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Características e análise da Praça da Emancipação

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.4 A PRAÇA DA EMANCIPAÇÃO

5.4.1 Características e análise da Praça da Emancipação

A Praça da Emancipação é um espaço livre, com área territorial de aproximadamente 1.700 m². Configura-se em um triângulo (Figura 62) com maciço arbóreo, entre as ruas General Osório e Carlos Knor, e a Travessa Frederico Brendle. Esta paisagem atrai principalmente moradores do bairro (famílias) e jovens pela sua área arborizada (árvores para sombreamento, poucos arbustos e grama), um playground de areia e áreas para convívio dos cidadãos para contemplação, circulação, recreação e lazer. No entanto, possui baixa qualidade cênica, pouca visibilidade entre diferentes pontos, além de mobiliário insuficiente (principalmente iluminação, bancos e lixeiras).

Figura 62. Vista superior e fotografias da Praça da Emancipação.

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A Praça foi denominada Emancipação pela Lei Municipal Nº 413, do ano de 1975, em honra a emancipação do município de Panambi, oficializada em 1955. Ela possui dois acessos por meio de escadas, um pelo passeio da Rua General Osório (na face oeste – Figura 63) e outro pela face norte da Rua Carlos E. Knor (Figura 64). Todavia, as duas escadas estão comprometidas em questões de acessibilidade.

Figura 63. Acesso e limite da face sudoeste da Praça da Emancipação.

Fonte: acervo da autora, fevereiro de 2017.

Figura 64. Acesso e limite da face noroeste da Praça da Emancipação.

Fonte: acervo da autora, fevereiro de 2017.

Já o outro acesso se dá pela Travessa Frederico Brendle (imagem à esquerda da Figura 65), em um nível de boa acessibilidade. Esta travessa foi denominada em 1979, e inicialmente havia a concepção de ligar as Ruas General Osório e a Carlos E. Knor, o que não ocorreu. É por esse acesso que se tem visão do elemento de maior presença da paisagem, o playground (imagem central e à direita da Figura 65), que em muitos momentos encontra-se abandonado e com vegetação crescente através da areia da área.

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Figura 65. Acesso pela Travessa e playground da Praça da Emancipação.

Fonte: acervo da autora, fevereiro de 2017.

A área possui topografia levemente plana, mas com acessos e bordas noroeste e sudoeste constituída por muros, e são do tipo acidentadas próximas ao passeio público. A pavimentação é constituída por concreto e a área do entorno é predominante horizontal e residencial com vias coletoras (permeáveis e impermeáveis) e locais (permeáveis) de fluxo considerável por automóveis, veículos leves, carga e descarga e bicicletas. Possui apenas uma placa de identificação da praça e a acessibilidade para PCD’s é inviável.

A praça dá a impressão de abondonada, pela pouca manutenção e investimentos que foi observada em várias visitas efetuadas no local, pela precariedade em iluminação e vandalismo/baixa manutenção/falta de bancos (Figura 66), fatores esses que a tornam pouco atrativa para a população em geral.

Figura 66. Área de pavimentação e vegetação da Praça da Emancipação.

Fonte: acervo da autora, fevereiro de 2017.

5.5.2 Preferência da Paisagem da Praça

Na Praça da Emancipação, com relação ao perfil dos entrevistados (Tabela 10), salienta-se que a pesquisa foi aplicada principalmente com moradores das proximidades (pois poucos cidadãos de localidades mais distantes a utilizavam), e houve a falta de um

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questionado do gênero masculino da primeira faixa etária. Portanto, a coleta é semelhante nas categorias de gênero (feminino:15 ; masculino:14) e entre as faixas etárias. A média de idade entre o gênero e as faixas etárias foi parecida, e na categoria escolaridade, as porcentagens também foram próximas entre os gêneros, prevalecendo a escolaridade do ensino fundamental (40,00%), seguido do superior incompleto (16,67%).

Tabela 10. Relação do perfil dos entrevistados

ESCOLARIDADE MASC ULINO IDADE (ANOS) QUANTIDADE ENTREVIST. (Nº) MÉDIA IDADE (ANOS) FUNDAM. MÉDIO COMPL. SUP. INCOMP. SUPERIOR PÓS- GRAD. Até 17 4 16,00 100,00 % 18-44 5 21,60 20,00 % 60,00 % 20,00 % + 45 5 55,00 40,00 % 40,00 % 20,00 % MÉDIA MASC. TOTAL: 14 HOMENS 30,87 46,67 % 6,67 % 20,00 % 20,00 % 6,66% ESCOLARIDADE FEM IN IN O IDADE (ANOS) QUANTIDADE ENTREVIST. (Nº) MÉDIA IDADE (ANOS) FUNDAM. MÉDIO COMPL. SUP. INCOMP. SUPERIOR PÓS- GRAD. Até 17 5 15,60 100,00 % 18-44 5 20,80 20,00 % 60,00 % 20,00 % + 45 5 56,20 60,00 % 20,00 % 20,00 % MÉDIA FEM. TOTAL: 15 MULHERES 33,25 33,33 % 26,67 % 20,00 % 13,33 % 6,67 % MÉDIA TOTAL 29 32,06 40,00 % 16,67 % 20,00 % 16,67 % 6,66 %

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Em relação ao uso e frequência (Perguntas 1 e 2 da Figura 67), a maior parte dos entrevistados utiliza o espaço livre de uma a três vezes por mês (38%) e de uma a três vezes por semana (31%), com predomínio em dias de semana (55%) e em finais de semana (41%). Os horários mais utilizados pelas pessoas entrevistadas (Pergunta 3) é o do entardecer (17-20h – 48%), e da tarde (12-16h – 31%). E, permanecem (Pergunta 4) no espaço livre menos de 10 minutos (38%), e de 1 a 2 horas (31%).

Com essas informações, estabeleceram-se os maiores usos em cada faixa etária (ver ANEXO F). Até 17 anos frequenta mais a praça de uma a três vezes por semana (6 entrevistados), aos finais de semana (6), no turno da tarde (4) e entardecer (4), destacando-se o tempo de permanência de menos de 10 minutos (3). Os usos que mais se sobressaem são de observação da paisagem, interação social, circulação, observação de pessoas, contato com a natureza, refeições (lanches/bebidas), e curtição.

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Figura 67. Frequência e usos na Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Os respondentes entre 18 e 44 anos utilizam mais a praça de uma a três vezes por semana (4), em dias de semana (17), predominantemente manhã e tarde (6), e no tempo de 1 a 2 horas, mais para observação da paisagem, circulação, apreciação, observação de pessoas, contato com a natureza, estímulo, e turismo.

A opção durante a semana foi mais selecionada pela faixa etária acima de 45 anos. Esta faixa frequenta mais a praça no período do entardecer (7) e por menos de 10 minutos (5), para observação da paisagem, apreciação, contato com a natureza, observar a fauna e pessoas, pela proximidade com a residência, e circulação.

Na Figura 68 percebe-se que dentre as possibilidades de uso mencionadas na pesquisa para o espaço livre, no geral, os entrevistados mais realizam a observação da paisagem (26), observação de pessoas (24), ter contato com a natureza (22), a circulação breve (22), apreciação estética (22), observação da fauna (20), interação social (18) e pelo estímulo de permanecer e retornar ao local novamente (18).

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Figura 68. Usos e atividades realizadas pelos usuários na Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

A Figura 69 demonstra as opções de com quem os respondentes utilizam o espaço livre. Dentre elas, nota-se que os cidadãos mais utilizam a praça com amigos, sozinhos, e com a família.

Figura 69. Com quem os questionados utilizam a Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Além disso, os vinte e nove entrevistados atribuíram uma valoração conforme a Classe de Preferência, de 1 a 5 (Muito baixa; Baixa; Média; Alta; Muito alta), para cada uma das 5 fotografias escolhidas. Por meio da média efetuada de cada uma, pôde-se notar, na Tabela 11, que a média total (geral) é a valoração de 3.55, o que indica uma Classe de Preferência Média para a paisagem desta praça. Salienta-se que as médias femininas demonstram-se superiores às médias masculinas.

Tabela 11. Médias gerais da Preferência da Paisagem

FAIXAS ETÁRIAS MÉDIA M MÉDIA F MÉDIA GERAL

Até 17 anos 3,40 3,64 3,52

De 18 a 44 anos 3,16 3,76 3,46

Acima de 45 anos 3,68 3,68 3,68

TOTAL 3,41 3,69 3,55

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Na análise de avaliação da preferência da paisagem da Praça da Emancipação, elaborou-se um ranking com a média geral total de valoração que cada fotografia obteve. Na Figura 70 ele pode ser observado com a disposição das fotos entre as classes de preferência (por cores), com a média geral, e com as médias atribuídas dos gêneros (em cada lado da média geral). Constatou-se que a valoração do gênero feminino foi mais elevado em praticamente todas as fotografias, exceto a foto 1, e que as maiores divergências (desvio padrão das médias entre os gêneros) encontram-se nas fotografias 4 e 5.

