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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM

2.4.3 Picture Archiving and Communication System

A principal tarefa de um radiologista é identificar, com precisão, estruturas anatômicas e achados patológicos em imagens médicas. Por vários anos, as imagens radiológicas necessárias ao diagnóstico e planejamento do tratamento eram observadas em transparências iluminadas por um negatoscópio (MOISE, 2003). Com a evolução da tecnologia, a leitura das imagens passou a ser feita em monitores de alta resolução, usando sistemas de computadores modernos que permitem o gerenciamento de imagens médicas. PACS (Picture Archiving and Communication System - Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens) é definido como "uma rede de computador dedicado ao armazenamento, recuperação e exibição de imagens médicas” (BRANSETTER 2007, p. 84). Os PACS atuais permitem o processamento e armazenamento e transmissão de imagens, bem como a rápida recuperação de estudos individuais de dentro e de fora de um hospital ou clínica. A visualização de manipulação das imagens, em seu conceito mais estrito, é função do cliente DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine, ou comunicação de imagens digitais em medicina, conjunto de normas para tratamento, armazenamento e transmissão de imagens médicas num formato eletrônico, estruturando um protocolo) ou estação de trabalho.

Enquanto alguns autores se referem ao PACS como uma tecnologia, ele é, na verdade, um conjunto de tecnologias que envolve hardware e software projetados para executar várias tarefas que incluem: 1) o apoio na aquisição de imagens, a partir de uma variedade de estações de trabalho e máquinas de aquisição de imagem - permitindo dois tipos de armazenamento: o curto e o longo prazo; 2) exibição de imagens em estações de trabalho; 3) flexibilidade quanto à manipulação de imagens que permitem a interpretação e avaliação (DICOM- do Inglês, Digital Imaging and Communications in Medicine), padrão de comunicação principal; e 4) integração dos estudos de imagem com informações do paciente (GREENES; BRINKLEY 2006).

Existe também uma visão mais atual a central de laudos, o PACS WEB que permite o trabalho à distância além do trabalho local e envolve

outros agentes participantes do processo (médicos solicitantes, tecnólogos, entre outros). Sendo assim o PACS tradicional deixou de ser um sistema só para olhar a imagem, para também fazer a gestão do conhecimento entre os envolvidos. No PACS WEB foram criadas ferramentas como hiperlaudo, criação de links que podem ser anexados dentro da imagem e acessados pelo celular, o médico solicitante clica no link e vê as informações que o radiologista forneceu (HIRSCHORN et al. 2002).

A natureza digital das imagens e do software de processamento de imagem em PACS permite que os radiologistas possam manipular as imagens de muitas maneiras (o que era impossível com filme). Essas possibilidades incluem aspectos como: ajustar o contraste e o brilho das imagens (chamado de "janela" e "nível”), ampliar regiões específicas de interesse (Region of Interest-ROI), destacar várias estruturas anatômicas que possuem diferentes tipos de contraste de tecidos (por exemplo, otimizar a visualização do tecido pulmonar, ósseo ou tecido mole), subtrair certas características da imagem para melhorar a visualização de outras estruturas (por exemplo, subtrair as costelas em uma radiografia de tórax para olhar os pulmões) e medir vários aspectos da imagem (por exemplo, fornecer as dimensões de um tumor). Todos esses recursos são viabilizados através de transformações matemáticas complexas e equações feitas de forma invisível pelo PACS.

Depois de analisar as imagens, o radiologista, determina o relatório formal através de um sistema informatizado de reconhecimento de voz; lê-se sobre o relatório e se corrigem eventuais erros e sinais eletronicamente. Uma vez assinado o relatório, aparece no prontuário eletrônico do paciente para avaliação por parte do médico ou de qualquer outro profissional de saúde que deseje visualizar o laudo. As próprias imagens são armazenadas no PACS e podem ser recuperadas pelos médicos em uma estação PACS ou em qualquer computador com uma conexão VPN de banda larga.

