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CAPITULO IV – POLÍTICAS EDUCACIONAIS, POLÍTICAS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO BRASIL,

4.3 Currículo, Curricularização, Creditação e flexibilização

4.3.4 Flexibilização da Extensão Universitária

Com isso, pensamos que a ampliação de possibilidades em relação à creditação possa passar nesse processo, pela imersão nos diferentes conceitos, assim, para finalizar este capítulo, adentramos no conceito de flexibilização, onde recorremos a algumas pesquisas e documentos para continuarmos as reflexões sobre o conceito e sua funcionalidade. Assim, encontramos a definição de flexibilização nos textos do Fórum de Graduação (FORGRAD) e Fórum de Pró-Reitores de Extensão Universitária (FORPROEX), que mencionam, respectivamente, que a flexibilização curricular requer a criação de um projeto pedagógico, fundamentado na interdisciplinaridade e na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. E o currículo dos cursos universitários pode ser considerado como espaço privilegiado para a reflexão, crítica e exercício da cidadania (FORPROEX, 2013).

Este conceito de flexibilização permite arrazoar a passagem pela universidade não a restringindo apenas ao contato disciplinar, mas aberta a outras áreas e possibilidades. Assim, o/a aluno/a ao ingressar na universidade, terá disponível a diversidade de cursos e áreas disciplinares, muito além da formação específica do curso escolhido. No mesmo sentido, a ideia de flexibilização incorpora as atividades de extensão, seja na sua unidade, seja em outras unidades da universidade, como essenciais à formação. Um currículo flexível é aquele que permite vários percursos na formação, e não apenas um único caminho. Combinado com o sistema de créditos deveria estimular a liberdade de escolha do estudante e, sobretudo, valorizar sua autonomia e capacidade intelectual para traçar seu caminho na universidade (FORGRAD, 2003; FORPROEX, 2006, FORPROEX, 2007).

Nesse sentido, tal como Corte, Gomes e Rosso (2018), sabemos que a creditação curricular da extensão das IES precisa reinventar suas práticas pedagógicas e de gestão, a fim de tornar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão mais efetiva, superando as concepções assistencialistas ou mercantilistas. Ressaltamos que isso não acontecerá pura e simplesmente por meio da adequação e a disciplinarização de ações extensionistas no currículo: “requer a transposição da compartimentação de saberes que são disciplinares e, sobretudo, das aulas ancoradas numa postura bancária de massificação” (Corte, Gomes & Rosso, 2018, p.31). Assim, chamamos à atenção para o fato de ao pensarmos a creditação curricular, temos que ter clareza de que não é uma transposição disciplinar, trata-se de definição e adesão de metas e estratégias advindas de uma política de extensão estruturada, cuja responsabilidade seja:

“a promoção de princípios que, coadunados, repercutem em: formação de qualidade;

interdependência entre universidade e diferentes lócus de atuação profissional; formação para a cidadania; relação teoria e prática; indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão;

movimentos dialógicas entre a universidade e a sociedade local e global; compreensão e valorização da diversidade e multiculturalidade; transformação socioeducacional;

interprofissionalidade, entre outros (Corte, Gomes & Rosso, 2018, p.31-32).

Ao apresentarmos estes conceitos, pensamos nas universidades e como podem assumir o seu compromisso com a formação cidadã dos alunos bem como, se aproximam do seu compromisso com a sociedade, assumindo a interface entre estes dois atores, possibilitando transformações na busca de novos conhecimentos, sem interferir nas obrigações do Estado, porém assumindo um papel importante que é se voltar para os interesses da sociedade brasileira por meio de seu desenvolvimento institucional.

Com isso, a creditação da extensão universitária, pode ser o diferencial nesta aproximação da universidade e a sociedade. No entanto, temos clareza que não é, e não será, um processo tranquilo, uma vez que temos desafios a enfrentar no processo. Deste modo, corroboramos Benetti, Sousa e Souza. (2015), quando relatam sobre os principais desafios da creditação curricular:

“Incluir na discussão toda a comunidade acadêmica envolvida com o projeto pedagógico dos cursos (docentes, estudantes e técnicos); realizar o ajuste curricular para dos 10% da extensão, sem aumentar a carga horária total dos cursos; ampliar o número de ações, de modo que todos os alunos de graduação tenham a oportunidade de participar e de cumprir a carga horária prevista para essas atividades durante os anos de sua formação, obter infraestrutura, recursos materiais e de pessoal de apoio para a efetivação das ações extensionistas” (Benetti et al., 2015.

pp. 30-31).

No entanto, como aponta Leite (2019), ao nosso ver estes e outros desafios não deveriam ser os impedidores de possuirmos um currículo que seja atraente, com um planejamento estratégico que integre elementos importantes que contribuam com a cognição ampla, com o processo de aprendizagem significativo e intervenções direcionadas para a motivação e a orientação, buscando promover a organização e o prazer na aprendizagem com regras coerentes; valorizando a voz dos estudantes na tomada de decisão, formando lideranças num ambiente propício à partilha no ambiente universitário e sociedade, rompendo com a dicotomia universidade versus sociedade.

Com isso, destacamos, como Morgado e Silva (2018, p.39), que:

- O modo como o currículo se desenvolve depende da forma como a escola [no caso as IES]12 e os professores se organizam e trabalham diariamente;

- Os professores têm oportunidade de afirmar a sua identidade e de melhorar o seu desenvolvimento profissional ao nível do currículo que se desenvolve na escola [IES], desde que se assumam como gestores e protagonistas nesse processo;

- Os professores assumem um papel central no desenvolvimento e contextualização do currículo quando perspetivam o seu trabalho de modo colaborativo e flexível;

- O trabalho curricular gerido e protagonizado pelos professores, de forma flexível e autónoma, permite valorizar os conhecimentos e as experiências de vida dos estudantes;

- A inovação educativa assume um papel crucial ao nível da contextualização e articulação do currículo, pois cria condições para que este se concretize de acordo com as características do contexto e das necessidades dos intervenientes, sem deixar de ter em conta os fenómenos naturais e sociais do meio onde se desenvolve.

Com estas contribuições, concluímos o capítulo, registrando que este será o legado das IES para a educação no século XXI.

CAPITULO V – A CURRICULARIZAÇÃO E A CREDITAÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM