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Apresentamos algumas considerações para melhor compreensão da estrutura dos municípios e sua relação com a adoção das coleções de AEs na EI, destacando a pesquisa realizada sobre a adoção de AEs para a Educação Infantil, no estado de São Paulo (ADRIÃO et al, 2009). Esta pesquisa apontou que é comum a compra dos AEs, principalmente, em municípios muito pequenos e pequenos. Mesmo nos resguardando das diferenças geográficas e populacionais entre os estados de São Paulo e de Pernambuco, pareceu-nos pertinente enveredar na busca por dados populacionais, para verificar sua relação direta com a compra desses materiais, mas não apenas isso, também outros índices que nos pareceram importantes, como a soma das riquezas de cada cidade, através do PIB (Produto Interno Bruto) e o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano).

Para isso, inspirada em Adrião (et al, 2009) criamos uma escala com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativo aos quatro municípios pernambucanos, cujos AEs tivemos acesso. Apesar de inspirada em Adrião (et al 2009), a classificação abaixo não foi feita tal qual a do estado de São Paulo, porque como dissemos, os estados de São Paulo e de Pernambuco são territórios muito diferentes em extensão e população. O quadro abaixo, portanto, apresenta uma classificação de acordo com o que nós consideramos ser em termos quantitativos, a representação de municípios pequenos, médios e grandes para o nosso estado. Nossa referência de cidade pequeniníssima para Pernambuco, foi Fernando de Noronha com 3.016 habitantes, para daí procedermos as demais classificações.

Quadro 7 – Número de habitantes e classificação das cidades pernambucanas

Cidades pequeniníssimas - menos de 10.000 habitantes Cidades muito pequenas- mais de 10.000 habitantes Cidades pequenas- mais de 20.000 habitantes Cidades médias- mais de 50.000 habitantes Cidades grandes- mais de 100.000 habitantes Cidades muito grandes- mais de 300.000 habitantes Cidade metropolitana – mais de 500.000 habitantes

Fonte: elaborada pela autora com base no IBGE de 2010- (2016)

A hipótese constatada por Adrião et al (2009) apontou que os AEs estavam mais presentes em cidades muito pequenas e pequenas, devido a municipalização do EF, que compartilha da relação público-privado e ainda, o AE promete o gerenciamento da educação local, onde existe uma carência técnico-administrativa. Para contextualizar a realidade de Pernambuco, vejamos o quadro a seguir, com números que dizem respeito aos municípios que se inserem em nossa pesquisa.

Quadro 8- Índice populacional – ano 2010 e 2016

Índice populacional (Censo 2010)

Município População estimada

(Ano 2016)

1.537.704 Recife 1.625.583

74.858 Carpina 81.054

23.769 Itapissuma 26.073

22.878 Orobó 23.717

Fonte: Tabela adaptada pela autora com base nos dados do IBGE 2010- (2016)

Tivemos a preocupação em verificarmos a quantidade da população do ano 2010 (que são os dados que aparecem no site do IBGE- cidades) e comparamos aos da população estimada em 2016, para vermos possíveis alterações. O que podemos ver é que as cidades cresceram em número de habitantes. Comparando-se os quadros 3 e 4, percebemos que pelo menos os AEs estiveram ou estão presentes em municípios, considerados em nossa escala, pequenos (Itapissuma e Orobó), médio (Carpina) e metropolitano (Recife). Se ainda

considerássemos as cidades cujos materiais não tivemos acesso ou fizemos a necessária dispensa, veríamos situando em nossa escala, cidade pequena (Flores), cidades grandes (Cabo de Santo Agostinho, Vitória de Santo Antão e Garanhuns) e cidade muito grande (Caruaru) que utilizaram AEs na EI. A hipótese de Adrião (et al, 2009), não se repetiu na realidade pernambucana.

Com base nisso, fomos também investigamos a soma de riquezas dos municípios, cujos dados obtidos correspondem aos anos de 2012 e 2013 porque atendem ao ano inicial do recorte de nosso corpus (2014-2016) e apenas daqueles municípios cujos AEs acessamos, assim como o IDHM, vistos no quadro 9, a seguir.

Quadro 9 – Soma de riquezas e IDHM dos municípios pernambucanos

Municípios PIB nominal (valor bruto total - ano referência 2012/2013)

IDHM (ano 2010)

Recife 30 bilhões de reais 0,772

Carpina 1. 016. 401 mil 0,680

Itapissuma 1. 120. 509 mil 0,633

Orobó 123. 574 mil 0,610

Fonte: IBGE - de 2012 e 2013 - (2016)

Verificamos nesse quadro, que não se trataram dos municípios considerados entre os mais pobres do estado; com destaque para a capital, que supera a todos os municípios em arrecadação e desenvolvimento. Vale lembrar também, que a compra de AEs por esses municípios foi feita com recursos próprios, uma vez que a compra não estava vinculada a nenhum programa de nível estadual ou federal.

Aprofundamos a análise na estrutura dos municípios de nossa pesquisa e consideramos também, a oferta de vagas na Educação Infantil, que antes era privilégio apenas dos que podiam pagar por ela na rede privada. Para isso, investigamos o quantitativo de vagas ofertadas na rede pública de ensino. O intuito foi termos uma visão geral do público que se esperou atingir com a compra dos AEs. Nosso interesse foi em relação ao número de matrículas das crianças de 4 e 5 anos de idade de cada município com AEs. Os dados foram baseados no censo 2010, com exceção de Recife, cujo dado data do ano 2013. Isto se deve ao fato de que o site (http://www.observatoriodopne.org.br) não apresentou os mesmos indicadores e ano desses indicadores de forma igual para os quatro municípios em questão.

No entanto, esse fato foi bastante favorável em relação à Recife tendo em vista que a compra de AEs em 2014 tomou como base o número de matrículas do ano anterior (2013) e foi o AE que selecionamos para a entrevista com as professoras que detalharemos mais adiante. O quadro 10 aponta os dados.

Quadro 10 – Número de matrículas na Educação Infantil na rede pública dos municípios pesquisados Municípios Número de matrículas na EI 2010/2013 Recife 82.107 Carpina 2.022 Itapissuma 634 Orobó 632 Total 85. 395

Fonte: IBGE/Censo Demográfico / Preparação: Todos Pela Educação (2016)

Como podemos perceber o número total de matrículas na Educação Infantil na rede pública destes municípios revelaram a possível quantidade de compra dos recursos por criança. Os dados nos revelaram números significativos de aquisição. Desta forma, destacamos a importância de analisar os materiais dos municípios de Recife, Carpina, Itapissuma e Orobó e saber qual a opinião das professoras de Recife acerca do material, a fim de compreender melhor o investimento feito pelos referidos municípios.