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Campings de Campo Mourão e Lavras, conhecendo os Centros

5 A REDE NACIONAL DE TREINAMENTO DE ATLETISMO

5.2 Campings de Campo Mourão e Lavras, conhecendo os Centros

Como parte da coleta de dados sobre a Rede Nacional de Treinamento, participamos de dois Campings de Atletismo. Camping é uma forma de se chamar um período intenso de treinamentos, geralmente com duração de uma semana. Os Campings, habitualmente, ocorrem em períodos de recesso escolar e durante o período de treinamento de base, também conhecidos como período de preparação geral. Nessa etapa são desenvolvidas atividades que preparam os atletas para a temporada que se inicia. Os Campings, de maneira geral, têm uma função de integração e troca de informações e experiências, tanto de atletas como de treinadores. A organização dos Campings ocorre geralmente com interesses comuns de treinadores que possuem relações de amizade próxima e que buscam, com a troca de experiências, o aprimoramento conjunto de seus atletas.

A escolha de participar dos Campings de Campo Mourão e Lavras foi feita por estes dois locais estarem previstos para serem as sedes de Centros de Treinamento que iriam compor a Rede Nacional Treinamento de Atletismo. Campo Mourão seria um Centro Local, e Lavras, um Centro Regional. A divulgação dessas atividades ocorreu prioritariamente pelo Facebook e Instagram, através dos perfis dos projetos “Projeto Atletismo Esperança”, de Campo Mourão, e “Cria Lavras” (Cria é a sigla para Centro Regional de Iniciação ao Atletismo).

Como tivemos uma participação pontual nos dois Campings, não tivemos a pretensão de encontrar regularidades; no entanto, escolhemos alguns pontos em comum para buscar algum tipo de comparação entre as duas atividades. A intenção foi estabelecer algum tipo de diálogo que colabore no entendimento dos locais e questões relacionadas ao funcionamento das atividades desenvolvidas.

Antes de aprofundar a descrição de minha participação nos Campings, é importante destacar uma primeira aproximação com o Cria-Lavras, projeto vinculado a Universidade Federal de Lavras (UFLA). Fomos visitar Lavras ainda no período de formulação do projeto de pesquisa junto ao Comitê de Ética. Participamos em janeiro de 2019 do XI Camping, buscando uma aproximação inicial ao campo. O objetivo era de nos apresentarmos às pessoas, buscando tanto acesso ao projeto em si, como a pessoas ligadas a CBAt que poderiam ajudar na obtenção de dados relacionados a Rede Nacional de Treinamento de Atletismo.

Em 2019, as atividades se iniciaram com uma abertura do Camping, que ocorreu na arquibancada que fica à beira da pista, pouco antes da primeira sessão de treinamento, ainda no início da manhã. A atividade nos pareceu um tanto improvisada, mas, de certa forma, contou com falas de autoridades e um certo ritual para se iniciar a atividade, que duraria uma semana.

Tivemos falas do Reitor da UFLA, uma fala do presidente da CBAt, Sr. Warlindo Carneiro, do representante da ADAB, Sr. Wlamir Motta Campos, e dos organizadores do Camping, os treinadores Fernando Oliveira e Neilton Moura. Chamamos a atenção que, em sua fala, o presidente da CBAt apontou que, naquele momento, “uma nuvem estaria passando pelo atletismo” (retirado de anotações do Diário de Campo). Esta frase resume a fase de crise que a modalidade passava na época. Apresentamos alguns dos fatos que ilustram o momento.

Nesse período, estava ocorrendo o encerramento da equipe B3 Atletismo, principal equipe do país na época. O encerramento foi anunciado ainda em 2018, que passaria a ter seus efeitos para o ano de 2019. Ocorreram muitas demissões, em que atletas e treinadores ficaram sem vínculo. Outro fato era o fim da Rede Nacional de Treinamento de Atletismo, anunciado em fevereiro de 2018, com a devolução de 10 milhões de reais para o Ministério do Esporte. Ainda, houve uma questão delicada, que foi a renúncia do presidente da CBAt, Sr. José Antônio Martins Fernandes, ocorrida também no início de 2018. O presidente era investigado por processos relacionados a denúncias de superfaturamento de hospedagem em competições. Administrativamente, eram necessárias também mudanças no estatuto da CBAt, para adequação à lei Pelé, relativas ao peso da participação de representantes dos atletas em assembleias. Também haviam sido anunciados cortes no Bolsa Atleta, afetando principalmente a base. Recentemente, tinha ocorrido o fim do Ministério do Esporte, agora compondo uma Secretaria do Ministério da Cidadania. Estas eram as principais incertezas que pairavam sobre o futuro e que afetavam atletas e treinadores de diferentes maneiras no início do ano de 2019.

