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CAMPONESES, PESCADORES, COMERCIANTES, TRABALHADORES PRECARIZADOS: MESMA CLASSE SOCIAL, NOVAS FORMAS DE TRABALHO

5 OS TERRITÓRIOS EM DISPUTA NAS MARGENS DA BARRAGEM DE ANAGÉ

5.2 CAMPONESES, PESCADORES, COMERCIANTES, TRABALHADORES PRECARIZADOS: MESMA CLASSE SOCIAL, NOVAS FORMAS DE TRABALHO

A construção de barragens tem promovido intensas transformações territoriais nas áreas onde são edificadas em todo o país, com mudanças de ordem social, natural, material e imaterial: desde a alteração do curso de um rio, com represamento, perenização ou, até mesmo, a sua extinção, após a construção do lago, como também na biogeografia, com o surgimento de microclimas, transformações na fauna e flora, enfim, alteram-se completamente os ciclos naturais.

Entretanto, as modificações mais significativas são de ordem social e econômica, pois, em grande medida, tais obras são construídas para atender interesses exógenos e

estranhos às pessoas que são atingidas. Com a construção de um lago, são alagadas terras férteis, casas, cemitérios, roças, currais, estradas e caminhos e, sobretudo, memórias, histórias e as referências imateriais de uma grande quantidade de pessoas que foram e estão sendo atingidas pelas barragens. Essas alterações jamais poderão ser recuperadas, indenizadas, tampouco mensuradas, por isso costuma-se dizer que, após a construção de uma grande obra, como as barragens, há uma transformação total da realidade em seu entorno.

No caso específico da Barragem de Anagé, onde, aproximadamente, duas mil pessoas foram atingidas diretamente, muita coisa mudou. A grande maioria dos atingidos perdeu seu principal meio de produção, - a terra; alguns que permaneceram na área tiveram uma redução considerável de suas propriedades; outros venderam a parcela de terra restante e mudaram para outras cidades; alguns ainda retornaram às áreas para trabalhar como empregados das fazendas, ou para contratos temporários nas fazendas nos períodos de safra, enfim, depois da barragem, nada é como antes.

Entre tantas transformações, vamos discutir as mudanças ocorridas nas formas de uso da terra e da água, que passaram a ser desenvolvidas pelos camponeses que foram atingidos parcialmente, analisando as estratégias de sobrevivência adotadas para continuarem produzindo e sobrevivendo, mesmo após a redução de suas terras, como também as novas alternativas de trabalho que se tornaram possíveis em decorrência da disponibilidade de água.

Essa obra do Estado transformou a realidade de centenas de camponeses, acostumados à vida no sertão, com práticas sociais históricas, como a organização da produção e os plantios de culturas de sequeiro, criação de animais, que se adequavam aos ciclos naturais, como o período “das chuvas das águas”, compreendido entre os meses de setembro a março, o período seco, de abril a agosto, dependendo muito de cada ano, pois existem anos mais chuvosos e anos mais secos, o que altera a duração e a intensidade das precipitações. Enfim, os sertanejos se adequaram historicamente a essas condições naturais e passaram a desenvolver estratégias de sobrevivências e práticas sociais apropriadas às intempéries da natureza.

Os entrevistados afirmaram que era muito comum nos períodos secos ocorrer a migração, sobremodo da população masculina, para outros centros em busca de empregos temporários ou sazonais, sobretudo, como boias-frias, tendo como principais destinos São Paulo ou, mesmo, cidades vizinhas, como Vitória da Conquista e Barra do Choça, onde

trabalhavam nas lavouras de café. Isso se comprova, por exemplo, quando muitos entrevistados relataram que, no período de construção da barragem, muitos pais de famílias encontravam-se distantes de suas residências, tendo deixado em casa filhos e esposa.

No caso mais específico da área em estudo, existia um vínculo muito forte com o Rio Gavião, relacionado com o ciclo do próprio rio, que era intermitente. Assim, a época de riqueza e alegria referia-se aos períodos de chuva, quando as águas corriam no leito do rio; da mesma forma, a época das secas era motivo de tristeza e preocupação.

