• Nenhum resultado encontrado

5 CARACTERIZAÇÃO DO RISCO 5.1 Objetivo

Quanto ao monitoramento ambiental do ar da Unidade de Reforma Catalítica foram monitoradas a sala de controle e os principais

VII. 5 CARACTERIZAÇÃO DO RISCO 5.1 Objetivo

Nesta última etapa da avaliação de risco as informações obtidas e analisadas, durante as primeiras etapas, são integradas para caracterizar o excesso de risco para os seres humanos expostos. De acordo com os métodos alternativos para descrever as relações de dose-resposta, pelo menos quatro enfoques podem ser utilizados nesta etapa:

1. Fornecer um cálculo numérico do excesso de risco de câncer durante a vida para cada grupo exposto, ao multiplicar o coeficiente de inclinação pelo número de unidades de dose de exposição a que está submetido cada grupo:

Excesso de risco durante toda a vida = coeficiente de inclinação x unidades de exposição.

Nesta equação o excesso de risco não tem unidade, sendo uma probabilidade. 2. Para o risco de efeitos carcionogênicos comparar a exposição real de cada grupo

com DRf (dose de referência).

3. Calcular a margem de exposição para cada grupo, dividindo o NOAEL (do estudo crítico usado para calcular a DRf) pela exposição real de cada grupo.

4. Descrever qualitativamente os riscos para cada grupo da população.

A caracterização do risco, normalmente, inclui uma combinação destes quatro enfoques junto com a descrição das qualidades de cada um deles. É também essencial que, ao estimar a magnitude dos riscos sobre a saúde, se descrevam concomitantemente as incertezas inerentes ao processo, contidas na amostragem ambiental, descrição da população, extrapolações matemáticas, etc.

VII.5.2. Quantificação do Risco

O excesso de risco dos trabalhadores expostos ao benzeno é calculado através da multiplicação da dose de exposição pelo coeficiente de inclinação estimado para o benzeno (2,9 x 10-2)12, determinada através de estudos de dose-resposta pôr inalação, em humanos (IRIS, 1995). No Quadro VII.18 estão descritos os excessos de risco individuais estimados para os diferentes grupos de trabalhadores monitorados durante o estudo.

⇒ Cálculo

Excesso individual de risco = Dose de exposição x Coeficiente de inclinação da Relação Dose-Resposta

12

Neste caso, calculou-se o excesso de risco do benzeno, utilizando o coeficiente de inclinação da relação dose-resposta em substituição a unidade de risco, mesmo sendo a exposição dos trabalhadores pôr via inalatória, devido as seguintes razões:

- a taxa de absorção do benzeno inalado pelo homem é conhecida através da literatura. - o peso médio da população exposta é conhecido.

Assim, a partir destas informações pode-se calcular a dose absorvida via inalação (mg/ kg pôr dia) e utilizar-se do coeficiente de inclinação da dose-resposta para o cálculo do excesso do risco. Entretanto pode-se também utilizar, como já citado anteriormente, o produto da unidade de risco pela concentração do benzeno no ar, para calcular o excesso individual de risco de substâncias tóxicas pôr inalação. Realizamos ambas abordagens e os resultados obtidos foram da mesma ordem de grandeza.

O excesso de risco individual calculado neste estudo, baseado nas concentrações ambientais de benzeno medidas pôr Barbosa (1997), está de acordo com estimativas da EPA (IRIS, 1995) para o risco ao benzeno. Segundo a relação dose-resposta utilizada pela EPA para riscos de inalação do benzeno (unidade de risco 8,3 x 10-6), a chance de um indivíduo desenvolver câncer durante sua vida, devido a inalação contínua de ar contendo 0,1 µg/m3 de benzeno não se torna maior (risco em excesso) que um em um milhão (< 1:1.000.000). De forma análoga, a exposição ao benzeno através da inalação de ar contendo 1,0 µg/m3 de benzeno pôr toda a sua vida, resulta na probabilidade igual ou inferior a um em cem mil (< 1:100.000),de um indivíduo desenvolver câncer.

Pode-se observar que os valores obtidos com a estimativa do excesso de risco individual estão acima do limite aceito pela EPA (1 x 10-6), como níveis razoáveis de risco e chegam mesmo a ultrapassar o limite de 1 x 10-4, considerado como o risco máximo admissível para substâncias cancerígenas.

VII.5.3. Pontos a Considerar

1. São os resultados do Quadro VII.18 uma caracterização adequada do risco do benzeno na área estudada? O que mais se poderia adicionar?

2. É apropriado calcular o número de casos de câncer, multiplicando o risco individual pelo tamanho da população? Qual risco é mais importante, o risco individual ou o populacional?

VII.5.4. Algumas Possíveis Conclusões Sobre os Riscos do Benzeno

1. Os excessos de câncer nos trabalhadores expostos ao benzeno são aqueles que estão apresentados adequadamente no Quadro A.V.1.?

