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Características e análise da Praça Engenheiro Walter Faulhaber

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.2 A PRAÇA ENGENHEIRO WALTER FAULHABER

5.2.1 Características e análise da Praça Engenheiro Walter Faulhaber

A Praça Engenheiro Walter Faulhaber é o ponto central da evolução urbanística da cidade, com área territorial de aproximadamente 7.500 m², e manutenção realizada pela Prefeitura. Atualmente é um lugar de predomínio de locomoção por pedestres de todas as faixas etárias, que inclui atividades de lazer e recreação, circulação, contemplação, de serviços e comércio (Kaufhaus, pontos de táxi, vendedores ambulantes), com potencial educacional e patrimonial, e que também está vinculada a promoção de eventos e aos acontecimentos do cotidiano da população.

Neste caso, expõem-se uma pesquisa desenvolvida por Christmann et al. (2015), que teve como objetivo a identificação dos potenciais bens culturais que apontassem maior reconhecimento para a sua preservação no município de Panambi, que se situa na mesorregião Noroeste Rio-Grandense. Acrescenta-se que este estudo citado buscou, por meio da aplicação

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de questionários em uma pequena parcela dos panambienses, compreender quais bens apresentavam relevância quanto às referências patrimoniais de compreensão da história local. Assim, levou-se em consideração a assimilação e percepção individual, com a consciência de que esse aspecto é fundamental para fortalecer e questionar a identificação da população com o patrimônio cultural.

Christmann et al. (2015) também visou contribuir com a divulgação da importância de vinte e um bens do município, para preservar cada contexto histórico e manter a sua identidade cultural. No entanto, salienta-se que na análise quantitativa dos gráficos elaborados a partir dos dados extraídos dos questionários, em que foram atribuídas pontuações para os bens de patrimônio cultural que se destacaram entre os demais, a Praça Engenheiro Walter Faulhaber foi o bem mais memorável. Portanto, pode-se caracterizá-la como um bem cultural/Patrimônio Cultural de Panambi/RS.

O tecido urbano de entorno é de predomínio adensado e horizontal, com usos comerciais, prestação de serviços, institucional e residencial, com vias arteriais e coletoras de pavimentação impermeável de fluxo intenso de veículos (automóveis, ônibus coletivo, carga e descarga, motocicletas e bicicletas – sem ciclovia). O seu acesso é totalmente livre pelo passeio público, em três pontos com escadas, e inclui faixas de segurança com rebaixamento de guia, sinalização, e acesso para PCD’s (no caso, cadeirantes).

Sobre a sua formação, após a compra de terras e o estabelecimento da Colônia Neu- Württemberg, a sede urbana foi previamente planejada, com plantas/desenhos, como se percebe na Figura 27. A princípio, ela foi projetada em quadras sem levar em consideração a topografia do espaço, porém mais tarde foram traçadas ruas adaptadas ao terreno acidentado da área (Figura 28). Como se esclarece, inicialmente,

o ponto central da colônia Neu-Württemberg era o Stadtplatz Elsenau (sede Elsenau) ou, simplesmente, Stadtplatz, que localizava-se no início da estrada principal que conduzia às linhas coloniais, com acesso facilitado em todas as direções e sediava a direção da Colonizadora. “A sede Elsenau está instalada sob uma planície, livre de mato. As estradas estão demarcadas e muitas já construídas, contornando as quadras, contando cada qual com até 22 terrenos”[...]. Meyer lembrava que, no sul do Brasil, a designação Stadtplatz nem sempre se referia a uma cidade ou povoação, mas referenciava aquele lugar mais central de convergência dos camponeses, demarcado em terrenos e com estradas, evoluindo com o passar do tempo para uma povoação e, só muito mais adiante, para uma cidade (NEUMANN, 2009, p. 125).

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Figura 27. Mapa da localização de Neu-Württemberg e plantas urbanísticas de Stadtplatz Elsenau.

