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4 METODOLOGIA

4.1 Procedimentos metodológicos e instrumentos de coleta de dados

Para identificar as representações sociais de educação infantil, construídas pelos ADIs e suas relações com as práticas desenvolvidas por esses profissionais em instituições públicas municipais do Recife, desenvolvemos um estudo de enfoque qualitativo. Segundo Dal-Farra e Lopes (2013, p. 71) “a abordagem qualitativa examina o ser humano como um todo, de forma contextualizada”. Ou seja, a pesquisa qualitativa abarca a capacidade de gerir informações detalhadas das experiências humanas, colaborando para o estudo das crenças, emoções, saberes e comportamentos (DAL-FARRA; LOPES, 2013). De modo semelhante, Minayo (2016, p. 20), em relação à pesquisa qualitativa, diz que:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, dentro das Ciências Sociais, com o universo dos significados dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas também por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e compartilhada com seus semelhantes.

Podemos perceber que a pesquisa qualitativa é apropriada para investigações que tenham como estudo o fenômeno humano, haja em vista o fato de compreender subjetividades e questões inerentes aos indivíduos. Como ilustra a figura 1, esta investigação, qualificada como estudo de campo, foi desenvolvida em duas etapas abaixo descritas.

Figura 1 – Desenho metodológico da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

4.1.1 Primeira etapa da pesquisa

Na primeira etapa da pesquisa traçamos o perfil socioprofissional dos ADIs que atuam nas instituições de educação infantil. Para isto foi aplicado um questionário (APÊNDICE B). Ainda nesta etapa, após a aplicação do questionário, realizamos o Teste de Associação Livre de Palavras (Talp) para identificar a estrutura das representações sociais de educação infantil construídas por esses profissionais.

O Teste de Associação Livre de Palavras, conforme Abric (2000), faz emergir os elementos constitutivos de uma representação. Conforme Oliveira et. al. (2005 apud SILVA, 2013, p. 76) “a técnica de associação livre de palavras consiste em solicitar aos sujeitos que falem ou registrem em instrumento próprio, de modo livre e rápido, palavras ou expressões que lhe vêm imediatamente à lembrança a partir de um estímulo indutor”.

Nesse sentido, solicitamos aos sujeitos que falassem (rapidamente) as cinco primeiras palavras que lhe viessem à lembrança ao pensarem no estímulo: educação infantil e, seguidamente, escolhessem a palavra que considerassem mais importante das cinco verbalizadas, justificando a escolha. Vale ressaltar que o teste foi gravado e posteriormente transcrito. Procedimento de análise Instrumentos e sujeitos Etapa Objetivos Primeira etapa

Traçar o perfil socioprofissional dos ADIs que atuam nas instituições de educação infantil

Questionário e TALP (108 participantes) Análise Prototipíca e análise de conteúdo categorial Identificar a estrutura das

representações sociais de educação infantil construídas por

esses profissionais Segunda etapa Observação participante (4 participantes) Caracterizar as práticas

desenvolvidas pelos ADIs que atuam na rede municipal indicando suas possíveis relações com as representações sociais de

educação infantil construídas por esse grupo.

Entrevista semiestruturada (30 participantes) Análise de conteúdo categorial Análise de conteúdo categorial

Para selecionar os participantes desta primeira etapa da pesquisa foram considerados as instituições em que atuavam (creche e/ou CMEI) e o desejo dos profissionais em colaborar com a pesquisa.

Frisamos que a primeira etapa contemplou as seis Regiões Político-Administrativas (RPAs) do município do Recife/PE (ANEXO A), abrangendo nessa fase inicial, um total de 108 ADIs. No apêndice “E” são apresentados os bairros que compõem cada RPA do Recife- PE.

4.1.2 Segunda etapa da pesquisa

Após identificar a estrutura das representações sociais de educação infantil, construídas pelos ADIs, desenvolvemos a segunda etapa da pesquisa. Esta segunda etapa foi dividida em duas fases.

a) Primeira fase

Na primeira fase, utilizando a entrevista semiestruturada, procuramos explicitar a estrutura das representações sociais de educação infantil, construídas pelos ADIs e identificadas na primeira etapa deste estudo.

Conforme Mattos (2005), a entrevista semiestruturada permite um contato mais próximo entre o pesquisador e o sujeito, a qual possibilita maior flexibilidade e condições de esclarecer as questões que não tiverem sido respondidas por completo ou que ficaram duvidosas, podendo emergir novas perguntas no decorrer da entrevista.

Manzini (1991, p. 154) afirma que a entrevista semiestruturada é orientada, a princípio, por um roteiro o qual deve ser organizado com perguntas básicas, denominadas principais, mas que podem ser “[...] complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista”.

Nessa primeira fase, selecionamos para ser entrevistado um subgrupo de 30 ADIs do conjunto dos 108 participantes da primeira etapa. Para a seleção desses sujeitos foram considerados os seguintes critérios: nível de formação acadêmica (os de maior e menor nível de qualificação); gênero; tempo de exercício na função de ADI e as instituições em que atuam, isto é, incluímos no grupo ADIs que atuam em creches e CMEIs. No apêndice “C” consta o roteiro guia da entrevista semiestruturada e mais adiante os participantes serão caracterizados.

b) Segunda fase

Finalizadas as entrevistas, na segunda fase, utilizamos a técnica de observação participante, para caracterizar as práticas desenvolvidas por ADIs que atuam na rede municipal, indicando suas possíveis relações com as representações sociais de educação infantil que construíram. A observação participante consistiu no envolvimento direto da pesquisadora no campo de estudo. Para Marconi e Lakatos (2017, p. 211) a observação participante incide “[...] na participação real do pesquisador na comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo à comunidade quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste”. Frisamos que a observação participante foi guiada por um roteiro (APÊNDICE D).

Foram observadas e descritas as práticas de um subgrupo de 4 (quatro) ADIs participantes das fases anteriores desta pesquisa (mais adiante serão apresentados). A escolha desses sujeitos levou em consideração os mesmos critérios que utilizamos para entrevistá-los. A observação participante ocorreu no ambiente em que a ADI atua. Acompanhamos a prática diária de cada um dos quatro ADIs durante pouco mais de 12 horas de atividades importando em um total de 51 horas de observação, tempo que julgamos ter sido suficiente para caracterizar as práticas desses profissionais e indicar possíveis relações com suas representações sociais de educação infantil.