• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO I – CONTEXTUALIZAÇÃO E TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DO ESTUDO

1.3 Campo de pesquisa, questões, objetivos e problemática da investigação

O campo de realização da pesquisa é o local onde buscamos as informações necessárias ao tratarmos das nossas inquietações e problemática, ou seja,

“a pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas” (Gonsalves, 2001, p.67).

Assim, o campo dessa pesquisa ficou definido num dos encontros nacional do Fórum de Pró- reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (FORPROEX), quando apresentamos a intenção de proposta da pesquisa, e realizamos convite aos Pró-Reitores de Extensão das universidades públicas brasileiras, que prontamente aceitaram, passando a ser campo de pesquisa cada uma das IES, em que realizaríamos a busca de documentos institucionais, e entrevista ao Pró- Reitor e/ou coordenador de extensão.

O campo de pesquisa consistiu, ou seja, Instituições de Ensino Superior (IES) públicas federais e estaduais. As Universidades Estaduais são um segmento específico do setor público de ensino superior brasileiro. Estão fora do âmbito de atuação do Ministério da Educação, sendo mantidas e fiscalizadas por seus respectivos Estados.

As Universidades Federais são instituições públicas de ensino superior mantidas com recursos do Governo Federal, a tendo possibilidade de estar presentes em mais de um estado. Os Institutos Federais, oficializados em 2008, compõem a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, e ofertam educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos às suas práticas pedagógicas. As IES federais e estaduais têm em comum a oferta gratuita de cursos de graduação e pós-graduação; a divisão por campus; além do ensino, programas de extensão e pesquisa que cumprem com o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

O ingresso nestas IES ocorre via concurso vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Nas IES federais e estaduais as aulas são ministradas por professores com mestrado ou doutorado e têm programas de extensão e pesquisa. Destacamos que a abrangência destas IES, ocorre nacional e internacionalmente por meio de diferentes programas, tais como o Sistema de Seleção

são disponibilizadas. E, ainda o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos de cooperação educacionais e culturais.

O campo de pesquisa foi fundamental na definição das questões de investigação. Ressaltamos que as questões de investigação têm um lugar de relevância, não apenas para o bom desenvolvimento do processo, como também para a definição das demais etapas da pesquisa, uma vez que a definição do método, ou ainda da técnica de recolha de dados, está intimamente relacionada às questões que transversalizam a pesquisa, e às quais se pretende responder durante a investigação. Portanto “refletir sobre a questão de pesquisa e reformulá-la são pontos centrais de referência para avaliar se as decisões tomadas são apropriadas” (Flick, 2002, p. 63).

Assim, destacamos as questões que nos acompanharam no percurso da investigação, destacando a importância e necessidade das perguntas nestes casos, merecendo um bom investimento de tempo. Isso justifica-se no fato de que boas perguntas, podem gerar um bom problema de pesquisa. Desse modo, impregnados dos muitos aprendizados que marcam essa trajetória, que se intensificou no processo de doutoramento, buscamos problematizar “como as Instituições de Ensino Superior no Brasil, estão se organizando para cumprir com o que se preconiza no Plano Nacional de Educação (PNE), para o decênio 2014-2024 – a curricularização/creditação da extensão universitária?”. Esta temática como extensionista, já nos inquietava desde antes da aprovação do documento do PNE, no ano de 2014, quando traz a obrigatoriedade da curricularização da extensão para o ensino superior no Brasil. Nesse sentido destacamos as questões que nos acompanharam ao longo da investigação:

 Como as IES estão se organizando para cumprir com o que traz o último documento do PNE, ou seja, garantir um mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária?

 Como cada IES pública tem garantido ou não a proposta de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão preconizada nas diretrizes da extensão universitária no país?

 Em que medida as práticas da extensão universitária podem ou não contribuir para a efetivação de políticas no ensino superior?

 Até que ponto, as atividades de extensão universitária podem contribuir ou têm contribuído no que tange ao espaço público e à formulação de políticas que considerem a extensão universitária?

 Como se tem integrado ou podem integrar as práticas da extensão universitária nos currículos?

