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2.4 ESTUDOS PRECEDENTES SOBRE O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO EM

2.4.4 Orçamento Participativo na Universidade Federal de Pernambuco

A pesquisa de Ferreira (2003) objetivou elaborar um modelo para implantação de um OP na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na proposta, o OP é coordenado por uma comissão com o auxílio de uma equipe de apoio durante todo o processo executando, inclusive, ações necessárias para a completude do OP. Comporão a comissão coordenadora: representantes da Reitoria, dos Conselhos de Administração e Curadores e da comunidade.

A coordenação geral do OP é realizada pela Pró-Reitora de Planejamento e Orçamento-Participativo auxiliada pela equipe da Coordenação do Orçamento- Participativo. A instância máxima do OP é o Conselho do Orçamento Participativo.

O pesquisador elaborou a proposta descentralizando o orçamento por centros acadêmicos, órgãos suplementares e administrativos da instituição, criando o que denominou de Unidades Político-Administrativas (UPAs), ao número de dezenove unidades, subdivididas por setenta e quatro Unidades Locais (ULs).

O processo elaborado pelo autor estrutura-se nas seguintes etapas:

a) O processo inicia-se com um debate político interno onde se compatibilize os objetivos da instituição com as Diretrizes Gerais para Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com o Plano Nacional de Educação (PNE) e com as diretrizes do Ministério da Educação e do governo federal contidos no PPA.

b) Após essa compatibilização, são estabelecidos os objetivos de curto, médio e longo prazos, apresentados à comunidade acadêmica e, então, estipuladas as bases do processo de participação e elaboração do OP.

c) A efetiva participação na elaboração do OP da UFPE inicia-se com a apresentação de projetos de despesas para custeio e para investimento pelos órgãos que compõem a instituição. Esses projetos devem ser embasados tecnicamente e justificados politicamente, cabendo à coordenação central e equipe de apoio a orientação e supervisão desses requisitos.

d) Apresentados os projetos, os mesmos são organizados em programas e agrupados em subprogramas, de acordo a classificação funcional-programática a qual se enquadrarem.

e) Definidos os programas, a equipe da UFPE elege os prioritários que serão discutidos junto aos conselhos responsáveis pela aprovação do orçamento da instituição. Integram o debate apenas as questões referentes aos investimentos e despesas com manutenção da instituição, excluindo, portanto, as despesas com pessoal.

f) A população também indica prioridades por meio de urnas disponibilizadas nas Unidades Político-Administrativas da instituição. Para tanto, a proposta prevê a distribuição de cartilhas para a comunidade, contendo conceitos do OP, calendários dos eventos, regras para participação e eleição de delegados (representantes de

centros, departamentos, órgãos suplementares e administrativos) e conselheiros (responsáveis por analisar, acompanhar e fiscalizar a execução do OP), dentre outros, a fim de instruir e envolver a comunidade no processo de modo consciente. Essa cartilha é de responsabilidade da coordenação central e da equipe de apoio, e tem por objetivo divulgar a prática para a comunidade e instruir as lideranças acerca da importância das decisões políticas do OP.

g) Considerando as sugestões coletadas por meio de pesquisa com a comunidade acadêmica, os recursos orçamentários são distribuídos às UPAs de forma ponderada, com base em uma matriz de alocação de recursos para as unidades de ensino, composta das variáveis: número de alunos, alunos formados, titulação do corpo docente, pesquisas realizadas e integração com a sociedade (número de beneficiados com os projetos de extensão). As unidades que não contenham número de alunos deverão levantar suas necessidades de investimento e manutenção e submetê-las à discussão pela comunidade acadêmica.

h) Após a elaboração da nova matriz de alocação de recursos, os recursos orçamentários serão distribuídos conforme as prioridades eleitas pela comunidade acadêmica nas plenárias. A votação se dá pelo seguinte critério: cada prioridade receberá uma pontuação, sendo 4 pontos para primeira prioridade, 3 pontos, para a segunda, 2 pontos para a terceira prioridade e 1 ponto para as demais prioridades.

i) Levantadas as demandas dos órgãos da UFPE e da população, são realizadas as Plenárias Locais, nas UPAs, com a presença de todos, onde são eleitos os delegados e escolhidas democraticamente as prioridades e três obras ou ações específicas.

j) Ocorrem então, em cada uma das UPAs, as oito Plenárias Temáticas com a participação somente dos delegados, representando suas unidades, apresentando as prioridades e demandas das mesmas, para agruparem as necessidades em programas temáticos alinhados com os programas constantes no PPA da universidade, elegendo três programas e subprogramas específicos para cada tema, de acordo com os recursos orçamentários distribuídos com base na matriz de alocação de recursos e com a orçamentação das obras ou ações escolhidas.

k) Por fim, ocorre a Assembleia Geral, órgão máximo de deliberação do OP, onde serão debatidas amplamente as propostas consolidadas pela coordenação central, de onde, das decisões, será confeccionada a Proposta Final do Orçamento

Participativo pela comissão coordenadora, devendo ser aprovada pelo conselho do Orçamento Participativo.

l) A proposta é enviada posteriormente para o Gabinete do Reitor, que a incluirá na Proposta Orçamentaria da UFPE e a encaminhará ao Conselho de Administração da UFPE para discussão junto ao Conselho de Curadores, responsável pela fiscalização econômica e financeira da UFPE, e articulada com a comissão coordenadora do OP.

m) Sendo aprovada, a proposta, agora tratada como Orçamento da instituição para o próximo exercício financeiro, será entregue à Reitoria para publicação e ampla divulgação para a comunidade.

n) Ao longo da execução orçamentária, a Reitoria elaborará demonstrativos mensais do cumprimento das prioridades do OP. A execução do orçamento será acompanhada por uma equipe da comunidade acadêmica capacitada para tal, que garantirá controle social e uma coparticipação efetiva da comunidade, repassando a ela todas as informações sobre o cumprimento das prioridades constantes no OP. Além disso, todo o processo será avaliado antes, durante e após a execução do OP.

2.4.5 Orçamento Participativo no Instituto Federal de Educação, Ciências e