• Nenhum resultado encontrado

Os atuais programas curriculares de Física (e Química) do ensino secundário em vigor, resultam da reforma de 2001 (no básico) e 2004 (no secundário), com as alterações introduzidas em 2009 com o aumento de 45 minutos semanais para auxiliar as atividades experimentais (no caso do secundário).

Vamos abordar mais em pormenor o ensino secundário, particularmente a disciplina de Física no 12º ano, do curso de Ciências e Tecnologias, pois foi com alunos desta disciplina que se desenvolveu a intervenção que será descrita nos próximos capítulos.

Nos 10º e 11º anos, as componentes de Física e de Química estão reunidas numa única disciplina, que no caso do Curso de Ciências e Tecnologias (CCT) se designa por Física e Química A (FQA). Só abordaremos o currículo do curso secundário de Ciências e Tecnologias, já que os alunos que participaram no estudo pertenciam a este curso.

No 12º ano, as disciplinas de Física e Química tornam-se autónomas, mas adquirem o estatuto de disciplinas opcionais, pelo que só um reduzido número de alunos a/as continua a frequentar.

A homologação dos atuais programas curriculares deu-se em: 10º ano (FQA) - março de 2001

11º ano (FQB)- março de 2003 12º ano (Física)- outubro de 2004

A disciplina de Física e Química A é uma das três disciplinas do tronco comum da componente de Formação Específica do Curso Geral de Ciências Naturais e do Curso Geral de Ciências e Tecnologias (CCT) do Ensino Secundário (ES). Dá continuidade à disciplina de Ciências Físico-Químicas (CFQ), do 3º ciclo do Ensino Básico (7º, 8º e 9º anos). Representa, por isso, uma via para os alunos aprofundarem conhecimentos relativos à Física e à Química, duas áreas estruturantes do conhecimento nas Ciências experimentais. Representa cerca de 16% da escolaridade de cada um dos anos. De acordo com os Princípios Orientadores da Revisão Curricular do ES, a disciplina tem um programa nacional, sendo cada uma das componentes, Física e Química, lecionadas em cada um dos semestres com igual extensão. Assim, as 33 semanas letivas anuais deverão ser divididas em partes iguais pelas duas componentes. A avaliação a conduzir sobre as aprendizagens dos alunos deverá respeitar de forma equilibrada cada uma das componentes, com vista a tornar tão justa quanto possível a classificação do aluno na disciplina. Esta é organizada em duas sessões de 90 minutos e uma de 135 minutos, sendo a última exclusivamente de carácter prático-laboratorial, com a turma

40

dividida em turnos. Embora os princípios orientadores da disciplina o indiquem, poucas são as escolas que têm um técnico de laboratório para auxiliar o professor na preparação/elaboração das atividades.

A divisão do ano letivo em semestres permite alcançar uma situação de equilíbrio nas duas componentes, mas pensa-se que a ordem de lecionação deverá ser diferente nos dois anos. Assim, no 10º ano o 1º semestre é dedicado à Química, pelo que no 11º ano se deverá começar pela Física. A opção pela alternância das componentes justifica-se pela melhor rentabilização dos espaços laboratoriais em cada escola.

Se é compreensível que qualquer currículo e correspondentes programas devam ser adequados ao nosso país e ter, por isso, em conta a realidade das escolas e da sociedade portuguesa (em especial alunos e professores), é igualmente fundamental que a revisão curricular assuma frontalmente o dever que lhe assiste de recuperar atrasos e de contribuir para um nível de literacia e cultural mais elevado dos alunos que frequentam a escola, aproximando-os dos seus colegas de países ditos mais desenvolvidos. Razões desta natureza levam a assumir como pressuposto para a concretização do programa, o carácter prático-laboratorial de um terço dos tempos letivos, onde os alunos trabalhem individualmente e/ou em pequeno grupo, acompanhados pelo professor (M.E., 2004).

Chegados ao 12º ano, as disciplinas de Física e de Química autonomizam-se, tendo até 2011/2012 a mesma carga letiva que a disciplina de FQA, embora sejam opcionais.

Em maio de 2012 foi publicado o Decreto-lei nº 50/2012 que introduz algumas alterações em termos de tempos letivos. Assim, no 10º e 11º anos, em vez dos atuais 7 segmentos de 45 minutos (90+90+135 min), as escolas passam a ter um número de minutos mínimo, 315 minutos no caso de FQ A e apenas 150 minutos no caso de Física ou Química do 12º ano. Tendo um crédito suplementar de horas, as escolas poderão escolher quais as disciplinas a que vão atribuir mais tempo semanal, levando a que escolas diferentes possam atribuir tempos letivos diferentes às mesmas disciplinas.

Se no caso de FQ A, as alterações não serão muito assinaláveis em relação ao passado recente, no caso das disciplinas do 12º ano a variação será muito grande, podendo diminuir mesmo de 7 segmentos semanais para apenas 3. Apesar desta diminuição de tempo, não foi previsto ou feita qualquer reorganização dos conteúdos programáticos, pelo que só no início do ano letivo 2012/2013 se esperam orientações da tutela, sobre como conciliar este programa com tão reduzido tempo para a sua lecionação.

