparavam-se antes homens de letras, eruditos e estilistas da pena do que homens de imprensa” (BELTRÃO: 1974, 186).

Esta situação foi criticada por Carlos Rizzini. Ao analisar os cursos de Jornalismo existentes nos Estados Unidos e a implantação destes cursos no Brasil, defendia que os estudantes deveriam saber fazer um jornal e “não apenas saber como se faz jornal” (1953, p. 55), a exemplo da Universidade de Missouri. Aquela instituição começou a funcionar em 1908, para formar bacharéis com o critério de que “se a profissão de jornalista exige cultura superior, exige também o conhecimento de respectivos instrumentos de trabalho e das condições técnicas e econômicas do seu funcionamento” (RIZZINI 1953, P. 26), para ser um profissional completo:

“Nos cursos norte-americanos os alunos não aprendem como recolher um fato, reduzi-lo a notícia, dar-lhe título, ilustrá-lo com fotografias ou desenhos e situa-lo nas páginas do jornal; ou como escrever um artigo, uma crítica, um comentário e uma cabeça de reportagem; ou como se fixam os temas de publicidade, preparam-se as mensagens de venda, os textos e os títulos, e se

elaboram os layouts. Os alunos executam, eles próprios, essas tarefas e acompanham pessoalmente a seqüência das operações mecânicas complementares: gravura, composição, prova, revisão, emenda, paginação, calandragem, fundição e, por fim, montagem e impressão” (RIZZINI: 1953, p. 55).

Após dez anos de funcionamento, a Faculdade Nacional de Filosofia estendeu o curso de Jornalismo para quatro anos, prevendo matérias técnicas e gerais, porém, ainda prevalecendo a formação cultural do aluno43:

1a. Série (o 1o. ano) 2a. Série (o 2o. ano) Ética, História e Legislação de Imprensa Técnica de Jornal

Administração de Jornal Publicidade

Português e Literatura da Língua Portuguesa Português e Literatura da Língua Portuguesa Geografia Humana Geografia do Brasil

História da Civilização História Contemporânea História do Brasil Psicologia Social

3a. Série (o 2o. ano) 4a. Série (o 4o. ano) Técnica de Jornal Técnica de Jornal

Radiojornalismo Técnica de Periódico Português e Literatura da Língua Portuguesa Literatura Contemporânea Sociologia História das Artes

Introdução à Educação Economia Política e Administração Pública Criminologia

Danton Jobim, que acompanhou toda a transformação pedagógica do curso, criticou a falta de envolvimento prático dos alunos de Jornalismo, apontando que havia uma deficiência a ser sanada, apesar de reconhecer a necessidade de se manter a formação humanística do profissional. “Em todas as matérias procuram os professores promover estágios sobre temas da atualidade. Mesmo assim, entretanto, os alunos se queixam de que o ensino é excessivamente acadêmico, o que em parte se deve à falsa noção de que o curso de Jornalismo

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A grade curricular da Faculdade Nacional de Filosofia é recuperada por Danton Jobim para apresentação em seminário sobre Formação de Jornalismo, realizado em Quito, Equador, em 29 de setembro de 1958. In: Espírito do Jornalismo. São Paulo: Edusp, 1992, pág. 209 a 219.

deve ser meramente profissional, reduzindo ao mínimo o tempo dispensado às matérias não técnicas” (JOBIM; 1998 p.216).

Paralelamente ao desenvolvimento do ensino superior na então capital brasileira, começa, em 1947, em São Paulo, a funcionar o curso de Jornalismo Cásper Líbero, vinculado à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento. A aula inaugural, em 16 de março, foi proferida pelo professor Leonardo Van Acker. A primeira turma diplomou-se em abril de 1950. Nessa época, a literatura recorrente em sala de aula era a estrangeira.

“Quanto ao material didático, inclusive livros, é precisamente inexistente. Os professores levam eventualmente seus alunos a redações e oficinas de jornais, onde lhes mostram o material usado no trabalho de rotina. Como os regentes de disciplinas técnicas são jornalistas, lhes é fácil levar às aulas algum material, como papel padronizado, para originais, papel centimetrado para espelhos, réguas de medidas gráficas, fotografias e negativos, catálogos de tipos etc. Os alunos se servem de apostilas geralmente elaboradas por eles mesmos, com apanhado taquigráfico das aulas, porque é paupérrima, praticamente inexistente, a literatura do ensino jornalístico em português”

(JOBIM: 1992, 218).

A reação ante tal situação se deu com o corpo docente do curso de Jornalismo na Cásper Líbero, tendo como professores Carlos Rizzini, Galvão de Sousa e Henrique de Brito Viana que passaram a editar livros contendo a filosofia e a técnica do Jornalismo brasileiro

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