Com a crescente demanda de trabalho colaborativo e compartilhamento de informações médicas, os sistemas PACS podem ser interligados em diferentes hospitais ou centros de imagem. O padrão universal para armazenamento e transmissão de imagens PACS, que define o formato de armazenamento de imagens de diagnóstico e comunicação do protocolo de rede é o DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine).

O PACS tornou-se o "coração" da radiologia moderna e é considerado, por muitos, como a principal ferramenta do radiologista (CHEN; BRADSHAW; NAGY, 2011). Essa tecnologia oferece grandes

oportunidades para suportar a troca de conhecimentos e aprendizado dos radiologistas, fornecendo apoio à tomada de decisão e ao treinamento (BARB; SHYU; SETHI, 2005).

Antes do PACS, a imagem médica estava firmemente amarrada à sala de leitura. Porém, o PACS tornou possível o acesso instantâneo às imagens radiológicas a partir de qualquer ponto de um hospital ou de uma clínica, evitando que os médicos precisem ir até o departamento de radiologia (PARÉ et al., 2005).

Porém, a adoção do PACS trouxe uma profunda mudança na organização da prática médica. Conforme explica Ihde (2002) em seu estudo, de repente, com PACS, o "direito" de ver a imagem por outros médicos que não são radiologistas já não é controlado na sala de laudos, onde, caso eles quisessem ver a imagem de seu paciente, precisavam ir até lá e conversar com os radiologistas. O PACS permite a circulação das imagens pelas vias tecnológicas que ignoram este ponto de passagem obrigatório. Não é apenas a perda de controle dos radiologistas, mas também o de ganho do controle de outras especialidades médicas, que também acabam por desenvolver uma maior familiaridade com as imagens médicas. A relação íntima que os radiologistas detinham com as imagens médicas na sala de leitura está, de repente, disponível a todos.

O PACS também permitiu que novas formas de intimidade com as imagens surgissem, e, assim, novos locais para a produção de conhecimento se desenvolveram. Outro reflexo da adoção generalizada do PACS foi a crescente sofisticação tecnológica dos equipamentos de imagens médicas. Atualmente, existe um número maior de imagens por estudo para os radiologistas olharem. Desde a TC e RM, o número de solicitações médicas aumentou consideravelmente (REINER et al., 2000). Como conseqüência, houve o aumento da expectativa de interpretar mais imagens em menos tempo, pois não existe mais a necessidade de esperar que o filme seja revelado, os radiologistas estão olhando para mais detalhes na imagem do que antes e em menos tempo. Além disso, a capacidade de visualizar mais detalhes em um corte de RM e TC e ampliar áreas de interesse com PACS significa que cada imagem pode ser analisada em um nível muito mais detalhado do que com película lisa na radiologia convencional. Segundo Forman et al. (2010), o PACS é o que permite que os radiologistas consigam lidar com o aumento da informação gerada pelo crescente número de estudos realizados, o que está caracterizando a radiologia como um trabalho de fábrica devido à produção em larga escala de imagens diagnósticas.

2.4.4 Considerações

No subitem 2.2, foram apresentados os tipos de compartilhamento do conhecimento, fatores (motivadores e inibidores) e as dificuldades para compartilhar conhecimento tácito.

De acordo com a revisão de literatura realizada, a cultura se mostrou o fator mais influente, tanto para motivar quanto para inibir a prática de compartilhamento do conhecimento.

O compartilhamento do conhecimento, dentro de uma organização, é dependente de mudanças nas atitudes e nos comportamentos dos trabalhadores.

A importância do conhecimento tácito é apontada em relação à tomada de decisões, gestão de tempo, qualidade e competitividade. Para compartilhar o conhecimento tácito as práticas mais apropriadas são a interação direta, o networking e ações de aprendizagem (que incluem interação social face a face e experiências práticas).

No próximo capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento da pesquisa.