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Caracterização da instituição e dos sujeitos envolvidos na pesquisa

No documento ANGÉLICA DA FONTOURA GARCIA SILVA (páginas 108-113)

FUNDAMENTOS TEÓRICOS: OBJETO MATEMÁTICO – REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA DO NÚMERO RACIONAL

FRACIONÁRIA DOS NÚMEROS RACIONAIS QUE SERÁ UTILIZADA NESTE ESTUDO

4.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA 1 Procedimentos preliminares

4.2.2 Caracterização da instituição e dos sujeitos envolvidos na pesquisa

A Escola pesquisada está localizada na cidade de Franco da Rocha, periferia da grande São Paulo, é jurisdicionada à Diretoria Regional de Ensino de Caieiras e mantida pelo poder público Estadual. Atende a 1.120 alunos, em sua maioria de 7 a 11 anos. Tem 34 professores, dos quais 15 participaram de todo o processo de pesquisa, por trabalharem com as 3.ª e 4.ª séries, que são nosso foco de estudo.

4.2.2.1 Caracterização geral da escola e seu entorno

Esta escola está localizada em uma rua distante do centro da cidade de Franco da Rocha. Foi inaugurada em 1979, período em que, além de grande expansão do ensino público estadual, houve também aumento significativo da população da região, devido ao movimento migratório intensificado pela oferta de loteamentos populares e pela facilidade de locomoção para São Paulo por via férrea – transporte rápido e barato.

Estrutura física

Durante o tempo em que desenvolvemos a pesquisa, vivenciamos a segunda reforma dessa escola. Devido à demanda, houve uma primeira ampliação, com a construção de salas de alvenaria e do muro em volta da escola. Finalmente, em 2005 houve mais uma reforma, cujo objetivo não era aumentar o número de salas de aula, mas organizar a estrutura da escola.

A despeito dessas condições, consideramos que o prédio apresentava-se organizado e em bom estado de conservação e limpeza. Afinal, mesmo antes da reforma, as salas não apresentavam problemas mais sérios em sua estrutura. Porém, o espaço físico ficou limitado, dificultando um pouco mais as atividades externas à sala de aula.

Enquanto estivemos lá, a escola possuía 15 salas de alvenaria, 1 secretaria, 1 sala de direção e coordenação – que ficou algum tempo adaptada como sala de informática –, e

uma sala de vídeo.

Quanto aos materiais pedagógicos e livros de literatura infantil, estavam guardados numa mesma sala. Sendo assim, se o professor fosse utilizá-los, teria de levá-los para a sala de aula.

Durante nossa estada na escola presenciamos queixas quanto à área de lazer, que era considerada tanto pelos professores e funcionários quanto pelos alunos como um dos maiores problemas da escola, pois o espaço era restrito e insuficiente para acomodar todos os estudantes. Havia também uma quadra que, antes da reforma, era descoberta, o que ocasionava sérias dificuldades para o desenvolvimento das aulas de educação física.

Caracterização da comunidade

De acordo com o levantamento feito no início do ano de 2005, a comunidade escolar é constituída por filhos de trabalhadores da indústria, vendedores, costureiras, auxiliares domésticos, coletores de lixo, autônomos prestadores de serviços, proprietários de comércio de pequeno porte no próprio bairro e um grande número de famílias desempregadas.

São pessoas simples e cordiais, que têm boa vontade em fornecer informações, prolongando a conversa com detalhes e fazendo perguntas. Muitos pais participam de diversas atividades na escola, inclusive nos finais de semana. O bairro não oferece atividades recreativas; assim, muitas vezes os moradores utilizam-se dos eventos promovidos pela escola também como fonte de lazer.

Caracterização dos alunos

A escola atende a alunos em sua maioria de 7 a 11 anos. São 1.120 alunos (520 matriculados no período da manhã e 600 à tarde) distribuídos em 30 salas de aula (15 no período da manhã e 15 no da tarde).

alunos com baixo rendimento. O maior problema que observamos é a insuficiência do espaço físico para atender à demanda. Há um número elevado de alunos por sala de aula (em média 40) e uma procura muito grande por vagas, durante o ano todo.

Segundo o Projeto Pedagógico da Escola, os alunos “... em sua maioria apresentam significativo potencial no rendimento escolar, são participativos e criativos, com seus limites. Muitos alunos estão sempre doentes, apáticos e desinteressados, devido à situação econômica e de condições de vida dos familiares e da precariedade das moradias” (Projeto Político Pedagógico – PPP, 2005, p. 9). Durante nossa pesquisa, vivenciamos o dia-a-dia da escola e percebemos muitos dos problemas aqui mencionados. Porém, o que nos chamou a atenção foi o empenho da direção e da coordenação no sentido de, sistematicamente, buscar soluções para as dificuldades. Destacamos ainda que, em geral, os alunos da escola demonstram um certo entusiasmo que pode também ser interpretado como inquietude e agitação, próprios de alunos desse nível de ensino, e revelam-se, igualmente, bastante ativos e participativos, envolvendo-se com entusiasmo nos projetos desenvolvidos na escola.

Uma outra característica desta escola é o número de alunos com necessidades especiais – 23 no total. A esse respeito, presenciamos muitas queixas dos professores, que, por um lado consideram a importância da inclusão e, por outro, sentem-se despreparados para trabalhar com esses alunos. Acrescentam ainda à sua queixa a impossibilidade de dar a atenção necessária aos alunos especiais, pois as salas são todas numerosas.

Caracterização dos professores

A escola possui 36 professores, sendo que entre eles há uma professora readaptada.54 Destes, 29 são professores de Educação Básica I (PEB I)55 e 22 estão substituindo professores titulares de cargo, que estavam afastados. Os afastamentos eram por diferentes motivos:

54

O docente readaptado deve prestar serviços em unidades escolares e fica sujeito à jornada de trabalho docente na qual estiver incluído (definição de docente readaptado, que consta do artigo 42 da Lei 10.261/68 para o magistério, no artigo 98 e seguintes da LC 444/85). O professor readaptado citado neste trabalho prestava serviços à secretaria da escola.

• 6 para exercer a função de direção (diretor ou vice-diretor); • 1 para exercer a função de supervisor;

• 3 por licença saúde;

• 16 eram professores de outros municípios que escolheram aulas naquela escola, mas lecionavam no município de origem.56 Quanto à formação dos professores, temos a seguinte tabela:

tabela : formação dos professores da escola investigada SUPERIOR Magistério Magistério + Pedagogia ou normal superior Magistério + História Magistério + Psicologia Magistério + Artes Artes Educação Física 11 17 1 2 1 2 2 Formação Docente 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 curso n º d e p ro fe s s o re s magistério magistério e pedagogia ou normal superior magistério e história magistério e psicologia magistério e artes artes educação física

56 Com a municipalização da cidade vizinha, Mairiporã, os professores da rede estadual tiveram de deixar as

escolas do município em que se efetivaram, para tomar posse em outro município, no caso Franco da Rocha. Entretanto, um convênio entre o governo do Estado de São Paulo e o prefeito de Mairiporã permitiu que esses professores continuassem lecionando no município de origem.

Esses dados mostram que 30% dos professores ainda não tinham formação superior quando desenvolvemos o projeto de formação continuada nessa escola, ou seja, a formação dos professores dessa escola não atende ao que estabelece a legislação (LDB, 1996). Quanto aos professores que têm formação inicial em curso superior (70%), os índices também são menores do que os das escolas estaduais paulistas. Na tabela abaixo, observamos que, em 2006, nas escolas estaduais paulistas, 91,87% – equivalentes a 36.207 professores – possuíam formação superior completa.

Tabela : Professores que lecionam de 1.ª a 4.ª séries do Ensino Fundamental – São Paulo – 2006 Dependência Administrativa Formação Fundamental completo Formação Média completo Formação Superior completa Total 149 13.752 117.654 Federal 0 2 6 Estadual 28 3.174 36.207 Municipal 72 6.273 59.149 Privada 49 4.303 22.292 Fonte: MEC/INEP Notas:

1) O mesmo docente pode atuar em mais de um nível/modalidade de ensino e em mais de um estabelecimento.

2) O mesmo docente de ensino fundamental pode atuar de 1.ª a 4.ª e de 5.ª a 8.ª séries.

No entanto, embora apresentando desvantagens nos números que indicam a formação dos professores, tanto comparados aos do Estado de São Paulo quanto à legislação, avaliamos positivamente a preocupação destes docentes com seu desenvolvimento profissional, pois sabemos que, embora o diploma de curso superior seja uma exigência legal observada pela LDB,57 a formação em nível médio continua a ser admitida. Por outro lado, podemos observar, ainda por estes dados, que mais da metade dos professores fizeram curso superior. Ou seja, a maioria procurou desenvolver-se profissionalmente, quer seja para aprimorar os seus conhecimentos, como queremos crer, quer seja apenas para atender à legalidade.

As idades dos professores envolvidos variavam entre 29 e 60 anos. Em geral, é um

57 A nova LDB prevê que a formação inicial do professor das primeiras séries do ensino fundamental, em

nível superior, seja na universidade, nos Institutos Superiores de Educação. Entretanto, a formação em nível médio continua a ser admitida.

grupo com relativa experiência, tendo em média 13 anos de magistério. Segundo o Projeto Pedagógico da Escola, esses professores são “... compromissados com o trabalho e com os alunos. São habilitados no Magistério e alguns possuem curso Superior. Sempre participam de cursos de capacitação e preocupam-se com sua formação continuada. Apresentam ótima assiduidade, integração profissional e valorizam os momentos coletivos para trocas de experiências” (PPP, p. 9). Realmente observamos, durante nossa convivência na escola, um grande envolvimento da equipe com os problemas a serem resolvidos.

No documento ANGÉLICA DA FONTOURA GARCIA SILVA (páginas 108-113)