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Os alunos intervenientes neste estudo frequentam todos o 12º ano na Escola Secundária D. Afonso Henriques.

A Escola Secundária D. Afonso Henriques é uma escola que ministra exclusivamente ensino secundário, quer regular, quer profissional e localiza-se no extremo do distrito do Porto, na confluência de 5 concelhos: Santo Tirso, Vizela, Guimarães, Paços de Ferreira e Famalicão, em pleno Vale de Ave. A escola está inserida numa zona deprimida em termos de empregabilidade, havendo uma taxa de desemprego bastante alta entre os Encarregados de Educação. De entre os pais que trabalham a maioria é operário fabril ou pequeno empresário (principalmente da área têxtil), não sendo percentualmente relevante o número de encarregados de educação com outras ocupações (ESDAH, 2010). Neste aspeto os alunos do estudo não se distinguem dos outros colegas da escola. Ainda assim, os concelhos servidos pela escola estão colocados no escalão 4 (o mais alto) do Índice

47 de Desenvolvimento Social (IDS) que é um índice com base na esperança de vida à nascença, nível educacional, conforto e saneamento. O que mostra que apesar dos problemas, o nível de conforto dos alunos, em média, é assinalável.

A generalidade dos alunos que participaram no estudo provêm de agregados familiares com habilitações académicas principalmente ao nível do ensino básico, sendo muito reduzido o número de pais com ensino secundário ou superior.

Os alunos participantes foram divididos em 4 grupos, 1 de intervenção e 3 de controlo. Os quatro grupos são compostos por alunos com idades muito similares 18/19 anos, no final do ano letivo. Todos habitam em Vila das Aves e localidades circundantes pertencentes aos concelhos de Santo Tirso e Guimarães. As localidades de origem dos alunos, apesar do elevado índice populacional e da industrialização continuam a ter características marcadamente rurais.

Devido a constrangimentos de ordem logística, as disciplinas de opção do 12º ano são frequentemente formadas por alunos provenientes de mais do que uma turma, frequentando as disciplinas não opcionais com o seu núcleo turma habitual. Esta situação deve-se a situações relacionadas com o os discrepantes pares de opções escolhidos pelos diferentes alunos, o que torna impossível por vezes associar um único par de opções a cada turma. Outro fator importante que obriga a esta junção é o número mínimo de alunos necessário para que a escola possa abrir uma nova turma. No caso das disciplinas de opção esse número passou de 10 para 20 alunos, na transição para o ano letivo 2012/2013.

Na tabela 14 é feita a caracterização sumária de cada grupo.

Grupo Modalidade Nº de alunos Frequenta Física Atividades Turmas de origem agrupadas no grupo

1 Intervenção 17 Sim Participaram em todas as

atividades 12ºA, 12º B e 12ºD

2 Controlo 10 Sim Não participaram nas

atividades 12º D e 12ºE

3 Controlo 14 (*) Não Participaram em algumas

atividades (**) 12ºA, 12º B e 12ºD

4 Controlo 20 Não Não participaram nas

atividades 12º D e 12ºE

Tabela 14- Grupos de alunos que participaram na investigação

(*) O grupo começou com 14 alunos, mas como uma aluna foi transferida de escola já depois do início do estudo, os dados referem-se apenas aos 13 alunos que permaneceram. (**) Alunos que não frequentam a disciplina de opção Física, mas que pertencem às turmas

dos elementos do Grupo 1. Estes alunos participaram nas filmagens e discussões feitas nas aulas de Educação Física, assim como participaram no desenvolvimento dos trabalhos de projeto desenvolvidos e apresentados na Feira das Ciências da Universidade do Minho e na Mostra Nacional de Ciência do 20º Concurso de jovens cientistas e investigadores. Este trabalho conjunto foi possível devido ao facto deste grupo de alunos ter a disciplina

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de opção Química lecionada pelo mesmo professor e em conjunto com a maioria dos alunos do Grupo 1

Os estudos experimentais permitem avaliar o impacto de uma medida ou conjunto de medidas sobre o grupo de intervenção, em comparação com o(s) grupo(s) de controlo, que não foram alvo da mesma manipulação.