Para possibilitar um bom trabalho experimental, uma das aulas da semana é formada por 3 tempos letivos seguidos, sendo normalmente as turmas desdobradas. Até 2011/2012 o desdobramento dava-se para turmas com 16 ou mais alunos, mas a partir de 2012/2013 esse

41 desdobramento só será possível no caso da turma ter pelo menos 21 alunos. No 12º ano, a aula experimental também diminuirá a sua carga horária passando a usufruir de apenas 2 tempos, ainda que o programa e consequentemente os trabalhos laboratoriais previstos se mantenham.

A disciplina de Física do 12º ano, traduzindo uma continuidade da FQA, dos 10º e 11º anos, orienta-se por princípios aproximados, em particular no que se refere à componente prática desta área científica. O programa de carácter nacional permite, de acordo com o estabelecido na estrutura curricular, a opção por tarefas, estratégias de exploração e metodologias de ensino, conforme os interesses e desenvolvimento dos alunos. Este aspeto pode ser encarado como uma forma de flexibilização, com vista a uma melhor adequação aos interesses dos alunos, como um fator despoletador de motivação pelo estudo da Física. De facto, aquilo que se pretende nesta etapa final do Ensino Secundário é uma consolidação de saberes no domínio científico, que confira competências de cidadania, que promova igualdade de oportunidades e que desenvolva em cada aluno um quadro de referências, de atitudes, de valores e de capacidades que o ajudem a crescer a nível pessoal, social e profissional (M. E., 2004).

O E.S. deve ter em conta aquilo que o Ensino Básico contempla, valorizando aprendizagens anteriores dos alunos e ajudando-os porventura a reinterpretar conhecimentos prévios, alargando os seus conhecimentos, criando-lhes estímulos para o trabalho individual, aumentando-lhes a autoestima e ajudando-os a prepararem-se para percursos de trabalho cada vez mais independentes.

De acordo com o Documento Orientador da Reforma do Ensino Secundário, a disciplina de Física destina-se a cursos para prosseguimento de estudos ao nível superior (de carácter universitário ou politécnico).

Por isso, pretende-se com esta disciplina:

-Contribuir para a cultura do aluno, proporcionando-lhe uma melhor compreensão do mundo, o que o ajudará, ao longo da vida, na tomada de decisões de modo fundamentado.

- Promover o interesse pelo conhecimento científico e tecnológico, cuja importância na sociedade atual é indiscutível.

- Permitir ao aluno uma escolha mais informada da área científica para prosseguimento dos seus estudos.

- Oferecer um conjunto de conhecimentos científicos apropriado ao prosseguimento de estudos de nível superior.

42

2.6.2- Visão Geral do Programa

As disciplinas de Física e Química são compostas pelo conjunto das seguintes unidades:

Ano

Física

Química

10º

Módulo inicial: Das fontes de energia ao utilizador

Unidade 1: Do sol ao aquecimento Unidade 2: Energia e movimentos

Módulo inicial: Materiais, diversidade e constituição

Unidade 1: Das estrelas ao átomo.

Unidade 2: Na atmosfera da Terra- radiação, matéria estrutura

11º

Unidade 1: Movimentos na Terra e no Espaço.

Unidade 2: Comunicações

Unidade 1: Equilíbrios e desequilíbrios. Unidade 2- Energia em movimentos.

12º

Unidade 1- Mecânica

Unidade 2- Eletricidade e magnetismo Unidade 3 – Física Moderna

Unidade 1- Metais e ligas metálicas

Unidade 2- Combustíveis energia e ambiente Unidade 3 – Plásticos, vidros e novos materiais

Tabela 11- Unidades das disciplinas de Física e de Química no Ensino Secundário

Como a implementação deste trabalho foi feita especificamente sobre uma turma de Física do 12º ano, principalmente sobre a Unidade 1, apresentam-se no quadro seguinte as subunidades dessa Unidade.

Unidade

Subunidades

Unidade 1- MECÂNICA

1. Mecânica da partícula

1.1- Cinemática e dinâmica da partícula em movimentos a mais do que uma dimensão.

1.2- Movimentos sob a ação de uma força resultante constante. 1.3- Movimentos de corpos sujeitos a ligações.

2. Movimentos oscilatórios

3. Centro de massa e momento linear de um sistema de partículas. 4. Mecânica de fluidos

4.1. Hidrostática. 4.2. Hidrodinâmica. 5. Gravitação

Tabela 12- Conteúdos da Unidade 1 de Física do 12º ano

Este programa privilegia o chamado ensino CTS-A (Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente), fomentando a partida de situações e problemas do quotidiano, a partir dos quais se desenvolvem estratégias de ensino e de aprendizagem, chegando assim à clarificação de conceitos. Há a possibilidade de se poderem relacionar os conteúdos com a sociedade, proporcionando o desenvolvimento de atitudes e valores. Contudo os contextos usados nos manuais escolares nem sempre são os mais motivadores, pelo que só alterando alguns desses contextos conseguiremos uma adesão mais efetiva dos alunos.

43