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Caracterização das turmas

CONCEPÇÃO E REALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

2. CONCRETIZAÇÃO DO ESTUDO

2.2. Contexto da Investigação

2.2.3. Caracterização das turmas

As turmas sobre as quais incidiram o nosso estudo são pequenas, com um número de alunos inferior à média e ambas compostas por diferentes anos de escolaridade. Este tipo de composição está relacionado com o facto de estarem inseridas em escolas do meio rural, com um número reduzido de turmas. Na EB1/JI de Canha existiam três turmas e na EB1 de Foros do Trapo apenas duas.

Começamos por caracterizar a turma A pertencente à EB1/JI de Canha, onde lecciona a professora P. A turma é constituída por 14 alunos do 1º e 2º ano de escolaridade. Integram o 1º ano 10 alunos, 6 rapazes e 4 raparigas e o segundo ano é formado por 4

alunos, 2 rapazes e 2 raparigas. Os alunos desta turma têm idades compreendidas entre os 5 e os 8 anos.

Como era de nosso interesse, concentrámos a observação e gravação das aulas no trabalho do professor com o 1º ano de escolaridade; no entanto, como optámos pela transcrição integral das aulas, existem também registos das interacções entre o professor e os alunos do 2º ano de escolaridade, concentrando-se a análise no primeiro ano de escolaridade.

A nível sócio-económico, os alunos da turma situam-se num nível médio-baixo, beneficiando 4 alunos de auxílios económicos para a aquisição dos manuais escolares e para o pagamento dos almoços. De um modo geral, os alunos apresentam os materiais necessários para o desempenho escolar.

A condição sócio-cultural dos alunos da turma é heterogénea, existindo situações em que os alunos não vivem com a sua família nuclear, vivem com os avós (dois alunos) e alunos que vivem com os pais, aparentando fazer parte de uma família-tipo. Os alunos apresentam também um nível cultural médio, possuindo em casa livros, revistas, jornais, televisão, rádio e alguns deles computador.

A sala de aula é ampla e com bastante luminosidade, estando equipada com variado material didáctico, desde computador, impressora e Internet a jogos didácticos e livros. A sala de aula está visivelmente organizada por áreas, onde se encontra o material respeitante a cada uma delas, para os alunos consultarem e trabalharem autonomamente.

Os alunos estão distribuídos pela sala de aula em grupos de trabalho, respeitando o ano de escolaridade em que se encontram. Os alunos do 1º ano estão divididos em 3 grupos e vão mudando de lugar, não tendo lugar fixo. Os alunos do 2º ano de escolaridade estão todos sentados no mesmo grupo. Os grupos estão colocados no espaço de modo a que cada um dos anos de escolaridade tenha contacto visual directo com o quadro, estando a sala equipada com dois quadros. O professor tem a sua secretária à entrada da sala de aula, mas funciona como depósito de materiais, fichas e pastas, não tendo espaço para alguém se sentar. A planta da sala pode auxiliar nesta descrição física do espaço (apêndice seis – vol.II – Corpus B – Professora P).

Trabalham nesta sala de aula outros professores com funções específicas. Assim, o professor é coadjuvado pelos professores de Educação Musical e de Educação Física (colocados pela Câmara Municipal de Montijo) e pelo professor do Apoio Educativo que lecciona nesta turma 10 horas semanais.

Alguns alunos da turma A registam dificuldades de aprendizagem, pelo que cinco deles beneficiam de Apoio Pedagógico e dois são seguidos pela psicóloga ao serviço do Agrupamento. Dos alunos referidos cinco têm Plano Educativo Individual e um tem Programa Educativo. Mais especificamente no primeiro ano de escolaridade, apenas dois dos alunos têm Apoio Educativo.

Ainda em termos de aprendizagem e focalizando a nossa atenção no 1º ano de escolaridade, todos os alunos frequentaram JI antes do ingresso no 1º ciclo, mais concretamente o JI de Canha, à excepção de uma aluna que frequentou o JI de Taipadas.

O grupo do 1º ano de escolaridade está a fazer a sua aprendizagem da leitura e da escrita a partir do Método das 28 Palavras, que se insere no modelo descendente de aprendizagem da leitura, dando primazia ao reconhecimento global da palavra. Este é um método global de palavras, que se apoia nas vivências e experiências do quotidiano das crianças. A aprendizagem da leitura faz-se partindo da palavra escrita, tomada como uma unidade, sem que durante as primeiras cinco palavras (menina, sapato, uva, menino e bota) se proponha aos alunos a análise dos seus elementos. Após esta fase, surge a decomposição das palavras em sílabas e a descoberta e formação de novas palavras. Mais tarde, são formadas famílias de sílabas de modo a aumentar progressivamente o número de palavras que os alunos escrevem e lêem. O manual de Língua Portuguesa adoptado pelo Agrupamento está de acordo com o método que a professora utiliza e os alunos utilizam-no no seu trabalho diário, o manual chama-se “Palavra a Palavra”.

