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CAPÍTULO III – MARCOS HISTÓRICOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: ORIGEM, RUPTURAS E

3.3 Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras

A partir dos primeiros registros em documentos oficiais no Brasil, em 1961, com advento da reforma universitária em 1968 e o fortalecimento da sociedade civil na década de 80, as universidades brasileiras despertam para um novo pensar sobre a extensão e as possibilidades de formação em sua relação direta com a sociedade. É nesse contexto que nasce o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas, com o I Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão em 1987, organizado na Universidade de Brasília (UnB), no Distrito Federal, ficando desde então conhecido pela sigla de FORPROEX. Este Fórum é constituído, regimentalmente, como “entidade voltada para a articulação e definição de políticas acadêmicas de extensão, comprometidas com a transformação social para o pleno exercício da cidadania e o fortalecimento da democracia; uma entidade voltada para a articulação e definição de políticas acadêmicas de extensão” (ForProex 2010, p. 01), apresentando os seguintes objetivos:

“ I - Propor políticas e diretrizes básicas que permitam a institucionalização, a articulação e o fortalecimento de ações comuns das Pró-Reitorias de Extensão e órgãos congêneres das Instituições de Ensino Superior Públicas Brasileiras;

II - Manter articulação permanente com representações dos Dirigentes de Instituições de Educação Superior, visando encaminhamento das questões referentes às proposições do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras;

III - Manter articulação permanente com os demais Fóruns de Pró-Reitores, com o objetivo de desenvolver ações conjuntas que visem à real integração da prática acadêmica;

IV - Manter articulação permanente com instituições da sociedade civil, do setor produtivo e dos poderes constituídos, com vistas à constante ampliação da inserção social das Universidades Públicas;

V - Incentivar o desenvolvimento da informação, avaliação, gestão e divulgação das ações de extensão realizadas pelas Instituições de Ensino Superior Públicas Brasileiras” (ForProex, 2001, p. 12).

Sua constituição inicial era composta de um presidente, um vice-presidente, um coordenador e subcoordenador por região brasileira, uma secretaria executiva, comissões e assessores especiais; hoje temos a figura de uma Secretaria Geral. Atualmente, o FORPROEX se reúne ordinariamente uma vez por ano, com os Pró-Reitores das Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, e utiliza o portal Rede Nacional de Extensão (RENEX) como principal meio de comunicação, com repositório de documentos que são a memória dos encontros ao longo destas mais de três décadas.

Registramos aqui que a atuação do FORPROEX tem sido sempre em defesa e promoção da Extensão Universitária, por meio de diferentes ações, tais como, acompanhamento da Política Nacional de Extensão, promovendo a criação de um Sistema de Informação de Extensão (SIEX), desenvolvido pela UFMG, que obtendo o apoio do Ministério da Educação, passou a ser identificado como SIEXBRASIL, se tornando o precursor no domínio da Extensão Universitária, e tendo como objetivo principal “[...] padronizar, nacionalmente, a terminologia aplicada no registro de ações de extensão”

(ForProex, 2007, p. 21).

Ainda sobre a atuação do FORPROEX, destacamos que a partir da criação do SIEX, adotam-se as Áreas de Conhecimento, e as Áreas Temáticas como referência às áreas definidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), conselho este que é fomentador da pesquisa no Brasil, com o propósito de classificar as ações de extensão.

Apresentaremos abaixo os quadros referentes às Áreas de Conhecimento, e às Áreas Temáticas, sendo que a segunda tem como finalidade operacionalizar a produção acadêmica relacionada à extensão, facilitando o acesso a dados e a articulação das ações em comum nas mais diversas áreas.

Quadro 19 Áreas do Conhecimento Ciências Exatas e da Terra

Ciências Biológicas Engenharia / Tecnologia

Ciências da Saúde Ciências Agrárias

Ciências Sociais Ciências Humanas

Linguística, Letras e Artes

Fonte: FORPROEX, 2001

Quadro 20 Áreas Temáticas Comunicação

Cultura

Direitos Humanos e Justiça Educação

Meio Ambiente Saúde

Tecnologia e Produção Trabalho

Fonte: FORPROEX, 2001

As ações de extensão são classificadas como: Programa; Projetos; Cursos; Eventos e Prestação de Serviço, cada qual com suas características, área(s) e linha(s) especificas, e possibilidade de publicação e apresentação de produtos sistematizados pela extensão numa interação dialógica com a sociedade, através de um currículo flexível, podendo integralizar créditos de extensão na formação de alunos dos cursos de graduação.

Atualmente, para registro das ações de extensão das universidades brasileiras, desenvolveu-se a partir do SIEX, o Sistema de Informação e Gestão de Projetos (SIGProj), uma parceria do Fórum de Pró-

Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com o objetivo de auxiliar o planejamento, gestão, avaliação e a publicitação de projetos de extensão, pesquisa, ensino e assuntos estudantis desenvolvidos e executados nas universidades brasileiras.