Nessas condições, os camponeses praticavam essencialmente a agricultura de sequeiro, onde cultivavam essencialmente os produtos de consumo direto, como feijão, milho, mandioca, melancia, abóbora, feijão andu, entre outros, como também a criação de caprinos, ovinos, bovinos e suínos. A criação de animais representava uma espécie de “poupança” ou reserva de valor para épocas mais difíceis. Quando a situação se complicava, apelavam para a venda desses animais, sobretudo os caprinos. Outra estratégia muito utilizada pelo povo do sertão, não apenas o de Anagé, é a estocagem de parte da produção para consumo nos períodos secos do ano e a reserva de sementes para serem plantadas quando a chuva cair no chão e molhar as terras secas.

Ao analisar essas características dos sertanejos de Anagé que viviam às margens do Rio Gavião, Pereira analisa:

Se existe semelhança dos moradores do sertão quanto ao espaço que habitam, não significa que não exista área com identidade própria. Os moradores da área em estudo sempre tiveram como referência simbólica o rio Gavião. A convivência com o rio ora seco, ora corrente, e ora em explosão, fez da população local uma espécie própria de gente. Gente que tem sua forma própria de pensar, sentir e organizar a vida (PEREIRA, 1993, p. 151).

Essa forma própria de pensar, sentir e organizar a vida, como destaca o autor, foi intensamente alterada com a construção da barragem. Atualmente os camponeses desenvolvem a agricultura de sequeiro em pequena quantidade, pois as terras foram reduzidas consideravelmente, apesar de desenvolverem outras formas de agricultura, por meio da irrigação, onde produzem hortaliças, frutas e alimentos, que só eram cultivadas em épocas de chuvas, como o milho doce e o feijão de corda28. Entretanto, não é mais possível

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Feijão, que recebe algumas denominações, como feijão de arranque, feijão macaco, cultivado principalmente no Nordeste brasileiro, sobretudo na época das chuvas, ou mesmo em todo o ano nas áreas mais úmidas. É base para a produção de pratos regionais, como o Baião de Dois e o

a criação de animais, principalmente caprinos e bovinos, pois esses necessitam de maiores áreas, por serem criados no regime de pastoreio.

Outra importante atividade que passou a ser desenvolvida após a construção da barragem foi à piscicultura, que, inclusive, estava prevista como um dos principais objetivos do projeto inicial, idealizada para a produção de peixes em grande escala, ou seja, a pesca comercial e controlada por médios e grandes grupos. Ainda que não fosse o objetivo fundamental do projeto, a pesca passou a representar uma importante alternativa de renda para os camponeses e outros trabalhadores, que nela encontraram uma forma de trabalho não alienado, que tem garantido a reprodução material de inúmeras pessoas.

Na realidade a pesca foi concebida para ser uma atividade de grande porte, portanto a forma como vem sendo desenvolvida contraria a sua concepção inicial. O relato do ex- deputado Élquisson Soares, um dos idealizadores da barragem, expressa bem essa mudança e revela sua inquietação:

E aí, portanto, a barragem cresceu muito a possibilidade de desenvolvimento da região, criou as infraestruturas para esse desenvolvimento. A segunda finalidade da barragem era a piscicultura, a terceira era a irrigação, que aconteceu, mas muito pouco, foi muito restrito. Até a própria piscicultura não se desenvolveu de forma organizada e estruturada. Aconteceu até no certo momento um peixamento da barragem com um pescado do Piauí, mas alguma coisa surgiu, mas não foi plenamente. A irrigação também não se desenvolveu, tem muito pouca coisa hoje, e poderia ter muito mais coisa (Entrevista de Campo. E. S, 2011).

O relato do idealizador do projeto reflete os seus reais propósitos e a verdadeira intenção da barragem, que era construir as infraestruturas necessárias para instalação de formas capitalistas de apropriação da terra e da água, tanto na agricultura irrigada, que será analisada no tópico seguinte, como no desenvolvimento da pesca comercial em grande escala, que realmente não se estabeleceu.

