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Caracterização das bases de dados utilizadas

No documento RUN Tese de Doutoramento Rui Santana (páginas 178-181)

PR x Formulário Terapêutico Nacional

V. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

5.1.1. Caracterização das bases de dados utilizadas

Numa primeira abordagem, efectua-se neste ponto uma caracterização das bases de dados utilizadas para aplicação do PRx (BDPM, BDFM e BDCHO). Detalha-se em particular os valores obtidos no que se refere ao volume total de prescrições e sua tradução financeira, bem como as suas respectivas distribuições (percentis) em consequência dos procedimentos efectuados nessas mesmas bases de dados.

Observando em particular a BDPM, verifica-se que a sua caracterização pode ser efectuada tendo em consideração as duas naturezas de informação nela incluída: as prescrições de medicamentos ou; através dos utentes a quem foi prescrita medicamentação crónica. Os detalhes desta informação podem ser consultados nos Quadros XXXII e XXXIII respectivamente.

Quadro XXXII – Caracterização das BDPM em volume de prescrições e valores totais

Bases de dados (BDPM) Prescrições % Inicial Valor Total % Inicial VMP P 25 Medi P 75 Ano de 2007 Original 2.581.544 50.293.770 19,48 5,63 11,60 27,60 Alentejo 2.577.813 100% 50.228.361 100% 19,49 5,63 11,60 27,60 Alentejo_PRx 1.020.404 40% 24.966.823 50% 24,47 9,10 19,20 34,94 Alentejo_PRx_+3 813.846 32% 19.508.497 39% 23,97 9,32 18,76 33,04 Ano de 2008 Original 3.774.708 58.773.701 15,57 4,34 9,46 22,35 Alentejo 3.657.009 97% 57.203.895 97% 15,64 4,37 9,52 22,61 Alentejo_PRx 1.184.136 31% 24.447.352 42% 20,65 7,61 13,74 29,25 Alentejo_PRx_+3 935.071 25% 18.926.841 32% 20,24 7,69 13,73 28,81

Legenda - VMP: Valor Médio de Prescrição; P25: Percentil 25; Medi: Mediana; P75: Percentil 75

No que respeita à caracterização da BDPM através do número de prescrições (Quadro XXXII) destaca-se fundamentalmente:

Desde logo, o facto de no ano de 2008 ser apresentado um volume de prescrições superior ao de 2007, situação cuja justificação assenta numa maior utilização da prescrição electrónica de medicamentos no exercício de 2008 (83%) face a 2007 (73%);

 O primeiro procedimento de selecção que consistiu na consideração exclusiva de utentes da região Alentejo eliminou muito poucas prescrições. Esta situação reflecte uma realidade onde quase todas as prescrições efectuadas via electrónica nos cuidados de saúde primários são efectuadas a doentes da respectiva área geográfica em causa;

Quando foi aplicado o algoritmo do PRx, a identificação das prescrições relativas a medicamentação crónica conduziram à eliminação de cerca de 60% das prescrições em 2007 e 66% em 2008 a utentes da região Alentejo. Com este

procedimento verificou-se nos dois anos em apreço, um aumento do valor médio de prescrição, pois as prescrições identificadas pelo modelo são em média aproximadamente 5 euros mais caras do que as registadas globalmente na base de dados original;

 Os procedimentos de selecção realizados nas bases de dados originais parecem indicar uma concentração e identificação de prescrições com um maior impacto em termos financeiros, isto porque existe sempre uma maior representatividade em termos monetários face ao volume global de prescrições efectuadas;

A selecção de doentes que apresentaram pelo menos três prescrições anuais provocou um menor impacto no cômputo geral da base de dados do que a etapa anterior. Da medicamentação crónica identificada pelo modelo houve uma significativa percentagem de prescrições que coincidem com estas prescrições, ou por outras palavras, foram poucas as prescrições de medicamentação crónica a doentes não crónicos. Este procedimento eliminou cerca de 8% das prescrições em 2007 e 6% em 2008. Também ao nível do valor médio de prescrição se verifica que o impacto da selecção de três ou mais prescrições apresentou uma quase neutralidade, existindo mesmo um ligeiro decréscimo dos seus valores médios.

Quadro XXXIII – Caracterização da BDPM, identificação do número de utentes

Bases de dados (BDPM) Utentes % Inicial Valor Total % Inicial VMU P 25 Medi P 75 Ano de 2007 Original 210.515 50.293.770 238,91 32,73 115,59 325,60 Alentejo 209.812 100% 50.228.595 100% 239,40 32,89 116,15 326,39 Alentejo_PRx 141.364 67% 24.966.823 50% 176,61 39,52 102,64 236,16 Alentejo_PRx_+3 80.762 38% 19.508.497 39% 241,56 86,20 168,60 318,13 Ano de 2008 Original 323.999 58.773.701 181,40 21,87 68,89 232,02 Alentejo 304.520 94% 57.203.895 97% 187,85 23,21 73,43 243,60 Alentejo_PRx 169.948 52% 24.447.352 42% 143,85 28,10 80,79 193,87 Alentejo_PRx_+3 92.099 28% 18.926.841 32% 205,51 72,77 144,55 272,03

Legenda - VMU: Valor Médio Unitário; P25: Percentil 25; Medi: Mediana; P75: Percentil 75

Por sua vez, da análise efectuada ao Quadro XXXIII, onde é possível analisar a segunda óptica supra identificada (através dos utentes), verifica-se sumariamente que:

 O efeito aumento do volume total de prescrições electrónicas entre 2007 e 2008 também é observável na identificação de utentes crónicos, de 80.762 seleccionados em 2007, foram identificados em 2008 cerca de 92.099;