Diante das questões que nortearam esta investigação, definimos como principal objetivo:

analisar, como as IES públicas no Brasil têm percebido as diretrizes da extensão universitária no que se refere à indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, com vistas à curricularização da extensão universitária, conforme preconizada no Plano Nacional de Educação (PNE), para o decênio 2014-2024.

Objetivo este, que se desdobrou apoiado em objetivos específicos, que pressupunham:

- Compreender as práticas de extensão universitária nesta proposta do processo de curricularização da extensão universitária nas IES;

- Identificar se no Brasil existem IES públicas pensando/realizando a extensão universitária nesta perspectiva de curricularização;

- Observar o que tem sido realizado pelas IES no sentido do que apontam as diretrizes do PNE 2014, para a extensão universitária no país;

- Verificar como as IES estão se organizando para a curricularização da extensão universitária e, quais são estas instituições;

- Analizar como as IES, que ainda não garantem a demanda do PNE, se estão organizando para tal;

- Demonstrar como as IES públicas no Brasil têm percebido as diretrizes da extensão universitária no que se refere à indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, com vistas à curricularização da extensão universitária.

Coutinho (2018) observa que “uma investigação envolve sempre um problema, seja ele (ou não) formalmente explicitado pelo investigador” (Coutinho, 2018, p. 49). E continua Coutinho, ao se referir ao problema considerando-se a opção pela metodologia qualitativa, “[...], o problema pode ser formulado de forma muito geral, como que ‘emergindo’ no decurso da investigação” (Ibidem, p. 49).

No nosso caso, o problema já mencionado, foi emergindo das vivências extensionistas pedagógicas e administrativas, e das muitas inquietações geradas nesse contexto. Tal cenário, nos reporta a Goldenberg (2004) e Triviños (1987) quando respectivamente observam que, a escolha do objeto a ser estudado não surge espontaneamente, mas é sobretudo, fruto da inserção do pesquisador na sociedade e, que “o foco de pesquisa [...] deve surgir da prática cotidiana que o pesquisador realiza como profissional” (p. 93). Complementa Coutinho (2018) dialogando com Shaw (1999), “mais importante que o rigor é a relevância dos significados, e daí que o propósito do investigador não seja de generalizar mas particularizar, estudar os dados a partir de uma situação concreta” (p. 29). Ainda alude a autora, “o problema de investigação é fundamental porque”:

Centra a investigação numa área ou domínio concreto;

Organiza o projeto, dando-lhe direção e coerência;

Delimita o estudo, mostrando as suas fronteiras;

Guia a revisão da literatura para a questão central;

Fornece um referencial para a redação do projeto;

Aponta para os dados que será necessário obter (Coutinho, 2018, pp. 49-50).

Coutinho (2018), indica critérios para avaliação de problemas de investigação. Portanto, passamos a refletir com a autora, a pertinência da nossa problemática de investigação:

1. Exequibilidade – “o problema tem de ser concretizável, ou seja, que pode ser respondido mediante a recolha e análise dos dados” (p.52);

2. Relevância – “ o problema tem de ser importante para o estado atual do conhecimento” (p.53), ou seja, “[...] o problema e o resultado tem de ter importância teórica e prática” (p. 53);

3. Clareza – a formulação do problema tem de ser com clareza, a pergunta deve ser precisa, fugindo de equívocos na sua interpretação. O problema deve ser sucinto e mostrar a finalidade da pesquisa;

4. O problema deve dar pistas para o tipo de investigação – deve indicar a orientação metodológica da investigação;

5. O problema deve fazer referência à população ou à amostra – indicar com quem será feita a investigação;

6. O problema deve fazer referência explícita às variáveis a investigar, num nível moderado de especificidade (p.53).

Considerando os critérios acima, que contribuem para uma avaliação acerca da pertinência da nossa problemática de investigação, a análise preliminar e final dos dados recolhidos ao longo da nossa pesquisa evidenciam que estes critérios estão presentes, conforme se procurará evidenciar nos capítulos de apresentação, análise e discussão dos resultados.