Figura 70. Ranking de Preferência da Paisagem da Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Neste ranking nota-se também que apenas uma fotografia permaneceu na classificação de preferência alta, sendo que esta também é a mais representativa deste espaço livre (conforme Figura 72), e concebe a área interna da praça, com predomínio de caminhos e vegetação. Em seguida, dispõem-se as quatro fotografias de preferência média, entre as quais

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estão: a vista noroeste, com visualização da vegetação, do muro de pedras e rochas expostas; uma vista interna para a vegetação e caminhos; o playground; e um dos acessos por escadas. Destas, há um domínio de vegetação nas duas primeiras, e mais elementos construídos nas duas últimas classificadas.

A Figura 71 abaixo apresenta as classes de preferência valorizadas da Praça da Emancipação de acordo com a localização de cada fotografia (e sua respectiva especificação na legenda).

Figura 71. Classe de Preferência conforme as fotografias da Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Na eleição das fotografias que contivessem o lugar mais representativo da paisagem da praça, relata-se que apenas quatro delas foram citadas. A mais considerada, a fotografia 3, foi em função de ser a área mais utilizada, por conter vegetação e caminhos, transmitir paz. A foto 4 foi a segunda preferida, pelo fato de ser a maior referência desta praça, lembrar a infância, ou o ponto que mais utiliza, como vê-se abaixo (Figura 72). Nesta parte, apenas duas pessoas citaram mais de uma fotografia.

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Figura 72. Fotografias mais representativas da Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Na sequência da análise de dados, com a questão referente à importância da interação e socialização, a grande maioria dos cidadãos considerou importante ter esse vínculo na praça central (73%), com 17% considerando que não é importante, e 10%, muito importante.

Houve também perguntas em relação à satisfação dos usuários sobre a qualidade e à gestão do espaço livre. Os dois questionamentos obtiveram a satisfação em nível médio e baixo. Na primeira questão (qualidade da praça), as porcentagens se mantiveram em equilíbrio, porém na segunda (gestão da praça), o nível baixo prevaleceu (61%), em relação ao médio (39%). Isso revela, que apesar de uma valoração de preferência alta e média, o espaço livre e a sua gestão não o está mantendo ou investindo de maneira que os respondentes se sintam satisfeitos.

Figura 73. Satisfação quanto à qualidade e gestão da Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Na última parte do questionário, estiveram as questões de características descritivas e qualitativas. A primeira delas é referente à definição do espaço livre em três palavras (Figura 74). As mais recorrentes foram de aspectos positivos, que definiram a Praça da Emancipação como: paisagem com vegetação/natureza, bem-estar, bonita, tranquila, e de lazer, e uma negativa: abandonada.

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Figura 74. Palavras-chave definidas da Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Em seguida, interrogou-se sobre os aspectos positivos e negativos do espaço livre, que se encontram na Figura 75. Os principais aspectos positivos foram em relação à vegetação, ao

playground, amizade (convívio), disponibilidade de sombra, e pela localização da praça. Já

dentre os negativos, destacou-se as condições irregulares das calçadas, escadas, bancos e parquinho, da manutenção geral, vandalismo e barulho, e, a falta de lixeiras e iluminação. Com isso, totalizou-se 54 palavras positivas e 74 negativas.

Figura 75. Aspectos positivos e negativos da Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Outra questão se referiu aos sentimentos que são despertados nos usuários quando utilizam o espaço livre ou pensam nele (Figura 76). Procedeu o predomínio de sentimentos favoráveis (26): tranquilidade, felicidade e bem-estar; e desfavoráveis (4): desconfortável, indiferente, e decepção, por conta das condições de manutenção, uso e infraestrutura.

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Figura 76. Sentimentos despertados pela Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Na pergunta sobre as sugestões de atividades que poderiam ser realizadas na praça, conforme a Figura 77, a mais citada foi a necessidade de exercícios ao ar livre, visto que a única atividade disponível é de recreação para as crianças (playground). Foi mencionado também a necessidade de um espaço gourmet (com mesas e cadeiras), de serem promovidos eventos, a construção de banheiros, e ter mais opções de brinquedos em melhores condições para as crianças.

Figura 77. Atividades que os entrevistados gostariam de fazer na Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Os locais que os entrevistados mais mencionaram gostar no espaço livre são a área central sombreada e o parquinho, locais mais utilizados para lazer e recreação das famílias, como se observa na Figura 78, abaixo.

Figura 78. Preferência por ambiente na Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Na última pergunta foram salientados quais seriam os aspectos que necessitam de maiores investimentos e melhorias (Figura 79). As preocupações se voltaram mais para a

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implantação de bancos – há apenas um banco em toda a praça, por isso muitos usuários fazem uso das escadarias ou muros; manutenção de toda infraestrutura; manutenção e limpeza do parquinho, além de mais opções de brinquedos; padronização e acessibilidade na pavimentação; e a necessidade de mais iluminação e lixeiras.

Figura 79. Aspectos que necessitam de maior investimento na Praça da Emancipação

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

5.4.3 Contribuição para o planejamento e gestão da Praça

Em conformidade com os dados levantados da Praça da Emancipação, notou-se que ela desperta tranquilidade na maioria dos usuários, e assim atrai grupos de amigos e famílias, além de outros sozinhos, durante e aos finais de semana, principalmente de uma a três vezes por mês/ou semana, nos períodos da tarde ou entardecer. Usos esses para circulação breve pela área (passagem), e por mais tempo, para observação da paisagem/pessoas/fauna, ter contato com a natureza e interação social. Destaca-se também o uso da faixa etária mais nova para a curtição/passar tempo.

Salienta-se que na análise da Preferência da Paisagem, as fotografias com maior valoração foram as que continham maior índice de recursos naturais (vegetação), bem como, construídos (caminhos e algum mobiliário). E dessas fotografias, as eleitas mais representativas foram: a que obteve maior valoração (área interna da praça) e o parquinho, que mesmo em condições precárias, é uma referência desta paisagem. Esses dois elementos também estão entre os aspectos positivos mais ressaltados, então, o que se pode concluir é que os respondentes valorizam essas presenças. Comenta-se que alguns questionados revelaram preferir se deslocar até essa praça, pois é menos movimentada no parquinho do que o parque e a praça principal.

Além disso, a Praça da Emancipação recebeu uma Classe de Preferência Média elevada, mas, aparenta maior abandono em relação às demais áreas estudadas. Este fato está

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representado na exaltação de aspectos negativos (maior número que os aspectos positivos), e na insatisfação (nível predominante baixo) dos usuários em relação à qualidade e gestão do espaço livre.

Embora o espaço livre tenha potencialidade para outras atividades, convívio e descanso, devido à área territorial e vegetação/sombra, ele comporta apenas o playground. Por isso, de acordo com os respondentes, poderia ser implantada uma academia ao ar livre – para atrair outras faixas etárias a um exercício, e porque no bairro Centro só existe no Parque –, e um espaço gourmet - com ao menos mesas e cadeiras para convívio e refeições, uma vez que 50% dos questionados indicou que realiza refeições na praça.

Para aproveitar o potencial da existência do parquinho, como descrito anteriormente, sugerem-se mais opções de brinquedos, pintura e manutenção dos existentes, e limpeza da área - a limpeza tem sido realizada mais regularmente, porém, provavelmente não como os usuários desejam. Outro aspecto importante é realizar manutenção, poda de arbustos e árvores de pequeno porte para permitir a visibilidade no interior da praça (como foi lembrado na pesquisa), e, podem-se aproveitar os muros e rochas próximas ao passeio para se investir no paisagismo de forrações e bordaduras com atrativo cênico.

Entre as fragilidades indicadas nos aspectos negativos, e nos investimentos necessários, está essencialmente às condições de abandono e vandalismo, infraestrutura, recursos construídos e mobiliário urbano, pavimentação irregular, entre outros. Por isso, recomendam-se ações de instalação de bancos (existe apenas um na praça), lixeiras e bebedouros (água fria e quente), do cuidado com a manutenção e regularidade das calçadas, passeios, e escadas. Também, na melhoria da iluminação interna e externa da praça (já que possui vegetação em ambos), o que, junto com o jardim, pode assegurar maior segurança aos cidadãos, principalmente à noite.

Ainda mais, sugere-se melhor identificação da praça e indicações com instruções de uso do espaço, e uso noturno (visto as reclamações quanto ao vandalismo, drogados e perturbação sonora), inclusive, de vigilância esporádica.

Com tudo isso, percebeu-se que a paisagem necessita de investimentos e melhorias, visto que há fluxo contínuo de pessoas, moradores e até outras pessoas que preferem a tranquilidade deste espaço livre, que está limitado em atividades e infraestrutura. Assim, espera-se a conscientização dos usuários e habitantes próximos para manter o local, e também as ações municipais para investir e garantir uma praça de qualidade para a comunidade.

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