A identificação dos utentes pertencentes à região Alentejo não causou um impacto significativo na base de dados original, aliás como sucedeu anteriormente com as prescrições de medicamentos;

A aplicação do algoritmo PRx na base de dados eliminou um número considerável de utentes quer em 2007 (33%), quer em 2008 (42%), o que significa que a maioria dos utentes que apresentam prescrições de medicamentos

na região Alentejo, foi-lhes prescrito um medicamento habitualmente utilizado para prevenção/tratamento de uma condição de natureza crónica;

A selecção de utentes que apresentaram pelo menos três prescrições de medicamentos crónicos conduziu ainda a uma maior restrição, situando-se aproximadamente em cerca de um terço a proporção média (nos dois anos) de doentes face à base de dados original que foi considerada para o estudo;

 A selecção de utentes apresenta um impacto mais significativo no nível do valor médio unitário por utente do que no valor médio de prescrição;

 Neste caso existe uma tendência para serem seleccionados progressivamente utentes com um maior consumo de medicamentos em termos médios em cada procedimento aplicado, traduzindo-se a selecção final em valores médios na ordem dos 242 € em 2007 e 206 € em 2008.

Por sua vez, o detalhe da BDFM encontra-se disposto em seguida, no Quadro XXXIV. Comparativamente com a análise anterior da BDPM, observa-se que a BDFM apresenta um volume total de prescrições de medicamentos bastante mais significativo em 2007 (cerca de 2,52 vezes), atingindo um total de 6,5 milhões de entradas na base de dados. O maior volume de registos incluídos na BDFM face à BDPM pode ser explicado fundamentalmente devido ao facto desta última não captar os medicamentos prescritos no ambulatório hospitalar, regime privado e prescrição manual.

Quadro XXXIV – Volume de medicamentos prescritos na BDFM da região Alentejo nos anos de 2007 e 2008

Bases de dados (BDFM) Medic. Prescritos % Inicial Valor Total % Inicial VMP P 25 Medi P 75 Ano de 2007 Original 6.518.312 112.440.384 17,25 5,05 10,26 23,79 PRx 2.709.821 42% 57.533.763 51% 21,23 7,73 14,07 29,3 C Saúde 4.707.722 72% 79.874.343 71% 16,97 5,2 10,4 24,03 C Saúde PRx 1.996.546 31% 40.631.551 36% 20,35 7,78 13,74 29,04 Ano de 2008 Original 6.585.848 114.300.956 17,36 5,02 10,39 23,76 PRx 2.619.346 40% 53.693.639 47% 20,50 7,44 13,24 28,81 C Saúde 4.737.076 72% 80.464.355 70% 16,99 5,16 10,54 23,86 C Saúde PRx 1.922.843 29% 37.603.910 33% 19,56 7,61 13,24 28,81

Legenda - VMP: Valor Médio de Prescrição; P25: Percentil 25; Medi: Mediana; P75: Percentil 75

Através da análise comparativa das duas opções metodológicas para obtenção de valores através da BDFM (local de dispensa ou local de prescrição), pode observar-se que a consideração dos locais de dispensa (situação geográfica da farmácia de oficina) permite captar um maior volume de informação relativa aos medicamentos dispensados. Se a análise da BDFM tiver em consideração os locais de prescrição, existe uma exclusão de cerca de 28% das observações inscritas na base de dados original, seja em 2007 ou 2008.

Uma das ilações que se pode relevar à partida é a diferença de estabilidade da informação contida nas bases de dados utilizadas ao nível da prescrição ou facturação de medicamentos. Enquanto na primeira se verificou uma evolução significativa no número de registos, na segunda os valores encontram-se relativamente constantes nos dois anos considerados. Esta realidade pode ser resultado de estarmos a utilizar os primeiros anos de funcionamento da BDPM, situação que ocorreu fundamentalmente devido ao alargamento da prescrição electrónica nos centros de saúde da região Alentejo nos períodos em causa.

Mais do que o número de registos entre anos, também os valores médios de prescrição e sua distribuição apresentam uma variação menos acentuada, não se identificando alterações significativas entre 2007 e 2008. Realça-se igualmente o facto dos procedimentos de aplicação do PRxnas bases de dados seleccionarem, tal como sucedeu na BDPM, prescrições que em média são mais onerosas do que os valores apresentados pelas bases de dados originais.

Por último, e de acordo com os procedimentos descritos no capítulo relativo à metodologia, foi necessário também recorrer à informação incluída na BDCHO. O Quadro XXXV detalha as características principais das cinco CPRx captadas a partir desta fonte de informação.

Quadro XXXV – Nº de utentes e valor monetário em cada CPRx(BDCHO) Hepatite IRC HIV/SIDA T. Malignos E. Multipla Total

Nº de Utentes 153 1.747 339 2.408 125 4.772

Valor (€) 601.065 1.309.529 1.835.012 2.210.746 1.183.559 7.139.912

Valor Médio por Utente (€) 3.929 750 5.413 918 9.468 1.496

Tratando-se de bases de dados individuais de cada instituição, após os trabalhos desenvolvidos de uniformização e consolidação, verifica-se sumariamente que:

O valor médio por utente destas prescrições é substancialmente superior aos valores anteriormente obtidos na BDPM. Estes valores chegam mesmo a ser 8 vezes superiores;

 No que respeita ao número de utentes totais (4.772), o impacto provocado no cômputo geral do estudo foi relativo, apresentando um crescimento na ordem dos 5,18%.

5.1.2. Determinação da carga de doença

No documento RUN Tese de Doutoramento Rui Santana (páginas 178-181)