A avaliação sobre a participação nesse primeiro Camping, de maneira geral, foi positiva. Foi possível conversar pessoalmente com dirigentes e envolvidos diretamente nas atividades. Entre as pessoas que buscávamos interlocução, o novo presidente da CBAt, Warlindo Carneiro, foi bastante acessível, e assim pudemos explicar o projeto de pesquisa. Tratar da Rede Nacional de Treinamento, por si só, já trazia um tensionamento pelo insucesso do projeto, em especial o caso do atletismo.

Gentilmente, nos foi autorizado pela CBAt a coletar dados para a pesquisa, conforme anexo A.

Além dessa autorização formal por parte da CBAt, participar do Camping de Lavras também nos aproximou de dois colaboradores importantes: Wlamir Motta Campos, que na época estava somente ligado a ADAB, e também o coordenador do projeto Cria-Lavras, o professor Dr. Fernando Roberto de Oliveira.

Os contatos com Wlamir Motta Campos já tinham sido feitos de forma virtual, buscando dados junto a ADAB. Prontamente, nos foram disponibilizados diversos documentos sobre o convênio firmado entre a CBAt e o Ministério do Esporte. Wlamir é um ex-atleta e grande entusiasta do atletismo. Seu envolvimento com o esporte foge à regra de alguém que está diretamente envolvido com treinamentos, competições, etc. Geralmente, estes atores são treinadores ou árbitros, e seu envolvimento com a modalidade é diretamente com a prática. Wlamir é alguém que atua na parte dos bastidores, foi um dos fundadores da ADAB, uma entidade que busca democratizar o atletismo, e, no momento de crise em que a modalidade se encontrava, buscava dar transparência e fiscalizar ações, principalmente da CBAt. Wlamir se fez presente durante todo período de realização do Camping, e podemos dizer que ele foi um informante privilegiado da pesquisa. Posteriormente, se tornou vice-presidente da CBAt, ocupando cargo vago pela renúncia de José Antônio Fernandes.

Outra aproximação importante na época foi com o professor Fernando Oliveira, que seria o coordenador do futuro Centro Regional de Lavras. Fernando era um grande incentivador do atletismo e que, lamentavelmente, veio a falecer vítima de AVC, em outubro de 2019. Foi uma grande perda para a comunidade da UFLA e para o atletismo brasileiro. A importância do professor Fernando, além do Projeto da Rede Nacional de Treinamento de Atletismo, pode ser observada no trecho abaixo:

Um dos mais conceituados treinadores do País e fundador do CRIA Lavras, ele encararia outro desafio na sua carreira, na semana passada, como coordenador dos 41 projetos integrantes do Sistema Nacional Caixa de Treinamento (SNT), da CBAt. (CBAT, 2019b80).

80 Notícia que trata do falecimento do professor Fernando de Oliveira, disponível em:

Fica clara a importância do professor Fernando na organização futura de um Sistema Nacional de Treinamentos, projeto que teria abrangência nacional e que reforça a grande perda que a modalidade teve com o seu falecimento. A importância do Cria-Lavras pode ser observada tanto em 2019, como em nosso retorno no ano de 2020. Em 2019, chamava a atenção a grande quantidade de crianças e jovens que ocupavam as dependências da universidade para praticar o atletismo e participar das atividades do Camping. Uma das falas célebres do professor Fernando era buscar tornar a universidade um local possível e desejável, inclusive para os mais carentes. O projeto Cria recebeu diversas distinções no estado de Minas Gerais e mobilizava atividades de pesquisa e extensão na UFLA. Com isso., o luto da perda de um grande incentivador do atletismo nacional se insere nesta descrição sobre a participação, especialmente, no Camping de Lavras.

Após a qualificação deste projeto de pesquisa, ficou definido que a participação em dois Campings em sequência poderia ser uma relevante forma de coleta de dados. Sobre o Camping de Campo Mourão, encontramos uma notícia de dezembro de 2017 que apresenta a importância de Campo Mourão nesse cenário da Rede Nacional de Atletismo:

A CBAt enviou especialistas da Rede Nacional de Treinamento de Atletismo (RNTA) do Rio do Janeiro (RJ) e de Bragança Paulista (SP) para acompanhar os treinos de velocidade, saltos horizontais, barreiras, fundo, meio-fundo e provas combinadas. Estão trabalhando lá Carlos Alberto Lancetta, Lázaro Velázquez, Anisio Souza, e Dino Aguiar, além dos treinadores locais, como Paulo Cesar da Costa, da FECAM. A Rede Nacional de Treinamento de Atletismo (RNTA), programa da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) em convênio com o Ministério do Esporte, realiza mais um camping de treinamento, reunindo jovens de várias categorias do esporte-base nacional. (CBAT, 2017a81).

Já a equipe de Lavras, em janeiro de 2017, quando foi realizado um primeiro Camping da Rede Nacional de Atletismo no Rio de Janeiro, participou das atividades, mesmo sem ter ainda iniciado o seu funcionamento formalmente. Seu engajamento nas atividades pode ser destacado abaixo:

Lavras, em Minas Gerais, contará com um Centro Regional de Treinamento de Atletismo (CRTA/Minas), instalado na Universidade Federal da cidade. O treinador responsável é Fernando de Oliveira, que acompanha os atletas do Estado no camping. "Nossos atletas são jovens, embora em média tenham seis anos de treinamento", diz Fernando. "Por isso, vários já conseguiram

resultados importantes", prossegue. De Juiz de Fora, acompanha os trabalhos o treinador Jorge Perrout. (CBAT,2017b82).

A relevância dos Campings de Lavras e Campo Mourão como referências para a Rede Nacional de Treinamento de Atletismo motivaram a participação nestas atividades. Ambas as notícias anunciavam que aquele poderia ser um espaço a ser explorado.

Iniciando a descrição de parte de nosso campo empírico, a cidade de Campo Mourão fica no extremo oeste do Paraná, aproximadamente 1h30min de transporte terrestre de Maringá, e 6h de Curitiba. Não possui aeroporto comercial e fica próximo do estado do Mato Grosso do Sul. Como já mencionado, a divulgação do Camping foi principalmente pelo Facebook.

A abertura do Camping de Campo Mourão contou com algumas particularidades, que são descritas abaixo:

A abertura estava prevista para as 14:30, cheguei em torno de 15 minutos antes e ainda estavam preparando o local. O auditório da Unimed era um local climatizado e com ótima estrutura, tinham em torno de 100 pessoas, entre atletas uniformizados, treinadores e demais autoridades presentes. Alguns banners de divulgação foram colocados com os apoiadores (UNOPAR, CBAt, Secretaria Educação do Paraná Núcleo Campo Mourão, ADAB, Brasão da cidade de Campo Mourão e FECAM – Fundação de Esportes de Campo Mourão). Os atletas estavam, em sua grande maioria, uniformizados, alguns com camisetas de temporadas anteriores. Os uniformes possuíam diversos logos de apoiadores, e sua cor era em um tom de verde. Chamava atenção a sigla IACM (Instituto Atletismo Campo Mourão). Estavam presentes na abertura o prefeito municipal de Campo Mourão, o Secretário de Esportes, o vice-presidente da CBAt, uma representante regional da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná e membros da Unimed. A cerimônia foi bem formal, com falas das autoridades. Algumas das autoridades estavam de terno e gravata, e a maioria de camisa social. Após a cerimônia, ocorreu a palestra intitulada “heróis olímpicos”, em que dois atletas experientes falaram sobre suas trajetórias atléticas. Vanderlei Cordeiro de Lima, que é padrinho do projeto, e Flavia de Lima, atleta de 800m, natural da cidade. (Diário de Campo de Campo Mourão, 04/12/2019, elaborado pelo autor).