Idealmente os grupos de controlo deviam ser aleatórios, mas isso nem sempre é possível de conseguir em contextos educativos. Assim este estudo em termos de metodologia será chamado de estudo quase-experimental. Neste caso em particular, os grupos foram escolhidos por conveniência, tendo por detrás as seguintes razões:

- Alunos da mesma escola, se forma a garantir uma grande homogeneidade em termos socioculturais, vivências e oportunidades.

- Turmas participantes com percursos semelhantes no 10º e 11º anos, sem grandes diferenças médias nas classificações escolares.

- Idade dos intervenientes muito semelhante (18/19 anos). - Comodidade de aplicação.

- Selecionados 4 grupos onde os alunos tinham escolhido Física como disciplina de opção no 12º ano (Grupos 1 e 3), ou tinham escolhido Química (Grupos 2 e 4). Garantiu-se assim que nenhum dos grupos continha elementos com grande aversão a esta área científica, o que poderia condicionar negativamente os resultados.

Embora esta conveniência limite as generalizações que se queiram fazer com base nos resultados do estudo, facilita a exploração e aplicação dos resultados e o desenvolvimento de estratégias úteis.

Nas turmas de origem destes alunos, não se verificam atos de indisciplina, havendo um bom ambiente de trabalho.

Contou-se com o total apoio e disponibilidade dos alunos dos diferentes grupos e dos professores que aplicaram o pré-teste e o pós-teste.

No caso dos Grupos 1 e 3, os testes foram aplicados em aulas de Física (Grupo 1) e de Química (Grupo 3) pelo seu professor e autor desta dissertação.

No caso do Grupo 2, os testes foram aplicados na aula de Física de um outro professor. No caso do Grupo 4, os testes foram aplicados na aula de Química de um outro professor.

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3.3- O Tracker (software de modelação de imagens vídeo)

O Tracker é um programa de análise de vídeo desenvolvido por Douglas Brown, no âmbito do projeto Open Source Physics (OSP). Este software foi projetado para ser usado em contexto educacional na disciplina de Física, embora na prática possa ser utilizado noutras áreas científicas.

Através da modelação de vídeo, o Tracker consegue combinar uma sucessão de imagens com modelos computacionais. Inclui, como característica básica, o seguimento da posição de objetos, apresentando tabelas com várias grandezas entre elas a sua velocidade e a sua aceleração. Também possibilita a obtenção de gráficos e podem ser ativados filtros com efeitos especiais, criação de múltiplos pontos de referência, pontos de calibração, linhas de perfil para análise do espetro, padrões de interferência e modelos dinâmicos de partículas.

Este software permite ainda exportar os dados recolhidos para serem tratados noutras aplicações informáticas externas.

O Tracker (OSP) pode ser descarregado gratuitamente no sítio

http://www.cabrillo.edu/~dbrown/Tracker/ (fig. 4)

Fig. 4-Sítio do Tracker na internet

No anexo A, pode ser encontrado um tutorial que escrevemos em português, o qual descreve de uma forma rápida, simples e não exaustiva, as principais funcionalidades do programa (sem contudo as esgotar).

Trata-se de um programa muito intuitivo e os alunos rapidamente dominaram as suas funcionalidades básicas. Com o hábito, o utilizador constatará que há muitas formas alternativas de executar as diferentes ações, quer através das barras de menus, quer através dos ícones de acesso rápido, quer mesmo usando o botão esquerdo e principalmente o botão direito do rato.

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Uma vez que este software trata da análise de imagens com base em referenciais, para poder fazer uma análise quantitativa rigorosa, será aconselhável que os vídeos usados tenham uma orientação de filmagem adequada e uma melhor estabilidade mecânica possível. Aconselha-se assim a filmagem com tripé de estabilização. Algo importante será equilibrar o brilho e saturação das imagens, nos casos em que a sua perceção possa ser melhorada.

O Tracker consegue fazer o seguimento automático de pontos objetos, facilitando e acelerando o processo de modelação das imagens. Mas para poder fazer esse seguimento automático, os pontos a seguir devem ter um com contraste não se confundindo com outros. Uma maneira de conseguir esse contraste é colar post-its coloridos, nos pontos que se querem seguir, antes de iniciar a filmagem (fig. 5)

Fig. 5- Pontos de contraste (post-it’s) a serem seguidos automaticamente no Tracker