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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 PROPOSTA DE UM MÉTODO TEÓRICO GENÉRICO DE ORÇAMENTO

4.2.1 A Universidade Tecnológica Federal do Paraná e o Câmpus Londrina

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) é uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) “com natureza jurídica de autarquia, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), sendo a primeira e única Universidade Tecnológica no Brasil e, por isso, tem uma história diferente das outras universidades” (UTFPR, 2017b, p. 5), tendo como missão “desenvolver a educação tecnológica de excelência por meio do ensino, pesquisa e extensão, tendo como principal foco a graduação, a pós-graduação e a extensão” (UTFPR, 2017a, p. 37), razão pela qual diferencia-se das demais universidades brasileiras, que são voltadas para o ensino tradicional.

Atualmente, a UTFPR está localizada exclusivamente no estado Paraná e distribuída por treze campus, a saber: Apucarana, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba (Campus Sede, Ecoville e Neoville), Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Guarapuava, Londrina, Medianeira, Pato Branco, Ponta Grossa, Santa Helena e Toledo, oferecendo cursos técnicos, cursos superiores de tecnologia, bacharelados (principalmente as engenharias), licenciaturas, especializações, mestrados, doutorados e diversas atividades de pesquisa e extensão.

De acordo com seu Relatório de Gestão do Exercício de 2016 (UTFPR, 2017a), a estrutura executiva da UTFPR está organizada em:

a) RT: Reitor e Vice-reitor e Gabinete da Reitoria;

b) Quatro Pró-Reitorias: Pró-Reitoria de Graduação e Educação Profissional, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Pró-Reitoria de Relações Empresariais e Comunitárias, e Pró-Reitoria de Planejamento e Administração, responsável pelas questões inerentes ao orçamento da instituição;

c) Quatro diretorias de gestão: Diretoria de Avaliação, Diretoria de Comunicação, Diretoria de Gestão de Pessoas e Diretoria de Tecnologia da Informação;

d) As Diretorias-gerais dos treze Câmpus; e) Assessorias.

A Pró-Reitoria de Planejamento e Administração é a responsável pelas atividades de planejamento, pela execução e pelo controle da gestão orçamentária, financeira e patrimonial da instituição, como a descentralizar e acompanhar o orçamento da UTFPR, efetuar a análise legal e técnica dos processos licitatórios realizados pela instituição, dentre outros, tendo como subunidades as Diretorias de Planejamento e Administração presentes em cada um dos Câmpus (UTFPR, 2017b). Em 2016, a instituição recebeu em seu orçamento R$ 715.522.033,77 para custeamento das despesas com pessoal e benefícios; R$ 148.736.938,65 para despesas com o custeio e R$ 44.878.873,88 para investimento (UTFPR, 2017b).

Os recursos financeiros que compõe o orçamento da UTFPR, de acordo com seu Estatuto, no art. 55º – Título vii, que trata do Patrimônio e do Regime Financeiro, serão oriundos de:

i. dotação que lhe for anualmente consignada no Orçamento Geral da União, créditos especiais e adicionais;

ii. dotações, auxílios, doações e subvenções que lhe venham a ser feitas ou concedidas pela União, Estados e Municípios, ou por quaisquer entidades, públicas ou privadas;

iii. remuneração por serviços prestados a entidades públicas ou privadas, mediante convênios, acordos ou contratos específicos;

iv. taxas, anuidades e emolumentos;

v. resultado de operações de crédito e juros bancários, nos termos da lei; vi. receitas provenientes de rendimentos sobre direitos de propriedade, direitos autorais, propriedade industrial, cessão de uso e outros;

vii. saldo de exercícios anteriores;

viii. renda de aplicação de bens e valores patrimoniais; ix. alienação de bens; e

x. receitas eventuais (UTFPR, 2009b, p.28-29).

A instituição tem como órgão deliberativo máximo o Conselho Universitário (COUNI), com poder de contrapor-se inclusive às decisões da Reitoria, e como deliberativos especializados: Conselho de Graduação e Educação Profissional, Conselho de Pesquisa e Pós-graduação, Conselho de Relações Empresariais e Comunitárias e o Conselho de Planejamento e Administração, esse último, conhecido como COPLAD, é um órgão deliberativo e de supervisão em matéria de controle, implementação e fiscalização econômico-financeira, sendo presidido pelo Reitor (UTFPR, 2017b). A existência de conselhos com poder deliberativo aparenta um caráter democrático à UTFPR (CARDOSO, 2009).