2. Deve-se informar o excesso de risco de câncer mostrados no Quadro A.V.1., assim como aqueles obtidos através de outras abordagens válidas. Este tipo de apresentação fornece ao gerenciador uma perspectiva das incertezas nos riscos calculados.

3. Os resultados apresentados no Quadro A.V.1. são suficientes para determinar o excesso de risco de câncer de forma conservadora para todos os grupos expostos. As incertezas são descritas de maneira correta nesta seção.

4. Outra? Alguma combinação das conclusões acima?

VII.5.5. Incertezas do Processo de Avaliação de Risco do Benzeno

Toda avaliação de risco possui uma série de incertezas que são intrínsecas ao processo. Isto porque, este método nada mais é que uma avaliação probabilística dos riscos que um determinado composto poluente acarreta em uma população de uma determinada área, a partir de condições de exposição específicas. Esta análise probabilística baseia-se sobretudo em dois grupos de informações:

1. caracterização do poluente, incluindo seu perigo para o homem, a relação entre sua dose e o seus efeitos.

2. caracterização da população e das condições de como se dá a exposição.

Cada um destes itens pode se basear em dados primários, ou mais usualmente, em dados secundários e ainda podem ocorrer situações onde se utiliza premissas de acordo com o discernimento do avaliador - pode-se pôr exemplo adotar uma postura conservadora sempre que houver uma ausência de dados primários ou secundários.

No primeiro caso, tem-se um maior controle sobre a qualidade dos dados e suas limitações, pôr exemplo até onde podemos extrapolar os dados da amostra coletada para o ambiente estudado. As imperfeições do seu levantamento de dados, que pode ser tanto no monitoramento das concentrações ambientais do poluente avaliado como nos estudos epidemiológicos da população exposta, são melhor conhecidas e mais facilmente consideradas e descritas.

Já no segundo caso, é fundamental que se tenha juízo crítico quanto os dados obtidos pôr outros pesquisadores. Avaliar criteriosamente se estes dados se aplicam a situação estudada e se podem ser utilizados para a avaliação de risco. Muitas vezes é difícil saber até que ponto pode-se extrapolá-los, existindo sempre uma área de incerteza que deve ser descrita.

No último caso, deve-se sempre deixar bem claro no processo, em que se basearam as suas premissas e justificar a abordagem utilizada. Se não existem dados, sobre um determinado ponto que se utiliza para os cálculos de risco, e o avaliador se utiliza de seu juízo crítico e experiência para atribuir-lhe um valor, isto deve ser explicitado na avaliação de risco para que as pessoas que se utilizem de seu trabalho para tomada de decisões tenha isso bem claro.

Pôr fim, podem existir casos onde as incertezas existentes na avaliação de risco, são de tal magnitude, que justificam seu uso apenas qualitativamente ou mesmo para identificar, através de comparação, grupos ou áreas que possuem maior risco dentro do cenário de exposição avaliado.

Baseado no que foi descrito, consideramos pontos de maior fragilidade deste estudo, as seguintes questões:

1. Utilizou-se neste trabalho apenas dados secundários, o que torna mais difícil avaliar a qualidade dos resultados. No caso da avaliação da exposição, os dados ambientais são provenientes apenas de uma indústria (Barbosa, 1997), o que não é o mais adequado do ponto de vista da representatividade de amostras ambientais, especialmente ao longo do tempo.

2. O monitoramento dos trabalhadores se restringiu a um período de apenas 2 meses, que podem não ser representativos do ano todo. O tempo de amostragem ambiental foi muito variado, desde 10 minutos a 360 minutos, onde se observou uma grande faixa de variação das concentrações. Não se correlacionou o monitoramento ambiental com o monitoramento feito na zona respiratória dos trabalhadores. A exposição ao cigarro é desconsiderada devido ao menor grau de importância a ela atribuído, porém sua quantificação precisa não foi feita.

3. Embora o estudo de Barbosa (1997) descreva o processo de trabalho de forma detalhada, na caracterização dos grupos expostos, algumas informações necessárias não são fornecidas, como: peso e tempo de vida médios dos trabalhadores expostos, adotou-se valores médios de trabalhadores adultos; a freqüência da exposição dos trabalhadores não é descrita, embora se saiba que esta é distinta para trabalhadores de horário de turno e horário administrativo adotou-se um valor único, médio para ambos os grupos, obtido a partir de comunicação pessoal com trabalhadores do setor; as taxas de inalação específica dos diferentes grupos de trabalhadores expostos não foi determinada, utilizou-se apenas um único valor padrão para todos os grupos - com base na literatura internacional.

4. A metodologia da EPA, aplicada neste estudo, segue um encaminhamento lógico específico. Se utilizássemos outras abordagens, poderíamos obter diferentes resultados; o ideal seria utilizar diferentes abordagens e comparar os resultados obtidos.

VII.6. - O PROCESSO DE GERENCIAMENTO E VIGILÂNCIA DOS RISCOS DO