Deixamos registrado que, ao longo destes 33 anos, o FORPROEX passa a ser uma referência nacional de luta por uma universidade dialógica, na busca por políticas que estejam ligadas à sociedade brasileira, viabilizando essa relação transformadora entre a universidade e a sociedade, comprometido com o pleno exercício da cidadania e o fortalecimento da democracia.

Destacamos, ainda, a edição comemorativa dos 30 anos do fórum, que trouxe como tema “Os Rumos da Extensão Universitária Brasileira: 30 anos do ForProex”, realizado em Florianópolis/SC, entre os dias 16 e 18 de novembro de 2017, na sua 42ª edição, Tendo como principal organizador, a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Na elaboração da Carta de Florianópolis e pensando os rumos da Extensão, fica evidenciado a

“atuação do coletivo em torno da autogestão e auto-organização do campo, expressada em ações como a elaboração do Plano Nacional de Extensão e da Política Nacional de Extensão” (RENEX, Carta de Florianópolis, 2017). Apesar da conjuntura ser pouco favorável, por conta da preocupação com o compromisso que a extensão tem junto à sociedade, e contando com os cortes orçamentários tornando essa relação fragilizada, enfrenta os desafios e apresenta nove pontos como demandas desafiadoras, conforme segue:

“1. Ampliar e fortalecer a política de internacionalização da extensão, concebida na interlocução com a inserção curricular, sendo subsidiada por linhas de fomento específicas; 2. Validar e aplicar indicadores de avaliação da extensão nas IES públicas, por meio da discussão e adoção de 12 indicadores nas regionais do Fórum; 3. Organizar, em âmbito nacional, uma campanha sobre atuais experiências de integração da extensão nos currículos dos cursos de graduação, por meio da estruturação de canais de divulgação e banco de conhecimentos. No escopo geral, o ForProex incentiva a ação coordenada e conjunta com a finalidade de; 4. Estabelecer e estruturar táticas de resistência frente ao avanço de agendas desestabilizadoras do campo e da missão universitária, de modo a defender a autonomia universitária e auxiliar na construção da cidadania plena; 5. Articular elementos formadores da superestrutura com a infraestrutura, em prol de um projeto nacional de desenvolvimento capaz de permitir a participação popular; 6.

Desenvolver coletivamente Planos Regionais de Extensão Universitária; 7. Propor o diálogo intenso em encontro unificado com os demais Fóruns de Pró-reitoras (es), em defesa da educação pública; 8. Realizar encontros deliberativos antes do Fórum Social Mundial, que ocorrerá na Bahia em março de 2018, de modo a fortalecer o alinhamento com as demandas e causas sociais; 9. Estruturar um centro de memória virtual permanente para documentação histórica do Fórum (RENEX, Carta de Florianópolis, 2017).

Podemos dizer que 2017 foi um marco para o Fórum, reforçando sua identidade e seu compromisso na formação acadêmica e formação de pessoas. Trinta anos de luta pelo reconhecimento da extensão como atividade acadêmica, concretizada no dia 27 de novembro de 2018 com assinatura e aprovação por unanimidade no Conselho Nacional de Educação (CNE), das Diretrizes para as Políticas de Extensão da Educação Superior Brasileira que regulamenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, PNE 2014-2024. Neste contexto, prevê-se a inclusão da Extensão nos currículos e projetos pedagógicos dos cursos de graduação, em todo o sistema de Educação Superior do país (público, privado e comunitário), com o prazo de até 14 de dezembro de 2021 para implementação dos dispostos nas Diretrizes, onde a extensão foi defendida como potencializadora na formação dos alunos e com grande capacidades de intervenção social.

Concluímos este capítulo com o que observa Jezine (2004), onde diz que é,

“fundamental refletir, discutir e analisar as concepções ideológicas que perpassam Universidade e extensão universitária, considerando as implicações que estas concepções podem trazer para a prática curricular universitária, no que se refere ao tipo de formação, de sujeitos e sociedade que se pretende desenvolver” (Jezine, 2004, p. 5).

Sem perder de vista, o que já era uma preocupação por ocasião da institucionalização da extensão, ou seja, “sem as ações extensionistas, como já salientado, corre-se o risco de repetição dos padrões conservadores e elitistas tradicionais, que reiteram a endogenia, abrem espaço para a mera mercantilização das atividades acadêmicas e, assim, impedem o cumprimento da missão da Universidade Pública” (ForProex, 2012, p. 15). Feito estas observações, passamos a trabalhar com elementos que tratam das políticas educacionais, políticas da extensão universitária, currículo, curricularização e creditação, para este momento que pode significar um novo marco para a Extensão Universitária no Brasil.

CAPITULO IV – POLÍTICAS EDUCACIONAIS, POLÍTICAS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO