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CAPÍTULO I – CONTEXTUALIZAÇÃO E TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DO ESTUDO

1.10 Tratamento e análise dos dados

1.10.1 Programa de tratamento dos dados

Para o tratamento dos dados, utilizamos o software NVivo 12 Plus, ferramenta que nos auxiliou na organização e analisar de forma qualitativa, as entrevistas realizadas com os dezenove (19) colaboradores desta investigação.

1.10.2 Análise temática dos dados

Como já mencionado a pesquisa desenvolvida, está ancorada no viés qualitativo; e de acordo com Denzin e Lincoln (2010), a pesquisa qualitativa é um campo de investigação que atravessa temas, podendo ser considerado um grande guarda‐chuva que recobre diferentes abordagens usadas para descrever, compreender e interpretar experiências, comportamentos, interações e contextos sociais, o que nos mobilizou sobremaneira na definição de como proceder o tratamento dos dados.

Definimos que a análise dos dados ocorreria por meio da análise temática, conforme definem Braun Clarke (2006, p. 79): “um método para identificar, analisar e relatar padrões dentro de dados”

Ressaltamos que há pelo menos duas abordagens de análise temática, sendo a abordagem mais utilizada a de Braun e Clarke.

A análise temática é um método interpretativo de dados de pesquisas qualitativas, que permite apresentar e organizar os dados de uma forma sintética, preservando a riqueza do conteúdo manifesto.

A análise temática é flexível, podendo ser utilizada epistemologicamente com diferentes posicionamentos; não tem requisitos de amostragem, ou seja, não é necessária uma amostragem teórica; e adequa-se a dados qualitativos oriundos de entrevistas, focus groups; pesquisa documental etc.

A análise temática conforme os autores antes referidos, tem seis etapas que garantem clareza e rigor ao processo de análise dos dados recolhidos no âmbito da pesquisa. Considerando a importância de cada etapa para a análise dos nossos dados, passamos a apresentá-las.

1. Familiarização com os dados – destaque para a importância em mergulhar intensamente nos dados, para familiarizar-se com eles. Nessa etapa, deve-se ler e reler os dados, tantas vezes quantas for necessário. É importante a leitura ativa do corpus de dados pelo menos uma vez

antes da codificação e busca de significados e padrões. Nessa fase pode-se tomar notas sobre as ideias iniciais, mas não começar a codificar.

2. Geração de códigos iniciais - essa etapa envolve a produção de códigos iniciais para os dados. A codificação pode ser feita manualmente ou com um programa de software como o NVivo. Nessa etapa, deve-se sistematicamente codificar todos os dados (corpo de dados). Aqui é importante codificar o maior número de códigos e temas possíveis. Ao finalizar a codificação dos dados, e tendo os dados identificados pelo mesmo código, estes devem ser agrupados.

3. Busca de temas – nesse ponto, organizamos uma longa lista de diferentes códigos. Esta fase focou-se no nível mais amplo de temas e envolveu a seleção dos diferentes códigos em temas potenciais.

Figura 3 Temas gerados na análise temática

Fonte: Acervo do Pesquisador, 2018

Os temas foram compostos por um subconjunto de códigos. Alguns códigos formaram temas principais ou sub-temas, ao passo que outros códigos foram descartados. No final da etapa, estávamos diante de um conjunto de temas e sub-temas, como se encontra documentado na figura 05.

Figura 4 Subtemas gerados na análise temática das entrevistas

Fonte: Acervo do Pesquisador, 2018

4. Revisão dos temas - nessa fase procede-se ao refinamento dos temas. Alguns temas entrarão em colapso em outros temas, enquanto outros podem precisar ser divididos em componentes menores. Essa etapa tem dois níveis, no nível 1 realizamos a revisão dos dados codificados, relemos todos os dados que se encaixaram em cada tema para garantir que formassem um padrão coerente. Com os dados, se encaixados em cada tema de forma coerente, seguimos então para o nível 2. Nesse nível procedemos à revisão dos temas, onde consideramos cada tema em relação ao seu corpus de dados. Nesse momento, usamos o mapa temático que nos ajudou a visualizar a relação entre seus temas. Aqui fez-se necessário indagar se “as relações entre os temas refletiam o significado dos dados como um todo?”. Essa indagação surge diante do mapa temático gerado com os dados obtidos, e foi importante para a continuidade do processo de análise dos dados da pesquisa, em que os temas não explorados, ficaram como

“OUTROS”, onde aparecem internacionalização; direitos humanos; inovação e extensão universitária, e “sem enquadramento”, onde estão hospedados falas que destoam do foco da pesquisa, ou mesmo sem nenhuma relação com a temática.

Figura 5 Revisão dos temas gerados na análise temática das entrevistas

Fonte: Acervo do Pesquisador, 2019

5. Definição e nomeação dos temas - Nessa etapa, depois de muitas idas e voltas nas etapas anteriores, procedemos à captura da essência de cada tema e ao aspeto dos dados capturados para cada tema. Criamos uma narrativa geral com todos os dados, analisando cada tema e sua narrativa individual, avaliando como se encaixavam na narrativa geral. Avaliamos se algum dos temas continham ou não subtemas. Aqui nomeamos oficialmente os temas, que até então possuíam títulos iniciais e provisórios. Observamos que os nomes devem ser concisos, consistentes e dar ao leitor uma noção do tema, e os pesquisadores devem ser capazes de identificar claramente quais são, e quais não são seus temas (Braun & Clarke, 2006). Após a revisão contínua dos temas em relação aos dados, deve-se produzir um mapa temático final que apresentamos na figura 07.

Figura 6 Mapa temático final da análise das entrevistas

Fonte: Elaborado pelo Pesquisador, 2019

6. Produção do relatório – etapa que envolveu a análise final e redação do relatório. O relatório nesse caso refere-se ao registro de todo o processo de sistematização da tese em questão.

A produção do relatório final de uma pesquisa nos remete diretamente à trajetória realizada desde as definições iniciais, como a problematização, questionamentos, objetivos e tudo mais que a envolve, nos mostrando, entre outras coisas, que os resultados de uma pesquisa geralmente expõem a análise de conceitos e ideias. Para realização desta investigação adotamos um conjunto de referenciais metodológicos e epistémicos que transitam pelas teorias da pesquisa qualitativa, do currículo, da extensão universitária e da legislação da qual lançamos mão, donde, trazemos aspectos que nos permitiram inicialmente, compreender melhor a tese que escolhemos para essa tarefa acadêmica.

Essa trajetória, nos impõe escolhas, que ao serem assumidas, revelam a intencionalidade da formação e o compromisso com um tipo de sociedade, que implica em escolhas que são eminentemente políticas, pois somos seres políticos em tudo o que fazemos.

CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA: EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, CURRICULARIZAÇÃO E