• Nenhum resultado encontrado

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA E TÉCNICAS EMPREGADAS

Para tratar a questão de pesquisa foi utilizada a perspectiva interpretativista que segundo Morgan (1980), acredita que a realidade é produto da experiência dos indivíduos que é subjetiva e intersubjetiva. Consiste em uma abordagem adequada visto que o foco da pesquisa está na interação dos indivíduos em seu contexto e seu intuito é compreender a prática em situações singulares (MARISCK, 1990). A caracterização é apresentada na Figura 4.

Figura 4 - Caracterização da pesquisa

Fonte: autora (2017).

A pergunta que orientou os esforços deste estudo foi: “Como ocorre o compartilhamento do conhecimento em atividades intensivas em conhecimento em organizações de diagnóstico por imagem?” Para responder a tal pergunta, considerou-se conveniente adotar como

estratégia de pesquisa o estudo qualitativo, o qual é indicado em investigações que buscam responder a este tipo de questão (MORGAN, 1980).

O nível de análise desta pesquisa é meso-organizacional; as unidades de análises, o processo de diagnóstico por imagens e sua finalidade são descritivos, pois compreendem a questão de descrever um fenômeno em detalhe e expor as características de uma população. "Não têm o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação” (VERGARA, 2000, p. 47).

Para investigação deste estudo, foram selecionados três grupos de radiologistas e construídos instrumentos para a coleta de dados. Com estes dados, buscou-se compreender o compartilhamento do conhecimento em atividades intensivas em conhecimento em organizações de diagnóstico por imagem. As técnicas empregadas são pesquisa bibliográfica, observações, entrevistas semiestruturadas e a aplicação de um questionário para verificação dos resultados. Para a análise dos dados foi aplicada a Análise de temática, que será apresentada mais detalhadamente no item 3.3.1. Foram escolhidas essas três fontes de evidências de modo a garantir a triangulação dos dados coletados. Segundo Davidson (2005), esse método considera que as evidências obtidas são fortes, pois eventuais vieses no processo de pesquisa são reduzidos.

A pesquisa bibliográfica permitiu levantar o estado da arte sobre o tema; a busca, seleção, análise e interpretação dos estudos encontradas sobre o tema permitiram orientar o trabalho de campo.

O estudo interpretativista foi proposto por esse tipo de investigação (empírica) permitir entendimentos mais ricos. Dessa forma, ao aplicar a pesquisa, foi conhecido o universo de acontecimentos, bem como foi possível identificar as variadas condições de estruturação dos fenômenos que envolvem o compartilhamento do conhecimento em atividades intensivas em conhecimento.

A observação foi uma técnica de coleta de dados que permitiu o contato direto com os sujeitos em seu ambiente natural de trabalho. No trabalho de campo, os dados foram coletados utilizando um plano de observação (Apêndice B) com 13 questões que permitiu compreender como o conhecimento é compartilhado entre os radiologistas. As observações realizadas foram do tipo não participante: onde o observador torna-se parte da situação ao observar, porém, não interage com a situação observada (GIL, 2009). O pesquisadorparte das observações do comportamento verbal e não verbal dos participantes, de seu meioambiente e das anotações feitas em campo. Essa etapa ocorreu

antes das entrevistas e serviu para a pesquisadora entender e aprender sobre o universo pesquisado, bem como fazer alguns ajustes no roteiro de entrevista (Apêndice C). É importante salientar que, quando a pesquisadora sentia necessidade, no final do dia validava os aspectos percebidos com alguns dos participantes. O tempo das observações foi de duas semanas em cada organização.

A entrevista semiestruturada (Apêndice C) foi escolhida por permitir mais autonomia na investigação das respostas dos radiologistas. O objetivo da fase de entrevistas foi complementar a compreensão obtida pelas observações e investigar fatores complementares envolvidos no compartilhamento do conhecimento. Dessa forma, foi elaborado um conjunto de questões sobre o assunto em questão, o que permitiu o desdobramento de outros assuntos que apareceram durante as entrevistas (PÁDUA, 2004).

Por meio das perguntas semiestruturadas, foi possível estudar os temas ligados às categorias e às unidades de análise, integrados pelas percepções da pesquisadora acerca das observações que puderam ser colocadas aos participantes durante essas entrevistas. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra.

Depois da análise dos dados, a pesquisadora teve algumas suposições quanto aos resultados e esses foram apresentados aos participantes por meio de um questionário que teve como objetivo verificar os resultados por meio de afirmativas e evidenciar possíveis itens adicionais.

O questionário para verificação (Apêndice D) foi constituído por afirmativas fechadas. Em cada afirmativa, o radiologista contava com uma escala Likert para assinalar o quanto concordava com a afirmativa em questão (de ‘discordo totalmente’ até ‘concordo totalmente’). Optou- se por utilizar uma escala ímpar Likert-5 para evitar o viés da não existência de ponto médio, conforme indicam algumas pesquisas relevantes (DARROCH, 2005; INKINEN; KIANTO; VANHALA, 2015).

3.3.1 Análise dos dados

A análise dos dados foi direcionada a partir da proposta de Braun e Clarke (2006), com base na análise temática indutiva. A análise temática se configura como uma forma de análise de conteúdo empregada para identificar, analisar e expor padrões nos dados coletados. Utiliza-se a linguagem como um recurso e segundo Riessman

(2008) o que é contado é presevado e reorganizado de forma analítica em temas comuns.

Divide-se a análise temática em cinco passos, são eles: familiarização com os dados, geração de códigos iniciais, busca por temas, revisão dos temas e elaboração final.

Na fase de familiarização realizou-se a imersão nos dados coletados a partir das observações realizadas e transcrição das entrevistas. Foi realizada a leitura e releitura de todos os dados compilados.

Na geração dos códigos iniciai, foram identificados e criados códigos para agrupar os dados da coleta dos referentes a cada categoria de análise e unidade de análise investigada.

Na busca por temas, foram estabelecidos e agrupados os códigos de maneira mais abrangente e geral. Nesta fase foram definidos treze temas: conhecimento do radiologista, diferenças entre novatos e especialistas, qualidade do diagnóstico, mecanismos de aprendizado, conduta de comportamento, interação com pares, uso do conhecimento, capacidade de trabalho, aceleradores, motivadores, inibidores, ambientes e práticas.

Na fase de revisão dos temas identificados, foram verificados os resultados em relação aos dados integralmente. Os temas foram reformulados e refinados para sete, os temas qualidade do diagnóstico, mecanismos de aprendizado, conduta de comportamento, interação com pares, uso do conhecimento e capacidade de trabalho foram agrupados em diferenças entre novatos e especialistas. Sendo assim, restaram os temas: conhecimento do radiologista, diferenças entre novatos e especialistas, aceleradores, motivadores, inibidores, ambientes e práticas.

Cabe enfatizar que a percepção da pesquisadora foi melhorada durante a construção e refinamento dos temas e seus códigos correspondentes objetivando compreender o ambiente observado baseado em sua lógica de trabalho.

Na elaboração do relatório final, após os resultados serem ajustados com a verificação realizada tanto com os líderes quanto com todos os participantes, foi utilizado a base teórica para responder à pergunta de pesquisa estabelecia nesta tese. Com a apresentação do caminho metodológico realizado na presente pesquisa, apresenta-se as categorias e unidades de análise do estudo.