Fonte: BEUTER, 2013.

Na imagem 1 da Figura 27 também se nota a demarcação (em vermelho, pela autora) da conhecida Markt-platz (Praça do Mercado, devido a edificações de comércio que a circundariam) que se manteve nos três projetos (1901, 1906 e posterior definitiva) de instalação da sede. Ela deveria condizer com o desenvolvimento da Colônia, ao revelar o crescimento urbano e a melhoria das edificações do entorno, e por isso se tornou referência do centro da vida social (MAHP, 2014). “Neu-Württemberg, então, consistiu na colônia em que prevaleceu de forma mais visível e presente o perfil de uma colônia alemã e com um projeto de urbanização” (NEUMANN, 2009, p. 205).

Figura 28. Evolução da planta urbanística de Panambi e fotografia a partir da área central do município.

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Apesar do zoneamento para a implantação da praça, destaca-se que até a metade da década de 20 a área possuía apenas um extenso gramado com percursos de atalho e erosões da terra. Nesta situação, uma das principais reinvindicações pela população, ainda nessa década, foi o ajardinamento da praça central. Pensando nisso, em 1927, Minoly Gomes de Amorim sugeriu à Câmara (Municipal de Cruz Alta) o nivelamento e o cercamento da área, e propôs o nome de Dr. Germano Faulhaber para a praça. No entanto, mais tarde lhe foi atribuída a denominação de Praça Maurício Cardoso (NEUMANN, 2009).

Assim, em 1931 registrou-se o início de terraplenagem, modelagem de canteiros e o cercamento da praça (MAHP, 2014). Todavia, com o decorrer do tempo foram sendo realizadas intervenções na sua infraestrutura e em características do paisagismo. Por isso, nota-se hoje que da sua configuração inicial não se mantiveram muitos aspectos preservados.

Foi no ano de 1956 que se construíram os muros, e que se emolduraram os canteiros com cordões de pedra grés. Neste ano também se mobiliou a praça com novos bancos, e se realizou o plantio de árvores e arbustos (MAHP, 2014). Nas Figuras 29e 30 se observam algumas dessas transformações ressaltadas que ocorreram no local, além da urbanização do entorno.

Figura 29. Fotografias da evolução da Praça Engº Walter Faulhaber.

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Figura 30. A Praça Engenheiro Walter Faulhaber na década de 80.

Fonte: Recorte de fotografia exposta no MAHP.

Posteriormente, em novembro de 1964 um decreto municipal alterou oficialmente a denominação de Praça Maurício Cardoso para Praça Engenheiro Walter Faulhaber (WEHRMANN, 2015). Esta modificação foi realizada em homenagem a Walter Faulhaber (Panambi, 1905-1962), filho de Herrmann Faulhaber (primeiro pastor de Neu-Württtemberg) e Marie Faulhaber (professora). Engenheiro mecânico formado na Alemanha, Walter foi sócio fundador da Metalúrgica Faulhaber, uma das empresas pioneiras da localidade. Além disso, se destacou na liderança comunitária, foi presidente da comissão pró-emancipadora de Panambi, professor, vereador e o primeiro prefeito do município, de 1955 a 1959 (BEUTER, 2013). Portanto, devido a sua importância para Panambi, a Praça, além de ser renomeada, recebeu o busto de Walter Faulhaber.

Enfim, sobre a Praça Engº. Walter Faulhaber pode-se afirmar que esta representa um palco de manifestações, eventos e encontros sociais, religiosos, culturais, políticos, cívicos e comerciais (ambulantes e pequenas feiras). De outras formas, é acessada por permitir uma contemplação da paisagem urbana que a circunda, para registros fotográficos e pela sua infraestrutura verde. Ainda, ela é caracterizada como um espaço livre importante de circulação, por ser uma área central de ligação entre as principais vias e atividades urbanas. Sendo assim, tem fluxo e permanência constante de pessoas e de veículos no seu entorno, e por isso, entre outros aspectos já salientados, a praça está presente na memória e uso da população de todas as faixas etárias.

