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RESULTADOS DA PESQUISA 349 APÊNDICE E – CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Caracterizar o conhecimento do radiologista nas organizações estudadas;

b) Identificar aceleradores ao desenvolvimento da perícia do radiologista;

c) Identificar motivadores e inibidores para o compartilhamento do conhecimento em grupos de radiologistas de diagnóstico por imagens;

d) Identificar os ambientes e as práticas para compartilhamento do conhecimento em atividades intensivas em conhecimento em organizações de diagnóstico por imagem;

e) Avaliar as práticas mais apropriadas para mitigar os inibidores identificados no compartilhamento do conhecimento em atividades intensivas em conhecimento em organizações de diagnóstico por imagem.

1.3 JUSTIFICATIVA

A prestação de cuidados em saúde de boa qualidade é uma tarefa complexa, altamente dependente da informação e do conhecimento

(BOSE, 2003; REZAZADEH et al., 2014). Especificamente na área de diagnóstico por imagens, isso é algo ainda mais difícil devido à grande necessidade de conhecimento tácito envolvido na atividade (ŠUMAK; ŠTUMPFL; PUŠNIK, 2015).

O uso de imagens é algo cada vez mais utilizado, tanto para realizar o diagnóstico quanto para o acompanhamento de diversas patologias. Isso ocorre, principalmente, porque a imagem radiológica permite a interrelação da área de radiologia com outras áreas médicas que utilizam essas imagens para auxiliar a tomada de decisão do médico (NOOR; SAMAN, 2009).

A radiologia diagnóstica não possui pontos de referência objetivos para níveis mínimos de diagnóstico aceitáveis (SOFFA et al., 2004). Atualmente, a coleta de dados de discrepâncias radiológicas tem sido muito demorada, principalmente, devido à cultura de dentro da especialidade, que não incentiva essa prática (KOHN et al., 2000). A preocupação pública com a segurança do paciente é cada vez maior. Contudo, para Fitzgerald (2005), uma definição padrão por si só não aperfeiçoará o desempenho dos radiologistas, até porque nem todas as divergências radiológicas são erros. Erros radiológicos podem ocorrer devido a muitas causas (má técnica, falha de percepção, falta de conhecimento ou erro de julgamento) e, muitas vezes, são multifatoriais (ROBINSON, 2007).

Em outras palavras, faz-se necessária uma mudança cultural que aceite a identificação das taxas de erros individuais. Por exemplo, a pesquisa de Fitzgerald (2001) revela que diferenças entre os relatórios iniciais de exames de tomografia computadorizada (TC) de emergência, realizados por radiologistas ou residentes gerais, quando comparados à interpretação secundária por especialistas, revelam taxas de discordância de 6-27%, mas a mudança no manejo do paciente representa apenas 1- 5% (YOON et al., 2002; CARNEY; FREEDLAND, 2003). Diagnósticos errôneos têm o potencial de afetar diretamente o gerenciamento do tratamento.

Erros radiológicos são comuns (FITZGERALD, 2001) e discrepâncias são ainda mais frequentes (MELVIN, 2004; NAKIELNY, 2003). A falta de foco na análise do erro radiológico reflete a cultura médica tradicional, que coloca ênfase na responsabilidade pessoal e autonomia de ação (SOFFA et al., 2004).

Em suma, a análise significativa de discrepâncias e erros radiológicos é um desafio. A definição de normas válidas levará tempo para ser implementada. Enquanto isso identificar estratégias para otimizar o desempenho a partir do compartilhamento do conhecimento,

programas de treinamento, tutoria, entre outros, são formas de diminuir essas discrepâncias (SOFFA et al., 2004; KOHN et al., 2000).

Entende-se que a compreensão desse processo no diagnóstico por imagens é de grande valia, pois a divulgação das melhores práticas e identificação dos elementos que serviram para radiologistas conquistarem sua perícia poderia ser útil para outros indivíduos. Segundo Liu, Li e Liu (2014), essa é uma área complexa, dependente fortemente da integração e comunicação, pois enfrenta muitos desafios em matéria dessa integração e interoperabilidade.

É clara, então, a necessidade de um estudo para compreender o compartilhamento do conhecimento, especificamente na atividade de diagnóstico por imagens, devido à importância da mesma, tanto para um diagnóstico preciso como para um tratamento eficaz de múltiplas patologias. Visto que um diagnóstico preciso poderá evitar também que o paciente seja exposto desnecessariamente à radiação X, minimizando os gastos e diminuindo possíveis erros e discrepâncias radiológicas, contribuindo, assim, para a melhoria da atenção em saúde.

Desse modo, este trabalho se torna relevante, pois pretende contribuir para a compreensão das microdinâmicas relacionadas ao compartilhamento do conhecimento explícito e tácito, que é a base para criar o novo conhecimento. Sendo assim, é sabido que o conhecimento tácito está nas pessoas e a superação das barreiras relacionadas ao seu compartilhamento permitirá a criação de novo conhecimento e, conforme indicam Nonaka e Takeuchi (2008), esse processo de criação começa com o compartilhamento de conhecimento tácito.

A vertente de aplicação deste trabalho é direcionada para a radiologia médica, com o intuito de compreender aquisição da perícia radiológica que, em qualquer área do conhecimento, é obtida por meio da prática, geralmente se desenvolvendo de forma lenta e progressiva.

Este estudo contribui para o debate existente na literatura acadêmica sobre o compartilhamento do conhecimento. No contexto específico estudado, acredita-se que este trabalho contribui com a teoria ao explicitar as particularidades encontradas em um domínio específico e identificar a forma como elas podem apresentar melhores resultados para auxiliar a tomada de decisão do radiologista.

A perspectiva adotada para compreender esse fenômeno baseia-se em diretrizes teóricas e em práticas para compartilhar conhecimento, bem como na observação de ações que os radiologistas realizam com o intuito de guiar ou estimular o novato em seu raciocínio durante o processo de desenvolvimento de sua perícia.

Do exposto, pode-se concluir que uma das contribuições teóricas deste trabalho é reduzir a confusão relacionada à compreensão dos fatores que afetam o processo de compartilhamento do conhecimento.

As análises realizadas neste trabalho também trazem contribuições para o campo de pesquisa sobre o compartilhamento do conhecimento, ao verificar, empiricamente, aspectos característicos referentes ao compartilhamento do conhecimento na área específica da radiologia.

Além disso, ao analisar o enfoque atual das organizações estudadas e as características de seus atores, são apontados caminhos para que organizações de radiologia, gestores e radiologistas possam usar como exemplo sobre a realidade observada.