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2.4 ESTUDOS PRECEDENTES SOBRE O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO EM

2.4.6 Características principais dos modelos de Orçamento Participativo em

Motivadas pelos benefícios trazidos pela implantação do OP em diversos municípios brasileiros, algumas IPES adaptaram o instrumento à sua realidade,

utilizando-se de modelos distintos para o atingimento da mesma finalidade: o alinhamento das decisões públicas com as demandas e expectativas de sua comunidade acadêmica, por meio de uma ampla participação social, frente à escassez de recursos públicos.

O Quadro 2 sintetiza as características dos modelos expostos acima. Quadro 2 – Características dos modelos de OP propostos/implantados em Instituições

Públicas de Ensino Superior

INSTITUIÇÃO CARACTERÍSTICAS DO MODELO PROPOSTO/IMPLANTADO

UFRJ

– Calcula-se o valor de recursos a serem redistribuídos às UG por meio de uma matriz pautada em indicadores acadêmicos;

– Com base nesse valor, as UGs enviam, por meio de formulários eletrônicos temporários, suas demandas de custeio e investimento levantadas pelos docentes e técnicos da unidade;

– Unidade omissa = proposta do ano anterior + índice de correção da União – Os dados coletados são compatibilizados e ajustados pela Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento;

– A proposta orçamentária compatibilizada é apresentada ao Reitor, submetida à aprovação do Conselho Universitário e enviada às instâncias superiores do MEC.

UNIVASF

– Ao receber os recursos para custeio e investimento, a Equipe de Gestão da instituição deduz os recursos vinculados a projetos específicos e o montante anual previsto para custeamento das despesas fixas;

– O valor residual do orçamento será redistribuído aos colegiados acadêmicos de graduação e pós-graduação por meio de uma fórmula complexa. Os setores administrativos solicitarão demandas pontuais diretamente à Equipe de Gestão da instituição;

– Com base no valor de direito, os colegiados acadêmicos de graduação e pós- graduação informam à Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, por meio de um aplicativo, suas demandas por bens de consumo e de capital para o exercício atual e, posteriormente, para o exercício seguinte, para que providencie o processo de aquisição;

– Os discentes, por meio da Câmara de Assistência Estudantil, participam da destinação apenas dos créditos orçamentários destinados ao Programa Nacional de Assistência Estudantil.

UESB

– Identificação das demandas de investimento, apontadas pelos docentes, discentes e técnico-administrativos em suas assembleias de categoria;

– Definição das prioridades finais dentre as necessidades iniciais, em uma Plenária Geral;

– Compatibilização das decisões em Assembleia Geral frente aos recursos de investimento disponíveis;

– Elaboração do Orçamento de Investimento da instituição pela Comissão do OP, a ser aprovado pelo Conselho Universitário.

UFPE

– Descentraliza-se o orçamento às UPAs - que agregam centros acadêmicos, órgãos suplementares e administrativos da instituição – de forma ponderada, com base em uma matriz de alocação de recursos para as unidades de ensino. As unidades que não contenham número de alunos deverão levantar suas necessidades de investimento e manutenção e submetê-las à discussão pela comunidade acadêmica;

– As subunidades das UPAs apresentarão projetos de despesas para custeio e para investimento, embasados tecnicamente e justificados politicamente. A população também indica prioridades por meio de urnas disponibilizadas na instituição;

– Realizam-se Plenárias Locais nas UPAs para a eleição de delegados e escolha das prioridades dentre os projetos de despesas e três obras ou ações específicas. – Ocorrem então, em cada uma das UPAs, Plenárias Temáticas com a participação somente dos delegados, apresentando as prioridades e demandas das mesmas, para agruparem as necessidades em programas temáticos alinhados com os programas constantes no PPA da universidade, elegendo três programas e subprogramas específicos para cada tema, de acordo com os recursos orçamentários distribuídos com base na matriz de alocação de recursos e com a orçamentação das obras ou ações escolhidas.

– Realiza-se uma Assembleia Geral para debate das propostas consolidadas e decisão daquelas que comporão a Proposta Final do Orçamento Participativo; – A proposta deve ser aprovada pelo conselho do Orçamento Participativo, enviada para o Gabinete do Reitor, que a incluirá na Proposta orçamentaria da UFPE e a encaminhará para aprovação dos órgãos superiores.

IFPB Câmpus Picuí

– São discutidos 15% dos recursos recebidos para custeio, 60% dos recursos para investimento, 70% dos recursos para capacitação e 50% dos recursos recebidos para assistência ao educando;

– Ao longo do ano são realizados Fóruns mensais para debate de questões relacionadas à instituição como forma de sensibilizar e capacitar os participantes; – Será realizada uma Plenária com a finalidade de prestar contas do exercício anterior, apresentação da previsão de receitas e despesas do exercício corrente, apresentação do OP e sua metodologia, iniciar a escolha dos Conselheiros, e a disponibilização de link para levantamento das demandas da comunidade, categorizadas por temas.

– Será realizada outra Plenária com a finalidade de apresentar as prioridades eleitas;

– As demandas serão formatadas em um único documento a ser analisado e aprovado por instâncias da instituição;

– O documento aprovado, agora chamado de Matriz Orçamentária, é apresentado à comunidade acadêmica nos Seminários, onde também a Equipe de Gestão se justificará por demandas levantadas, mas não incluídas no orçamento.

– Os recursos são redistribuídos às UGDs por meio de uma matriz pautada em indicadores acadêmicos. As unidades administrativas reivindicam suas demandas nos Fóruns, Plenárias, Seminários.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018), com base nos trabalhos de Gama Junior e Bouzada (2015); Morais (2010); Andrade (2015); Sampaio e Laniado (2009); Ferreira (2003); Pedrosa (2017)

Analisando-se as metodologias acima, percebe-se não haver um modelo ou particularidades características de modelos aplicados em IPES brasileiras, ocorrendo uma adequação do princípio idealizador do instrumento à realidade, ou necessidade, ou condição da instituição, de modo que o Orçamento Participativo deve ser flexibilizado para melhor atender a comunidade local como um todo.

Pode-se afirmar, ainda, que as discussões no OP envolvem despesas de custeio e investimento, mas não de pessoal. Tal fato justifica-se pela abrangência do

plano de carreira dos servidores da IPES que envolvem toda uma categoria pertencente a todas as IPES, não somente a uma, não cabendo, portanto, uma discussão isolada. Além disso, embora haja participação social no processo de OP das instituições, esta não se dá de forma ampla e efetiva, havendo limitações e preferências a serem contornados para o atingimento de uma elaboração orçamentária efetivamente participativa.

De forma a embasar as afirmações acima, no Quadro 3 são apresentadas as diferenças e semelhanças constatadas nos modelos anteriormente apresentados no que tange à participação dos agentes e à discussão das categorias de despesas:

Quadro 3 – Diferenças e semelhanças na participação dos agentes acadêmicos e na discussão das categorias de despesas dos modelos de OP propostos/implantados em IPES

Características UFRJ UESB UNIVASF UFPE

IFPB Câmpus Picuí Despesas de custeio ü -- ü ü ü Despesas de investimento ü ü ü ü ü Participação Docentes ü ü ü ü ü Participação Discentes -- ü ü ü ü Participação Técnico- Administrativos ü ü -- ü ü Precariedade Restrição de participação dos discentes A discussão limita-se aos investimentos Restrição de participação dos Técnicos -- --

Fonte: Elaborado pelo autor (2018), com base nos trabalhos de Gama Junior e Bouzada (2015); Morais (2010); Andrade (2015); Sampaio e Laniado (2009); Ferreira (2003); Pedrosa (2017)

O Quadro 3 evidencia a não uniformidade das metodológicas de OP em IPES, apresentando modelo onde categorias de agentes da comunidade acadêmica são excluídas do processo ou categorias de despesa são excluídas do debate.

As únicas características presentes em todos os modelos são a abertura de participação aos docentes e a discussão das despesas de investimento. Quanto as demais características, cada IPES analisada trata de uma forma diferente o conjunto.

Destaca-se os casos do UFPE e do IFPB Câmpus Picuí, que apresentam todas as características mínimas de promoção de participação de toda a comunidade e todas as questões da instituição. Porém, tais metodologias foram propostas pelos pesquisadores Ferreira (2003) e Pedrosa (2017), respectivamente, mas não efetivamente implantadas nas instituições objeto dos estudos.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo a metodologia da pesquisa encontra-se subdividida em três seções: (i) enquadramento metodológico; (ii) procedimentos utilizados para revisão e análise da literatura; e, (iii) procedimentos utilizados para a coleta e análise de dados para o cumprimento dos objetivos da pesquisa.