Atualmente, a praça tem uma configuração do relevo levemente acidentado, e constituído de dois platôs (a área do Palanque Oficial e a outra com o restante da área). Dentre

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o seu mobiliário urbano se encontram bancos, postes de iluminação, um telefone público, uma placa informativa da Praça, brinquedos, lixeiras, e um busto, em um regular estado de conservação. O piso em alguns espaços irregular é constituído na sua área interna por pedras de basalto, concreto, e grama, e no passeio externo por blocos intertravados de concreto.

A praça possui um grande agrupamento de vegetação arbórea (além da presença de palmeiras, trepadeiras, arbustos, herbáceas e forrações) levemente heterogênea, com espécies nativas e exóticas, e com integridade ecológica modificada e implantada pelo homem (Figura 31). Alguns investimentos públicos de manutenção vêm sendo realizados para melhor condicionar sua pavimentação e acessibilidade, demais infraestruturas e vegetação. Quanto a sua infraestrutura/elementos existentes (em que alguns estão representados na Figura 32), encontram-se:

 Busto em homenagem ao Prefeito Walter Faulhaber: inaugurado em 1979;

 Canteiro central e arredor: contém vegetação constituído essencialmente por forrações;

 Casa do Papai Noel: nos últimos anos, instalou-se uma pequena edificação para ser utilizada na época festiva do Natal, por um Papai Noel que se dispõe a divertir as crianças;

 Guaritas para taxistas: há duas guaritas, em estilo enxaimel, em dois lados opostos da praça;

 Kaufhaus(Casa do Artesanato): o local oferece o comércio de artesanato e de lembranças relacionadas ao município. A construção expressa em suas fachadas o estilo enxaimel;

 Marco Zero: ponto central do qual se mede a longitude a latitude, que inscreve sobre o monumento geográfico  IBGE RN, Projeto de Lei 1910 N;

 Monumento à Bíblia: de cunho religioso, sua inauguração ocorreu em dezembro de 1975, com um culto campal. Nele, escreveu-se: Jesus Cristo, ontem, hoje, sempre;

 Palanque Oficial: e a pira, localizados na parte sul da praça, foram construídos na década de 50, e em 1959 o Palanque recebeu uma balaustrada executada pela Firma Ernesto Saur;

 Pergolados: sem cobertura, mas com a presença de bancos, muito utilizado aos fim de tarde;

 Placa com a Carta Testamento de Getúlio Vargas: fixada em 1962, à esquerda do muro do Palanque Oficial;

 Placa com a relação nominal dos Membros das Comissões Emancipacionistas: fixada em 1979, ao lado direito do muro do Palanque Oficial;

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 Playground: área cercada com brinquedos para a recreação infantil;

 Portal das Colonizações: composto por oito painéis explicativos de dois murais, e inaugurado em 2012, o portal é simbolizado por duas portas e duas janelas, que representa um marco no resgate da história, cultura e de formação local e regional.

 Sanitários: construção realizada em 1963. Necessita de manutenção e é alvo de vandalismo.

Figura 31. Fotografias mais recentes da configuração da praça central de Panambi.

Fonte: Acervo do MAHP (2009); acervo da autora, junho de 2016.

Figura 32. Vista superior e fotografias da Praça Engº Walter Faulhaber.

Fonte: Fotografias - acervo da autora, 2016.

A praça não possibilita um grande número de atividades fixas diferentes, no entanto, a sua estruturação e história revelam a sua grande importância para a expansão e desenvolvimento urbanístico de Panambi. Também, o cenário permitiu a interação social ao longo do tempo, e assim, a Praça Engº. Walter Faulhaber está ativamente na memória dos panambienses, transformando-a em um bem cultural de Panambi.

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