Feijão tropeiro. É consumido quando está verde, acompanhado sempre de carne do sol frita ou costela suína, é muito comum nas feiras livres em toda essa região. O milho doce é uma espécie de milho cultivado nessa região, no período de chuvas, utilizado na produção de canjica, curau, pamonha. Leva esse nome pelo sabor adocicado, é consumido principalmente quando está verde. Geralmente esperara-se secar uma parte para guardar como semente para consumir em outros períodos do ano e também para semear na terra depois das chuvas de São José, que é comemorado dia 19 de março. Essa data é rigorosamente seguida pelos sertanejos, e a colheita coincide com a as festas juninas, que celebram Santo Antônio, São João e São Pedro, época de muita festa no Nordeste.

A pesca que se desenvolveu está baseada em outras racionalidades que não meramente capitalistas, passando a ser uma importante alternativa de renda para os camponeses que, também passaram a ser pescadores. Essa atividade é voltada ao abastecimento direto das famílias, praticada de forma artesanal e também de maneira mais estruturada, com a criação e engorda de peixes no sistema de tanques-rede, onde a produção é utilizada para a alimentação dos pescadores e para comercialização.

A piscicultura representa uma importante fonte de renda para população que vive nas proximidades do lago, sobretudo os camponeses que tiveram uma redução no tamanho de suas propriedades e que fazem da pesca mais uma alternativa de trabalho. Essa atividade também passou a ser uma alternativa de trabalho para pessoas que vivem nas cidades de Caraíbas e Anagé, que, diante do agravamento das condições de trabalho e da dificuldade de encontrar emprego, utilizam a pesca como atividade autônoma, para conseguir se realizar materialmente de forma independente.

Ao se referir as mudanças ocorridas após a construção da barragem, o presidente da Associação dos Pescadores de Anagé, relata:

Eu nasci e criei aqui. Tô com 55 anos de idade. Antes da barragem aqui, era problema, era feio; depois da barragem pra cá para mim tá sendo muito bom. Agora tem o peixe, o emprego ficou mais fácil, a minha vida antes da barragem era só para São Paulo, ninguém me via dentro de casa. Depois da barragem, só saio seis vezes a serviço da pescaria, buscar material de pesca, e hoje nós já tem dois projetos de engorda de peixe. Graças a Deus, pra nós tá sendo muito bom, até hoje nunca vi ninguém falar mal da barragem. Pra quem nasceu e criou aqui, sempre falava só de bem, porque antigamente a seca aqui era danada e complicava demais pra nós (Entrevista de Campo, S. S, 2011).

Esse depoimento reflete a mudança na forma de uso da água, possibilitada com a construção da barragem e em que a pesca é uma nova forma de trabalho e uma importante fonte de renda. Passaram a conciliar a atividade na água e na terra como uma necessidade para sobreviver, uma vez que as terras se tornaram pequenas para garantir a sobrevivência de todos os membros da família. Os camponeses se apropriaram da infraestrutura existente, embora não tenha sido criada para atendê-los. Essa prática evidencia a importância da resistência e da permanência na terra e na água.

Vejamos o relato de um dos camponeses entrevistados, ao se referir ao processo de construção da barragem e aos rebatimentos da obra para sua família:

Aqui eram 90 hectares de terra, meu pai tinha oito filhos, ficou aqui depois da barragem umas trinta e poucas hectares de terra e o restante ficou debaixo da água. Cada qual ficou com seu pedacinho, não tem mais porque uns venderam, mas hoje tem três irmãos que vivem do trabalho na terra. Nós perdemos muita terra e não recebemos a indenização da terra, só as benfeitorias, mesmo assim, hoje tá melhor. Naquele tempo antes da barragem, um hectare de terra, se você vendesse por dez contos era caro, hoje tá trinta, quarenta, cinquenta mil, um pedacinho de terra. Hoje eu trabalho na agricultura e na pesca, antigamente a gente nem sabia o que era pescar. Eu mesmo só sabia pescar de anzol, meu pai foi pescador e ele sempre dizia: olhe meus filhos, vocês ainda vão sobreviver aqui de peixe. A gente dava risada da cara dele, porque desde muito tempo tinha o projeto da barragem, mas nós tudo pivete num sabia de nada. Hoje tem 23 anos que eu como, visto, bebo, tudo daí de dentro, não sei o que é trabalhar um dia de serviço pra ninguém, em roça de ninguém, vivo mesmo do meu trabalho (Entrevista de Campo, S. S, 2011).

