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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.3 FLEXIBILIDADE DA INSTITUIÇÃO, DOS AGENTES E DO PROCESSO

4.3.2 Flexibilidade dos agentes acadêmicos

De forma a levantar a flexibilidade dos agentes acadêmicos, levantando sua predisposição em participar da implantação e manutenção do instrumento na instituição, bem como sua percepção sobre o processo atual, utilizou-se da disponibilização de um questionário formulado e disponibilizado à comunidade universitária com 12 questões de múltipla escola para ser respondido de forma eletrônica, anônima e de livre e espontânea vontade.

Obteve-se 111 respondentes, sendo: 67 (59,8%) discentes, 25 (22,3%) docentes, 19 (17%) técnico-administrativos (TAEs).

Dos respondentes, apenas 12,7% afirmaram sentirem-se representados, 40,9% sentiram-se parcialmente representados e 46,4% afirmaram não se sentirem representados no processo atual de elaboração do orçamento da instituição, demonstrando que as decisões da Equipe de Gestão não são de fato representações dos anseios da comunidade universitária, conforme afirmou o entrevistado M4.

Corroborando com essa afirmação, 50% dos respondentes afirmaram que as decisões da Equipe de Gestão sobre a execução das despesas de custeio do Câmpus Londrina estão parcialmente alinhadas com as suas necessidades e prioridades, 14,3% afirmaram que não estão alinhadas e somente 16,1% afirmaram que as ações da Equipe de Gestão estão alinhadas com suas necessidades e prioridades, 19,6% não possuem opinião formada. Com relação as despesas de capital, para obras e investimentos, a percepção dos respondentes é semelhante, sendo que 51,8% deles afirmaram que as decisões da Equipe de Gestão sobre a execução das despesas de capital do Câmpus Londrina estão parcialmente alinhadas com as suas necessidades e prioridades, 20,9% afirmaram que não estão alinhadas e somente 10% afirmaram que as ações da Equipe de Gestão estão alinhadas com suas necessidades e prioridades, 17,3% não possuem opinião formada. Tais dados denotam que, embora a maioria dos entrevistados tenha afirmado que os membros da Equipe de Gestão

representam suas unidades e os agentes a elas pertencentes, as decisões por eles tomadas e as alocações de recursos na elaboração do orçamento não estão totalmente alinhadas com as necessidades e prioridades da comunidade universitária.

Sobre a elaboração do orçamento em si, apenas 10 (9%) dos respondentes afirmaram possuir conhecimento sobre como é elaborado o orçamento da instituição, 36 (32,43%) possuem uma pequena noção do processo e 65 (58,56%) não tem conhecimento do processo. Categoricamente, 4 (16%) docentes, 5 (26,32%) TAEs e 1 (1,5%) discente, somente, afirmam conhecer o processo e, na contramão, 7 (28%) docentes, 7 TAEs (36,84%) e 51 (76,12) discentes afirmaram desconhecê-lo. Os demais afirmam conhecer vagamente o processo.

Dessa forma, mais da metade dos respondentes afirmam desconhecer como se dá o processo de elaboração do orçamento anual da instituição, sendo, categoricamente, mais da metade dos docentes, dos discentes e pouco menos da metade do TAEs. Esse dado resulta na necessidade de realização de cursos e seminários sobre as questões orçamentárias da instituição, de forma a possibilitar aos participantes do OP o conhecimento técnico e político para compreenderem as possibilidades e limitações inerentes a uma IFES e contribuírem para a elaboração de um OP local.

Acerca da participação no processo de elaboração do orçamento, 105 (94,59%) dos respondentes afirmaram não ter participado do processo, e apenas 3 (2,7%) – 2 docentes e 1 TAE – afirmam ter participado, denotando centralização de poder e restrição de participação, principalmente aos discentes, sendo que mais de 97% afirmaram não ter participado. Quanto às demais categorias, 76% dos docentes e 84% dos TAEs também afirmaram não terem participado da elaboração do orçamento.

Dessa forma, percebe-se que a participação da comunidade universitária na instituição não é significativa, estando o poder concentrado nas mãos de poucos, percepção essa que propicia a implantação de um instrumento que estreite a dicotomia entre a Equipe de Gestão e os agentes universitários, como o Orçamento Participativo (SADER, 2002).

Indagados acerca de seu conhecimento sobre o instrumento de Orçamento Participativo, 37,8% afirmaram desconhecer o processo, 31,5% tem baixo conhecimento sobre, 27,9% possuem conhecimento mediano e 2,7% afirmaram possuir grande conhecimento sobre o OP. Ao lerem uma explicação sucinta sobre o

processo de OP, 53,2% apoiam totalmente a implantação do instrumento na UTFPR Câmpus Londrina, 36% apoiam com ressalvas, 10,8% não possuem opinião formada. Tal fato evidencia a necessidade de instruir previamente a comunidade universitária sobre os conceitos, metodologia, possibilidade e limitações no processo de OP.

Constituindo-se em um processo democrático e voluntário (UN-HABITAT, 2004), a análise da predisposição dos agentes universitários em participarem da elaboração do orçamento na instituição mostrou que, 74,1% dos respondentes afirmaram que participariam do processo, sendo 68,66% dos discentes, 80% dos docentes e 84,21% dos TAEs, denotando a predisposição dos agentes e o potencial de implantação e manutenção do instrumento na instituição.

Quanto ao nível de participação daqueles que demonstraram interesse em participar da elaboração do orçamento, 25,3% dos respondentes afirmaram que participariam ativamente do processo, 58,5% participariam de maneira mediana e 16,1% teriam baixo nível de participação.

De posse desses dados, o Quadro 12 apresenta as particularidades dos agentes universitários da instituição quanto à prática orçamentária no Câmpus, sua predisposição em participar do processo de OP e a solução considerada na construção do modelo de OP proposto à UTFPR Câmpus Londrina.

Quadro 12 – Particularidades e predisposição dos agentes universitários e as soluções consideradas para a elaboração de um modelo de OP local

Particularidade apontada Solução considerada no modelo de OP

Falta de representatividade/participação Abertura à participação de todos os agentes universitários nas Plenárias Temáticas e, nas Plenárias Locais, daqueles agentes a elas pertencentes

Desalinhamento entre os anseios dos agentes e a ações contidas no orçamento

Promoção de Plenárias Locais, onde, democraticamente, todos elegerão as demandas prioritárias que constarão no orçamento de sua unidade

Falta de conhecimento sobre o processo de Orçamento da instituição

Realização de cursos instrutivos sobre as questões inerentes ao orçamento público e à instituição

Pouco conhecimento sobre o instrumento de Orçamento Participativo

Realização de cursos instrutivos sobre o Orçamento Participativo como instrumento de elaboração participativo do orçamento da instituição

A maioria possui predisposição em participar de forma mediana no processo

Serão eleitos representantes locais das unidades para participarem ativamente de todas as fases do processo