No processo de descentralização do orçamento aos Câmpus, a Reitoria da UTFPR encaminha a proposta calculada com base na Matriz aprovada pelo COPLAD, para que seja, então, aprovada no COUNI. Uma vez aprovada pelo COUNI o orçamento é redistribuído aos Câmpus para que o gerenciem autonomamente.

4.2.1.2 A Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Londrina

A UTFPR Campus Londrina foi criada nos termos da Portaria nº 1973, de 18 de dezembro de 2006 do Ministério da Educação e iniciou suas atividades no dia 26 de fevereiro de 2007.

Segundo dados publicados em sua página na internet, o Campus Londrina possuía, em 2016, 21.736,02 m2 e contava com cerca de 1.725 alunos, 166 professores (efetivos e contratados) e 75 servidores técnico-administrativos, ofertando sete cursos de graduação: Tecnologia em Alimentos, Engenharia Ambiental, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Engenharia Química e Licenciatura em Química; cinco cursos de mestrados: Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos, Mestrado Acadêmico em Engenharia Ambiental, Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Humanas, Sociais e da Natureza, Mestrado Profissional em Ensino de Matemática e Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais; Curso de Formação Pedagógica; cursos de Qualificação Profissional, destinados aos alunos e à comunidade, e cursos de especialização (UTFPR, 2016b).

De acordo com o Organograma extraído do site da instituição e adaptado pelos autores, a UTFPR Câmpus Londrina está estruturada da seguinte forma:

Figura 6 – Organograma de UTFPR Câmpus Londrina

A Equipe de Gestão da UTFPR Câmpus Londrina é composta pelos seguintes membros: Diretor-Geral, Diretor de Graduação e Educação Profissional, Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação, Diretor de Relações Empresariais e Comunitárias, Diretor de Planejamento e Administração, Coordenador de Gestão de Recursos Humanos e Coordenador de Gestão de Tecnologia da Informação, que são responsáveis por representar as subunidades a eles vinculadas, representadas no organograma acima. O planejamento, a elaboração, controle e execução orçamentária, financeira e patrimonial do Campus, estão a cargo da Diretoria de Planejamento e Administração (DIRPLAD).

O orçamento da UTFPR Câmpus Londrina tem sua receita advinda do repasse orçamentário da Reitoria, calculado com base na matriz de redistribuição orçamentária para os Câmpus, a comunidade da UTFPR não tem nenhuma influência na definição dos critérios utilizados pela universidade para a redistribuição do dinheiro aos Campi (CARDOSO, 2009).

Para o rateio interno, o COPLAD indica a utilização de critérios por ele estabelecidos por meio da Resolução n. 04/2012 de 13 de dezembro de 2012 aplicados em uma planilha chama de Matriz de Distribuição de Recursos. Os critérios levam em consideração: a quantidade de alunos matriculados e formados; a quantidade de docentes e técnico-administrativos; a titulação dos docentes; as características de cada laboratório.

No plano operacional, a execução e o acompanhamento, tanto das políticas gerais da Universidade quanto das diretrizes de cada Câmpus, estão sob responsabilidade das Diretorias de Área, dos departamentos e dos setores de apoio (UTFPR, 2013).

A Diretoria-Geral do Câmpus possui delegação na gestão dos seus recursos financeiros, materiais e de pessoal, observado os limites da legislação pertinente (UTFPR, 2013). Em razão de a aplicação dos recursos no interior de cada Campus competir à direção, Cardoso (2009) afirma que a gestão é centralizada, apontando haver indício de uma gestão burocratizada, e a falta de informações que professores, técnico-administrativos e, principalmente, os discentes, têm sobre a forma como é decidida a aplicação dos recursos financeiros nos Campi.

Cardoso (2009), afirma ainda que

[...] a própria estruturação da universidade é organizada de forma a não permitir a participação da comunidade na decisão sobre a aplicação das

verbas. Apenas o segmento docente tem alguma possibilidade de participação no processo decisório sobre a aplicação dos recursos financeiros, mas apenas sobre aquela parcela destinada as Coordenações ou aos Departamentos onde atuam e que é um montante bastante diminuto. Já os técnico-administrativos e os discentes estão completamente impossibilitados de exercer qualquer influência sobre a aplicação dos recursos financeiros (CARDOSO, 2009, p. 215-216).

Dessa forma, a proposição de um Orçamento Participativo para a instituição pode ser benéfica para a promoção de uma participação ampla e organizada de toda a comunidade universitária na elaboração do orçamento anual da instituição.

4.2.2 O processo de elaboração e distribuição orçamentária na Universidade