Contraditoriamente, as águas que alagaram as terras dessa família trouxeram a possibilidade de pescar, quer dizer, mais uma maneira de garantir a permanência desses camponeses/pescadores nos territórios de terra e água de trabalho. Nesse caso, a apropriação da terra e da água garante a reprodução material dessa classe social, por meio do trabalho não alienado; é uma apropriação da natureza fundamentada no valor de uso.

Visando a uma melhor organização das atividades para garantir melhores condições de produção e comercialização dos pescados, foram criadas duas associações de pescadores: a Associação de Pescadores e Piscicultores de Anagé (APPA) e a Associação de Pescadores de Caraíbas, com sedes e estatutos próprios em cada município.

As Figuras 07 e 08 exibem as imagens da sede da Associação de Anagé: a primeira mostra a placa na entrada da sede; e a segunda, a estrutura interna, onde são realizados os serviços de limpeza e tratamento dos peixes.

Figura 09: Placa da Sede da Associação de Pescadores de Anagé.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2011. Autor: PAIVA SILVA, Gedeval.

Figura 10: Estrutura da interna da associação.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2011 Autor: PAIVA SILVA, Gedeval

A APPA conta com uma média de 68 associados, que desenvolvem atividades de pesca artesanal e participam do projeto de criação de peixe. A pesca artesanal é feita com anzóis, com redes de três mares ou tarrafas, em canoas e barcos médios.

Entre os associados, uma média de quinze pessoas aderiu ao projeto de criação e engorda de peixes em tanques-rede, que produzem em média dois mil quilos de tilápias semanalmente e que são comercializados nas cidades da região, a um preço médio de cinco reais por quilo. Para as famílias, essa renda obtida através da engorda dos peixes passou a ser essencial para a sua sobrevivência, sobretudo nos períodos de estiagem, quando a produção agrícola é reduzida. Essencial também pela redução das terras e pela possibilidade de continuarem reproduzindo a sobrevivência de todo o grupo familiar em pequenas extensões de terras.

Ao se referir à produção da associação, o presidente comenta:

A gente ta fazendo uma abate por semana, a gente vende aqui para Anagé, Conquista, Barra do Choça, Poções, Candido Sales e Piripá, ta saindo uma média de dois mil quilos de peixe por semana, a gente vende a uma média de cinco reais o quilo. Aqui a gente, abate o peixe todo no gelo é um choque térmico, aí em trinta quarenta minutos a gente trata. Ele não estressa muito, por isso a qualidade da carne é outra, ele não dá o gosto de lama, porque o gosto de lama ele não é da lama, é da alga que ele prende no peixe. Aí depois quando a gente pega essa peixe a gente deixa de quatro a cinco dias numa caixa de cimento para voltar ao normal e sair esse gosto de lama se não a gente perde o peixe. Quando a gente não vende na semana, guarda no frízer, mas a gente ta correndo atrás de uma câmara fria pequena a gente não quer uma grande não, a gente quer sonhar, mas sonhar pequeno, a gente começou com quarenta gaiolas, hoje a gente tá com noventa, ninguém sabe com quantas a gente vai ter daqui a um ano ou dois anos (Entrevista de Campo, S. S, 2011).

Os associados, em sua maioria, são camponeses que residem nas proximidades da barragem, ou são filhos dos camponeses que foram atingidos pela obra, como é o caso do entrevistado que atualmente é presidente da Associação de Pescadores de Anagé, ou mesmo pessoas que voltaram a viver nessas áreas após a possibilidade da pesca. Existem ainda algumas pessoas que eram trabalhadores assalariados nas cidades, ou diaristas nas fazendas da região e que passaram a ser pescadores e tiveram, com a pesca, a possibilidade de sobreviver do trabalho, voltando a ter a liberdade de serem donos do seu próprio tempo. O relato de um senhor de sessenta anos de idade é o exemplo desse processo de mobilidade e de precarização das formas de trabalho. Depois de desenvolver diversas

tarefas em lugares distintos, encontrou uma forma de sobrevivência na atividade pesqueira em Anagé, como fica claro neste depoimento sobre a sua trajetória de vida:

Eu era vaqueiro em Itambé, depois fui para o Pará, trabalhar de vaqueiro também. Depois fui para Barra do Choça limpar café. Aí, na época da colheita, o dono da fazenda perguntou se eu queria ir para Anagé secar café, eu disse vou. Aí cheguei, fiquei um ano, depois arrumei uma noiva e casei e fiquei por aqui, fui trabalhar na cooperativa, depois fui trabalhar em Conquista numa firma de café, depois saí do emprego porque a poeira do café tava me prejudicando com a tosse danada. Aí já tinha feito a barragem aqui, vim pra cá pescar por conta própria. Depois que criou a associação, a gente tirou a carteira e depois desse tempo eu vivo da pesca, há mais de dez anos. A vida de pescador é melhor porque na vida de vaqueiro você tem que trabalhar todo dia, porque tá empregado, e pescador não, você pesca no dia que você quiser, quando precisar, e na lida de vaqueiro não tem dia de folga, acordar de madrugada se o carro do leite passasse e não tivesse terminado o leite, tinha que pagar o prejuízo com o salário. Hoje dá pra viver tranquilo, com a pesca (Entrevista de Campo F. S., 2011).

A barragem que, no processo de construção, promoveu a expropriação de muitos camponeses de suas terras, transformando-os em trabalhadores precarizados e camponeses sem-terra, possibilitou também a criação de novas formas de sobrevivência, em que o trabalho é a garantia da reprodução material para quem o realiza. A pesca criou as condições para que muitos trabalhadores encontrassem no trabalho pesqueiro os meios e os instrumentos para garantir a “autonomia” sobre o seu tempo e sua vida, diferente da lógica capitalista, que se apropria da força de trabalho e controla o tempo e o destino do indivíduo.

Esse processo de criação de uma alternativa de trabalho autônomo ocorreu em maior escala em Caraíbas, tendo em vista que a maioria das pessoas envolvidas com a atividade pesqueira é formada de trabalhadores urbanos, boias-frias ou diaristas nas fazendas da região, mas, na prática, não eram essencialmente agricultores, como as pessoas de Anagé. Eles vivem na cidade ou vieram de outros municípios para trabalhar como pescadores, a exemplo do atual presidente da Associação, que é natural de Vitória da Conquista e se estabeleceu nesse município após a construção da barragem. Outro aspecto que também contribui para esse perfil dos pescadores de Caraíbas é a proximidade do espelho d’água com o sítio urbano; as águas margeiam a cidade, o que contribui para que muitas pessoas optem pelo trabalho com a pesca.

A Associação de Pescadores de Caraíbas também pratica as duas formas de pescaria, tanto a artesanal, quanto a criação de peixes em tanques-rede, mas tem um número menor de associados e, consequentemente, uma produção também mais reduzida em relação a APPA. Atualmente tem uma média de 42 associados; destes, cerca de dez pessoas participam do projeto de criação e engorda de peixes em tanques-rede, tendo como produção uma média de quatro mil quilos de peixes por mês, recebendo o valor de cinco reais pelo quilo do produto, sujo mercado consumidor são os municípios do Sudoeste baiano.

As Figuras 09 e 10 ilustram os dois sistemas de pesca utilizados pelos pescadores de Anagé e Caraíbas: a primeira mostra o processo de pesca artesanal, realizado em canoas a remo como meio de locomoção e redes de tarrafas; a segunda, o sistema de criação e engorda de tilápias em tanques que ficam nas águas da barragem.

Figura 11: Pesca Artesanal em Anagé.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2011. Autor: PAIVA SILVA, Gedeval.

Figura 12: Tanques-rede de Anagé.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2011 Autor: PAIVA SILVA, Gedeval

As formas de pescaria praticadas variam segundo as necessidades dos pescadores ou o tempo disponível para essa atividade. As pessoas que utilizam a pesca em pequena escala e voltada principalmente para o consumo das famílias utilizam recursos como os anzóis, as tarrafas e as redes, em horários alternados com o trabalho com a terra, sendo a pesca, portanto, a atividade que fica em segundo plano. Ao passo que as pessoas que