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3 PROJETO OLÍMPICO BRASILEIRO

1.6 O LEGADO PARA O ESPORTE

PROMOÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ESPORTE

Além do legado físico das instalações esportivas e dos voluntários treinados para os Jogos, o plano de legado Olímpico Rio 2016 envolve iniciativas que

visam o desenvolvimento do esporte no Brasil, na América do Sul e no resto do mundo. Entre elas, podemos citar:

• Bolsas para os atletas até 11.000 jovens atletas brasileiros de talento, que não dispõem do apoio de patrocinadores privados, receberão ofertas de bolsas até 2018;

• Bolsas do Centro Olímpico de Treinamento Junto com a Solidariedade Olímpica, o Centro Olímpico de Treinamento oferecerá bolsas a atletas e treinadores dos quatro cantos do planeta. Estas bolsas prorrogarão os programas internacionais em vigor atualmente no Brasil e estarão alinhadas com os programas de apoio do COI;

• Aumento de investimentos federais no esporte um aumento de mais de US$ 210 milhões ajudará a preparar as equipes Olímpicas e Paraolímpicas brasileiras;

• Legado de instalações de treinamento a serem construídas para os Jogos Rio 2016 deixarão um legado de 14 instalações fora do Rio e 29 instalações dentro da cidade. Estas instalações estarão localizadas dentro das comunidades e próximas a escolas públicas;

• Formação de oficiais técnicos a nível nacional Discussões com as Confederações Brasileiras de esportes menos desenvolvidos no Brasil levaram à formulação de projetos de treinamento e formação, no Rio e em toda a América do Sul. Os cursos vão melhorar as competências técnicas e deixarão um legado de novos oficiais técnicos sul-americanos qualificados e experientes. Além disso, o programa Rio Olímpico, coordenado pelo Estado, irá consolidar várias iniciativas existentes que promovem o aumento dos investimentos nos novos programas e na infraestrutura ligada ao esporte. Esses financiamentos permitirão ainda a promoção do esporte e o acesso das comunidades às instalações dos Jogos, ajudando assim milhares de pessoas a viver sua paixão pelo esporte. Os Jogos Rio 2016 se beneficiarão de um aumento nos investimentos do setor privado através de programas de incentivo fiscal já em vigor. O financiamento deve passar de US$ 80 milhões a pelo menos US$ 200 milhões até 2016, e apoiará diversas instalações esportivas e a criação de programas ligados ao esporte.

(COMITÊ ORGANIZADOR RIO 2016, 2009, v. 1, p.24).

Fica claro que aquela pergunta formulada pelo COI, de qual será o legado para o esporte – abrangendo não somente a cidade, mas que busque dar conta da região de realização dos Jogos –, tentou ser respondida. A preocupação em promover esportes que não são populares no país também se apresenta nesse trecho do documento da candidatura brasileira.

Ao estabelecer relações entre a posição Brasileira na Candidatura para Sediar os Jogos de 2016, Silva (2014) faz uma análise desse Dossiê de candidatura do Rio e destaca uma relação soft power (poder brando), apresentando que: “Os tópicos mencionados como visão, legado e comunicação do evento podem ser considerados como mais relevantes para uma análise do poder brando (soft power) aplicado pelo Brasil” (SILVA, 2014, p. 59). O autor sintetiza tal situação na citação abaixo:

VISÃO, LEGADO e COMUNICAÇÃO

- Jogos festivos e transformações

- Atrair e inspirar a juventude do mundo inteiro

- A organização dos Jogos alinhada aos planos de legado Olímpico - Promoção dos valores Olímpicos e Paralímpicos no mundo (SILVA, 2014, p. 59).

Sobre como foi avaliada a candidatura do Rio, encontramos o Relatório da Comissão de Avaliação do COI de 2016 (COI, 2009) (Report of the 2016 IOC Evaluation Commission)34. Nesse relatório, são apresentados para cada cidade (no

caso Chicago, Tóquio, Rio de Janeiro e Madrid) informações que compuseram a avaliação. São 16 tópicos com respostas apresentadas com recorte e que dão um plano geral de como os avaliadores orientaram a sua análise sobre as propostas de cada uma das cidades candidatas.

Entre os elementos apresentados no primeiro tópico que trata da Visão, Legado, Comunicação e Conceitos Gerais dos Jogos, o Rio de Janeiro, por ser parte do governo brasileiro, planejava investir no esporte como catalizador para uma integração social. Para tanto, iria promover programas que visavam uma inclusão social através do esporte e lazer, o esporte de elite, a expansão da infraestrutura esportiva e a realização de grandes eventos esportivos.

Destacamos os itens abaixo

A estratégia do Rio 2016, em alinhamento com a visão de esportes do Brasil já resultou em alguns benefícios, incluindo o desenvolvimento do Centro Olímpico de Treinamento e bolsas de estudo para jovens na região. Um programa educacional cobrindo uma gama de temas relacionados ao esporte estará disponível para escolas para promover estilos de vida esportivos e saudáveis, adaptados a diferentes grupos etários e público-alvo. Há um alinhamento total dos três níveis de governo (federal, estadual e municipal) e a proposta conta com o forte liderança e envolvimento do Comitê Olímpico Nacional, bem como dos atletas.

(COI, 2009, p. 46-47, tradução nossa).

É apresentada como uma experiência exitosa no relatório do Rio de Janeiro e em outros documentos a realização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, bem como ressalta-se também um comprometimento por parte do Governo Federal no montante de 240 bilhões de Dólares Americanos, oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Estas questões relacionadas ao PAC possuem relação, ao que

34 Disponível em:

https://stillmed.olympic.org/media/Document%20Library/OlympicOrg/Documents/Host-City- Elections/XXXI-Olympiad-2016/Candidature-Procedure-and-Questionnaire-for-the-Games-of-the- XXXI-Olympiad-in-2016.pdf. Acesso em 10 mai. 2018.

entendemos, com a criação de uma nova estrutura, que são os Centros de Iniciação ao Esporte (CIE), apresentados posteriormente.

Após buscar conceituar legado e identificar, ainda no processo de escolha do Rio como sede, elementos que apresentam uma indução de legado esportivo, temos no caso brasileiro: “A projeção de uma leitura crítica da questão política no universo esportivo foi, sem dúvida, um dos principais ‘legados’ dessa conturbada década esportiva” (SPAGGIARI; CARRARO; GIGLIO, 2016, p.10). Tal ponto resume um pouco a necessidade de análises como a que realizamos aqui.

Retomamos que entre o “alerta de Tsunami” e os grandes “elefantes brancos”, o “Legado Esportivo dos Jogos do Rio 2016” se apresenta como uma demanda. Poderíamos apontar que esta era uma condição para que o espetáculo olímpico viesse para o Brasil. Esse desejo de sucesso do Projeto Olímpico brasileiro, que se iniciou nos anos 1990 com a primeira candidatura para sediar os Jogos de 2000, está presente desde o período de redemocratização do Brasil. A circulação de agentes e a coalisão de interesses durante esse processo criou um ambiente propício para a vinda dos Jogos para o Rio em 2016. No caso brasileiro, pretendemos agora descrever os atores, as disputas e o projeto que pretende, além de sediar os Jogos, fazer do país uma potência olímpica.

4 A REDE NACIONAL DE TREINAMENTO: ELABORAÇÃO, FORMULAÇÃO E