A segunda turma, parceira da nossa investigação, é a turma G da EB1 de Foros do Trapo e foi atribuída ao professor J. A turma é constituída por 15 alunos, dos quais 5 são do sexo feminino e 10 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos. A turma G integra alunos do 1º, 2º e 3º ano de escolaridade. O grupo de 1º ano de escolaridade é composto por 6 alunos.

Tal como na turma A da professora P, concentrámos a observação e gravação das aulas no trabalho do professor com o 1º ano de escolaridade. Apesar de termos optado pela transcrição integral das aulas, são quase inexistentes os registos das interacções entre o professor e os alunos dos outros anos de escolaridade, devido à presença constante da docente de Apoio Educativo. A divisão de trabalho entre os dois docentes era notória, pelo que trabalhavam como grupos independentes de ensino e de aprendizagem.

A nível sócio-económico, os alunos da turma situam-se num nível baixo, beneficiando de auxílios económicos nove alunos, recebendo subsídio da Câmara Municipal de Montijo para a alimentação e para material escolar. As carências económicas dos alunos reflectem-se no trabalho de sala de aula.

A condição sócio-cultural dos alunos da turma é semelhante à sua situação económica. Existe um grande número de crianças com problemas familiares, sendo o cenário de famílias desestruturadas, o mais comum.

A sala de aula tem um tamanho suficiente para trabalhar e tem uma boa luminosidade, estando equipada com variado material didáctico, desde computador, impressora, Internet, telefone e fax, a jogos didácticos, material estruturado de matemática e livros. Os materiais referidos estão distribuídos pela sala, segundo a lógica de utilização, ou seja, o material organizado segundo as necessidades de utilização de cada grupo/ano de escolaridade, estando próximo fisicamente dos alunos que o utilizam nas suas tarefas diárias.

Os alunos estão distribuídos pela sala de aula em grupos de trabalho, respeitando o ano de escolaridade em que se encontram. Os alunos do 1º ano estão todos juntos e formam um grupo de trabalho, tendo cada aluno um lugar fixo. Os alunos do 2º ano de escolaridade estão todos sentados num outro grupo de trabalho e os dois alunos de 3º ano estão sentados em duas mesas lado a lado. Apesar da sala de aula estar equipada com quadros, os grupos estão distribuídos na sala de aula, sem ter em atenção esse facto. Alguns dos alunos estão mesmo virados de costas para ambos os quadros.

A secretária do professor está localizada à entrada da sala e tem os materiais do professor J. Este não se senta à secretária, tendo junto a cada grupo de trabalho uma cadeira onde se vai sentando ao longo da aula. Relativamente ao grupo de 1º ano, o

professor J senta-se numa cadeira que está ao topo das mesas dos alunos e fica de costas para o quadro. Como se pode ver na planta da sala de aula (Apêndice seis – vol.I – Corpus A – Professor J).

A turma G trabalha com outros professores com funções específicas, que auxiliam o professor J: dois professores de Apoio Educativo, um dos quais já referimos, que constituem uma presença permanente na sala de aula; e os professores de Educação Musical e de Educação Física (colocados pela Câmara Municipal de Montijo).

A turma tem um número elevado de alunos com dificuldades de aprendizagem, três dos quais já tiveram retenções ao longo do seu percurso escolar. Assim, dos quinze alunos que constituem a turma, nove beneficiam de Apoio Pedagógico, com Plano Educativo Individual e a cumprir Programa Educativo. Dos seis alunos do primeiro ano de escolaridade, quatro têm Apoio Educativo.

São referidas como grandes dificuldades dos alunos o nível baixo de competências básicas que apresentam, dificuldades de concentração e de atenção, de cálculo mental e de raciocínio e de compreensão e de interpretação da língua. Revelando, também, falta de auto-estima e de auto-confiança, julgando-se, muitos deles, incapazes de apreender conceitos e evoluir nas aprendizagens.

Ainda em termos de aprendizagem e focalizando, mais uma vez, a nossa atenção no 1º ano de escolaridade, todos os alunos frequentaram JI antes do ingresso no 1º ciclo, mais concretamente, o JI de Pegões Velhos e o JI de Figueiras.

Tal como acontecia com a turma A e a professora P, a turma G está a fazer a aprendizagem da leitura e da escrita a partir do método das 28 palavras. Este método era utilizado pelo professor J, no entanto, este professor não adoptou o manual escolar já referido, utilizando materiais construídos por si.

As turmas A e G formaram o contexto da nossa investigação, assim como os seus professores, P e J, respectivamente, e que iremos caracterizar de seguida.