Buscando uma comparação com o Camping de Lavras, temos que a cidade de Lavras fica no Sul de Minas Gerais, não possui aeroporto e fica a aproximadamente 6h de transporte terrestre de São Paulo. A divulgação das atividades do Camping foi feita principalmente pelo Facebook e Instagram no ano de 2020. Notamos que a abertura foi em local semelhante a de 2019, mas com elementos particulares, conforme descrevemos abaixo:

A abertura do Camping de 2020, em Lavras, foi na arquibancada que fica à beira da pista, assim como em 2019. O seu início não tinha hora marcada, mas, em torno das 9h30, as pessoas começavam a chegar; fui um dos primeiros a chegar ao local. Somente o banner da ADAB foi colocado próximo ao local onde as pessoas se reuniam. Neste ano, o Camping tinha uma grande ausência, a do idealizador e coordenador do projeto Cria-Lavras, professor Fernando Oliveira. Não tínhamos somente atletas de Lavras, alguns grupos pequenos de outras localidades estavam presentes. Nem todos estavam uniformizados. A diversidade de equipes era bem maior que Campo Mourão, mas a quantidade de atletas e treinadores era menor do que o observado em 2019. Era um momento solene, mas sem formalidades, como protocolos, etc. Ninguém usava terno, gravata, tampouco camisa social. O semblante de muitas das pessoas que se reuniam naquele momento era um misto de tristeza e angústia. A ausência de autoridades, como o Reitor da UFLA e o presidente da CBAt, também dava indícios que aquele momento era diferente do observado em 2019. No início, ficou uma incerteza sobre quem começaria a falar. O primeiro a falar foi o treinador Neilton Moura, que, em meio à lagrimas e aplausos, abriu as atividades. Notava-se um sentimento de incerteza sobre o futuro, pois havia se passado pouco mais de 90 dias da perda do professor Fernando. (Diário de Campo de Lavras, 13/01/2020, elaborado pelo autor).

A abertura de início das atividades teve significados distintos em cada Camping. Em Campo Mourão, foi uma atividade solene, em auditório com presença de autoridades, falas oficiais; já em Lavras, devido a circunstâncias do falecimento do professor Fernando, foi um momento de grande emoção e marcava mais o início dos treinamentos que começavam em seguida do que a abertura propriamente dita.

Outro ponto que destacamos é sobre o público. Por mais que, em natureza, pareçam atividades que contemplem o mesmo tipo de público, notamos diferenças significativas nesse sentido. Em Campo Mourão, fizemos a seguinte descrição:

A quantidade de equipes com atletas era baixa, o público basicamente era formado por treinadores e professores vindos de regiões próximas. Alguns treinadores vinham de outros estados, como o Mato Grosso do Sul. Os atletas que participavam eram, em sua maioria, do próprio local, e um público de atletas que girava em torno de 40 a 50 participantes ao total. Todos eram muito jovens, e notamos poucos atletas experientes. A idade dos atletas girava em torno de 14, 15 anos. Os treinadores que vieram ministrar os treinos e as palestras, por outro lado, eram bastante experientes, era um grupo, em sua maioria, vindo da CBAt de São Paulo. Alguns possuíam experiência inclusive em Jogos Olímpicos e eram especialistas em alguma prova específica. Tiveram treinadores que ministravam uma ou no máximo duas sessões de treinamentos, uma palestra, e retornavam para seus lugares de origem. Não tinham um envolvimento maior de permanecer no local durante toda a atividade e com um envolvimento maior com os participantes. (Diário de Campo de Campo Mourão, 07/12/2019, elaborado pelo autor).

O relato descrito acima nos remete à notícia trazida anteriormente, onde apresenta que a CBAt teria “enviado especialistas”; este era o sentido das atividades,

desenvolvidas por especialistas. Notava-se, assim, uma distinção entre os participantes do Camping e os especialistas que desembarcaram no local. Em Lavra, descrevemos o púbico da seguinte maneira:

