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4 METODOLOGIA

4.2 Campo empírico: do caminho percorrido aos participantes da pesquisa

Nesta subseção tratamos sobre a preparação, contatos e apresentações institucionais para entrada no campo empírico.

4.2.1 Solicitação da carta de anuência

A entrada no campo empírico ocorreu após qualificação do projeto de dissertação, em abril de 2019. Sabendo que o lócus de pesquisa seria as instituições de educação infantil situadas em Recife, foi necessária apenas uma comunicação por telefone para o setor responsável a fim de termos informações precisas sobre quais documentos eram necessários para a solicitação da carta de anuência à Secretaria Municipal de Educação. Ao sermos informadas acerca dos documentos necessários e de posse dessa documentação, protocolamos a carta de anuência no Centro de Formação Paulo Freire.

Transcorridos alguns dias fomos informadas pelo setor responsável de que seria necessário indicar na solicitação (já entregue) as instituições (nomeando cada uma) a serem pesquisadas. Fomos em busca de maiores informações sobre essas instituições em sites e/ou no setor de educação infantil a fim de elaborar a listagem.

Nessa ocasião nos deparamos com a difícil tarefa de identificar quais delas eram realmente de educação infantil (visto que os ADIs atuam prioritariamente nas creches ou em pré-escolas de período integral). Nesta primeira busca chegamos a um total de 80 instituições de educação infantil e verificamos que são raras as que oferecem pré-escola em regime integral com atuação de ADIs. A fim de conferir as informações sobre atendimento (creche/pré-escola), bairro, quantidade de funcionários ligamos para algumas dessas instituições.

Após esse trabalhoso processo, escolhemos as doze instituições (ANEXO D) com base no maior quantitativo de funcionários, pois esse poderia ser um indicativo de que nessas creches e pré-escolas havia maior quantitativo de ADIs. Mesmo assim, e com receio de não conseguirmos os participantes necessários para a pesquisa com as doze instituições escolhidas, solicitamos a inclusão de mais 6 (seis) instituições à lista, o que foi aceito sem restrições pelo setor responsável (ANEXO E). Assim, adentramos ao campo de pesquisa.

4.2.2 Contato com as instituições selecionadas

Após contato por telefone, de posse da carta de anuência e seguindo um cronograma (com a confirmação de data e horário) seguimos para as instituições. Os primeiros contatos variaram de uma para outra sendo umas mais receptivas e outras mais resistentes à realização da pesquisa.

O contato com a RPA-1 foi tranquilo, exceto pelo fato da coordenadora pedagógica de uma instituição tentar adiar a coleta de dados (não chamar o ADI, dizer que aquele não era o melhor horário etc.) o que implicou em, por três vezes, termos que retornar a esta instituição. Na segunda instituição da mesma RPA-1 a equipe gestora não estava presente, porém uma ADI nos apresentou as demais colegas e realizamos a coleta (durante horário de almoço), apenas no início da tarde chegaram algumas pessoas integrantes da equipe de gestão, que não criaram obstáculos a realização de nosso trabalho.

As instituições pesquisadas na RPA-2 ficam localizadas em bairro de vulnerabilidade social e de difícil acesso. Na primeira instituição percebemos que os funcionários têm receio ao acesso de estranhos, principalmente porque esta creche já foi alvo de incontáveis assaltos.

Mas, depois de duas visitas, o receio foi sanado. Na segunda instituição desta mesma RPA a receptividade foi mais tranquila, enfrentamos apenas a curiosidade da equipe gestora (o que no primeiro momento muito nos incomodou), mas este fato não atrapalhou o andamento da pesquisa.

Nas instituições vinculadas à RPA-3 a realização do trabalho foi tranquila, ambas as instituições se mostraram receptivas, exceto o fato de um participante selecionado para a segunda etapa não ter sido localizado tendo que substituí-lo. Uma participante dessa RPA demonstrou resistência em realizar a entrevista, porém após conversarmos, aceitou concedê- la.

O trabalho nas instituições da RPA-4 foi o mais dificultado, não no que se refere aos ADIs, mas a gestão que colocaram problemas para a execução da pesquisa. No primeiro caso, a gestora nos pediu um tempo para confirmar com setor responsável a veracidade da carta de anuência e, posteriormente, marcar o melhor dia para realizar a primeira etapa da pesquisa (destaco que o dia estabelecido pela gestora foi o mesmo dia que ela marcou para realizar um planejamento pedagógico e que os ADIs quase não tiveram tempo hábil para realizar a primeira etapa). Na segunda instituição a coordenadora dificultou nosso contato com os participantes, pois se negou a nos receber, não permitindo nosso acesso ao interior da creche, mesmo após longa espera. Não conferiu documentos, apenas não permitiu. Após insistirmos (porque estávamos autorizadas), foi permitida a nossa entrada e aguardamos a gestora. Narramos para a gestora que no momento do contato com a instituição, a atitude tomada pela coordenada foi caracterizada como um ato de discriminação racial. A referida profissional, na ausência da coordenadora (que já havia se retirado da creche) tentou amenizar a situação justificando que a creche já foi alvo de refúgio para assaltos, que aconteciam na sua redondeza. Informa que, da próxima vez, teremos oportunidade de esclarecer o mal entendido com a coordenadora. Após o relato deste episódio a gestora nos tratou de forma bastante amigável garantindo livre acesso às duas instituições em que atua como gestora. Uma suposta razão para as dificuldades vivenciadas na RPA-4 pode ser a aproximação de suas instituições da UFPE e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o que contribui para a circulação de grande quantidade de pesquisadores e estagiários nos espaços dessas instituições.

O acesso foi tranquilo às duas instituições da RPA-5. Em uma das instituições esperei muito tempo para ser atendida pela coordenadora e gestora. Elas nos receberam bem, porém não informaram aos ADIs sobre a pesquisa. Conhecer uma ADI que atuava nessa creche facilitou o nosso acesso aos seus colegas de função. Na segunda instituição a equipe gestora

foi bem receptiva ao trabalho. A coordenadora nos intermediou o contato com os ADIs e facilitou todo nosso trabalho naquela instituição.

Por fim, as instituições que pesquisamos na RPA-6 também ficavam situadas em bairros de difícil acesso e com alto grau de vulnerabilidade. Na primeira a equipe gestora foi bastante receptiva quanto a pesquisa, logo providenciou uma cadeira e uma mesa (colocada no corredor da creche) para que pudéssemos aplicar os questionários com mais conforto. Na segunda instituição desta mesma RPA, a princípio, houve receio da gestora, mas depois de esclarecermos a respeito dos nossos objetivos, tudo ocorreu de forma tranquila.