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Os Jogos do Rio 2016 e as exigências de legados pelo CO

3 PROJETO OLÍMPICO BRASILEIRO

3.3 Os Jogos do Rio 2016 e as exigências de legados pelo CO

Ao se observar a distribuição espacial dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, é importante notar que foram mobilizadas na cidade quatro grandes regiões onde ocorrem as competições esportivas e as cerimônias. Essas áreas, também denominadas de clusters, compreendiam as seguintes regiões da cidade: Maracanã, Copacabana, Barra da Tijuca e Deodoro. Além do Rio de Janeiro, nas cidades de Manaus, São Paulo, Salvador, Brasília e Belo Horizonte, foram realizadas partidas de futebol, buscando a utilização dos estádios construídos para a realização da Copa do Mundo de Futebol Masculino, sediada no Brasil dois anos antes, em 2014. Como já salientamos, foram utilizados pela primeira vez dois estádios públicos, um para a realização do atletismo e outro para as cerimônias e para a final do futebol.

Mascarenhas (2010) apresenta que o chamado urbanismo olímpico inaugurado nos Jogos Olímpicos de Barcelona 92 inspiraram as candidaturas do Rio 2004, dos Jogos Pan-americanos de 2007 e dos Jogos Olímpicos de 2016. A estratégia concentrou os investimentos em áreas nobres da cidade atendendo a grandes interesses empresariais. Ao invés de se construir grandes parques esportivos se descentralizou o uso dos equipamentos. O Pan-americano de 2007 se apresentou como uma estratégia territorial elitista e excludente onde a Barra da Tijuca centralizou as intervenções urbanas. Ainda sobre esta relação entre os Jogos do Rio e de Barcelona, Oliveira e Gaffney (2010) apresentam que:

A aproximação dos processos em curso na cidade do Rio de Janeiro com a experiência Catalã não se resume ao elevado potencial cultural e paisagístico peculiar às duas cidades. Ela nos remete à origem do “sonho olímpico carioca”: a candidatura aos Jogos Olímpicos de 2004, apresentada como projeto emblemático para a promoção do desenvolvimento no primeiro Plano Estratégico da cidade em 1996. Como consultores desse plano e do projeto Rio 2004, estavam Jordi Borja e Manoel de Forn que, tendo conduzido as transformações ocorridas em Barcelona por ocasião das Olimpíadas de 1992, tomaram-na como paradigma orientador de um determinado modelo de planejamento e gestão de cidades, cuja inspiração baseia-se do em técnicas de gestão empresarial.(OLIVEIRA E GAFFNEY 2010 p.2)

Apresentaremos brevemente algumas questões relacionadas com o que poderíamos denominar de “geografia” dos Jogos do Rio, buscando estabelecer relações com os espaços utilizados para realização dos Jogos Olímpicos e a proposta da Rede Nacional de Treinamento. Ao buscar uma maior capilaridade dos efeitos dos Jogos, principalmente considerando a construção de estruturas esportivas por todo o

território nacional, o espaço em questão não se restringe às quatro regiões apresentadas acima e também extrapola os limites da cidade do Rio de Janeiro.

Figura 6 – Os 4 clusters dos Jogos Olímpicos do Rio 2016

Fonte: Silvestre (2016)27

27 Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/The-Olympic-clusters-of-the-Rio-2016-Games-Rio-de-Janeiro-City-Council_fig2_304496784. Acesso

É importante salientar que encontramos referências de que os clusters da Barra da Tijuca e de Deodoro teriam uma relação direta com a Rede Nacional de Treinamento, fato que não ocorre com Copacabana e Maracanã.

Procuramos compreender, no momento de candidatura do Rio, quais eram as exigências por parte do COI que tenham uma relação direta com o desenvolvimento do esporte no país e que possam ter aproximação com a necessidade de construção de uma política pública. Assim, se apresenta como importante aprofundar o significado do termo Legado, suas aplicações e controvérsias, esclarecendo o que se entende por “Legado Esportivo”. Também, é importante abordar as relações entre o Projeto Olímpico Brasileiro e as exigências do COI, em especial as questões que tratam diretamente do esporte. Olhamos para uma possível indução para que o país desenvolvesse o esporte de maneira ampliada, especificamente nas modalidades que compõem o programa olímpico e que desdobraram uma proposta de política pública.

Nesse sentido, é eminente compreender que os Jogos Olímpicos são uma propriedade privada, travestido de público, muitas vezes, como apresentado por Padilha (2006) quando fala em shopping center. Sendo assim, os anéis olímpicos, como outros símbolos, são de uso exclusivo do COI, que detém direitos, estabelecidos pela Carta Olímpica (COI, 2015b). Estes são:

(I) a organização, exploração e comercialização dos Jogos Olímpicos, (II) autorização da captura de imagens em movimento dos Jogos Olímpicos para uso pela mídia,

(III) registro de gravações audiovisuais dos Jogos Olímpicos e

(IV) a radiodifusão (broadcasting), transmissão, retransmissão, reprodução, exibição, divulgação, disponibilização ou outras comunicações ao público, por qualquer meio já conhecido ou a ser desenvolvido no futuro, obras ou sinais que incorporem registros ou gravações audiovisuais dos Jogos Olímpicos. (COI, 2015b, p. 22, tradução nossa).

Sobre a transmissão e reprodução das imagens feitas durante os Jogos Olímpicos, existe um regramento específico sobre aqueles que são credenciados (árbitros, treinadores, dirigentes, etc.) no que diz respeito ao uso de redes sociais, canais pessoais, entre outros. Atualmente, existe uma forte restrição ao uso dos símbolos e palavras diretamente relacionadas com o termo “olímpico” e o uso dos símbolos olímpicos. Tais diretrizes para a mídia social e digital podem ser observadas no trecho abaixo:

As presentes diretrizes se aplicam a todos os participantes e, de modo geral, a todas as pessoas credenciadas para os Jogos, ou seja, todos os atletas,

treinadores, autoridades, pessoal dos Comitês Olímpicos Nacionais e das Federações Internacionais e membros da mídia credenciada. Elas estarão em vigor desde a abertura da Vila Olímpica, no dia 24 de julho de 2016, até o fechamento da Vila Olímpica, no dia 24 de agosto de 2016. (COI, 2015a, p. 1).

Tomando a realização das competições esportivas como foco, a realização dos Jogos Olímpicos teve que dar conta de uma série de questões técnicas relativas às normas e regras de cada uma das 42 modalidades que formaram os 28 esportes disputados no Rio. Cabe salientar que um esporte pode ser composto por um conjunto de modalidades.

Essas questões apresentam um entendimento sobre como são as relações entre “os esportes” em si (representados pelas Federações Internacionais), bem como com o COB e o COI. Instituições estranhas ao que poderíamos nominar como grande sistema esportivo internacional, entre elas o Estado (composto pela União, Estados e Municípios), apresentam um protagonismo diferente daquele que ocorre quando se busca realizar os Jogos. Segundo o COI:

A Carta Olímpica é a codificação dos princípios fundamentais do Olimpismo, e as regras as leis aplicáveis adotadas pelo Comitê Olímpico Internacional. Ela governa a organização as ações e o funcionamento do Movimento Olímpico e estabelece as condições para a celebração dos Jogos Olímpicos. Entre outras coisas, ela estabelece as relações entre as Federações Internacionais, os Comitês Olímpicos Nacionais e o Movimento Olímpico. (COI, 2015b, p. 11, tradução nossa28).

A utilização de “legado” em nosso vocabulário foi ampliada e possui estreita relação com a realização dos megaeventos esportivos, em particular com a realização destes no Brasil. Quando o Rio ainda almejava ser escolhido como sede olímpica, é lançado no Brasil o livro “Legados de Megaeventos Esportivos” que é resultado da realização do “Seminário de Gestão de Legados de Megaeventos Esportivos”, ocorrido em maio de 2008, em uma ação conjunta do Ministério do Esporte, do CONFEF, do SESC Rio, do SESI e da Universidade Gama Filho. Nessa obra, Rodrigues et al. (2008) apresentam um estado da arte do conhecimento sobre legados de megaeventos esportivos no exterior e no Brasil até então. Entre as referências apresentadas, destacam o manual formulado pelo COI, em 2003, que é resultado de um Seminário ocorrido em novembro de 2002 na cidade de Lausanne: “The legacy of

28 Disponível: https://www.olympic.org/olympic-studies-centre/collections/official-publications/olympic-

the Olimpic Games 1984-2000” (MORAGAS; KENNETT; PUIG, 2003 apud RODRIGUES et al., 2008).

Chama a atenção que a “gramática olímpica” inclui, neste período, o termo “legado” ao seu mais importante documento, que é a Carta Olímpica29. Cabe salientar

que a Carta Olímpica é um documento que sistematicamente é repactuado. Notamos alterações importantes ao tratar de legados, no que tange às responsabilidades e relações entre o COI, os Comitês de Organização e autoridades públicas ao tratar da realização dos Jogos Olímpicos. Encontramos referência da primeira menção de “legado” na Carta Olímpica do ano de 2003 (um ano após o Seminário citado acima). No tópico que trata de Missão e Regras, a alteração que destacamos é no item: “A missão do COI é promover o olimpismo em todo o mundo e liderar o movimento olímpico” (COI, 2003, p. 11, tradução nossa). O papel do COI ao tratar de legado na Carta Olímpica de 2003 apresenta que o COI deve:

13. tomar medidas para promover um legado positivo dos Jogos Olímpicos para a cidade anfitriã e o país anfitrião, incluindo um controle razoável do tamanho e custo dos Jogos Olímpicos, e incentivar os Comitês Organizadores dos Jogos Olímpicos (OCOGs), autoridades públicas do país anfitrião e as pessoas ou organizações pertencentes ao Movimento Olímpico para agir. (COI, 2003, p. 12, tradução nossa).

Em 2015, tal item é simplificado para: “14. Promover um legado positivo dos Jogos Olímpicos para as cidades sede e países anfitriões” (COI, 2015, p. 20, tradução nossa). Chama a atenção a alteração da expressão “tomar medidas para promover” para somente “promover”, ou seja, exime o COI de tomar medidas nesse processo. Ocorreu também uma simplificação do item que trata sobre legado na Carta Olímpica, onde a expressão “controle razoável do tamanho e custos dos Jogos Olímpicos” é suprimida, assim como o incentivo à ação, inclusive por parte de autoridades públicas.

No debate acadêmico, Tavares (2011) salienta a preocupação do COI em contrabalançar a dimensão comercial dos Jogos Olímpicos com uma noção de valores e responsabilidade, que torna central a questão do “legado” no ambiente olímpico. Na relação entre Jogos Olímpicos e Copa do Mundo, o autor apresenta:

29 Disponível em: https://library.olympic.org/default/olympic-charter.aspx?_lg=en-

Comparativamente, a questão do legado possui bem menos importância no âmbito da FIFA. Esta relativa despreocupação da entidade dirigente do futebol mundial com um discurso de responsabilidade social de seu megaevento está provavelmente relacionado ao fato de que, ao contrário do Comitê Olímpico Internacional, a FIFA desenvolveu muito pouco um discurso a respeito de valores do esporte como uma missão a promover por meio do futebol. Nos parece que, para ela, a Copa do Mundo é apenas esporte competitivo e negócio. (TAVARES, 2011, p. 19).

Sobre esta dimensão comercial e os potenciais efeitos dos megaeventos esportivos, no Brasil, surgiu uma expressão de destaque: Tsunami. Introduzida inicialmente pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), em sua revista de dezembro de 2009, logo após o anúncio feito em Copenhague, no espaço que apresenta mensagem do presidente Jorge Steinhilber, temos:

O Brasil será, pelo menos nos próximos sete anos, o ponto de encontro do esporte mundial. Um verdadeiro ‘tsunami esportivo’ avassalador, envolverá a sociedade, a mídia, os políticos e os diversos poderes constituídos. Que repercussão e proveito social poderão ser obtidos a partir dessas festas, desses megaeventos? (STEINHILBER, 2009, s. p.30).

A expressão entra no debate acadêmico, e Tavares (2011) atenta nesse assunto da seguinte forma: “curiosas denominações para o período de realização deste conjunto de competições” (TAVARES, 2011, p.12). Para o autor, "Tsunami esportivo" (BRASIL, 2009, p. 1 apud TAVARES, 2011, p. 12) e "Cometa do Desporto"” (SILVA, 2011, p. S1 apud TAVARES, 2011, p. 12) são exemplos de metáforas “que tentam traduzir em palavras o impacto esperado de tão extenso conjunto de grandes competições esportivas em um espaço de tempo relativamente curto” (TAVARES, 2011, p.12). O autor salienta ainda sobre a curiosidade das conotações estarem relacionadas com fenômenos da natureza. Tsunami, uma onda gigante que possui impacto devastador, e cometa, que se apresenta como contemplativo e com poucos efeitos concretos sobre a vida em nosso planeta.

A expressão Tsunami volta a ser empregada por Mascarenhas (2012) e Maricato (2014), inclusive utilizada no título de seus textos. Mascarenhas (2012) apresenta uma preocupação também indicada por Tavares (2011), que é a relação dos megaeventos esportivos com a Educação Física, tecendo reflexões sobre potenciais efeitos na escola, relatando um “alerta de Tsunami”. Tal chamado mostra

30 Disponível em:

https://www.confef.org.br/extra/revistaef/arquivos/2009/N34_DEZEMBRO/01_PALAVRA_DO_PRE SIDENTE.pdf. Acesso em 30 set. 2018.

uma necessidade de aprofundar estudos sobre o tema, sobre megaeventos e a Educação Física. Sua proposta é uma batalha de ideias em torno dos interesses e projetos hegemônicos que se articularam a partir do esporte e para a Educação Física. O autor faz também uma reinvindicação para uma estruturação de uma Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em esporte e lazer como uma política do ME e do Estado Brasileiro.

Maricato (2014), em seu texto “A Copa do Mundo no Brasil: tsunami de capitais”, aprofunda a desigualdade urbana, apontando que a “grande onda” que se apresenta é a reunião de capitais internacionais “especializados” no urbanismo do espetáculo e que utiliza como álibi megaevento esportivos, culturais ou tecnológicos. Nesse sentido, se buscaria promover um arrastão empresarial “a fim de garantir certas características a um pedaço da cidade que se assemelha, no mais das vezes, a um parque temático” (MARICATO, 2014, p. 17). A autora apresenta que as grandes transformações urbanas tendem a contrariar as necessidades locais, sobrando um conjunto de “elefantes brancos”.

Destaca-se que a emergência da globalização neoliberal entre 1970 e 1980 e seus impactos – como o recuo das políticas sociais e o aumento do desemprego, da pobreza e da violência – apontam para profundas mudanças nas cidades, onde a desregulamentação, flexibilização e privatização são práticas para abrir espaço para capitais imobiliários e de infraestrutura e serviços. Maricato (2014) aproxima o debate entre esporte, megaeventos e neoliberalismo, tomando o aumento das desigualdades urbanas. A autora, ao adjetivar o tsunami como sendo de capitais, nos alerta para relações entre o esporte e o neoliberalismo.

Por vezes, é apresentada a relação entre quem seriam os vencedores e os perdedores ao se tratar de legados (MASCARENHAS, 2012; TAVARES, 2011). Tal relação só reforça a necessidade de compreender este culto à performance e uma lógica concorrencial que é apresentada por Eherenberg (2010). Tal questão demonstra a ligação estreita com discursos do esporte, do consumo e empresarial. Esta relação entre vencedores e perdedores nos permite a clareza de que legado é algo que foi e é disputado.

Marcellino (2013), ao afirmar que os legados de megaeventos esportivos podem ser considerados integrantes de políticas públicas, aponta que estes devem ser apreciados como resultados de uma ação, cujos impactos podem ser acompanhados segundo suas características. O autor também salienta que: “O que

se tem na área, ainda hoje, são programas de governo, e não uma estrutura de Estado que contemple aspectos fundamentais como a definição do papel dos entes federativos nessa política setorial” (MARCELLINO, 2013, p.17).

Ao tratar do controle social em políticas públicas de esporte e lazer, Bonalume (2013) aponta para a entrada do controle social na pauta da gestão pública brasileira. A autora afirma:

O controle social pode ser entendido como mecanismo de participação do cidadão na gestão pública, compreendendo os processos de planejamento, fiscalização e monitoramento das ações e favorecendo a prevenção da corrupção e o fortalecimento da cidadania, aproximando a sociedade e o Estado. (BONALUME, 2013, p. 36).

A questão do controle social se apresenta como central na análise que será feita da Rede Nacional de Treinamento. No caso específico do contrato firmado entre o Ministério do Esporte e a CBAt, encontramos monitoramentos do TCU (Tribunal de Contas da União), por vezes a participação dos atletas nas decisões tomadas e a criação da ADAB (Associação Desportiva Atletismo Brasil), fundamental na consolidação de denúncias que afastaram recentemente o presidente da CBAt. Bonalume (2013) informa a necessidade de transformação da sociedade em direção de “uma cidadania ativa, que pressuponha um compromisso dos indivíduos com seu direito e dever de participar e reivindicar o cumprimento de seus direitos e o respeito a eles” (BONALUME, 2013, p.55).

Após elucidar a complexidade do entendimento de legado, apresentamos um conceito que nos parece adequado, por hora, para a definição que legado, que seria um:

Conceito forjado, ao que tudo indica, pelas próprias instituições esportivas. No sentido estrito do termo, legado seria aquilo que permaneceria (de bom, aprovável) depois da competição. Na prática, o termo acabou virando um biombo que abriga um conjunto tão heteróclito e disparatado de elementos que se tornou arbitrário, uma espécie de significante flutuante que comporta tamanha quantidade de significações que já não consegue especificar o que quer que seja. Se não bastasse, ainda desdobraram o conceito, instituindo o “legado intangível”, em torno do qual gravitam o aumento da autoestima nacional a exposição do país em escala planetária, a possibilidade de intercâmbio com estrangeiros, a coesão interna e outros itens que não podem ser avaliados com precisão. (DAMO; OLIVEN, 2014, p. 26-27).

A inserção e alteração da palavra legado na Carta Olímpica, retirando responsabilidades sobre os agentes públicos envolvidos na realização dos

Megaeventos, apresenta que este entrou na pauta associada aos Jogos Olímpicos, recentemente. O COI costuma dividir o legado em cinco categorias: esportivo, social, desenvolvimento urbano e econômico e idêntica às formas tangíveis e intangíveis31.

Sendo a Rede Nacional de Treinamento apontada como um legado esportivo, vamos buscar identificar elementos sobre esta questão.