O público participante era formado, em sua maioria, por grupos de atletas acompanhados de seus treinadores. O Camping iniciou pela iniciativa de se juntar dois grupos, um de Lavras e outro de Guarulhos/SP, e estes eram os dois grandes núcleos observados. Notamos poucos treinadores que não acompanhavam seus atletas. O número, tanto de treinadores como de atletas, era significativamente menor que o observado no ano anterior, mas era bastante significativo. Os atletas eram uma mescla de iniciantes vindos de outras cidades e atletas locais, em sua maioria estudantes universitários da UFLA. A estimativa era de um público de em torno de 70, 80 atletas. Também tinha um grupo de crianças que participavam de atividades paralelas aos treinos e eram acompanhados por professores da prefeitura e por atletas estudantes que ministravam as atividades, em sua maioria eram atividades recreativas. Quando se juntavam atletas que estavam treinando e as crianças, o total passava de 100 pessoas. Não tínhamos a questão dos treinadores especialistas pontuais, como notamos em Campo Mourão, o envolvimento dos ministrantes dos treinos ocorreu durante todo o período, formando grupos que estiveram no Camping por praticamente uma semana. Os professores presentes eram, em sua maioria, professores e treinadores de prefeituras próximas da região. Os atletas eram divididos por tipos de provas e permaneciam neste grupo durante todo o período do Camping. (Diário de Campo de Lavras, 17/01/2020, elaborado pelo autor).

Os tipos de atividades e a forma como se desenvolveram apresentaram grandes diferenças entre os dois Campings observados. Campo Mourão teve um perfil mais de centralidade nos especialistas; descrevemos abaixo tal impressão:

Em Campo Mourão, as atividades eram desenvolvidas e orientadas por uma certa demanda que partia dos treinadores especialistas. As atividades eram grandes seções de treinos, sobre temas como velocidade, com um treinador especialista de velocidade. Alguns treinadores inclusive não permaneceram durante todo o período do Camping na cidade. A preocupação em ter diversas atividades por área durante todo o período, como em Lavras, não existia. A preocupação maior era um rodízio de atividades por dia, conforme os interesses dos ministrantes, e não dos praticantes. A lógica parecia ser de passar a maior quantidade possível de informações dos especialistas para os treinadores e participantes. Este perfil parecia, de certa forma, adequado com a proposta de que Campo Mourão seria um Centro Local. As refeições não eram feitas em conjunto, os almoços dos palestrantes ocorriam em um restaurante, mas não existia uma forma de organização coletiva. Grupos de afinidade iam se formando pelas conversas paralelas que ocorriam durante as seções de treino prática. (Diário de Campo de Campo Mourão, 07/12/2019, elaborado pelo autor).

Lavras já tinha um perfil diferente, as atividades eram realizadas buscando atender às demandas dos participantes do Camping que se organizavam por grupos de provas.

As atividades eram feitas e planejadas especificamente buscando atender os participantes, de uma forma contínua durante toda a semana. Havia um planejamento por área de treinamento em que eram, simultaneamente, atendidos atletas de saltos, velocidade, arremessos e lançamentos, fundo e iniciação. Alguns atletas circulavam nos grupos por serem de provas combinadas. Todos se ajudavam e havia um real sentimento de integração entre os atletas de outros clubes aos atletas da UFLA. Algumas atividades eram feitas por todos, com destaque para atividades envolvendo a dança. Por duas oportunidades, uma grande aula de dança foi ministrada com praticamente todos os participantes. Esta atividade ocorreu em um início de tarde na pista. As refeições eram feitas de maneira coletiva, onde todos almoçavam e jantavam juntos na maioria das vezes. (Diário de Campo de Lavras, 18/01/2020, elaborado pelo autor).

O Camping de 2020 de Lavras se mostrou como um grande tributo ao professor Fernando Oliveira. Diversas atividades, como as palestras, foram ministradas por ex-atletas, orientandos, egressos do Cria-Lavras e alguns professores universitários. As palestras tinham relação direta com assuntos do atletismo e algum tipo de relação com o lugar ou com as pessoas que participaram do Cria-Lavras. Lavras possuía um caráter mais “acadêmico”, com aproximação maior com a comunidade. Notamos estudantes de pós-graduação realizando suas pesquisas em meio ao Camping, coletando dados de salto em altura, por exemplo. Foram realizadas nove palestras em Lavras, algumas com mais de um palestrante.

Em Campo Mourão, as palestras eram feitas por pessoas de diferentes lugares, e não notamos uma relação direta com o local. As palestras foram realizadas em uma universidade privada, mas com pouca relação direta com os envolvidos; como já salientado, pareciam atividades passadas por especialistas. Em Campo Mourão foram realizadas quatro palestras.